O ano de 2010 foi uma data marcante na minha vida de fuzileiro reformado que tinha partido à procura dos seus camaradas da Guerra Colonial, no ano de 2008. Para levar a cabo a tarefa que a mim mesmo impus recorri à internet aproveitando as imensas possibilidades que as novas tecnologias emprestam à informação.
Criei o meu primeiro blog, em 2008, para me permitir ir registando os avanços das pesquisas que ia fazendo e publicando fotos e relatos que me ajudassem a espalhar a mensagem que pretendia chegasse o mais longe possível.
A Companhia de Fuzileiros Nº 2 que partiu para Moçambique no Outono de 1962 tinha 160 homens. Nem o nome deles sabia, nem tão pouco tinha a menor ideia por onde andariam ou se eram ainda vivos ou já pertenciam ao rol dos falecidos. Recorri aos amigos que sabia terem feito carreira na Marinha e tinham maior facilidade de me ajudar nas pesquisas. Visitei algumas instituições da Marinha, como o Arquivo Histórico e com a ajuda de alguns camaradas corri Portugal, de norte a sul e de este a oeste à procura de indícios que me permitissem encontrar as pessoas e completar os dados que ia recolhendo.
Ao saber que um oficial da Marinha tinha publicado uma série de livros contando a história dos fuzileiros, em África, adquiri aquele que se referia a Moçambique e lá encontrei 90% da informação que precisava. Foram dois anos e picos de grande trabalho que no fim do Verão de 2010 dei por completo. Nesse ano organizei um convívio, em Montemor-o-Novo para motivar os residentes no Alentejo e Algarve a aparecerem, sendo a distância mais curta.
Foi o convívio que mais gente reuniu, vieram até alguns camaradas que estavam emigrados e até houve um caso que veio uma senhora em representação do marido que residia no Brasil. Depois dessa data realizei ainda uma meia dúzia de convívios, mas cada vez iam rareando mais as presenças. Depois parei, pois já me sentia cansado de andar à caça deles e levar muitas negas, comecei a sentir que alguns diziam que sim só para me agradar. Em 2016 organizei um último, em Vila Real, para caçar alguns transmontanos que nunca tinham comparecido, dizendo que a viagem era muito longa.
Com a morte do Floriano, na passada sexta-feira, fui obrigado a concluir que estamos todos velhos demais para essas correrias e muitos faleceram já, desde o convívio de Montemor até hoje. Hoje passei o dia a revisitar os álbuns de fotografias que fiz desde 2008 até 2016 e fiquei banzado com o número de caras que desfilaram perante os meus olhos e já não pertencem a este mundo. Foi um dia triste, é no que dá ir remexer o passado!
Bom dia
ResponderEliminarÉ verdade amigo, mas recordar é viver.
JR
Recordar os bons momentos já vividos e que ficaram lá muito atrás, é bom, mas também nos traz mágoa e alguma dor. Melhor é reviver sem saudosismos inúteis. O passado, passou e já não volta. Melhor mesmo é percorrer o resto do caminho, olhando em frente, de olhos postos no horizonte... :)
ResponderEliminarBoa semana!
Um bom conselho!
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