quinta-feira, 11 de maio de 2023

Realidades!

 Num país que caminha, de olhos vendados, para o abismo valem-nos os mais velhos para lembrar de onde viemos e dar valor ao que perdemos. Mesmo que alguns digam que perdemos mais coisas que não prestavam para nada, a começar pela política e suas implicações na vida de cada u de nós. Livrámo-nos do Salazar e tudo aquilo que ele representava e viemos parar às mãos do Costa que é um demagogo do piorio que já vi na minha vida. De política e políticos, estamos pois conversados.

Trocamos um modo de vida mais terra-a-terra e mergulhámos num mundo visto através de um smartphone pelos olhos de uma criança que tem tudo sem saber como isso lhe vem parar às mãos. Dou-vos um exemplo passado cá em casa. Avô, instala o MBWAY no teu telemóvel. Para que me serve isso, pergunto, anjinho que ainda vivo preso ao século XX e aos carros com poucos cavalos, a maioria das vezes só com um e que , por vezes nem cavalo era, talvez uma mula ou um burrico de fraco físico. Para me mandares a féria mais rapidamente e sem problemas, foi a resposta que recebi do meu neto. Avô, podes mandar-me a féria do mês que vem, pois tive um imprevisto e estou à rasca?

O pão que pomos na mesa (todos os dias) tem um sabor muito diferente quando reconhecemos que nos custou a ganhar, quando tem um pouco de suor do nosso rosto. Os nossos mais novos que vivem nas cidades já não sabem o que é uma enxada, palavra que foi banida do seu vocabulário, embora o Mr. Google saiba o que é e possa responder se lhe perguntarem. E os que ainda vivem no campo estão pouco melhor, pois só de tractor mexem na terra. Faz-me impressão ver as pessoas calçar luvas para mexer na terra, eu gosto de mergulhar as mãos nela e pensar que é ela que cria tudo aquilo que preciso para não morrer à fome.

A esse propósito, trouxe-vos, hoje, um poema de raiz alentejana para pensarem nisso e sentirem-se mais felizes, mais próximos das nossas origens terrenas.


2 comentários:

  1. Pois...e a culpa é de quem? Dos avós e dos pais que mal os meninos abrem a boca já têm as vontades todas feitas para...não os aborrecerem mais!
    Comigo não! Poderia contar aqui um episódio que aconteceu comigo e o neto mais velho, que criei, mas não lhe quero tomar muito espaço na caixa de comentários...Muito menos dar-lhe a ideia de que estou a gabar-me.

    Quanto ao pão, sendo eu alentejana de nascença e coração, adoro pão.
    Pão com presunto, com azeitonas e até como pão com fruta, melão, por exemplo.
    Agora, aí vai o resto também em verso...:)

    Não havia melhor manjar
    Do que o lanche de minha Mãe.
    Quem diz lanche, diz jantar:

    Uma borda-de-pão morninho
    Com azeite do lagar - umas
    Pedrinhas de sal e tinha
    Da manteiga, esse gostinho...




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  2. Bom dia

    Tudo que o amigo falou
    É a mais pura verdade
    Foi ao que o mundo chegou
    Infeliz realidade .

    JR

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