quarta-feira, 24 de maio de 2023

Que ricos anjinhos!

É uma parábola humorística na qual o protagonista, Calisto, um fidalgo austero e conservador, encarna de maneira satírica o povo português. Ao ser eleito deputado, Calisto vai para Lisboa, onde se deixa corromper pelo luxo e pelo prazer que imperam na capital. Torna-se amante de uma prima distante, Ifigénia, nascida no Brasil, uma relação reprovada pela sociedade puritana portuguesa. Outra atitude que provoca os princípios portugueses é a transição do personagem da posição política miguelista (e de oposição) para a do partido liberal, no governo. Ironicamente, a esposa de Calisto, Teodora, uma aldeã prosaica, imita-o na devassidão e é igualmente corrompida. Ao ser ignorada por Calisto, sucumbe ao prazer da modernidade juntamente com um primo interesseiro com quem passa a ter um relacionamento.

O meu professor de Português, no 5º Ano do Curso dos Liceus, achava-se um escritor com mérito. Tinha escrito apenas um pequeno livro que contava uma passagem da vida de Camões. Camões na Índia se chamava a obra que ele vendia como se fosse um Nobel da Literatura Portuguesa. Mas não era, acho que até eu seria capaz de escrever coisa semelhante. O nome do professor era Augusto Dias, mas ficou mais conhecido pela alcunha de "Chico Pipa" que era devida ao seu aspecto rotundo, tal e qual como uma pipa daquelas que o povo do Minho usa para guardar o vinho. Há pipos e pipas, sendo os primeiros se ficam pela capacidade de meia pipa e a pipa corresponde a 500 litros, ou seja, muita vinhaça.

Mas isso das pipas e do vinho não vem ao caso, pois o tema é Literatura e da boa. O Chico Pipa e outros professores que tive antes dele ensinaram-me muitas coisas, a começar pela nossa Língua-Mãe, o Latim que nos ensina a origem das palavras e nos ajuda a escrevê-las sem erros. Mas coube ao Chico Pipa explicar-me a História da Literatura Portuguesa - grande seca! - e dar-me a conhecer escritores como o Eça, o Camilo, o Júlio Dinis ou o Antero de Quental. Na altura estava mais interessado em frequentar os cinemas, no inverno, ou ir para a praia, no verão, mas fui guardando na minha bagagem aquilo que me ensinava e quando tive a oportunidade comprei os livros e li-os todos com sofreguidão, talvez sonhando em ser, um dia, como eles e ter quem me lesse no futuro.

Engano meu, estou quase a chegar ao fim dos meus dias e tudo que consegui foi ser escritor de blogs (que quase ninguém lê). E nos blogs tenho escrito centenas, talvez milhares, de páginas sobre os mais diversos assuntos. Na actualidade, o tema mais abordado é a política, por razões óbvias, e a minha publicação de hoje vai por esse caminho. O último livro do Camilo Castelo Branco que adquiri foi «A Queda de um Anjo» e trata de política que me remete para a actualidade do nosso Parlamento e seus parlamentares.

O primeiro parágrafo desta minha publicação foi transcrito da Wikipédia e é uma espécie de sinopse do livro. E não é difícil de nos fazer lembrar algumas personagens da nossa vida política actual, como o Costa, o Medina, o Pedro Nuno Santos e outros que tais. Eles vieram cheios de ideais (socialistas) e de muito boas intenções para melhorar a vida do seu Povo, mas habituaram-se ao bem-bom e depressa se esqueceram do ideal que os guiara até à Política e da felicidade do seu Povo por que deviam lutar com todas as suas forças e capacidades.

Hoje, basta-nos ligar a TV para assistir à queda de anjos que parecem estrelas cadentes numa noite de Lua Nova e sem nuvens no céu. Ontem, à noite, a CNN Portugal encarregou-se de abrir o livro sobre a corrupção em alta escala, organizada pelos boys do PSD com a ajuda dos outros boys, este do PS, para dominar as Juntas de Freguesia da capital e interferir nos orçamentos, adjudicação de obras, emissão de licenças de construção e por aí fora. E com dois ministros do actual governo ao comando das operações. Mais dois anjos que se precipitaram no abismo.

Se me sentisse um Camilo, começaria hoje mesmo a escrever a história e no título só teria que mudar as palavras "Um Anjo" para "Dois Anjos". Não sei se algum dos artistas implicados é transmontano, mas isso pouco interessa, pois vieram para Lisboa e depressa aprenderam o que é libertinagem e se deixaram enredar nos seu vícios.

Divirtam-se que os dias só continuam a crescer até 20 de Junho, já pouco falta, e depois é sempre a encolher, até ao Natal!

4 comentários:

  1. Esta " quase ninguém que o lê" , recusa-se a dizer/escrever, seja o que for.
    Melhor reduzir-me à minha insignificância.
    Prefiro calar do que falar para quem me atribue
    Tão pouco valor...

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  2. Quase ninguém lê, ou quase ninguém se dá ao trabalho de comentar? Tem quase dois milhões de visualizações. Se apenas 10% o tiverem lido são quase 200 mil.
    Abraço e saúde

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  3. Filho da Escola , a Dona Elvira tem razao e deves de continuar a escrever , porque nos estas a ensinar muita coisa e aprendemos a te conhecer , Tens algo que falta a muita maralha : nao te esqueces de onde vens !
    Bom dia a todos e Saude .

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  4. Respondendo à sua pergunta.
    https://pt.wikipedia.org/wiki/Rajneesh

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