quarta-feira, 31 de maio de 2023

O Zé Gato!

 

Pedi informações deste camarada a todo bicho careta que andou pelo Niassa nos anos de 1966 e 1967, mas ninguém soube dizer-me o que fora feito dele, depois de evacuado para o hospital de Nampula (suponho).

Quando regressei de Nampula, onde tinha passado dois meses em tratamento, disseram-me que tinha levado 5 tiros e fora evacuado. Mas ninguém sabia dizer-me se tinha sobrevivido ou morrera.

Agora, de surpresa, encontrei esta foto no Facebook que, pelo menos, me garante que daqueles tiros se safou.

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O Zé Gato com quem estabeleci uma relação de amizade pertencia à CCS (Companhia de Comando e Serviços) do Batalhão 1891 (salvo erro) que ficou estacionada em Metangula, enquanto que as companhias operacionais foram distribuidas por Maniamba, Nova Coimbra, Lunho, Cobué, etc.. Como o Exército não tinha instalações na povoação, os soldados montaram as suas tendas de campanha contra o muro da nossa Base (um muro em blocos de cimento com cerca de 1,70 m de altura) e ali permaneceram enquanto durou a comissão. A fila de tendas vinha do topo norte, em frente ao Bar do Neves, até ao portão da Base Naval.

Essa proximidade fez com que se estabelecessem relações de amizade entre soldados e marinheiros e , às vezes, convidávamos algum a jantar connosco o que era um acontecimento para eles, visto não terem instalações para dormir ou tomar as refeições, viviam como cães ao relento. Foi assim que conheci o Zé Gato, no último trimestre de 1966, e nos fizemos amigos. Depois eu adoeci, com paludismo e mais algumas complicações à mistura (acrescidas de uma boa dose de malandrice) e obriguei (?) o nosso médico a mandar-me para Nampula. Quando regressei, em Abril de 67, já tinha acontecido a emboscada em que o Zé foi ferido e evacuado para o hospital.

Normalmente, iam para o hospital de Vila Cabral, mas depois da triagem os mais graves seguiam para Nampula ou Lourenço Marques. Ele pode ter estado em Nampula ao mesmo tempo que eu e a dois passos da minha pessoa, mas não tendo conhecimento da sua chegada era impossível encontrarmo-nos. Aliás, nessa época era um entra e sai de feridos provocados pelo rebentamento de minas o que valeu ao Niassa o nome de Estado de Minas Gerais. Houve mais mortos e, especialmente, feridos nas minas que a tiro. Para os turras era mais fácil enterrar as minas e porem-se a salvo, do que enfrentar a nossa tropa a tiro em que eles saíam sempre a perder. Por piada, eu costumava dizer que eles não acertavam um tiro porque já iam a fugir quando puxavam o gatilho. A correr para um lado e disparar para o outro não é fácil afinar a pontaria.

O Zé Gato foi ferido com uma rajada de metralhadora e ficou com 5 buracos de bala (segundo me contaram os seus camaradas) e não na emboscada que deu origem ao louvor recebido que podem ler acima e que saiu publicado, em Fevereiro de 1968, no Jornal do Exército. Depois de passar pelo hospital moçambicano deve ter sido evacuado para a Metrópole e acabado a sua comissão um ano mais cedo que o previsto.

terça-feira, 30 de maio de 2023

Outro campeonato!

 No futebol ganhou o Benfica que é grande, enorme e GLORIOSO!

E na política ganhou quem? Não se sabe, ninguém sabe, o povinho anda a reboque dos interesses mais obscuros. Veja-se o caso Tuti Fruti, o novo anátema da nossa política. Todos feitos uns com os outros para chegar a brasa à sua sardinha e lixar o Zé Povinho de uma ou outra forma.

Aqui ao lado, na terra de nuestros hermanos, vive-se uma situação semelhante, um governo de geringonça que já se adivinhava que cairia, mais dia menos dia. Caiu este fim de semana com as eleições regionais. E agora só têm um caminho, virar à direita. Os nossos comentadores já vêem nesse facto alguma semelhança e preconizam que vamos seguir-lhes o exemplo.

O Montenegro, como surfista experimentado em política - ele nunca fez outra coisa na vida, saiu da escola para a política e lá continua - quis aproveitar a onda e aparecer aos portugueses como aquilo que o Professor Cavaco anunciou, a única mezinha para o mal português, o salvador da Pátria. Mas a coisa não lhe correu muito bem. Ele diz que não quer alianças com ninguém, porque quer ganhar as eleições e formar governo sozinho.

Ora isso, digo eu, está mais longe que nunca, o Povo não acredita em salvadores e este tem cara de charlatão. O primeiro sinal que deu foi comprar uma casinha em ruínas e construir-lhe em cima um casarão sem pagar os devidos impostos. E o Povo que não consegue fugir a nenhum deles, desde o IMI, o IUC, o IVA, sem esquecer o IRS que leva uma fatia do ordenado todos os meses do ano (e são 14) para os cofres das Finanças, fica logo desconfiado. Ele, como o Cavaco (que tem uma bruta mansão na Quinta da Coelha) fizeram o seu ninho sem pagar o devido preço, habilidades que só eles conhecem.

Mais tarde ou mais cedo, o Povo vai ser chamado às urnas e vai ser, de novo, obrigado a escolher o Costa (ou quem lhe suceder) talvez com uma aliança com a Mariana Mortágua que é a outra força de esquerda que se conhece. Desta vez, para formar a geringonça nem terão que recorrer ao PCP, pois esse partido vai a caminho da extinção, como aconteceu ao CDS. À direita um saco de gatos, formado pelo PSD, Chega e IL, cada um a achar-se melhor que o outro e sem verdadeiros políticos capazes de governar o país. A coisa está mal e vai de mal a pior.

Antes das férias anuais, o PR vai reunir o Conselho de Estado e veremos o que este órgão consultivo aconselhará a fazer. Obrigar o Costa a uma grande remodelação que passará por tirar da ribalta os Galambas, Medinas e outros que tais do governo, ou então dissolver o Parlamento e convocar novas eleições. Esta última hipótese não agrada ao Marcelo, mas talvez servisse para uma coisa, retirar a maioria ao PS, o que já seria um grande ganho para nós que estamos fartiiiiiiinhos do Costa até à medula.

O André Ventura sonha em ultrapassar o PSD nas urnas, coisa que pode acontecer. O Luís Montenegro quer governar sozinho, sem alianças, o que nunca acontecerá. O Rui Rocha, novo líder da IL, ainda está muito verde e eu diria que o partido vai retroceder nas próximas eleições. Pensar numa aliança tripartida, podo-os a ler a mesma cartilha - mais ou menos como tem acontecido na Itália - seria um modo de destronar o Costa, mas duvido que o façam.

Para mal dos nossos pecados que continuaremos a ser cozidos em lume brando, até à chegada de um novo Salazar! 

segunda-feira, 29 de maio de 2023

Como será no céu?

 No verão passado morreu o meu amigo Barbosa, foi ter com o Valter que lá esperava por ele, há alguns anos. Será que se conseguiram encontrar-se no meio de tanta gente de todos os tamanhos, cores e credos? Se aquilo estiver bem organizado, não devem andar hindús e budistas misturados com cristãos e muçulmanos.

Há dias, ia eu a conduzir, com a minha cara metade sentada ao meu lado e a conversa veio não sei de onde, mas ela respondeu-me: - Nem penses, lá em cima são todos iguais e não têm sexo nem cor. E mais, acrescentou ela, ninguém conhece ninguém.

Foi como uma martelada no alto da minha cachola que já andava a imaginar como seria o nosso encontro, quando o S. Pedro me mandar a Guia de Marcha para me apresentar lá em cima. O Silveira também já lá está e seria um encontro fenomenal, tal e qual como quando estávamos em Metangula, a emborcar umas "biéres" para combater a sede e o calor, nos tempos idos da Guerra Colonial. Como andávamos sempre juntos, o S. Pedro teria essa consideração para comigo, quando eu lá chegasse e dir-me-ia: segue por aquela vereda, ali à direita, que eles estão lá ao fundo.

Mas a minha mulher garante que não é nada assim e eu fiquei sem saber se é só para me chatear ou, pelo contrário, é a verdade verdadinha e no céu ninguém se conhece nem nutre qualquer sentimento pelo colega da frente, de trás, da esquerda ou da direita, Todos branquinhos com um lençol pela cabeça e umas asinhas pregadas nas costas. Será que as asas são presas com cola, aparafusadas ou pregadas com pregos de aço inox (para não ganharem ferrugem)? Por vezes, quando não tenho nada mais importante em que pensar, vêm-me estas doideiras e fico preocupado.

Lá em cima, não há muito que fazer, não se come nem se bebe e não há latrinas para limpar. A população é composta por santos e anjos, além da família real, composta por Deus-Pai, o seu filho e a respectiva mãe, além do Espírito Santo que é invisível e não ocupa espaço. As forças da ordem são compostas por querubins e arcanjos, sendo os primeiros uma espécie de sargentos da tropa e os arcanjos são anjos promovidos ao posto seguinte, ou seja, uma espécie de cabos. Os santos são o público e os anjos cantam hossanas e tocam arpa ou corneta para os entreter e também agradecer por terem levado, na Terra, uma vida de santidade, e sacrifício, ajudando o próximo e ensinando-o a fugir dos perigos mundanos.

Ah, ia-me esquecendo que uma catrefada deles trabalha cá em baixo, pois cada um de nós tem sempre um anjo da guarda ao seu lado e estamos quase a ultrapassar a marca de 8 mil milhões de habitantes. E deve ser sempre o mesmo para cada um dos terrestres, senão seria uma trapalhada formidável para organizar esse serviço. Se a coisa corresse mal ficariam como os hospitais portugueses, onde nunca aparecem os médicos ou os enfermeiros e anda todo o mundo à nora.

A minha mulher tem outra teoria e, embora eu não lhe tenha perguntado, ela foi-me logo informando que no céu não há ninguém, a alma de uma pessoa que acabou de morrer entra no corpo da uma criança que está a nascer, naquele momento, em qualquer parte do mundo. Uma renovação constante que só me deixa uma dúvida, quem faz companhia à família celestial? Se estão e ficarão sozinhos por toda a eternidade aquilo deve ser uma seca de todo o tamanho.

E nessa situação para onde foram os meus amigos e camaradas da guerra? Cada um para seu lado e sem nunca estarem juntos, ou incarnaram em crianças da sua cidade e continuam próximos da família e amigos com quem partilharam a vida? A dúvida vai ficar comigo até ao dia que lá chegar acima e o S. Pedro me contar como funcionam as coisas no Reino de Deus!

domingo, 28 de maio de 2023

Balanço Final!

 


E decorridas as 34 jornadas ficaram assim ordenadas as 7 primeiras equipas.
As 4 de cima com mais de 70 pontos e as 3 de baixo com menos de 60 ontos.
E com os 2 primeiros destacados com mais de 80 pontos.

No fim da lista os 3 menos bem sucedidos da época.
O Marítimo da Madeira que ainda vai disputar a hipótese de se manter junto dos grandes disputando uma eliminatório com o 3 º classificado da II Liga.
Os últimos 2 já estão na lista da II Liga para a época 23/24.

The day after!

 

O golpe de Estado de 28 de Maio de 1926, Revolução de 28 de Maio de 1926, ou Movimento de 28 de Maio de 1926, também conhecido pelos seus executores por Revolução Nacional, foi um golpe de Estado protagonizado por militares e civis antiliberais que resultou na queda da Primeira República Portuguesa e na instauração da Segunda República Portuguesa, e por fim transformada, após a aprovação da Constituição de 1933, em Estado Novo.


Uma vez, li em qualquer lado que o bom é esperar pela festa e não a festa em si. A ansiedade com que se espera o acontecimento e a azáfama com que se prepara tudo são as coisas que dão interesse e nos mantêm em brasa. Depois da festa, fica uma sensação de vazio, como se não houvesse mais nada que nos dê alegria.

É um pouco assim que me sinto, hoje, depois de uma longa caminhada com altos e baixos, felizmente mais daqueles que destes, até chegar ao título de campeão nacional. Ontem, durante o jogo do título, apetecia-me mais malhar no Porto que dar vivas ao Benfica. Os trafulhas do Pintinho sabem a música toda e bem sei os riscos que corremos, ao longo de toda a época.

Nomear um árbitro, reconhecidamente portista, para arbitrar o jogo do título foi mais um golpe que, por sorte, não deu os resultados esperados. Começar o jogo com uma expulsão aos 2 minutos de jogo e obrigar o Vitória a jogar com 10, do princípio ao fim, foi como cortar um dos braços a um espadachim. Se a ideia era ganhar e por muitos golos de diferença, também aqui a estimativa lhes saiu defraudada.

O Benfica, por diversas razões, teve momentos em que quase foi abaixo (moralmente falando), mas sem dúvida alguma foi a equipa que melhor futebol praticou, ao longo dos 9 meses que durou a prova. Assim, somos campeões e com todo o mérito. Os inimigos (como eles próprios se consideram) que fiquem a lamber as feridas para, em Agosto, se apresentarem ao público em melhor forma do que fizeram na época que ontem terminou.

Comecei esta publicação com um texto sobre a primeira revolução nacional que tivemos no Século XX e era disso que queria falar-vos, mas o bichinho do futebol arrastou-me para outro lado. Podias ter deixado isso para uma outra publicação, dirão vocês que talvez não sintam estas coisas como eu. Pois podia, mas não seria a mesma coisa (como dizia o outro).

A I República, a que substituiu a Monarquia, em Outubro de 1910, foi um desastre e levou o país a uma situação parecida à que vivemos hoje, um pântano político em que não autoridade no Estado e o Povo reclama por mudança. A panela de pressão já estava ao lume, há quase dois anos, e a pressão atingiu os seu limite neste dia que hoje comemoramos.

Claro que o resultado foi trazer-nos o Salazar e o Estado Novo, mas, como diz o Povo, para grandes males grandes remédios. E em Abril de 1974, outra revolução reporia a situação anterior, com algumas diferenças significativas, mas que nos levou de volta ao ano de 1926. Estamos de novo na lama e precisamos que alguém nos tire de lá. Será o André Ventura uma espécie de Gomes da Costa que tome a dianteira e corra com os corruptos e rebaldeiros que hoje nos governam? Falta-lhe a força das armas, mas o resto ele tem!

sábado, 27 de maio de 2023

É hoje!

 


Que vou pôr a paranoia clubística para trás das costas. Quando a gente quer ganhar tem que pôr de lado todas as outras hipóteses e pensar apenas que a vitória está garantida.

Sieger, sieger Heil! Isto gritam os alemães e deve ser o mesmo que vai pela cabeça do treinador benfiquista, ou não fosse ele alemão! Viva o campeão!

Durante toda a semana, os comentadores desportivos teceram os mais diversos cenários, incluindo uma vitória do FCP por uns tremendos 15 a 0 sobre o Guimarães. E que tal se o Benfica empatar? Chega ou precisa de mais alguma coisa? Engraçado, mas nenhum colocou (a sério) a hipótese do Porto perder ou sequer empatar o jogo, o que será mais plausível do que ver o Benfica perder, em sua casa, com a equipa que já foi despromovida.

É assim a porka da vida, tudo a puxar pelo clube dos mais corruptos e aldrabões do nosso futebol. E o velho presidente que ficaria melhor em casa, instalado no conforto da sua sala de estar, com um ecran gigante para bem poder apreciar as trapaças dos seus "apaniguados". É que eles fazem tanto teatro, rebolam-se pelo chão com tal habilidade que merecem uma salva de palmas. E aquele truque do Taremi, dando um salto para a frente das pernas do defesa para este o fazer cair e ganhar mais um penalty, também está no cardápio para a exibição desta tarde de sábado.

Depois, por volta das 20.00 horas, tudo terá terminado, uns chorando a sua desdita, os outros vangloriando-se da sua conquista. E a polícia, em Lisboa, fechando todos os caminhos que vão dar ao Marquês para estragar a festa aos adeptos da águia. Mas nada os impedirá, pois lá chegarão, nem que seja preciso ir a voar, pois o espírito da águia está com eles.

Dos fracos não reza a História, soe dizer-se, e assim será mais uma vez. Glória aos vencidos só em Roma, antes de atirar os gladiadores aos leões! Aqui, os derrotados têm que resignar-se à sua sorte e tentar fazer melhor para o ano.

Hoje é o dia de levantar a taça e gritar CAMPEÃO, CAMPEÃO, CAMPEÃO !!!

sexta-feira, 26 de maio de 2023

Eu, poeta!

Contrariamente ao que afirmou a Janita, no seu comentário, a minha mão piorou e estou cheio de dores. Assim fiquem-se com esta pobre amostra dos meus dotes para a Poesia que eu vou-me recolher!


Hoje há feira em Barcelos
Vendem-se toalhas de linho
Galos pintados tão belos
E móveis de pau de pinho!

quinta-feira, 25 de maio de 2023

O Portugal das Mulheres!

Filha do conde Diogo Fernandes e da condessa Onega ou Onecca, possivelmente tia do rei Ramiro II de Leão, foi uma célebre e rica mulher, a mais poderosa no Noroeste da Península Ibérica, é reconhecida por várias cidades portuguesas devido ao seu registo e acção.

Mumadona casou entre 915 e 920 e antes de 23 de fevereiro de 926 — altura em que aparecem juntos pela primeira vez - com o conde Hermenegildo Gonçalves, passando, porém, a governar o condado sozinha após o falecimento do seu esposo entre 943 (quando o conde aparece pela última vez) e 950, o ano quando Mumadona, já viúva, fez a partilha com seus filhos dos bens herdados. O conde Hermenegildo deixou-a na posse de inúmeros domínios, numa área que coincidia sensivelmente com zonas que integrariam os posteriores condados de Portucale e de Coimbra.

Entre a segunda metade de 950 e começo de 951, por inspiração piedosa, fundou, na sua herdade de Vimaranes, um mosteiro sob a invocação de São Mamede (Mosteiro de São Mamede ou Mosteiro de Guimarães), onde, mais tarde, professou. Pouco depois de 959, para a proteção desse mosteiro e das suas gentes contra as incursões dos normandos, determinou a construção do Castelo de Guimarães, também chamado Castelo de São Mamede, à sombra do qual se desenvolveu o burgo de Guimarães, vindo a ser sede da corte dos condes de Portucale.


Às quintas-feiras o pensamento foge-me para Barcelos, a minha terra natal. Talvez seja por causa da feira - a mais importante e mais frequentada de todo o Minho - ou seja a  voz dos meus antepassados que clama por mim e exige a minha presença para lhes prestar as honras devidas. O mais provável é que daqui a um par de horas me faça ao caminho e vá feirar um pouquinho e deixar os meus pensamentos recuar no tempo, até ao século X.

A História de Portugal começa com o jovem Afonso Henriques e a sua mãe D. Teresa que era a reconhecida dona do Condado Portucalense, ou seja, a primeira mulher que detinha o poder sobre a terra onde eu, 10 séculos mais tarde, viria a nascer.

Mas uns bons duzentos anos antes dela, já essas terras eram dominadas por outra mulher que é, de facto e de direito, a primeira "mulher mandona" que consta da nossa história. Ainda o futuro pequeno país que hoje somos era apenas um Condado e a Condessa Mumadona era quem riscava (dava as ordens) por estas bandas.

O primeiro parágrafo desta minha publicação conta um pouco da sua história e foi transcrito do Infopédia, para que não digam que eu sou um inventor e nada do que eu digo tem qualquer valor histórico. Quando eu era pequenino ninguém me perguntou nem eu saberia responder, mas se a pergunta me fosse feita hoje, eu responderia que queria ser historiador. Não há nada que me dê mais prazer do que escrever sobre factos históricos. Se eu vivesse em Lisboa passaria o meu tempo livre a folhear documentos antigos, na Torre do Tombo, para descobrir alguma pista que outros ainda não conseguiram vislumbrar e me desse a chance de escritos inéditos.

Como vivo muito longe, tenho que limitar-me a falar de ouvido, ou seja, puxar pela cachimónia e tentar lembrar conversas que ouvi aos mais velhos, aqueles que nasceram no século XIX e nunca aprenderam a ler nem escrever. Hoje parece um contrasenso dizer isso, mas não ser letrado deu a essas pessoas a capacidade de transmitir a sua História por via oral. E felizes daqueles que a ouviram e têm boa memória, onde coube essa informação e assim a transportaram até ao século XXI em que vivemos.

Gabo-me de ser uma dessas pessoas, o meu cérebro tem uma capacidade quase ilimitada de guardar dados e poder transmiti-los em letra de forma, sempre que isso seja necessário ou útil. Foi assim que hoje me deu para abrir o livro das minhas memórias e com a ajuda das ferramentas mais modernas ( O Sr. Google, os computadores e a Wikipédia - e sacar a página referente à Condessa Mumadona (ou seria Dona Muma?) Dias que era quem mandava em Barcelos, onde já deveria funcionar a feira semanal, tal e qual como funciona hoje, embora só produtos agrícolas, artigos de olaria ou tecidos de linho e ferramentas em ferro forjado enchessem os escaparates.

Venham a Barcelos comigo (nem que seja só em pensamento)!

O lar de Mumadona Dias

quarta-feira, 24 de maio de 2023

Que ricos anjinhos!

É uma parábola humorística na qual o protagonista, Calisto, um fidalgo austero e conservador, encarna de maneira satírica o povo português. Ao ser eleito deputado, Calisto vai para Lisboa, onde se deixa corromper pelo luxo e pelo prazer que imperam na capital. Torna-se amante de uma prima distante, Ifigénia, nascida no Brasil, uma relação reprovada pela sociedade puritana portuguesa. Outra atitude que provoca os princípios portugueses é a transição do personagem da posição política miguelista (e de oposição) para a do partido liberal, no governo. Ironicamente, a esposa de Calisto, Teodora, uma aldeã prosaica, imita-o na devassidão e é igualmente corrompida. Ao ser ignorada por Calisto, sucumbe ao prazer da modernidade juntamente com um primo interesseiro com quem passa a ter um relacionamento.

O meu professor de Português, no 5º Ano do Curso dos Liceus, achava-se um escritor com mérito. Tinha escrito apenas um pequeno livro que contava uma passagem da vida de Camões. Camões na Índia se chamava a obra que ele vendia como se fosse um Nobel da Literatura Portuguesa. Mas não era, acho que até eu seria capaz de escrever coisa semelhante. O nome do professor era Augusto Dias, mas ficou mais conhecido pela alcunha de "Chico Pipa" que era devida ao seu aspecto rotundo, tal e qual como uma pipa daquelas que o povo do Minho usa para guardar o vinho. Há pipos e pipas, sendo os primeiros se ficam pela capacidade de meia pipa e a pipa corresponde a 500 litros, ou seja, muita vinhaça.

Mas isso das pipas e do vinho não vem ao caso, pois o tema é Literatura e da boa. O Chico Pipa e outros professores que tive antes dele ensinaram-me muitas coisas, a começar pela nossa Língua-Mãe, o Latim que nos ensina a origem das palavras e nos ajuda a escrevê-las sem erros. Mas coube ao Chico Pipa explicar-me a História da Literatura Portuguesa - grande seca! - e dar-me a conhecer escritores como o Eça, o Camilo, o Júlio Dinis ou o Antero de Quental. Na altura estava mais interessado em frequentar os cinemas, no inverno, ou ir para a praia, no verão, mas fui guardando na minha bagagem aquilo que me ensinava e quando tive a oportunidade comprei os livros e li-os todos com sofreguidão, talvez sonhando em ser, um dia, como eles e ter quem me lesse no futuro.

Engano meu, estou quase a chegar ao fim dos meus dias e tudo que consegui foi ser escritor de blogs (que quase ninguém lê). E nos blogs tenho escrito centenas, talvez milhares, de páginas sobre os mais diversos assuntos. Na actualidade, o tema mais abordado é a política, por razões óbvias, e a minha publicação de hoje vai por esse caminho. O último livro do Camilo Castelo Branco que adquiri foi «A Queda de um Anjo» e trata de política que me remete para a actualidade do nosso Parlamento e seus parlamentares.

O primeiro parágrafo desta minha publicação foi transcrito da Wikipédia e é uma espécie de sinopse do livro. E não é difícil de nos fazer lembrar algumas personagens da nossa vida política actual, como o Costa, o Medina, o Pedro Nuno Santos e outros que tais. Eles vieram cheios de ideais (socialistas) e de muito boas intenções para melhorar a vida do seu Povo, mas habituaram-se ao bem-bom e depressa se esqueceram do ideal que os guiara até à Política e da felicidade do seu Povo por que deviam lutar com todas as suas forças e capacidades.

Hoje, basta-nos ligar a TV para assistir à queda de anjos que parecem estrelas cadentes numa noite de Lua Nova e sem nuvens no céu. Ontem, à noite, a CNN Portugal encarregou-se de abrir o livro sobre a corrupção em alta escala, organizada pelos boys do PSD com a ajuda dos outros boys, este do PS, para dominar as Juntas de Freguesia da capital e interferir nos orçamentos, adjudicação de obras, emissão de licenças de construção e por aí fora. E com dois ministros do actual governo ao comando das operações. Mais dois anjos que se precipitaram no abismo.

Se me sentisse um Camilo, começaria hoje mesmo a escrever a história e no título só teria que mudar as palavras "Um Anjo" para "Dois Anjos". Não sei se algum dos artistas implicados é transmontano, mas isso pouco interessa, pois vieram para Lisboa e depressa aprenderam o que é libertinagem e se deixaram enredar nos seu vícios.

Divirtam-se que os dias só continuam a crescer até 20 de Junho, já pouco falta, e depois é sempre a encolher, até ao Natal!

terça-feira, 23 de maio de 2023

A política e os políticos!

 


Hoje, deu-me para pensar em política. E no facto de o velho Jerónimo ter desaparecido de cena como se tivesse morrido e anonimamente enterrado em qualquer lado. Desde o dia em que entregou o cargo ao Raimundo, mais ninguém lhe pôs a vista em cima.

Já, em contraponto, temos a múmia algarvia que continua a aparecer sempre que tem ocasião e vem assombrar o sono dos portugueses que não gostam dela, nem um bocadinho, assim do tamanho da unha do dedo mindinho.

Os rapazes do PS mostram-se bem comportados e obedecem às ordens do chefe que vai distribuindo cargos e benesses entre eles, pois sabe que eles são o seu suporte no pódio da política lusa.

Já os rapazes do PSD roem-se todos por um lugarzinho ao sol, mas escolheram mal o seu líder que mal visto como o mafarrico. Com o Louis Montnoir não vão a lado nenhum, pois o nosso povinho não engraçou com ele e nem com a ajuda da "Múmia" lá vai.

A rapariga do PAN quer também representar os Verdes de Portugal, mas estes estão encostados aos comunas do Jerónimo, perdão, do Raimundo, desde há muitos anos e ainda não decidiram desinscrever-se de um e inscrever-se no outro partido. Talvez por acharem a rapariga está um bocadinho gorda demais para defender a Ecologia e um modo de vida saudável.

A Catarina dos olhos redondinhos e cor indefinida, entre o verde e o azul, decidiu que 10 anos de política já são suficientes e quer retirar-se. Eu já o teria aconselhado há muito, pois a política "fede que tolhe", como se diz na terra que me viu nascer. Aguardo com ansiedade essa mudança, pois o BE foi muitas vezes o meu refúgio para evitar dar o voto aos comilões do costume que não largam a gamela.

E a Mariana, filha do Camilo de má fama, pretensa nova líder do BE, é uma barra em Economia, mas auto-excluiu-se da Comissão de Investigação à TAP para deixar entrar o Ventura do Chega. Juro que não percebi a estratégia!

E este rapaz, o líder do Chega, ganhou fama por ser benfiquista e arrasar os adversários do Porto e Sporting na velhinha TVI24.. Agora dizem que ele é da Extrema Direita e não sei mais o quê, mas ele apenas disse que «chega deste forrobodó socialista» a que o PSD não consegue pôr termo. Nisso e no amor pelo Benfica estou com ele. Fora com esta cambada de corruptos que cobram impostos altíssimos e depois deixam escapar o dinheiro por entre os dedos, como se fosse areia da praia. E, pelo caminho. vão aproveitando todas as negociatas que lhes aparecem pela frente para meter uns cobres ao bolso. As Obras Públicas são um manancial inesgotável, desde o Poder Central ao mais pequeno e insignificante município do território português. Uma rotunda, um chafariz ou um fontanário, os pavimentos e as escolas são uma infinidade de maneiras de ir buscar uns trocos.

E se este descontentamento popular continuar pelo caminho que tem vindo a seguir, até pode acontecer que o Chega ultrapasse o PSD nas próximas eleições. E não é mérito do Ventura, mas demérito de quem lidera os outros partidos.

E o Prof Marcelo anda por aí a dar beijos e fazer selfies!!!   

domingo, 21 de maio de 2023

Temos pena!

 


Hoje, não vai haver crónica, tenho tantas dores na mão que nem consigo pensar!

Ainda por cima o Gil perdeu (já depois dos 90 minutos) e o Benfica só não perdeu por milagre!

Espero bem que no próximo fim de semana possamos fazer a festa, é a nossa última chance.

Amem.se uns aos outros, como Cristo aconselhou. Se fizerem isso viveremos no céu!

K ganda seca!


 Hoje, é o dia que eu mais procurei evitar, durante os meus 6 anos de Marinha. Passar o dia numa espera sem fim, apanhar sol ou chuva pela cabeça abaixo sem refilar, fazer apresentar armas várias vezes e ouvir aquele toque da requinta que parece gritar : ena cum car#?!*. A esse toque de ordem um militar bate os tacões, junta as pernas e estende os braços ao longo do corpo, ficando imóvel como uma estátua. A rapaziada a quem calhar essa ração, hoje, estará dentro em pouco, junto ao rio Douro, sempre em formatura, à espera que soe o toque de "ordinário marche" para marchar em direcção à tribuna, onde os cabeças grandes do Porto, da Marinha e da Nação os verão passar sem dar o menor valor ao que passaram, desde o toque de Alvorada até ao momento em que obedecem à ordem de: Companhia, olhar à direita!

Só depois disso, já perto das duas da tarde, ficarão livres do imbróglio e poderão descansar e pôr de lado a G3 (talvez agora seja a FN) para ir confortar o estômago num qualquer lugar que a Marinha pôs ao seu dispôr. Os cabeças grandes , além de terem passado o tempo sentados na tribuna e abrigados por um toldo para lhes proteger a cabeça do sol inclemente, ainda terão direito a um almoço melhorado que o dinheiro dos contribuintes pagará sem hesitar.

Gostava de ir até lá recordar os velhos tempos, mas acredito que o trânsito estará cortado em toda a zona e a pé não consigo lá ir. É preciso cerca de um quilómetro para dispor as forças em parada, enquanto esperam pelo desfile, ou seja, um quilómetro de distância da Alfândega em direcção à Foz. Vão estar milhares de pessoas alinhadas na margem do Douro, à espera que as tropas comecem a marchar, portanto, até a pé será difícil uma pessoa mexer-se ali.

Está dito e escrito, fico em casa e verei na TV aquilo que as televisões acharem por bem transmitir!!!

sábado, 20 de maio de 2023

O Sr. Roskopf!

 


A exemplo do que aconteceu com os automóveis, em que nasceu o Volkswagen para gente de poucas posses, também na  relojoaria se passou coisa idêntica. Os relógios suíços, sem dúvida nenhuma, eram e continuam a ser umas máquinas impecáveis que não tem comparação no mundo. Só que não estavam ao alcance de qualquer bolsa e aí o Sr. Roskopf que podem ver na imagem aqui ao lado, apareceu para solucionar o problema. Com a sua arte e os seus conhecimentos conseguiu construir uma réplica do relógio suíço que era muito mais barato e funcionava a contento do povo.

Aí os homens da massa que não gostaram nada que desvalorizassem aquilo que eles usavam (para armar em ricos e demarcar-se dos pobres) lançaram uma grande campanha contra a marca nova para a desacreditarem. Não foram bem sucedidos, pois quem não tinha dinheiro para um verdadeiro "Suiço" comprava um Roskopf e tinha também as horas certas.

Mesmo assim, a marca ganhou um mau nome, por causa do preço e não da qualidade, de modo que essa marca ficou associada a um produto de baixo preço que é sinónimo de baixa qualidade. A mesma coisa acontece, agora, aqui em Portugal, com a roupa chinesa. Há uma loja de roupa, aqui ao lado, que vende blusas de senhora a 35€. Se não se importar de levar a chinesa leva 3 por 36€. É assim a modos que roupa da marca Roskopf.

Há um porto de mar, na Bretanha, que tem o mesmo nome e, em tempos que já lá vão, inventaram um relógio que só funcionava durante 24 horas, pois não tinha máquina, tinha apenas uma corda que fazia andar os ponteiros, enquanto a corda ia desenrolando. A ideia era vendê-los aos marinheiros que demandavam aquele porto e se iam embora no dia seguinte. Ficaram também conhecidos por «Relógios de Roscofe» (nome da terra, e deram mais má fama aos verdadeiros Roskopf da Suíça.

Ainda existem e são vendidos como uma raridade nas casas de leilões. A talhe de foice, quando passei nas Canárias, em 1965, era costume comprar relógios ao Kilo, de tão baratos que eram. Só que alguns eram como os da Bretanha, depois de uma noite de sono, pegavas nele para ver as horas e já estava parado. Como fui avisado a tempo, gastei o dinheiro em garrafas de uísque e esqueci os relógios e essa história toda ... até hoje!

N.B. - Na minha aldeia, como não falam nenhuma Língua estrangeira, nem conhecem a história do Sr. Roskopf, abreviaram a coisa para «marca rosca» para designar aquilo que não presta (como o presidente dos morcões).

O Pintinho é marca rosca!

 Então a Covid-19 já passou à história e ele arranjou maneira de os jogadores do Famalicão serem infectados para não irem a jogo, hoje à noite! O homem é de mais, se não existisse tinha que ser inventado! O Porto joga mais que o Famalicão e em condições normais ganhará sempre o jogo, mas nunca fiando, vendo como correram os últimos jogos mais vale prevenir que remediar.

Ele sabe os truques todos e para tudo tem solução! E começou, este mês, a comprar todas as acções do FCP que aparecem no mercado, quando essa empresa é um buraco cheio de dívidas. Isso não vos faz desconfiar de nada? A PJ foi para lá, outra vez, ver se encontra alguma evidência de crime, mas esse rato é mais fino que o dito cujo e não deixa nenhuma ponta solta.

Enquanto há vida há esperança e o Porto vai tentar armar ratoeiras em todos os cantos e esquinas para ver se o Benfica tropeça e lhe deixa cair o troféu nos braços. Mas o Benfica para ser campeão só tem que ganhar os seus dois jogos e mais nada, campeão que é campeão não tem medo de enfrentar qualquer adversário.

Carrega BENFICA!

sexta-feira, 19 de maio de 2023

Notícias na hora!

 

Só vim aqui para vos dizer que a crise está quase debelada. A mão já reduziu de tamanho uns tantos por cento e já estou a teclar com mais facilidade. Só agora descobri quantas vezes se usa o "ç" na escrita em português, assim como o acento circunflexo, sem a mão direita para ajudar é quase impossível usar estas teclas. Neste momento, estou a teclar com as duas mãos e já tenho esse problema resolvido.

Mesmo assim, tenho que continuar com o braço na tipoia para evitar que a mão volte a inchar como estava há 3 ou 4 dias atrás, mais parecia um presunto alentejano!

Queria muito ir ao Porto ver o desfile do Dia da Marinha, mas é um sonho que será difícil, para não dizer impossível, de realizar. Conduzir não posso, mas mesmo com um chauffeur às ordens será difícil. As ruas vão estar todas fechadas com cancelas de ferro e a polícia a vigiar para ninguém as ultrapassar, ou seja, é preciso ter pernas para andar quilómetros. E isso é o meu maior handicap, há anos que não consigo andar mais de 500 metros de cada vez e descansar horas pelo meio.

E depois há outra coisa que me irrita nestas cerimónias, passam-se horas à espera que "as altas individualidades" cheguem e depois muito tempo para ouvir os discursos vazios com que nos presenteiam. Chega a hora do almoço e a gente com o sol a fazer-lhes ferver os miolos continua impávida e serena, à espera que Suas Excelências de dignem mandar avançar as tropas. E essas tropas sofrem tanto como eu, desde manhã cedo armadas e vestidas nas suas melhores roupagens estão ali, debaixo do sol inclemente que as vai assando sem piedade. Enquanto estive no activo, sempre me consegui safar dessas enrascadas, só em 1963 participei para recebermos o Américo Tomás, em Lourenço Marques. Só passei, em Lisboa, dois Dias de Portugal, num deles não fui destacado para essa cerimónia, em Belém, e na outra houve um cromo que me pediu para ir em meu lugar. Só tive que lhe dizer obrigado e fui passar o dia para outras latitudes.

Visitar a Sagres também gostava, uma vez que ela faz parte da minha história. Em 1962, veio ela do Brasil e foi preciso transformá-la para substituir a velha Sagres que estava amarrada ao cais da Base Naval para não ir na corrente do Tejo para fora da barra. E parte dessa tarefa calhou aos grumetes filhos da minha escola. A mim e mais uma dúzia de camaradas calhou-nos a parte de retirar o lastro do navio que é constituido por areão e tijolos burros ensopados em óleo queimado e água salgada que tinham acumulado no porão da quilha ao longo de muitos anos e em muitos mares. Dormíamos na velha Sagres e dávamos o corpo ao manifesto na Guanabara, assim se chamava o navio oferecido pelo Brasil, durante o dia. O trabalho era muito e as alegrias eram poucas.

É desta pequenas coisas que se faz a nossa História e assim quem entrar a bordo para visitar o lindo Navio Escola deve saber que aqui o marinheiro Carlos foi um dos andou a preparar a noiva para a poderem apreciar. Devia mandar gravar o meu nome na amura de estibordo para não passar ao esquecimento, o que é mais que normal neste mundo que vive a 100 à hora. Afinal já passaram 61 anos e morreu muita gente que passou pela Sagres e deu o seu contributo para a manter a navegar.

Outra coisa que queria mencionar aqui é o número de fuzileiros que juraram bandeira, há alguns dias. Foram 40 (?), apenas 40 o que compara com a minha escola que formou 300 (ou perto disso). E nos anos mais quentes da Guerra Colonial andava na ordem dos 600 fuzos formados em cada uma das duas incorporações. A partir de 65 passaram a ser 3 incorporações e mais tarde ainda foram 4 por ano, havia necessidade de formar muitos combatentes para ir para África.

quinta-feira, 18 de maio de 2023

O bichinho ataca!

 


Como não consigo evitar o bichinho carpinteiro que não me deixa parar, venho aqui deixar duas palavras para que saibam que ainda pertenço ao mundo dos vivos. Estou a teclar com 2 dedos da mão esquerda e vejo-me grego cada vez que preciso de usar uma maiúscula, pois não é fácil segurar o shift enquanto se tecla a letra escolhida. Ainda pensei em escrever tudo em minúsculas, mas pensando vocês, meus fiéis leitores merecem que eu me esforce um pouquinho mais apresentar um escrita condigna.

E mais não digo para não me cansar a escrever e vos cansar a ler estas poucas palavras sem sentido!

Abraço !!!

quarta-feira, 17 de maio de 2023

terça-feira, 16 de maio de 2023

Se eu fosse ambidestro!

 


Poderia escrever a publicação que os meus leitores gostariam de ler. Infelizmente, só com a mão direita tenho habilidade para fazer certas coisas, entre elas escrever usando as teclas de um computador, a mão esquerda tem um papel secundário, ajuda em muitas tarefas e neste tipo de escrita também, pois a metade esquerda do teclado está-lhe reservada.

Digo isto, porque as malditas artroses resolveram atacar-me de novo e as dores são "atrozes". A semana passada foi o pé esquerdo que me fez regressar ao uso das canadianas para me movimentar em casa, esta semana passou para a mão direita e até o pensar me faz doer. Por isso vai ser mais curta esta mensagem e espero que as coisas fiquem por aqui, senão tenho que fazer como a Elvira, dar férias ao computador e aproveitá-las também eu para arrumar as ideias.

Divirtam-se por mim que eu perdoo-vos o deslize!

segunda-feira, 15 de maio de 2023

A pressão assusta!


Ontem à noite, não sei quem sofreu mais, se eu à espera que o resultado desfavorável se mantivesse ou o Sérgio Conceição à espera que o FCP marcasse um golo que evitasse a vergonhosa derrota que se adivinhava. A perder, ao intervalo, o treinador do Porto deve ter dito das boas aos jogadores que pagos a preço de ouro não conseguiam dar a volta aos rapazes da Casa Pia. Lia-se na cara do treinador portista a revolta que lhe ia por dentro e foi notório o alívio, quando o Porto marcou o golo do empate.

O Porto acabou por ganhar, o Benfica já tinha feito a sua parte ganhando também e, por conseguinte, tudo continua como dantes. A decisão fica adiada para o próximo fim de semana em que o Benfica tem que ir a casa dos leões arrancar-lhe a pele, nem que seja à dentada. Será um dia de grande festa, se conseguir a vitória e uma grande dor de cabeça se a decisão for adiada para a última jornada. Mas de um modo ou do outro, acredito que este ano comemoraremos a vitória final. So help me God, como dizem os americanos!

domingo, 14 de maio de 2023

Kirmes da Primavera!

 


Na cidade que me acolheu, como emigrante, está a decorrer a feira/quermesse da Primavera que leva à cidade milhares de pessoas à procura de diversão. Eu que vivia no centro da cidade não tinha mais que abrir a porta e já estava no meio da festa. A zona é eminentemente agrícola pelo que a festa era, como poderia dizer-se aqui, em Portugal, um encontro de labregos. Carrocéis, salsichas e batatas fritas - a loucura dos jovens alemães - e muita cerveja.

Enquanto o álcool não embota os sentidos, há muito namoro também nessa festa, mais tarde já sem controlo dos sentidos só se pensa na bebedeira. Apanhar uma cardina a sério é um modo de fugir da realidade e da vida trabalhosa do dia-a-dia. Eu nunca embarquei muito nessa coisa de beber até cair, pois a cerveja pesava-me no estômago e a paginas tantas já não a conseguia engolir.

Um belo dia, durante a feira de Outono, fui até ao centro da festa e entrei numa cervejaria a abarrotar de gente. Calhou-me em sorte uma miúda de 19 anos, em trabalho eventual, para servir copos aos clientes e motivá-los a esvaziá-los o mais rápido possível. O costume ali era, sempre que o copo ficasse vazio aparecia logo outro cheio e o vazio era retirado da mesa. A base em papel ou corticite servia para apontar os copos bebidos, cada copo um risco a imitar os raios de uma roda de bicicleta, que no fim era apresentado na caixa para pagar a conta. Tinha um amigo galego que só parava depois de ter completado o círculo completo de risquinhos (raios). Para completar o círculo era preciso beber 55 copos e ele consegui-o mais que uma vez. Na manhã seguinte aparecia no trabalho com os olhos em bico. Só era aconselhável fazer aquilo numa sexta-feira, mas ele não ligava a isso.

O que facilitava essa corrida à cerveja era o preço de 0.50 DM. Eu ganhava numa hora de trabalho 6.50 DM líquidos, o equivalente a 13 chopes brasileiros (200 mls), ficava barato encher a cara, embora o baixo teor de álcool desse mais para passar a noite a correr para o urinol que outra coisa. Imaginam um alemão de copo na mão esquerda e pila na mão direita a esvaziar a bexiga? Pois eu assisti a essa cena mais que uma vez.

Os alemães são muito bêbados, mas também muito responsáveis. Como o trabalho é coisa sagrada e respeitar horários é com eles, aos domingos, por volta das 6 horas da tarde, acabou.se a tarefa de emborcar copos. Ir para casa, comer qualquer coisinha e dormir muito, pois o despertador toca às 5 da matina e é preciso saltar da cama bem disposto para um novo dia de trabalho.

Num desses domingos, à tardinha, com a cervejaria a ficar sem clientes, veio a tal miúda de 19 anos sentar-se na minha mesa e meter conversa comigo. A páginas tantas, o patrão disse-lhe que era melhor ir embora que não estava ali a fazer nada. E ela foi. E eu acompanhei-a até casa. E subi com ela as escadas até ao sótão, onde tinha o seu quarto. No Natal seguinte trocámos prendas e ela segredou-me que estava grávida. Que rica prenda! 

O ano de 1971 começou com muitas dores de cabeça para mim. Tinha uma mulher e uma filha, em Portugal, e outra à espera de uma filha (soube-o quando ela nasceu), na Alemanha. Como organizar o meu futuro? Escolher uma das duas ou ficar com as duas? Eu não me via a trabalhar como operário metalúrgico uma vida inteira e foi mais isso que pesou na minha decisão que outra coisa qualquer. Nas férias de verão desse ano, fiz a trouxa com os meus poucos pertences e regressei a casa.

Arranjei um bom emprego e por aqui fiquei até hoje. Mas penso muitas vezes o que teria acontecido se eu tivesse decidido de outro modo, ficando lá a criar a filha e enviando apenas uma pensãozita à minha mulher para criar a outra. Só Deus sabe responder a essa pergunta, de qualquer modo não posso rebobinar o filme e escolher outro fim. Paciência! 

sábado, 13 de maio de 2023

Resultado escasso!


Tantos golos perdidos só não me deixam pena porque com 5 já me dou por satisfeito. Mas assim como entraram 5 poderiam ter entrado 10 e não era pedir demais. A jogar assim o Benfica merece ser campeão.

Depois do jogo do Benfica, assistir ao jogo dos lagartos até dá náuseas. Eles ganharam, mas não jogaram grande coisa, ainda por cima com um dos últimos classificados que luta para não descer de divisão. E acabou tudo a soco e pontapé dentro do relvado. Estava a ver que era desta que o árbitro ia levar que contar, escapou por pouco. E ainda ficaram sem guarda-redes para o jogo do próximo domingo, contra o Benfica. Para nós não poderia ter corrido melhor!

Fico admirado como o nosso treinador depositou todas as fichas no João Neves, um puto inexperiente, para tomar conta do meio campo. Já nem me lembro quem jogava naquela posição, antes de ele surgir do anonimato. Depois do Tó Silva que ganhou um lugar de honra, logo no princípio da época, agora temos o Joãozinho para fechar o ciclo com chave de ouro. Quem se deve estar a rir é o Rui Costa, já a pensar quantos milhões vai pedir ao mercado por estes craques.

Só precisamos de mais uma vitória para ir buscar o caneco. Temos que ganhar ao Sporting ou ao Santa Clara, mas, de preferência aos dois, para terminar em beleza com mais 4 pontos que os morcões do Sérgio aziado. Com isso talvez ele se decida a ir embora e desamparar-nos a loja que com ele aqui o futebol é um espectáculo degradante. E no próximo ano, talvez o Pintinho desista de se candidatar outra vez e então ficaríamos a viver no céu.

Muitas vezes me questiono como será o futeluso, depois da era do Pinto da Costa. Ele tem sido como o Padrinho da Cosa Nostra e a malta do futebol vai sentir-lhe a falta. Talvez haja até quem se queira fazer ao lugar deixado vago, mas não vai ser fácil. Benfica, Sporting e Braga não têm presidentes com carisma para tanto e os outros são pequenos demais para se atreverem a isso.

A nós, benfiquistas, resta-nos esperar para festejar o 38º título, talvez uma semana, talvez duas, mas depois tudo acabou, somos campeões!!!

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Jogou e ganhou!

 


Hoje, jogou o meu Gil Vicente e averbou mais uma vitória. Ultimamente tem andado mal e o fantasma da segunda liga anda por perto. Com a vitória de hoje deu um passo na direcção certa, a da permanência junto dos grandes.

A equipa do Petit fez-lhes fel e vinagre, mas não adiantou nada, foram para a Boavista com 3 batatas e de orelha murcha. E o treinador, de quem gosto muito, por acaso, levou um cartão vermelho para guardar junto das outras recordações. Pode apontar que foi ganho em Barcelos, no dia 12 de Maio, enquanto decorria a Procissão das Velas, em Fátima.

Amanhã joga o nosso Glorioso SLB e até acabar o jogo vai ser um "aguenta coração!, a menos que os artistas encham a baliza dos algarvios de golos para me curar a ansiedade. Por falar nisso, já tenho saudades de um HAT TRICK, bem podiam oferecer-me um, amanhã!

A nossa Língua!

 O Português é uma Língua muito traiçoeira, aos estrangeiros custa a aprender e os portugueses não estão muito melhor. Há um programa na RTP3 em que anda um jornalista pela rua a perguntar às pessoas como se escreve isto ou aquilo. A palavra de hoje era ILAÇÕES, escreve-se com i ou com e? Metade dos inquiridos erraram, o que me leva a dizer que são 50% os que não dominam a coisa como deve ser.

Resolvi abordar esta questão por causa do portal Sapo que é talvez o maior portal de notícias em Português. Se não é o maior foi, pelo menos, o primeiro a levar os portugueses a navegar pelo ciber-espaço. E o símbolo desse portal é uma RÂ e não um SAPO como obrigaria o nome que lhe deram.

Sapo, toad em inglês

Sapo é um bicho feio e repelente, será por isso que decidiram trocá-lo por uma rã? Eu acredito que sim, o fundador do portal precisava de um bichinho que fosse atractivo para cativar os clientes. Por isso foi buscar a imagem de uma rã, mas não uma qualquer, tinha que ser uma bonita.


E a escolha caiu numa verdinha que é raro gente ver na natureza, pois as andam pelos nossos charcos são como os nossos políticos, feias e nojentas. No meu tempo de andar com uma fisga no bolso de trás, confesso que eram um dos alvos preferidos para eu treinar a pontaria. Pecados todos temos e eu pecador me confesso.

Rã, frog em inglês

Ficava furioso, quando elas abandonavam a sua posição, refasteladas em cima de uma folha de nenúfar, e mergulhavam nas profundezas do charco. Lá se foi o meu alvo, agora tenho que ir à procura de outro. Pombas em bando no meio de um campo de milho, recém-semeado, era uma boa aposta, pois as pombas (e pombos) eram tantas que em alguma haveria de acertar. Bem, isso são outras aventuras e não para isso que aqui vim.

O assunto é a falta de habilidade gritante para falar, leia-se pronunciar, a nossa Língua Materna. Gostaria mais de ver a tal jornalista, abordar os deputados, à saída do Parlamento, ou os juristas a sair do tribunal e questioná-los sobre a Fonética de certas palavras. Conhecem o Zé Colmeia (alcunha que arranjei para o Zé Ferreira da SIC)? Pois ele é um dos que me tira do sério ao usar as palavras PERDA e PERCA, com o acento tónico errado e significado duvidoso. Eu só conheço a perca que é do Nilo e dá uns bons filetes e não existe no meu dicionário como sinónimo de perda (que se pronuncia como se levasse um acento circunflexo no "e")

Mas o que me trouxe aqui, hoje, foi a rã do Sapo, chateia-me cada vez que clico no Sapo para ler as notícias e me aparece uma rã verde de grandes olhos e a rir-se da minha cara de desconforto. Por falar nisso, o Sapo mudou a maneira como apresenta as notícias e a maioria que escolho para abrir torna-se ilegível tal é o tamanho reduzido da letra que nos é mostrado.

Haverá alguém com olhos para ler isto?

E por aqui me fico, tenham todos um bom fim de semana e os benfiquistas que se preparem para sofrer, amanhã, em Portimão, pois o Pintinho vai mover os céus e aterra para fazer o Benfica perder!


O fumo!

 


Más notícias para os fumadores!

Em breve só poderão fumar fechados em casa e isso se não forem acusados de estar a prejudicar a família.

Não há onde comprar, não há onde consumir, porquê persistir no vício?

Não fumar faz bem à saúde e à carteira!

Eu fumei durante muitos anos, mas já me deixei disso, há quase 40 anos!

Façam como eu, não fumem!!! 

quinta-feira, 11 de maio de 2023

Realidades!

 Num país que caminha, de olhos vendados, para o abismo valem-nos os mais velhos para lembrar de onde viemos e dar valor ao que perdemos. Mesmo que alguns digam que perdemos mais coisas que não prestavam para nada, a começar pela política e suas implicações na vida de cada u de nós. Livrámo-nos do Salazar e tudo aquilo que ele representava e viemos parar às mãos do Costa que é um demagogo do piorio que já vi na minha vida. De política e políticos, estamos pois conversados.

Trocamos um modo de vida mais terra-a-terra e mergulhámos num mundo visto através de um smartphone pelos olhos de uma criança que tem tudo sem saber como isso lhe vem parar às mãos. Dou-vos um exemplo passado cá em casa. Avô, instala o MBWAY no teu telemóvel. Para que me serve isso, pergunto, anjinho que ainda vivo preso ao século XX e aos carros com poucos cavalos, a maioria das vezes só com um e que , por vezes nem cavalo era, talvez uma mula ou um burrico de fraco físico. Para me mandares a féria mais rapidamente e sem problemas, foi a resposta que recebi do meu neto. Avô, podes mandar-me a féria do mês que vem, pois tive um imprevisto e estou à rasca?

O pão que pomos na mesa (todos os dias) tem um sabor muito diferente quando reconhecemos que nos custou a ganhar, quando tem um pouco de suor do nosso rosto. Os nossos mais novos que vivem nas cidades já não sabem o que é uma enxada, palavra que foi banida do seu vocabulário, embora o Mr. Google saiba o que é e possa responder se lhe perguntarem. E os que ainda vivem no campo estão pouco melhor, pois só de tractor mexem na terra. Faz-me impressão ver as pessoas calçar luvas para mexer na terra, eu gosto de mergulhar as mãos nela e pensar que é ela que cria tudo aquilo que preciso para não morrer à fome.

A esse propósito, trouxe-vos, hoje, um poema de raiz alentejana para pensarem nisso e sentirem-se mais felizes, mais próximos das nossas origens terrenas.


quarta-feira, 10 de maio de 2023

Andar aluada quer dizer o quê?

 Andas com a cabeça na lua!
Tu vives na lua!
Aquela anda aluada!

Há muita gente que não faz nada sem ver a fase da Lua em que estamos. Seja para semear, para colher, ou até para comprar certos haveres, sem confirmar qual a fase da Lua que nos alumia, em noites de Lua Cheia, claro que durante a Lua Nova não se vê um palmo à frente do nariz. Comprar um porquinho para cevar até Novembro é melhor comprar na Lua Nova senão ele não medra como deve ser.

Tem tudo a ver com o porquinho, hoje decidi ir cortar o cabelo e quero garantir que ele me volta a crescer. Mas, azar o meu, descobri que estamos quase a entrar no quarto minguante e, por conseguinte, a minha sorte vai ser vê-lo mingar cada vez mais. Ainda pensei em adiar para quando entrar o quarto crescente, mas depois fiquei a pensar que tudo isto é uma patacoada em que não devemos acreditar.

É como a história dos bruxedos. Há dias vi na TV a história de um bruxo que prometeu amarrar o noivo para sempre e deu à rapariga que estava interessada no negócio um saquinho de terra do cemitério para ela engendrar o bruxedo. Despejava a terra no chão à entrada da porta, punha-lhe em cima os sapatos do noivo, com as biqueiras viradas para dentro de casa e fazia uma reza, assim ao jeito de: - quando entrares por esta porta ficas para sempre agarrado a mim e só te livras desse fado quando eu morrer!

A minha avó Maria era pobre, coitadinha, nunca aprendeu a ler nem escrever. Tudo o que ela aprendeu foi trabalhar para ganhar o pão nosso de cada dia, para ela e para a filha que um desgraçado qualquer lhe tinha feito e logo fugido para a França. Se ela tivesse conhecido alguma brasileira, como milhentas que andam por aí, agora, com certeza teria aprendido a fazer esse tal bruxedo que trouxesse de volta o fugitivo pai da sua filha.

Passou a vida a cuidar, sozinha, dessa filha e depois dos 12 netos que a filha lhe deu. E nas noites de serão, à luz de uma candeia de petróleo, adormecia-me contando-me histórias de bruxas e bruxedos que pareciam ser a única coisa que sabia. Nunca leu nenhuma obra da Literatura Portuguesa, é o que é, nem os versos do Camões, nem Camilo, nem Eça, nem coisa nenhuma, pois afinal ela não sabia ler.

 Bom dia e tenham cuidado com os/as bruxas!!!

terça-feira, 9 de maio de 2023

Cada cum com as suas manias!

 Vivemos, hoje, o dia 9 de Maio, data que não tem qualquer significado para mim. Há quem faça uma grande festa, nesta data, como acontece com a Rússia, e há quem passe de hoje para amanhã sem nada que lhe faça recordar este dia.

Talvez ainda vá ao barbeiro e então ficará a ser, para mim, o dia em que cortei o cabelo, embora no próximo ano o não corte neste dia, mais faltava, e acabe o significado que tem hoje. Cortei o cabelo no dia da vitória que os russos comemoram sobre o III Reich, no fim da segunda guerra mundial - devia escrever isto com letra maiúscula, mas no meio de tantas guerras, porque há-de essa merecer tal distinção - Dia da Vitória, dizem eles e quem se lixou foi o Hitler que deu um tiro na mioleira e se foi desta para melhor.

Cada um de nós tem as suas datas mais marcantes gravadas a ferro e fogo no arquivo da memória. Nasceu-me um filho, morreu-me a mãe, esse tipo de coisas que é diferente de pessoa para pessoa e a que cada um dá o valor que entende. Eu juraria que o Putin não dá qualquer valor a este dia, nem se lembra dos milhões de russos que morreram às mãos de Hitler. A festa serve apenas para se vangloriar e armar em importante entre os seus.

Ao dizer, "entre os seus" poderia acrescentar "amigos" ou "inimigos", pois a coisa dá para os dois lados. Com os amigos distribui o poder e a riqueza que gama sem vergonha ao estado russo e com os inimigos mostra o seu poder e amedronta-os com as armas e as tropas que faz desfilar à frente dos seus olhos. Apoia-me e serás recompensado, enfrenta-me e serás eliminado.

O Putin faz-me lembrar os machos dominantes do mundo animal que lutam entre si até à morte para mostrar quem é o mais forte. Como acontece com todos, um dia acabará por perder e terá que fugir com o rabo entre as pernas. Outro tomará o seu lugar e só esperamos que seja um bocado mais humano que ele.

Estive a assistir à festa russa na CNN e mais uma vez a apreciar as opiniões divergentes de dois comentadores, o Agostinho Costa (pró russo) e o Isidro Pereira (anti Putin). Ele há gente para tudo neste mundo, cães que comem cães e mais se há-de ver!

domingo, 7 de maio de 2023

Uma data marcante!

 


O ano de 2010 foi uma data marcante na minha vida de fuzileiro reformado que tinha partido à procura dos seus camaradas da Guerra Colonial, no ano de 2008. Para levar a cabo a tarefa que a mim mesmo impus recorri à internet aproveitando as imensas possibilidades que as novas tecnologias emprestam à informação.
Criei o meu primeiro blog, em 2008, para me permitir ir registando os avanços das pesquisas que ia fazendo e publicando fotos e relatos que me ajudassem a espalhar a mensagem que pretendia chegasse o mais longe possível.
A Companhia de Fuzileiros Nº 2 que partiu para Moçambique no Outono de 1962 tinha 160 homens. Nem o nome deles sabia, nem tão pouco tinha a menor ideia por onde andariam ou se eram ainda vivos ou já pertenciam ao rol dos falecidos. Recorri aos amigos que sabia terem feito carreira na Marinha e tinham maior facilidade de me ajudar nas pesquisas. Visitei algumas instituições da Marinha, como o Arquivo Histórico e com a ajuda de alguns camaradas corri Portugal, de norte a sul e de este a oeste à procura de indícios que me permitissem encontrar as pessoas e completar os dados que ia recolhendo.
Ao saber que um oficial da Marinha tinha publicado uma série de livros contando a história dos fuzileiros, em África, adquiri aquele que se referia a Moçambique e lá encontrei 90% da informação que precisava. Foram dois anos e picos de grande trabalho que no fim do Verão de 2010 dei por completo. Nesse ano organizei um convívio, em Montemor-o-Novo para motivar os residentes no Alentejo e Algarve a aparecerem, sendo a distância mais curta.
Foi o convívio que mais gente reuniu, vieram até alguns camaradas que estavam emigrados e até houve um caso que veio uma senhora em representação do marido que residia no Brasil. Depois dessa data realizei ainda uma meia dúzia de convívios, mas cada vez iam rareando mais as presenças. Depois parei, pois já me sentia cansado de andar à caça deles e levar muitas negas, comecei a sentir que alguns diziam que sim só para me agradar. Em 2016 organizei um último, em Vila Real, para caçar alguns transmontanos que nunca tinham comparecido, dizendo que a viagem era muito longa.

Com a morte do Floriano, na passada sexta-feira, fui obrigado a concluir que estamos todos velhos demais para essas correrias e muitos faleceram já, desde o convívio de Montemor até hoje. Hoje passei o dia a revisitar os álbuns de fotografias que fiz desde 2008 até 2016 e fiquei banzado com o número de caras que desfilaram perante os meus olhos e já não pertencem a este mundo. Foi um dia triste, é no que dá ir remexer o passado!

sábado, 6 de maio de 2023

Foi só 1, podiam ser mais!

 


Como se diz na minha parvónia, o rabo da vaca é o que custa mais a esfolar!

Neste final de temporada, o Benfica tem-se visto negro para levar a água ao seu moinho. De uma diferença de 10 pontos para o segundo classificado que podiam ter-se transformado em 13, passou a ter apenas 7 por ter perdido, em casa, o jogo com o FCP. Depois disso a inesperada derrota, em Chaves, atirou com a moral dos jogadores abaixo. De tal modo que, hoje, havia o receio de ver o Braga que contra o Benfica tem um enorme saldo a seu favor, vir à Luz envergonhar-nos a cara outra vez. Felizmente não aconteceu.

Como não sou assinante da BTV, não vi o jogo, limitei-me a ir saltitando da Sport TV+ para a CMTV e ouvindo o que diziam sobre o desenvolvimento do jogo. E pelo que ouvi, mesmo a alguns comentadores depois de terminado o jogo, o Benfica merecia ter ganho por 3 ou 4 golos de diferença. Mas as coisas não funcionam assim e só contam os golos que entram na baliza. E como só o Rafa a lá meteu uma vez e nenhum dos outros jogadores o conseguiram imitar, o resultado ficou-se pelo 1 a 0.

Do mal o menos, pois tudo o que queríamos era vencer e trazer os 3 pontos para somar aos que já tínhamos amealhado e assim manter os perseguidores à distancia. Dá pena ver o GR88 tentar tanto e acertar tão pouco, parece que alguma bruxa viu o rapaz e lhe resolveu encrencar vida. Houve uma jogada em que tinha tudo a seu favor para rematar à baliza e fazer golo, mas em vez disso desinteressou-se da bola e o Mateus agradeceu. Talvez ande a precisar de umas benzeduras para afastar o mau-olhado que o vem perseguindo nas últimas 6 ou 7 jornadas.

Falta-nos jogar com o Portimonense, próxima jornada, com o Sporting, a seguir, e terminar com o Santa Clara. O jogo com os leões (ou lagartos, se preferirem) vai ser o mais difícil, tanto pela qualidade da equipa do Rúben Amorim como pela grande rivalidade que existe entre os adeptos das duas equipas de Lisboa. É o derby da capital e desde sempre considerado um jogo de alto risco. Ir jogar a Alvalade é como ir ao inferno roubar uma alma ao diabo, há o risco de sair de lá chamuscado. Talvez, este ano, como os leões já estão arredados da luta pelo título, a coisa seja mais fácil, mas nunca se sabe.

Os 4 pontos de avanço que conseguimos manter, hoje, dão-nos um certo conforto, mas quando começa a trovoada nunca sabemos onde caem as faíscas. Ainda podemos aguentar um empate com o Sporting, mas nada mais que isso, senão lá vai o título outra vez para o brejo, como aconteceu no ano passado.

Abre os olhos, BENFICA !!!

O Labirinto!

 

Floriano, Valter, Carlos e Mário

A nossa vida é um autêntico labirinto, onde nos perdemos ou encontramos segundo os caprichos do destino. Ontem cirandei entre Juntas de Freguesia e cemitérios na procura da última morada de um camarada e amigo que me avisaram tinha falecido. Mesmo com a ajuda de terceiros não consegui os meus intentos e decidi regressar a casa e estender-me ao comprido para descansar os meus doloridos pezinhos.

Perdi-me nos braços de Morfeu e, a páginas tantas, fui acordado pelo som do telemóvel que tinha ao meu lado. Era um arauto da desgraça a dar-me conta que o meu amigo e camarada Floriano tinha falecido. Fiquei a pensar que destino será o meu que passei toda a manhã à procura de um morto e, chegado a casa, encontro outro.

Ninguém diga que está bem que a malvada chega de surpresa e carrega com ela quem muito bem entende e não admite reclamações. Há um ditado que o meu pai costumava citar e que dizia, "quem de novo não vai, de velho não escapa" e agora vejo como ele tinha razão, estamos no patamar ao cimo da escada, à espera de quem nos dê um leve empurrão para nos precipitarmos no abismo.

Descansa em paz, Floriano, que não demorará muito todos estaremos na mesma formatura, às ordens de S. Pedro!

P.S. - Dos 4 amigos que a foto retrata, o Valter foi o primeiro a partir, o Floriano partiu ontem ao seu encontro. Eu sou o mais velho dos 4 e é bom sinal ir ficando para trás.