terça-feira, 2 de junho de 2020

O Vauxhaal e as velas!

O homem já morreu, há uma quantidade de anos, a sua mulher também já foi ter com ele, à outra banda, e filhos nunca tiveram. Por isso, ninguém me vai bater por eu fazer um pouco de má-língua a seu respeito e da falta de cultura (generalizada) de que dava provas.
Ele veio de uma pequena vila no interior e aterrou aqui na Póvoa como servente de mesa de um dos mais badalados Cafés da cidade. Por lá andou alguns anos, ganhou conhecimentos e juntou uns trocos que lhe permitiram juntar-se aos colegas de profissão e comprar o negócio que estava à beira da falência.
Mas aquela sociedade durou pouco tempo e teve pouco sucesso e então ele decide lançar-se sozinho no negócio e comprou um Café que estava ao passe, aqui no meu bairro. Foi assim que o conheci e pela vida fora o acompanhei, até ao momento em que lhe fizemos o funeral na pequena terra que o viu nascer e por onde andou Camilo, o escritor português que aprecio.


Como estamos em «Modo Pandemia» e é impossível fugir a um tema que só nos traz tristezas, tenho que (sou forçado a) procurar algo com que vos possa alegrar a vida. mesmo que seja à custa do "empregado de mesa" que veio morar para o pé da minha porta e a quem aturei aselhices sem conta nem medida.
E com ele veio também um Vauxhall, carro pouco conhecido em Portugal e que punha a cabeça em água ao nosso herói. Isto passou-se no pós-25 de Abril, altura em que o preço da gasolina começou a subir, de 5 passou para 10 e, num instante, atingiu os 20 escudos. O carrinho era um pouco bêbado e nunca viu o depósito atestado até à rolha, pois o dinheiro não abundava nessa altura crítica da nossa democracia.
O caso era que cada vez que chegava a hora de ir dar uma voltinha o mafioso Vauxhall não pegava. Saíam os clientes do Café para empurrar a viatura e lá ia ele pela rua abaixo, engatado em segunda, até o motor se resolver a pegar e levar o homem a passear. Estrategicamente, quando regressava a casa, ele deixava o carro estacionado a meio da rua, a qual tinha uma boa inclinação e um só sentido de trânsito, para lhe facilitar a manobra da próxima vez que lhe pegasse.
Um dia, já farto daquele empurra-empurra, disse-lhe que tinha que aprender a limpar as velas que deviam estar todas encharcadas e assim não havia faísca que as fizesse pegar. Uns dias depois, ia eu a entrar no Café, quando ele me chamou à parte e me disse:
- Olha, fui fazer o que me disseste, abri o capot do carro e não encontrei velas nenhumas!
Tenho a certeza que para ele velas eram apenas aqueles pequenos cilindros de cera com um pavio em cima que ele via a arder na igreja, quando ia à missa !!!

3 comentários:

  1. Bom dia
    A loira também disse que o "carocha" não tinha motor , quando abriu o capô da frente !!

    J R

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  2. Atã o homem tinha razão quando disse que não encontrou as velas. Se enganado não estou esse carro papa gasolina tinha o motor na sua parte traseira e as velas na cabeça do motor. Eu já tinha ouvido dizer que além desse teu vinho havia outro que comprou um wolksvagem. Ao abrir o capot não viu lá o motor, como não sabia que o motor estava na parte traseira pensou que lhe tinham roubado o motor do carro duranre a noite em que pernoitou num hotel. Era caixeiro viajante

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