sábado, 20 de junho de 2020

Barcelos, minha terra!


Dei uma volta pelo meu armazém de ideias e não encontrei nada que servisse para uma publicação com um mínimo de interesse. Queria pôr de parte assuntos como a Covid ou o futebol e não encontrei mesmo nada que substituísse isso e me interessasse desenvolver. Assim sendo e para não deixar em branco esta data, trouxe-vos uns "barros" de Barcelos.
O concelho de Barcelos é, eminentemente, agrícola. A riqueza das gentes era medida em pipas de vinho e carros de pão que cada família conseguia arrancar da natureza nem sempre amiga. Além disso, valiam-se as gentes da excelência do barro da região e da sua própria habilidade para ganhar os tostões extra desenvolvendo a olaria Bonecos de barro representando presépios, brinquedos, bandas de música ou exércitos a cavalo ou apeados, além da louça vidrada, são uma das artes dos oleiros barcelenses. Utensílios domésticos, como cântaros e cantarinhas, jarros e bilhas, caçoilas e cafeteiras, além de outros de menor tamanho que se podem ver em todas as cozinhas do Minho, são feitos em Barcelos e contribuem, ainda hoje, para a economia local.
Um pífaro ou assobio de barro, comprados na feira semanal de Barcelos, foi, se bem me lembro, a primeira prenda que recebi na minha vida, enquanto criança. Na época natalícia, para compor o presépio, era necessário passar em revista toda a bonecada e ir correndo a Barcelos comprar alguma das figuras em falta. Uma ovelha, um pastor, um rei-mago, um anjo ou até o Menino Jesus apareciam estropiados, de um Natal ao outro, e tornava-se obrigatório substituí-lo para não desfear a obra final.
Era assim há muitos anos, mesmo séculos, e continua ainda um pouco nos dias de hoje, embora a força da indústria, principalmente a têxtil, tenha mudado um pouco a cidade e as grandes fábricas de barro que, além dos bonecos e loiças, faziam também telhas e tijolos, são hoje estruturas fantasma, abandonadas, a lembrar um passado que não volta mais. O vidro, o plástico e outras coisas semelhantes ganharam a guerra ao barro e a juventude de hoje olha mais para o futuro do que para o passado que foi deixado lá para trás, entre teias de aranha e muitas camadas de poeira que ninguém está interessado em limpar.
Estamos na era do telemóvel e não há nada que o telemóvel não possa resolver! O resto é para esquecer!

4 comentários:

  1. Já encontrei Galos de Barcelos em várias partes do mundo. Mas o mais curioso de todos foi ter visto um grupo de Galos de Barcelos em fila indiana numa das janelas da Embaixada de Portugal em Copenhaga. Como 'a capoeira' podia ser observada da rua imagino que o enviado do Palácio das Necessidades deva ter nascido em Barcelos.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Engraçado, só agora me apercebo que esqueci os famosos galos de Barcelos!!!

      Eliminar
  2. Interessante.
    Nunca estive em Barcelos embora por lá andasse perto diversas vezes. E tenho um peixinho desses que me trouxe a minha irmã há uns anos de recordação.
    Abraço, saúde e bom domingo

    ResponderEliminar
  3. Bom dia
    Um grande e bonito documentario da sua terra .

    J R

    ResponderEliminar