domingo, 29 de outubro de 2017

Enganado como um rato !

A concretizar-se, o acordo com Espanha vai ao encontro das reivindicações do setor para que o esforço de pesca, no âmbito da adoção de medidas de gestão do 'stock', seja igual para os dois países.
O plano prevê a não autorização para o aumento do tamanho das embarcações com licença para a arte do cerco durante os próximos cinco anos, redução dos dias de pesca semanais e cessações temporárias da atividade, com o apoio do Estado ao pagamento aos pescadores de um a dois meses de salário.


Esta imagem acompanha a notícia que estive a ler no Sapo e da qual copiei um pequeno trecho que podem ver acima. Ao olhar para ela lembrei.me que estou farto de comer bacalhau que não é bacalhau e sardinha que também não é sardinha. Confusos? Eu explico.
Comecemos pelo bacalhau. Dizem que há 25 qualidades de bacalhau. Nada mais errado, bacalhau só há um e bem difícil de encontrar, por sinal, o resto são primos mais ou menos afastados do fiel amigo de que eu tanto gosto. No Pingo Doce, onde habitualmente me abasteço, aparecem quantidades monumentais do dito a preços convidativos e lá me fazem comprá-lo. Mas bacalhau não é, posso garantir. E ao comê-lo nota-se bem. Não digo que não haja também bacalhau, do genuíno «Gadus Morhua», mas não tenho tido a sorte de encontrá-lo.
Passemos às sardinhas. Concentrem-se na imagem que vêem acima. Vêem algumas escamas? Não? Também eu não e parece-me que aí reside o segredo. As sardinhas que me têm chegado ao prato, nos últimos anos, não prestam para nada. Especialmente, este ano, notei que eram de tal modo escamudas que não conseguia comê-las sem lhe tirar a pele.
Pelo que dizem as notícias, qualquer dia não vamos ter sardinha para comer e, portanto, nem precisamos de nos preocupar com o problema das escamas. Mas ao poisar os olhos nestas sardinhas que se deixaram fotografar para mim, cresceu-me um desejo de comer meia dúzia de sardinhas boas, como as tenho na minha memória, que nem vos digo nem vos conto.
Bons tempos em que a sardinha era comida de pobre! Os ricos comiam bifes, mas agora também querem sardinhas e por isso é que elas não chegam para todos!

4 comentários:

  1. O que eu penso e não estarei enganado,
    será por isso, mesmo, que viste tudo torto
    neste mundo que do avesso está virado
    sempre quem mais tramado está e o povo!

    O pescador que vai para o mar,
    não pescou bacalhau nem safio
    terá sorte se não perder o lugar
    quando regressa sem pescado
    ao cais, lota, com o barco vazio
    tudo se torna mais complicado.

    Triste sorte teve na pesca,
    nem ao menos uma sardinha
    quando passou à frente da janela
    para ele viu sorrir a sua vizinha!

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  2. As várias qualidades de bacalhau e respectivo sabor, têm muito a ver com as zonas de captura, seu processamento e secagem . Lá vai o tempo em que havia selecção de qualidade, secagem sob influência da natureza - estendido em seca solar - e com cuidados acompanhados de experiências acumuladas ; cuja comercialização e consumo, não tinham grande expansão, uma vez que, para além de Portugal, poucos países consumiam bacalhau seco e, na sua maioria, passava por consumidores de menores recursos . Com o aumento considerável das populações e da inovação de confecção de produtos, o bacalhau não fugiu à regra e entrou com enorme força no mercado de consumo, o que levou a maior procura e consequente pesca/captura ; assim como, à sua secagem em Estufas, as quais nada têm a ver com o processo tradicional e, por isso, surge o bacalhau que temos - encharcado de humidade/água - e, muitas vezes, mal saboroso . No que concerne à sardinha, também a sua qualidade deriva das zonas piscatórias e, naturalmente, quanto mais frias forem as águas onde são capturadas melhor o seu aspecto e rigidez, bem como mais saborosas . Desde há anos a esta parte que a pesca da sardinha tem vindo a ser preocupante, a fim de se manter STOKES mínimos e atendendo a inúmeros aspectos, designadamente : aumento substancial da sua captura, face ao consumo verificado ; pouco ou nenhum cuidado por parte de muitos pescadores que, continuando com a teoria de que tudo que vem à rede é peixe, desfalcam reservas com a captura de PETINGA e que, em vez de a deixarem crescer, não senhor, vira-caixa e esconde-lota para ver se passa e vem algum, esquecendo-se que isso lhes vai sair caro, visto que destroem o que deixa de crescer e que não mais poderão pescar ; ainda, certas condições naturais adversas que vão dificultando reproduções, agravado por outras espécies marinhas que se instalam ou passam com alguma frequência e que devoram quantidades enormes ; dando-se, como exemplo, um GOLFINHO que, segundo cálculos, come cerca de cinquenta quilos/dia de sardinha ! Para terminar, posso referir que o narrado está simplificado, visto que a realidade é bem mais complexa . Um abraço .

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  3. Vamos lá a uma pequena correcção : não é STOKES, mas sim STOCKES . Um abraço .

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  4. Já lá vai o tempo em que comíamos bom bacalhau. Sardinhas este ano nem as provei. Entrei num processo de desabituação. Como passei dois meses no Algarve, fiquei-me pelos carapaus alimados acompanhados de batata doce e pelas condolipas com bacon.
    E estou outra vez sem net.
    Abraço

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