Em homenagem a - Ludgero dos Santos Silva
Anteontem, faleceu o um fuzileiro com quem me cruzei na Escola de Fuzileiros, no longínquo ano de 1962. Eu acabadinho de chegar, com o cabelo rapado à máquina zero e metido numa farda de alumínio em que cabiam dois como eu. Ele acabadinho de ser promovido a sargento, depois de ter ingressado no quadro de fuzileiros, após ter frequentado o curso dos Royal Marines, em Inglaterra. Eu a aprender a marcar passo, às ordens do sargento Bicho. Ele a dar instrução ao 2º Curso de Fuzileiros Especiais que uns meses depois partiriam com ele para a Guiné, no DFE2.
Nós, os recrutas, olhávamos para os "especiais" com olhos de admiração. Eles eram uma espécie de heróis que andavam a treinar-se, afincadamente, para seguir para África defender a nossa pátria dos terroristas que na primavera de 1961 tinham feito, em Angola, aquelas barbaridades que todos sabemos. Nessa altura ainda não percebíamos muito bem o que tudo isso queria dizer, mas olhávamos para eles como se fossem, realmente, "especiais".
Ao receber a notícia do seu falecimento, amplamente publicitada no Facebook, vi abrir-se o livro das minhas memórias e essas cenas, velhinhas de 55 anos, passarem à frente dos meus olhos como se de um filme se tratasse. O Ludgero, conhecido pela alcunha de Piçarra por imitar o cantor Luís Piçarra, teria cerca de 10 anos a mais que eu e já estava na Guiné, há um mês, quando eu jurei bandeira.
Ele fez uma longa carreira na Marinha e como um bom fuzileiro ficou a viver no Barreiro depois de reformado. Da capela mortuária da Quinta da Lomba seguiu para o cemitério, viagem em que não o pude acompanhar por morar tão longe, mas tenho a certeza que a nossa grande família "fuzileira" o não abandonou nessa última viagem.
Até sempre, fuzileiro Piçarra!
Ele fez uma longa carreira na Marinha e como um bom fuzileiro ficou a viver no Barreiro depois de reformado. Da capela mortuária da Quinta da Lomba seguiu para o cemitério, viagem em que não o pude acompanhar por morar tão longe, mas tenho a certeza que a nossa grande família "fuzileira" o não abandonou nessa última viagem.
Até sempre, fuzileiro Piçarra!
Interessante trajecto nos Fuzileiros... com 4 comissões e reformado de Sargento Ajundante (?!). Nunca compreendi bem a carreira... RIP
ResponderEliminarEsteve no Niassa ao mesmo tempo que tu. Lembras-te dele?
EliminarTalvez me tivesse cruzado com ele, mas sinceramente não me lembro... de qualquer das maneiras o nosso homem merecia mais que terminar a carreira em SA... Ludgero dos Santos Silva foi e será um ex:libris dos Fuzileiros. RIP
ResponderEliminarNão o conheci pessoalmente. Mas, lutamos pelo mesmo fim comum. Em defesa da Pátria. Ele na Marinha e eu no Exército. Paz à sua Alma. Sentidos pêsames à família enlutada.
ResponderEliminarTambém conheci muito bem o fuzileiro " Piçarra " e não tenho a menor dúvida de que foi um dos melhores de sempre . Era, de facto, um profissional competentíssimo e digno de grande exemplo/destaque . A observação do Valdemar faz todo o sentido, uma vez que tal valor profissional deveria ter tido outra recompensa ; mas, infelizmente, muitas vezes, perde-se tempo com o acessório e não se reconhece devidamente o essencial . Todos sabemos o quanto são importantes as habilitações literárias a determinado nível, mas também não podemos ignorar auto-didactas que se valorizam neste sentido e por isso, há casos e casos ; tanto assim, que a componente de execução prática, em relação aos homens da guerra - combatentes militares - devia ser preferencial e de reconhecido mérito . Durante bastantes anos tive oportunidade de exercer funções relacionadas com Informações a vários níveis, muito especialmente no tocante à actividade Seguradora, Segurança de Navegação e Fraude Marítima Internacional, razão porque contactava, muito de perto e com frequência, com entidades inglesas . Destes contactos, houve algo que nunca me passou despercebido, quando na troca de impressões sobre o valor de determinados elementos, afirmavam frequentemente : " pouco importa que me digas/tentes dizer, que possuis habilitações/capacidades elevadas, apenas quero que me digas o que sabes fazer e que experiência tens " . Se não estou erro, parece que já vos falei nisto, mas, seja como for, nunca é demais falar numa máxima, isto para lembrar o quanto ainda existe de injusto numa sociedade de complexos como a nossa . Um abraço .
ResponderEliminarLembro-me desse nome, mas o resto já a minha carola apagou!
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