sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Mui nobre e invicta cidade!

D. Pedro IV ficou na memória dos portuenses como símbolo de liberdade, patriotismo e força de vontade que, desde sempre, moveu a Cidade e os seus habitantes. A participação e o grande envolvimento da Invicta nas lutas liberais (1832-1833), sensibilizou particularmente o monarca.
Entre o Verão de 1832 -1833, a cidade sofreu enormes privações. Um ano de destruição física e moral que terá sido reconhecido, pelo Rei Soldado.
A grande empatia e gratidão que sentia pelo Porto, leva-o, logo após a vitória liberal, a honrar a cidade com a sua visita. O período de permanência na urbe (26 de Julho a 6 de Agosto) foi preenchido por diversas cerimónias civis, religiosas e militares. Destaca-se a entrega das chaves da Cidade, pelo presidente da Câmara, à Rainha. A cerimónia terminava com uma oração de graças e um "Te Deum", na Igreja da Lapa.
É também nesta Igreja que, em 1835, por vontade testamental, o seu coração foi depositado. 
Em 14 de Janeiro de 1837, um decreto redigido por Almeida Garrett e assinado pela rainha D. Maria II, adicionava novos elementos às Armas do Porto.
Este acontecimento determinava que "as armas sejam esquarteladas com as do reino e tenham ao centro, num escudete de púrpura o coração de oiro de D.Pedro, sobrepojadas por uma coroa de duque, tendo por timbre o "Dragão negro das antigas Armas dos senhores Reis destes reinos", e junte aos seus títulos o de Invicta."
Foi este o último sinal de reconhecimento do monarca pelo esforço dos portuenses, ao serviço do país.


Hoje, deparei-me com esta foto que ilustrava uma notícia sobre a cidade do Porto e quis aproveitá-la para lembrar um pouco da História da «Cidade Invicta». Ao ver o edifício da Sé, ali plantado ao centro da imagem, lembrei-me de toda a História que conheço a respeito da capital do norte. A Sé Catedral era o edifício mais imponente do Porto e dentro dele vivia a personagem mais poderosa desse tempo, o Bispo.


Nesses velhos tempos, ninguém fazia nada sem ordem do Bispo, nem sequer o rei. Era dele a Justiça e a cobrança de Impostos. Houve tempos em que teve um verdadeiro exército ao seu serviço para defender os seus interesses. O «Cabido da Sé» é hoje um centro documental, mas foi, nos primeiros tempos, um enorme celeiro, onde o Bispo do Porto recebia os dízimos e rendas das suas terras que, como todos sabemos, eram pagos em géneros e não em ouro, coisa rara entre os lavradores do burgo.
E por aqui me fico, senão ainda acabo a falar nas «Tripas à moda do Porto».

2 comentários:

  1. Uma pagina da História,
    tive oportunidade de ler
    se sempre houve tramoia
    há e continuará a haver.

    Nessa mui nobre cidade Invicta,
    aqui no pais dos mui pobretanas
    ainda haverá quem nisso acredita
    a favor dos pobres hajam mudanças.

    Bom fim de semana e continuação de bom ano de 2020.

    ResponderEliminar
  2. Não há dúvida que o Rei em causa é dos que merece fazer parte da nossa História . Já o Bispo em questão bem podia ter ido para longe e, quem sabe, para onde não lhe aparassem a sua " santidade " e domínio em proveito próprio ; pior, terá servido de inspiração a seguidores que, como ele, beneficiaram da exploração e indiferença dos que passavam sabe Deus como . Estes senhores, com as devidas excepções, implantaram-se e adaptaram-se ao longo dos tempos, sempre próximos dos protegidos e a proclamar humildade aos que produziam o que havia, assim como a conformarem-se com aquilo que o poder divino lhes podia proporcionar ; devendo, isso sim, rezar para alcançar o Reino Eterno - ir para o Céu ! O que é certo, é que tais conselheiros/pregadores nunca se terão preocupado grandemente com injustiças e, consequentemente, receio de poder ir para o Inferno ! Bom, é melhor ficar por aqui, antes que tenha dizer algo mais que não quero . Para cumulo disto tudo, aparece-nos o PAPA, pessoa que adquiriu o respeito e estima dos seus paroquianos e não só, a bater numa devota/peregrina ! Isto não lembra ao Diabo ... e, por mais que se queira encontrar explicações/desculpas, não é fácil, visto que quem tanto apregoa a paz, compreensão, não violência, fraternidade, amor e tolerância, não tenha a necessária capacidade de contenção perante alguém que estava ali apenas carregada de fé para o venerar e aplaudir ; portanto, a sua missão católica e constante anuncio da doutrina de Cristo, não permite tal imprudência e, a ser assim, parece-me que a sua credibilidade foi afectada ... Isto de olha para o que eu digo e não para o que eu faço, foi chão que deu uvas ... Um abraço .

    ResponderEliminar