domingo, 5 de janeiro de 2020

As Cruzadas!

No meu 4º Ano tive um professor que era o rei da prosa. Ele só dava nota positiva a quem desenvolvesse um texto com princípio, meio e fim, independentemente do assunto em análise. Para mim foi tiro e queda, eu que gostava de escrever e era até um tanto ou quanto exagerado nisso, ataquei com um texto de 10 páginas, escrito na hora e meia que durava o teste, e saquei um 16 para a nota final do ano.
O ponto forte da História do 4º Ano e que assustava meio mundo eram as Cruzadas, a História das guerras movidas pela Igreja Católica Apostólica Romana contra os muçulmanos do Médio Oriente.

<<< A convocação para as Cruzadas aconteceu em 25 de Novembro de 1095, no «Concílio de Clermont», pelo papa Urbano II que, em seus discursos, “prometeu que aqueles que se empenhassem nessa causa com um espírito de penitência teriam seus pecados pregressos perdoados e obteriam total remissão das penitências terrenas impostas pela Igreja”1. Percebemos, portanto, que a Igreja prometia a salvação a todos aqueles que lutassem na “defesa do cristianismo”. Nesse período, foi debatido pela Igreja o conceito de “Guerra Justa”, no qual se considerava como justa toda a defesa do cristianismo contra os muçulmanos, chamados de “infiéis”. Dessa forma, a Igreja dava o aval para seus seguidores lutarem (e matarem) em sua defesa. >>>

E eu que gostava de História e tinha a matéria bem decorada não precisava de melhor empurrão para me safar naquele que foi um ano complicado na minha carreira de estudante. Eu não atinava com a Matemática nem com a Física e se apanhasse uma nota má em História poderia ter o ano comprometido. Felizmente e com a preciosa ajuda daquele 16 arrancado à conta das Cruzadas, assim não aconteceu.
Estava eu aqui a ler as notícias do que se passou no Iraque, morte e funeral do Nº 2 do Irão, das repercussões por esse mundo fora, dos que batem palmas de aplauso e dos que tremem de medo, além dos ditos "infiéis" que juram vingança contra os americanos e quem os apoia, quando me veio à memória esta fase da minha vida. Tanto estudei para meter a história das Cruzadas na cachimónia e agora estou a viver um novo capítulo dessas mesmas Cruzadas, agora movidas por outro objecto que não a Fé Cristã. Bem se diz que o mundo é redondo. Ele vai girando, dá uma volta completa e faz-nos ver - ou reviver - aquilo que aconteceu há centenas de anos.
A parte engraçada da coisa é que agora, segundo os muçulmanos, somos nós os infiéis e fartam-se de gritar: morte aos infiéis. Quem não se rege pelo Alcorão é infiel, toma lá que já almoçaste. O Trump & C.ia não quer saber do Alcorão ou da Bíblia Sagrada, tudo o que lhe interessa são os barris de petróleo que jorram das areias do deserto. Azar dos muçulmanos serem eles os donos do deserto. Antigamente morriam à fome e à sede por causa desses mesmos desertos que não tinham condições de os alimentar, nem de matar-lhes a sede. Agora continuam a morrer por conta do ouro negro que pouco contribui para o seu bem-estar. Há quem fique com os lucros, a eles cabe-lhes um lugar no paraíso e 7 virgens para lhe fazer companhia.
Se o Papa Urbano II ainda fosse vivo (grande milagre, ao fim de tantos séculos) estaria mais que arrependido de ter começado uma guerra que só acabará, conforme dizem as Sagradas Escrituras, quando todo o rebanho tiver um só pastor!

1 comentário:

  1. Cada um é para o que nasce,
    e tu nasceste para a prosa
    com habilidade a conquistaste
    não mais a deixaste ir embora!

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