Hoje é domingo, já estou farto de ficar em casa, querem vir comigo dar uma volta e provar um copo de vinho que é diferente do Douro, Dão, Alentejo, Terras do Sado ou Bairrada. Atenção que não escrevi melhor, escrevi diferente.
Vou contar-vos um segredo, fui até lá duas vezes e ambas guiado por uma amiga do peito que me fez companhia e tocou o copo comigo. A primeira era uma amiga virtual que morava em Trier e que conheci no BLOG.DE, onde andei a fazer uma perninha, durante alguns anos. A segunda era uma amiga da vida real que dividiu comigo a cama e a mesa, durante um certo período da minha vida.
Mas, a conversa é sobre vinhos e paisagens deslumbrantes, vamos lá a ter tento na língua. O Eifel não tem nada a ver com o Sr. Engenheiro que construiu a famosa Torre Eifel ou as não menos famosas pontes de ferro da Cidade Invicta. É antes o nome da região alemã, onde vivi nos meus tempos de emigrante, muito linda, por acaso, e cheia de atractivos que justificariam a visita de qualquer um. Fica entalada entre o rio Reno, a nascente, e a fronteira franco/luxemburguesa, belga, a poente.
A parte do Eifel mais a sul é atravessada, de oeste para leste, pelo rio MOSEL que nasce em França, atravessa o Luxemburgo e corre até se fundir com o grande RENO, no triângulo de Koblenz. Nos vales por onde deslizam as águas do rio e nos socalcos de uma e outra margem, existem vinhedos que fazem lembrar o nosso Douro.
A primeira amiga de que vos falei era alemã e morava em Trier, junto à fronteira com o Luxemburgo e tinha uma série de manias que, por vezes, me irritavam. Numa coisa ela tinha razão, o vinho Mosel era um néctar dos deuses e valia bem a pena a longa viagem para ir até lá e prová-lo. Foi o que fiz e não me arrependi.
A minha segunda amiga morava muito mais a norte, onde a paisagem começa a mudar e se transforma numa planície sem fim, onde se cultiva o trigo e a beterraba, esta para a indústria açucareira que é forte naquela zona. Ela trabalhava numa fábrica de automóveis, quando a conheci, e devido à falência da mesma mudou.se mais para o sul, indo viver bem lá no alto do montanhoso Eifel.
Confluência dos rios Mosel e Reno - Koblenz
Cidade de Trier, primeira grande cidade alemã do curso do Mosel
Num domingo, como hoje, em que estávamos para ali estendidos sem nada de interessante para fazer, desafiou-me para ir até ao rio mais famoso da zona, almoçar, beber um copo do famoso néctar e passar por ali a tarde. Não vi razão para recusar tal convite e ... ala que se faz tarde.
Estradas de montanha, cheias de curvas e povoadas de motociclistas em altas velocidades foram a minha companhia durante os perto de 100 Kms que percorremos até chegar à margem do rio. Pelo caminho que descia até às margens do Mosel viam-se vinhedos, em socalcos, a imitar o nosso Douro. Lá em baixo, a estrada corria plana acompanhando o curso do rio. De um lado água, do outro casas especializadas na prova e venda do produto da região, vinho, pois claro.
As pequenas localidades onde parei mais tempo foram Zell e Cochem. Numa delas almoçámos e no fim, de pança cheia, apanhámos um dos barcos que andam por ali a passear turistas. Navegámos cerca de 10 Kms para montante, fizemos uma paragem de cerca de 1 hora, para atestar mais um copo, e regressamos à origem. No caminho apanhámos uma eclusa, para vencer o desnível do rio, que fez a alegria de quantos iam a bordo e nunca tinham vivido aquela experiência.
E pouco mais tenho para vos contar. Não comprei nenhuma garrafa de vinho, pois aquilo era uma exploração do caneco, montada para depenar os turistas que por ali andavam. Num qualquer negócio da cidade grande, uma garrafa do mesmo vinho custava menos de metade. Mesmo aquele que bebi ao almoço custou-me os olhos da cara e, se não fosse pela companhia, sentir-me-ia roubado e arrependido de ali ter posto os pés.
Pronto, espero que tenham gostado da viagem e apreciado o Prosit que fiz convosco, com um copo (também este virtual) de vinho da «Região de Mosel». Vão até lá, quando passar isto da Covid-19 !!!