sábado, 25 de abril de 2020

Duas coisas podem acontecer!

Lembro-me de um jogo que fazíamos, para a brincadeira, que tinha este nome. O primeiro começava com uma dica qualquer, por exemplo, amanhã vou-me casar. o jogador desafiado tinha que ir desfiando uma lenga-lenga até chegar a um beco sem saída. Qualquer coisa assim do género:
Vais casar, duas coisas podem acontecer, ou escolhes a mulher certa ou a mulher errada.
Se escolheres a mulher certa tudo está resolvido, se escolheres a errada duas coisas podem acontecer, ou continuas a aguentar o barco ou te divorcias.
Se te divorcias está tudo resolvido, se não te divorcias duas coisas podem acontecer, ou voltas a casar ou arranjas uma amante. Se arranjares uma amante está tudo resolvido, senão ...
E assim continuava até se acabar o dote inventivo do jogador e dar o jogo por perdido. Ou continuava por ali fora até a gente se cansar de o ouvir e o mandar calar, declarando-o vencedor.
A conversa destes últimos dias, entre jornalistas, comentadores de televisão e fazedores de opinião, fizeram-me lembrar esse jogo. Vamos comemorar o 25 de Abril, não vamos, com gente no Parlamento, sem gente, com máscara, sem máscara e, quanto ao 1º de Maio a mesma conversa, em casa, na rua, assim ou assado, de carro, a pé, muita gente, pouca gente. Se o motivo é o fim do Estado de Emergência, a coisa fica ainda mais complicada, uns têm pressa, outros têm medo, uns dizem devagar, devagarinho, por fases, enquanto que outros querem enfrentar o vírus de peito aberto, logo a partir de 2 de Maio e mostrar-lhe que não têm medo desse mini-mostrengo que até uma bolhinha de sabão mata.
Então nós, valentes portugueses que enfrentámos e vencemos o Adamastor, vamos ficar em casa, acagaçados e à espera que o bicho nos pegue? Nem pensar! Nós vamos para a rua e a máscara fica em casa, queremos ganhar anti-corpos, o mais rapidamente possível, para ficarmos imunes na próxima vaga que muito boa gente garante que virá, no próximo Outono. Se é que ele vem, pois logo que se vá embora, duas coisas podem acontecer ...!

8 comentários:

  1. Bom dia
    E fica a pergunta no ar , ate acabar o jogo !

    JAFR

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  2. Tanta polémica tem gerado as comemorações do 25 de Abril. Quem não quer comemorar não comemora. Porque a isso não é obrigado. Eu comemoro em minha casa como tenho feito em anos anteriores, não preciso de andar na rua a dizer Viva o 25 de Abril.

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  3. Bom dia. Anda tudo maluco. Até se compreende. Não há futebol para comentar. E então o que fica? Politica e vírus, vírus e a politica. Como a lenga-lenga do jogo.
    Abraço e bom fim de semana

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  4. Brincando, muitas vezes, atinge-se objectivos ou até o impensável . A vida é uma espécie de jogo permanente e a criatividade valoriza o quotidiano e pode favorecer o desejado ; logo, com mais ou menos intensidade, torna-se indispensável ir a jogo e apostar no futuro . Nesta data, comemorável do 25 de Abril, não podia ficar indiferente à efeméride e, certamente, muitos como eu, têm motivo de orgulho em se manifestar e comentar o julgado pertinente, pelo que comungo de valores que não têm preço e da diversidade de opiniões . Assim sendo, parece-me mais do que evidente enaltecer o que fortalece a nossa democracia e não descorar realidades que, em parte, servem para avivar memórias, designadamente : Se a " parvidade " pagasse imposto, éramos dos países mais ricos do mundo, porque em xicos-espertos estamos no topo . Se a liberdade com que se parveja hoje em dia, fosse existente no regime fascista do Estado Novo, muitos dos comentaristas fascistas a que lhe dão loas nos meios de comunicação/informação ao seu dispor, estavam lixados, seriam logo engaiolados e dessa forma iriam aprender com o corpo o que é estar impedido de falar, certo ou errado e ser confrontado com o contraditório, bem como punido e excluído por pensar diferente e ter outra leitura da vida e do mundo, para lá da visão oficialmente constituída e permitida, assim como sentir na pele o que não é poder exercer os seus direitos de cidadania de forma livre e interventiva . Os que sabem tudo de tudo, sem pensar seriamente em nada do que dizem da boca para fora, sofrem de acefalia crónica, narcisismo congénito ou apenas falta de perder uns minutos esporádicos de leitura, para não se cansarem, lendo um pouco da nossa história e outras de forma desapaixonada, mas com disponibilidade intelectual para se reciclarem e mudarem . Sendo verdade que os populistas, gostam de se mostrar irreverentes e contestatários, dizendo só o que os menos esclarecidos querem ouvir, ignorando as consequências práticas dessas tiradas ... , mas esse é um direito legítimo do populista, mesmo que seja iludindo o mal-esclarecido, tal como é legítimo que possa pensar, que alguns desses balofos, só de mexer os olhinhos já dizem ... A liberdade de expressão e pensamento, são basilares na constituição de um Estado democrático e de direito . Em suma, graças ao 25 de Abril, pode-se escrever e falar livremente, dar espaço ao pensamento e ao que se sente . Um abraço .

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  5. Ressalvo : Onde se lê - Se a liberdade ... , fosse existente ...

    Deve ler-se - Se a liberdade ... , fosse a existente ...

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  6. Cada vez há menos gente a celebrar o 25 por razões óbvias. Se temos hoje a liberdade de votar nem era preciso fazer tanto alarido que o tempo e as mentalidades se encarregavam disso mesmo. Pessoalmente nem eu nem 1 milhão de refugiados portugueses celebram uma data que só nos trouxe corrupção, injustiças e nepotismo nunca antes observado em países ocidentais. Os poucos que devem estar agora a saborear um Moet & Chandon devem ser criminosos da estirpe do Salgado, do Casapiano Ferrugem ou o Sócrates. De qualquer das maneiras Viva o 25 - mas o que virá a seguir - que este só nos tem dado problemas.

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  7. O tamanho da verdade, a meu ver, não tem dimensão comparável, visto que só de resume ao é ou não é ... De facto, continua a existir e ainda bem, diferenças de opiniões, dado que aquilo que se apoia, contesta ou desvaloriza, por mais que se queira, em nada altera a realidade, mas permite reconhecer o quanto vale a liberdade de expressão obtida e, assim, não ter receio de manifestar/assumir o passado e o presente, o que não podia acontecer nos tempos de outrora . Bem sei que há males que não deviam existir e que merecem tratamento, mas também sei, com algum conhecimento de causa, parte do que se passava nos tempos da ditadura e que era muito idêntico ou pior ao que se verifica na actualidade, apenas a canalha não estava sujeita ao mesmo escrutínio, face á intervenção da censura e protecção das respectivas elites . Felizmente, nunca soube o que eram dificuldades inultrapassáveis e muito menos miséria, propriamente dito, nem sequer obtido, antes ou depois do 25 de Abril, benesses consequentes da política e, por isso, não sou mensageiro da saudade, nem bato palmas por tudo o que acontece ; tento, isso sim, observar desapaixonadamente e tirar as conclusões que me parecem adequadas, totalmente isento e sem contribuir para reinados indesejados . Seja como for, palavras para quê, cada um tem direito a manifestar o que pensa e, naturalmente, a análise compete a terceiros ... Um abraço .

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