quinta-feira, 30 de abril de 2020

A maldita gota!


Tenho andado com o braço esquerdo ao peito, desde há uma semana. Não quis ir ao médico - estou a ficar farto deles - e decidi tomar o meu anti-inflamatório costumeiro. Para surpresa minha não surtiu qualquer efeito, quando habitualmente me tira todas as dores só com a toma de 2 comprimidos. Que porra de doença será esta que não passa nem com o meu remédio milagroso? À falta de melhor solução, dediquei-me a pesquisar na net quais as doenças que apresentam os sintomas que eu tenho, inflamação do pulso e mão, acompanhado de dor que se estende até ao cotovelo. Depois de quase uma hora de leituras incansáveis, fiquei convencido que isto só pode ser uma crise de gota. De facto, tenho o nível de ácido úrico no máximo, desde os meus 40 anos. Já tomei medicação, já desisti dela - houve um médico que me disse que valia mais meia hora de ginástica por dia do que o remédio que eu tomava - já voltei a tomá-la e já a mandei de novo para o tecto.
Numa das tais leituras descobri que sou uma pessoa rica. Ora leiam comigo o curo texto que transcrevo abaixo.

Consumo excessivo de alimentos ricos em purina (como fígado, rim, anchovas, aspargos, arenques, caldos e molhos de carne, cogumelos, mexilhões, sardinhas e pães doces) podem aumentar os níveis de ácido úrico no sangue. No entanto, uma dieta estrita baixa em purina reduz os níveis de ácido úrico em apenas uma pequena quantidade. No passado, quando o consumo de carnes e peixes era escasso, a gota era considerada uma doença que acometia pessoas ricas.

Não é verdade? Só os ricos têm dinheiro para comer bem e por isso lhes sobe o ácido úrico. Seguindo aquela regra matemática que diz que a ordem dos factores é arbitrária, posso afirmar, então, que sou rico porque tenho muito ácido úrico no sangue. Ora porra, julguei que era a quantidade de dinheiro no banco que faria de mim um homem rico! Como tenho andado enganado!


Para tratar a doença gota, chamada cientificamente de Artrite Gotosa, recomenda-se a ingestão de medicamentos que atuam sobre o ácido úrico, como a Colchicina, o Alopurinol ou a Probenecida, que diminuem o ácido úrico no organismo, o acúmulo de uratos nas articulações, assim como a previne o surgimento de crises.
Já durante uma crise de gota, em que há uma intensa inflamação e dor na articulação, o médico costuma orientar o uso de medicamentos anti-inflamatórios. A pessoa que possui esta doença também deve ter algum cuidado com a sua alimentação durante toda a vida para evitar a piora dos sintomas e complicações que a gota pode gerar, como as deformidades das articulações e o comprometimento dos rins, por exemplo.

Pronto, está decidido, não tomo nada e aguento as dores até à próxima quarta-feira, em que tenho consulta marcada com a minha médica de «Medicina Interna». Ela é que me enche o físico de drogas, portanto só ela sabe se aguento mais uma, ou se é melhor fazer uma dieta à base de caldos de galinha. E onde raio vou desencantar uma galinha, agora que só há frangos de aviário carregadinhos de purina? Logo se verá !!!

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Nova geração de loiros!


Ele não é muito fino das ideias. O pai dele também sofre do mesmo mal. Como será o filho que nasceu esta manhã? Será que os genes da mãe corrigem o erro genético?
Ele aí está, todo contente, depois de dar a notícia aos jornalistas e receber os parabéns, da Rainha, inclusivé. Vai subindo a escadaria a todo gás, sinal de que o vírus não lhe estragou muito os pulmões.

Brasil acelera!

E daí? Lamento, mas quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagres”, afirmou o chefe de Estado, fazendo um trocadilho com o seu nome [Jair Messias Bolsonaro], após ser questionado por jornalistas sobre o facto de o Brasil ter ultrapassado o total de mortos da China, com um recorde de 474 óbitos nas últimas 24 horas, totalizando agora 5.017 óbitos devido à covid-19.


O Brasil é um grande país e não admira que venha a ocupar um dos lugares cimeiros na lista dos países infectados e com mais vítimas. Neste momento já ocupa a 9ª posição com mais de 5 mil mortos. A qualidade de vida dos habitantes das grandes metrópoles, por um lado, e a falta de estruturas de saúde no interior, por outro, não auguram nada de bom.
E como Messias não faz milagres, só lhes resta rezar ao Pai do Céu !!!

terça-feira, 28 de abril de 2020

Jogar às escondidas!


O maldito vírus veio de lá e anda por aqui a jogar às escondidas connosco. O tolo do Kim ficou lá, na Terra do Sol Nascente, e também anda a jogar às escondidas. Diverte-se, como as crianças, a pregar sustos aos outros. E, agora, o Trump, para se armar em sabido, diz que ele está bem e que, em breve, os jornais falarão nisso.
Que mundo este, meu Deus!!! 

Vou de viagem!

Já desci o Danúbio, desde a Austria até ao Mar Negro, e desta vez escolhi o comboio para não ficar espartilhado entre margens e ter direito a vistas mais largas.


E, como não sou de meias medidas, escolhi logo o trajecto mais longo, vou até à China. Desconfio que a China é coisa boa, até o Corona veio de lá. E com esta pandemia e a necessidade de nos afastarmos uns dos outros, tenho tempo de sobra. Vou aproveitar para ver terras que nunca vi, fazer umas fotos para vos mostrar e gastar o resto das economias, pois me disseram que não vale a pena levá-las para o outro mundo, lá não pagam juros nem se pode investir em ouro ou petróleo.


O percurso é longo, tanto melhor assim, tempo é o que não me falta! Vou apanhar um voo para Paris e começo lá a viagem. Talvez me decida a sair a meio do caminho e ficar uns tempos a turistar, enquanto espero pelo próximo comboio para continuar viagem.

Atravessando planícies sem fim

Por montes e vales de belas paisagens

Ladeando lagos de água cristalina

O restaurante promete

E o Bar não lhe fica atrás

Acho que me vou divertir e dar o dinheiro como bem empregue. Não querem aproveitar também e fazer.me companhia? Huuh huu, vai partir o comboio!

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Ri-te, ri-te!


Para estes dois não há pandemia que lhes tire o sono. Estão a chegar à idade da reforma e não vão ganhar 630€. O Costa deverá ficar acima dos 10 mil mensais e com certeza arranjará um tachinho extra para multiplicar isso por dois. O Centeno já terá garantido mais de 20 mil (com o cargo europeu que ainda ocupa), mas ainda é candidato a governador do Banco de Portugal, por um período de 7 ou 8 anos, com um salário de 25 mil, mais as alcavalas do costume. Quando for para a reforma é como se tivesse um poço de petróleo a jorrar milhares de euros a cada minuto que passe.
Assim até eu partiria o coco a rir !!!

domingo, 26 de abril de 2020

Lesionei-me!

A minha mão esquerda não funciona, anda pendurada numa tipóia para ver se suporto as dores. Acho que é uma tendinite no pulso, mas certo não sei. O que sei é que não durmo, há duas noites. E digo-vos que escrever só com a mão direita não é nada fácil e leva tempo.


Por isso, escolhi um tema que não dá muito trabalho e que posso deixar ao critério de cada um, no que toca à sua exploração. Como será viver numa cidade com uma população duas vezes maior que a população do nosso rectângulo à beira mar plantado?
A China (que está na moda por causa do mal-afamado vírus que já matou centenas de pessoas e desgraçou muitas mais) tem várias dessas metrópoles, cada uma com a sua história e as suas peculiaridades, Shenzhen (na imagem), Xangai, Nanquim, Pequim, Cantão são alguns exemplos, mas há mais. Escolham uma, usem a Wikipédia para estudar a sua História, vejam as fotos, leiam as notícias e terão um domingo todo ocupado e bem aproveitado. Os portugueses dos séculos XVI, XVII e XVIII também andaram por lá, mas custou-lhes um pouco mais do que me custou a mim fazer, hoje, essa viagem. 

sábado, 25 de abril de 2020

Duas coisas podem acontecer!

Lembro-me de um jogo que fazíamos, para a brincadeira, que tinha este nome. O primeiro começava com uma dica qualquer, por exemplo, amanhã vou-me casar. o jogador desafiado tinha que ir desfiando uma lenga-lenga até chegar a um beco sem saída. Qualquer coisa assim do género:
Vais casar, duas coisas podem acontecer, ou escolhes a mulher certa ou a mulher errada.
Se escolheres a mulher certa tudo está resolvido, se escolheres a errada duas coisas podem acontecer, ou continuas a aguentar o barco ou te divorcias.
Se te divorcias está tudo resolvido, se não te divorcias duas coisas podem acontecer, ou voltas a casar ou arranjas uma amante. Se arranjares uma amante está tudo resolvido, senão ...
E assim continuava até se acabar o dote inventivo do jogador e dar o jogo por perdido. Ou continuava por ali fora até a gente se cansar de o ouvir e o mandar calar, declarando-o vencedor.
A conversa destes últimos dias, entre jornalistas, comentadores de televisão e fazedores de opinião, fizeram-me lembrar esse jogo. Vamos comemorar o 25 de Abril, não vamos, com gente no Parlamento, sem gente, com máscara, sem máscara e, quanto ao 1º de Maio a mesma conversa, em casa, na rua, assim ou assado, de carro, a pé, muita gente, pouca gente. Se o motivo é o fim do Estado de Emergência, a coisa fica ainda mais complicada, uns têm pressa, outros têm medo, uns dizem devagar, devagarinho, por fases, enquanto que outros querem enfrentar o vírus de peito aberto, logo a partir de 2 de Maio e mostrar-lhe que não têm medo desse mini-mostrengo que até uma bolhinha de sabão mata.
Então nós, valentes portugueses que enfrentámos e vencemos o Adamastor, vamos ficar em casa, acagaçados e à espera que o bicho nos pegue? Nem pensar! Nós vamos para a rua e a máscara fica em casa, queremos ganhar anti-corpos, o mais rapidamente possível, para ficarmos imunes na próxima vaga que muito boa gente garante que virá, no próximo Outono. Se é que ele vem, pois logo que se vá embora, duas coisas podem acontecer ...!

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Cum caneco!


Cuidado! Vem aí o homem da lexívia!

Turismo virtual!

Trieste é uma cidade italiana que fica, praticamente, fora de Itália. Para mim, aquilo devia pertencer à Eslovénia, mas sabe Deus porquê, pertence à Itália. Resultado de guerras passadas, só pode ser.


Quando andei por aqueles lados a viajar, sempre pensei em ir até lá dar uma espreitadela, mas era tão longe e não tinha nenhuma desculpa plausível para me deslocar até lá que acabei por nunca o fazer. Hoje, como não tenho nada melhor para fazer e o gasóleo está mais barato, decidi-me a fazer a viagem.


Serras e mar são um chamariz para o turismo que não se faz rogado.


Uma visão mais ampla da cidade costeira.


Outra quase igual, mas mais apelativa.


Os grandes navios cruzeiros também já a descobriram.
E as companhias aéreas low-cost também.

É assim a vida, passear pelo mundo só depende da nossa vontade, o caminho está todo aberto!

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Azar viver no norte!

Ontem, estive a ouvir o Paulo Portas, no jornal da noite da TVI, a debitar teorias sobre a pandemia, os seus efeitos e as respectivas curas. Ele deixou a política, mas precisa de ganhar a vida e como comentador não é difícil, pois continua a falar como sempre falou, com as mesmas pessoas, dos mesmos assuntos, basta dar corda à língua e lá vai ele a 100 à hora.
Achei uma certa graça à conclusão a que ele chegou, sobre a incidência da pandemia no norte. A grande capacidade industrial e motor das exportações está a norte do distrito de Aveiro - já estou a ver os do sul, onde existe o complexo de Sines e a Auto-Europa, a refilar por terem sido esquecidos - e por isso os empresários do norte viajam mais, vão a feiras no estrangeiro e assim foram os responsáveis pela importação do vírus.
Não sei se ele está certo ou errado, mas sei que no norte se concentram a maioria das médias e pequenas empresas, as que ocupam mais gente com os salários mais baixos do país. Já não lhes bastava esse azar, tiveram ainda que levar com o Corona. No Algarve manda o turismo, em Lisboa e Vale do Tejo são os serviços e no Alentejo a grande Agricultura, enquanto que o resto do território vai-se, lentamente, tornando num deserto. Cada um com a sua sorte ou o seu azar.
Como Vice do Passos Coelho, o «Paulinho das Feiras» foi uma nódoa, veremos que sorte terá como comentador televisivo. Ele farta-se de dar sugestões, talvez espere que o Costa esteja a ouvir e siga as suas recomendações, mais vai ter pouca sorte, porque em política tem que se contrariar "sempre" o adversário, quer ele esteja certo ou errado.
Outra notícia que chamou a minha atenção foi a estreia na Câmara dos Comuns, do Reino Unido, do novo líder dos trabalhistas, o qual se manteve quedo e mudo contra a actuação "miserável" do governo de Boris Johnson no assunto da actualidade, a Covid-19, Dizem os comentadores que o fez por ser altura de remarem todos para o mesmo lado, a confrontação virá a seu tempo. Pode ser que sim, pode ser que não, a seu tempo veremos.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

O fim da macacada!

Foi o fim da macacada na bolsa de Nova Iorque, durante o dia de ontem! Alguns especuladores tiveram que pagar mais de 30 US$ por barril para se livrarem do petróleo que tinham comprado uns dias antes, a um preço que consideravam bom (cerca de 20 US$).
Depois de assistir a isso com os olhos arregalados de espanto, pois nunca teria imaginado que isso fosse possível, fiquei a pensar se, com a fartura de petróleo que há no mercado, nos vão também pagar para levarmos a gasolina e o gasóleo das bombas que há por esse país fora.
Isso é que seria o milagre da pandemia! Nunca mais a esqueceríamos por mais anos que vivêssemos!

terça-feira, 21 de abril de 2020

Finalmente!

Até que enfim ganharam vergonha na cara e resolveram dizer-nos quantos recuperados já foram encontrados!
Eu sei que há muitos mais, felizmente, coitadinhos de nós se assim não fosse!
Como está já mais que provado, há muitos mais doentes assintomáticos do que sintomáticos e isso faz com que os portugueses que já estão imunes à doença são, pelo menos, metade da população. Assim, sim, já dá para termos alguma esperança de ver o vírus ir desta para melhor sem nos causar maiores preocupações.
Que ele é capaz de voltar a cada inverno, é bem possível, mas de cada vez que aparecer estaremos mais bem preparados para o receber e com as armas prontas para o atacar. Como sempre tem acontecido, ao longo da História, acabaremos por vencê-lo.
Pelo menos é nisso que eu acredito !!!

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Dor de cabeça!

Nos Estados Unidos, as coisas estão complicadas. O Trump quer a Economia a funcionar e isso envolve riscos enormes. Alguns estados estão com ele, outros estão contra. Como as coisas não lhe correm de feição, ele começou a espingardar e já acusa (veladamente) que foram os chineses a espalhar o vírus para tirar vantagem disso.
Pode até não ser verdade, ou ter acontecido por acidente, mas a verdade é que a China já está a tirar dividendos desta situação, enquanto todos os outros, em especial a Europa e os Estados Unidos, estão a pagar bem caro o surto da doença. Enormes despesas com a saúde, economia parada, apoio às empresas e famílias e o mais que por aí virá.
Os maiores países do mundo, a nível económico, estão muito desconfiados e não vão parar de investigar a situação. Veremos onde isto vai parar!

domingo, 19 de abril de 2020

Ufa !!!



Depois de ter terminado, acho que devia ter partido a publicação anterior em 3 partes distintas. Ficou extensa demais e assim há leitores que desanimam e abandonam a leitura a meio.
Que acham?

Meses marcantes - Maio!


Assim como há anos marcantes na minha vida, também há meses que não me saem da memória. Maio é um desses meses. Passo a explicar.
1959 - Expulsão do Colégio:
Durante todo o 4º Ano, fiz tropelias do arco da velha, pois queria provocar aquilo que acabou por acontecer. Eu queria sair, mas sabia que os meus pais nunca concordariam com a ideia e foi esse o caminho que encontrei para me desenrascar do problema. Hoje teria pensado melhor, pois estaria em muito melhor posição se tivesse completado o 5º Ano naquela escola que foi a melhor de todas que eu conheci.
O Reitor do Colégio chamou-me ao seu gabinete e disse-me com as melhores palavras que encontrou que tinha chegado à conclusão que eu não tinha vocação para a vida religiosa - encontrar e confirmar vocações para a vida de jesuíta era a missão daquele colégio - e, portanto, não valia a pena continuar a insistir comigo e fazer-me a vida negra. Disse-me também que, embora ainda faltasse um mês e picos para o fim do ano, me daria o certificado para me poder matricular no 5º Ano, em qualquer outra unidade de ensino.
Digamos que não foi mau de todo e, por dentro, eu ia rejubilando, enquanto ele falava, pois o meu plano tinha funcionado às mil maravilhas, estava livre. Nesse ano, as minhas «Férias Grandes» foram grandes mesmo, de meados de Maio até ao início de Outubro. Como poderia eu esquecer.me disto!
1968 - Expulsão da Marinha:
Durante o primeiro trimestre deste ano, estava eu na Estação Radionaval da Machava, à espera de outra Companhia que nos fosse render para podermos entregar a pasta (que acabou por ser a CF2, na sua segunda comissão) e regressar à Metrópole. O Segundo Comandante tinha-me um pó desgraçado e só esperava a melhor oportunidade para me "fazer a folha". Desde a minha viagem, a bordo do Niassa, a caminho de Moçambique que ele ficara de olho em mim, por causa de uma greve que fizemos e de que ele me considerara responsável. Nessa passei sem castigo. Depois, fizemos uma nova greve, logo no início da comissão, por ele querer impor-nos uma espécie de «regime escolar», quando deveria ser um «regime de guarnição», coisas muito diferentes na Marinha. E aí não me safei de os meus primeiros 5 dias de detenção, mas ele não conseguiu provar quem tinha despoletado a greve (eu mesmo) e estendeu o castigo a todos os graduados da Companhia. Com isso estragou a vidinha a muita gente, alguns dos quais lhe serviram de ajudar para me lixar mais tarde.
Durante o ano de 1966, vi-me embrulhado numa confusão com a Polícia Militar, em Lourenço Marques, acabei por levar um tiro que, por sorte, só me atingiu no braço direito e fui parar ao hospital. Aí ele ficou convencido que chegara a oportunidade de se ver livre de mim, recambiando-me para a Metrópole com destino ao Presídio de Santarém. Mas eu andei mais fino que ele, arranjei uns amigos que tinham alguma influência sobre o 2º Comandante do Comando Naval, e o processo desapareceu sem deixar rasto. Escapei de novo por uma unha negra.
Voltando a esse mês de Janeiro, em que esperávamos a chegada da CF2, não havia nada que fazer, além das guardas e serviço de rotina que não me pesava muito, visto ter nas platinas as divisas de marinheiro. Um grupinho de camaradas entretinha-se contando anedotas e rindo-se a bandeiras despregadas cada vez que a situação o permitia. Um dos meus camaradas mais antigos, recentemente promovido a Cabo, passou ao nosso lado no momento em que rebentou uma estrepitosa garalhada. Mais tarde, veio ter comigo e perguntou-me o que eu tinha dito dele para toda a gente se rir daquela maneira. Respondi-lhe que nada, pois não era ele o motivo das nossas graçolas (o que era a mais pura verdade). Mas ele ficou a magicar naquilo e no dia seguinte veio dizer-me que ia fazer queixa ao Comandante. E assim foi.
O Segundo Comandante encarregou de levantar o auto, correr todo o processo, ouvindo uma catrefada de testemunhas e a mim, no fim de tudo. Foi aí que soube que estava a ser acusado de levantar falsos testemunhos, insinuando que o tal Cabo era homosexual. Caí de queixos quando ouvi uma estupidez daquelas e do modo mais inesperado que se possa imaginar. Sim, disse o comandante, olhando-me fixamente, você chamou isso ao seu camarada, tenho testemunhas que o afirmam e isso é um crime grave.
Grande mentira, isso sim, mas ele tinha ali naquela papelada que folheara em frente aos meus olhos declarações de vários camaradas, a quem ele, de um modo ou de outro, tinha subjugado à sua vontade e que me valeram 15 dias de prisão disciplinar agravada e ter ficado incurso no Artigo 62, aquele que diz que não se pode ser promovido nem reconduzido. Cheguei a Lisboa, em meados de Março e em meados de Maio já estava em casa e sem farda. Viva a Marinha!
2003 - Expulsão da empresa a que dediquei mais de metade da minha vida:
Esta foi a que me doeu mais, pois veio disfarçada de um pequeno favor que pensaram estar a fazer-me. Desde o dia 2 de Agosto de 1971 até 2 de Maio de 2003, foi sempre a dar-lhe, aquilo era uma fábrica de confecções, mas mais parecia uma fábrica de fazer dinheiro. Juntei-me a ela quando tinha apenas 220 trabalhadores e trabalhavam e ganhavam lá o pão nosso de cada dia cerca de 2.700 pessoas no dia em que me vim embora. Os fornecedores que dependiam dela para sobreviver até lhe chamavam «A Nossa Senhora de Vila do Conde».
No primeiro ano em que lá trabalhei foi só ganhar dinheiro, no segundo foi só gastá-lo. Alargámos a fábrica para o triplo da tamanho, em área e número de trabalhadores, durante o período de férias de 1972. No ano seguinte, já em velocidade de cruzeiro, chegamos a facturar 17.000 calças de homem e rapaz por dia. Os clientes principais eram os grandes importadores ingleses e empresas que vendiam roupa por catálogo. A qualidade não era o mais importante, o que contava é que as fotografias fossem apelativas. No verão de 1973, aconteceu uma coisa que quase deitava por terra o meu futuro naquela empresa. O director geral que fora quem me contratara foi forçado a sair para dar o lugar ao filho do patrão, recentemente saído da universidade. Por uma ou outra razão que não vem aqui ao caso, o novo chefão não engraçou muito com a minha cara e comecei a andar de Herodes para Pilatos, dentro da empresa. Eu fazia Planeamento, Compras e Gestão de Stocks. No segundo ano da sua chefia tirou-me o Planeamento. e fiquei com as outras duas tarefas. Depois aconteceu o 25 de Abril e as coisas andaram tão tremidas que quase fomos à falência. Durante o governo de Vasco Gonçalves, os países da Europa fizeram-nos um certo boicote e só nos salvou a influência da casa-mãe que era pertença do governo holandês, em grande maioria.
Nos dois anos seguintes, de 1975 a 1977, foi remar contra a maré, evitando todos os obstáculos que se apresentavam pela proa, fazer uma vida apertadinha e com crédito bancário que nos deixava à beira de um ataque de nervos. No verão de 1977, o Big Boss da empresa mãe, na Holanda, teve que reformar e foi escolhido o seu filho (meu chefe, à data) para lhe suceder no cargo. Foi aí que houve necessidade de escolher um novo director para a nossa empresa e aconteceu recair a escolha num português, pela primeira vez, e que ainda por cima era um meu amigo do mundo dos negócios.
Com a entrada dele atingimos o fundo do poço, em termos económicos, mas depois foi sempre a subir até chegarmos ao primeiro lugar como exportadores de têxteis, em Portugal, realizar uma facturação na ordem dos dois milhões de contos por mês e o mesmo valor de lucros brutos anuais. Tudo rolava sobre esferas e a minha vida tornou-se fácil, embora muito trabalhosa. Trabalhei muitas vezes durante 12 horas por dia, trabalhei sábados e domingos, abdiquei das minhas férias anuais, todas ou em parte, mas também fui principescamente recompensado. Quando abandonei a luta, já auferia um salário de 6.500€, maior que o do Primeiro Ministro (sem as alcavalas, está claro).
Mas a Indústria Têxtil Portuguesa estava condenada a desaparecer e nada podíamos fazer para o evitar. O Acordo Multi-Fibras que vigorou até ao ano 2000 foi-nos protegendo, proibindo, ou limitando, as importações do Extremo-Oriente, mas um dia teria que acabar. A partir de 1995, os nossos lucros foram-se reduzindo para metade a cada ano que passava e no fim do ano 2000 estavam, praticamente, no zero. Tivemos que fazer uma série de truques nas contas para não apresentar um saldo negativo e desagradar aos bancos. A vida tornou-se muito mais difícil a partir daí em diante.
Tinha saído uma lei que permitia a reforma antecipada, aos 55 anos (que eu completara em Março de 1999) e comecei a pensar se não seria melhor aproveitar, antes que essa lei fosse revogada. Por cada 3 anos de descontos para a Segurança Social subia um na minha idade e eu precisava de mais 2 anos para não ser muito penalizado. Fui aguentando, como pude, com chefes a entrar e a sair a cada passo (a empresa, entretanto, já tinha sido vendida duas vezes, a última delas ao meu chefe) e a situação a piorar de dia para dia. Depois do meu aniversário de 2002, pus-me a caminho de Lisboa, fui à Marinha buscar o documento da contagem do tempo e entreguei-o na Segurança Social com o pedido da Reforma.
Logo que recebi a confirmação do meu pedido, abordei o meu chefe de serviço (entretanto o nosso antigo director fora promovido a patrão e afastara-se de mim um bom pedaço), comuniquei-lhe o que acabara de fazer e ofereci-me para continuar a trabalhar, desempenhando todos os meus cargos sem problema. Ele aceitou, todo contente, pois não saberia o que fazer sem a minha presença e a influência que eu exercia sobre a estrutura total da empresa.
No Natal desse ano, rebentou uma borrasca que deu um abanão enorme  na nossa casa, uma espécie de tsunami que abreviaria o fim da mesma. Os sócios, 5 portugueses e um holandês, zangaram-se e decidiram que uma das partes tinha que abandonar a empresa. O meu antigo chefe detinha 55% do capital e todos os outros os restantes 45%. Encostou-os à parede e disse-lhes que ou saíam eles e receberiam a sua parte, a um preço que ele estipulou, ou sairia ele e teriam que lhe pagar a mesma coisa..
Foi o fim da macacada, eles não tinham dinheiro para o fazer, mas foram à banca, garantiram um empréstimo e afrontaram o antigo chefe, dizendo-lhe que estavam compradores, vender, nunca. E assim aconteceu, 24 anos e uns meses depois de ter entrado, ele saiu levando 3,5 milhões de contos no bolso e, depois de uma falência vergonhosa, ao fim de poucos anos, foram os outros com as mãos a abanar.
A nova chefia era um pandemónio, ninguém sabia muito bem como enfrentar os problemas, nem confiavam em ninguém. Para eles, a começar por mim, todos éramos uns sabotadores que não deixavam a empresa singrar. O trabalho era cada vez menos e as linhas de produção começaram a ter horas mortas em que nada havia para fazer e redundava num prejuízo enorme. O fim estava à vista e eu falei com o meu chefe, dizendo-lhe que ia começar a trabalhar apenas de manhã e de tarde ficaria em casa, de modo a habituar o pessoal a viver sem a minha liderança. Aceitou sem problemas e acredito que o tema foi assunto na reunião de direcção que se seguiu uns dias depois.
Na segunda-feira, a seguir ao primeiro de Maio, apresentei-me ao trabalho, depois do almoço (às segundas invertia o horário, trabalhando só de tarde, para estar presente numa reunião que acontecia nesse dia)  e avisaram-me que o director geral tinha estado ali à minha procura, durante a manhã. Fui ter com ele, perguntando-lhe o que me queria e ele disse-me, seco e rápido:
- Amanhã, pode ficar em casa, de manhã e de tarde, que nós cá nos amanharemos. Se precisar de si, eu mando-o chamar.
Até hoje, ainda estou à espera!

sábado, 18 de abril de 2020

Humor na política!


Anos marcantes - 1955 !!!


Para não voltar ao vírus que está a pôr a cabeça em água a mais de meio mundo, vou de novo ao meu assunto de ontem, as memórias de antigamente. E como há muitos anos que são vazios de acontecimentos marcantes, optei por seguir um rumo diferente, pegar naqueles que me deixaram recordações, boas ou más, e esquecer os outros.
O ano de 1955 foi marcante na minha vida, completei a 4ª Classe da Instrução Primária - nessa altura de vida dos portugueses era "quase" um curso superior - e fui internado num colégio interno, próximo de Coimbra, onde fiquei enclausurado durante 4 longos anos. Cada um desses episódios dava um romance completo, se me atrevesse a escrevê-lo.
No primeiro caso, porque viver numa aldeia, distante da sede do concelho, fazia com que o exame fosse uma epopeia digna de registo. Era preciso arranjar uma roupinha mais apresentável, um calçado a condizer - um problema bicudo para quem foi criado com o pé descalço - organizar o transporte de ida e volta, num tempo em que não havia transportes públicos a não ser o comboio que não passava em todo o lado, etc., etc..
A nervoseira que atacava os alunos pouco habituados a essas andanças por lugares desconhecidos e diante de pessoas que nunca tinham visto, era suficiente para pôr em perigo o resultado do exame a que os jovens candidatos se apresentavam. Já antes disso, talvez um mês ou dois, me tinha deslocado à sede do concelho para fazer uma foto e pedir a emissão do «Bilhete de Identidade», sem o qual não me podia apresentar a exame. Meio de transporte, o mais antigo do mundo, "à la patte", 9 kms à ida e outros tantos no regresso.
No dia do exame, foi preciso levantar cedo, pois as abluções matinais e o vestir eram demorados e às 9 em ponto tínhamos que estar sentadinhos na carteira, onde iríamos provar se merecíamos ou não o famoso diploma da 4ª Classe que nos faria entrar no rol (restrito) dos sabichões deste país. O transporte fora organizado pela Junta de Freguesia, num táxi de 7 lugares que havia na minha freguesia e fez várias viagens para cá e para lá e que pagamos entre todos. Tudo isso e mais o que fica por contar, fez desse momento um dos mais marcantes da minha vida.
Depois do exame feito, havia que dar um rumo à vida. As alternativas não eram muitas, ou continuar os estudos ou ingressar na vida activa da aldeia que vivia da agricultura. Por essa altura, apareceu lá por casa o pároco da aldeia perguntando à minha mãe se eu teria vocação para estudar para padre. Uma senhora rica da minha freguesia tinha um filho que pertencia à Companhia de Jesus, era portanto um padre jesuíta. Por razões que não conheço, essa senhora fez uma promessa de custear os estudos de um qualquer rapaz que se quisesse juntar ao filho, nos Jesuítas e tinha encarregado o pároco que era, simultâneamente, seu confessor, para lhe desencantar o candidato entre os finalistas desse ano.
Calhou-me a mim a rifa. Eu reunia as condições exigidas e a minha mãe ficou toda contente. Não fui ouvido nem achado nessa matéria, limitei-me a ir para onde me mandavam e fazer aquilo que me estava destinado. Nesse tempo, os Jesuítas tinham um colégio em Lisboa e outro em Macieira de Cambra, mas tinham decidido encerrar este e abrir um novo, em Cernache, junto a Condeixa-a-Nova, numa quinta que tinham adquirido para o efeito. Calhou-me a mim e mais meia centena de colegas ir estrear essas instalações, em Outubro desse marcante ano de 1955.
O mesmo táxi que me tinha levado a Barcelos, para o exame da quarta, levou-me à estação das Devesas, em Vila Nova de Gaia, para eu apanhar o comboio e rumar a Coimbra, onde tinha encontro marcado com um padre, enviado pelo colégio, e todos os outros colegas, oriundos do norte de Portugal. Foi uma viagem épica, a minha primeira num comboio a carvão que largava fumaça como uma chaminé de fábrica e fazia soar a sua "gaita" em cada curva e cruzamento, avisando os peões para lhe saírem do caminho. Pare, escute, olhe - É proibido o trânsito pela Linha, lembram-se deste aviso?
Mas antes desse dia, tinha sido uma verdadeira azáfama lá em casa. O colégio tinha enviado uma lista das roupas que eu tinha que levar, pessoais, de cama, de banho, todas marcadas com o número 57 para poderem circular pela lavandaria e rouparia sem se perderem. Foi esse o primeiro número que usei na minha vida e durou 4 longos anos. E depois havia a escova da roupa e dos sapatos, a dos dentes e o respectivo dentífrico, além do pente e outras coisas que já não recordo. Tudo isto acondicionado numa mala de porão, como aquelas que usavam as pessoas quando iam para o Brasil e tinham que levar consigo todos os seus pertences.
Tudo isto passou do táxi para o comboio num abrir e fechar de olhos e com as recomendações do pároco que me tinha acompanhado até ali, lá parti eu rumo ao desconhecido e a uma vida nova.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

As memórias!


E se eu começasse a escrever as minhas memórias tipo calendário?
Assim do género:
1944 - Acabei de nascer! Já era noite, a caminho do dia 10 de Março. A primeira coisa que fiz, para respeitar a tradição, foi chorar. E a segunda, quase de certeza, foi mamar.
N.B. - Lembro-me de coisas do ano de 1943, ainda na barriga da minha mãe, mas dizem-me que isso não pode ser.
1945 - Zero memórias.
1946 - Idem idem, aspas, aspas.
1947 - Lembro-me muito bem de ir esperar o baptizado da minha irmã Silvina no regresso da igreja. Os padrinhos tinham por hábito atirar confeitos e amêndoas e a criançada rebolava-se pelo chão para os apanhar. Eu levava nas minhas pequenas mãos algumas flores de crisântemos, estávamos em Novembro, que atirei ao padrinho e ele meteu-me nas mãos alguns confeitos. Quando os meti na boca amargavam, por causa das flores que tinha levado.
1948 - Não me lembro de nadica de nada.
E assim aconteceu ao longo da minha vida, em muitos anos que desfilaram sem deixar recordações, nem boas nem más.
Há datas marcantes, como a entrada para a escola, o exame da quarta, a inscrição no colégio interno, o último exame, a entrada na Marinha, a guerra em África, o ano do casamento, o nascimento dos filhos, a emigração, episódios diversos da vida profissional, a reforma, sem esquecer o 25 de Abril, o Ramalho Eanes, o Sócrates, o Passos Coelho e, não podia esquecer o mais famoso personagem da História, o SARS-Cov-2, a que decidiram chamar Covi-19 por ser mais apelativo.
Acham que alguém mostraria interesse em ler uma coisa destas?
E se a resposta for não, porque haveria eu de dar-me ao trabalho de o escrever?
Assim, num blog e a título de brincadeira, ainda posso ir escrevendo algumas palavras e as pessoas não gastam muitas energias, nem pagam, para as ler.
Há só um episódio que não vou ser capaz de escrever, o da minha morte e funeral. Mas, palavra de honra, não estou minimamente preocupado com isso!

quinta-feira, 16 de abril de 2020

E o burro sou eu?

Não é preciso ter passado pela universidade para perceber que aqui há gato. Olhem bem para estes números e digam-me porque é que os recuperados, em Portugal, (abram os olhos de espanto) são menos que os mortos.
Até a Itália, pior país da Europa, tem quase o dobro de recuperados em relação aos mortos. A Espanha que ocupa o segundo lugar tem quase 4 vezes mais. Até os Estados Unidos que têm aquilo tudo fora de controlo, tem quase o dobro e aposto que dentro de pouco tempo ultrapassará o número de mortos.
Só encontro uma explicação para isto, tal como no tempo do Salazar, o governo não gosta que saibamos a verdade!

Ena, tantos vírus!


Este camião tem tudo!
Dentro, uma carga que não consigo adivinhar qual é.
À sua frente, meia dúzia de cromos que decidiram ficar na fotografia.
Na parte lateral da galera, uma da famosa ponte do rio Lima, do próprio rio, dos canoistas, et..
Tem rodas que o levam através do mundo.
Tem um tractor de 400 cavalos de força que arrasta as 40 toneladas de carga que ele suporta.
Tem um depósito com capacidade para 1.200 litros de gasóleo, pois o bicho bebe 35 a 40 litros a cada 100 quilómetros de estrada que vence.
Tem, ainda, outras coisas menores de que nem vale a pena falar.
Mas tem, ou pode ter, uma coisa que nos está a dar cabo da cabeça, milhões de covi-19 que se agarram à carroceria, aos pneus e a tudo que há por dentro e por fora desta grande máquina, depois de atravessar países altamente contaminados com a doença, como a Inglaterra, a Itália, a França ou a Espanha.
Mandam-nos usar máscara, lavar as mãos a cada duas horas, usar desinfectante, proíbem-nos de atravessar as fronteiras, mas os camiões entram e saem livremente, percorrem milhares de quilómetros, atravessam nuvens de aerosóis, potencialmente, carregados de covis e ... quem toma conta deles e os desinfecta? Já pensaram nisso?
Não? Então pensem !!! 

terça-feira, 14 de abril de 2020

% - A percentagem!


Só para não deixar passar o dia em branco, escolhi um tema meio patusco, mas com o qual sou bombardeado a todos os instantes, a percentagem. Tanto vale ser o tema a economia como a Covid-19, há percentagens de perda, de ganho, do PIB, do deficit, de mortos de infectados, de recuperados, embora estes sejam sempre menos do que eu gostaria, nada se entende sem as ditas percentagens. Fico a pensar naqueles que não estudaram, ou foram alunos fraquinhos na disciplina de Matemática e para os quais  o conceito de percentagem é bastante abstracto, não sabem calculá-lo nem entendem muito bem porque entra em todas as conversas do nosso dia-a-dia. Não sabem quantos % o Centeno lhe cobra em impostos, ao fim de cada mês, só acham que é mais do que devia ser, pela simples razão de que aquilo que lhes sobra é uma miséria. É outro tipo de Matemática, a da vida real.
Cerca de 30 mortos por dia é muito ou pouco? E se isso corresponder a 2% dos infectados soa melhor ou pior? Sabendo que morrem cerca de 100 mil pessoas por ano, em Portugal, de que percentagem estaremos a falar? Da população total, por mês, ou por dia? E se o funeral de cada um custar cerca de 1.100€, isso conta para o PIB? Em que percentagem?
Conversa estúpida, mais vale mudar de assunto. O António Costa, perdido no meio de tantas preocupações, disse que não mudou de opinião em relação ao aumento dos funcionários públicos. Há quem tenha ficado contente e também quem tenha ficado muuuuuuito preocupado. Com a dívida pública a disparar, como nunca se viu em tempo algum, onde irá ele arranjar o dinheiro para fazer isso? E qual será a percentagem do aumento?
P.S. . A imagem que vêem acima é da cidade de Veneza,a tal que se estava a afundar, há ainda poucos meses, e que agora é notícia pelas águas cristalinas que se podem admirar em todos os canais, para não falar nos golfinhos que, na falta das gôndolas e dos gondoleiros, são um regalo para a vista dos confinados habitantes da dita cidade italiana. Lembro que Bérgamo, a cidade mais martirizada pelo vírus de olhos em bico, não é assim tão longe de Veneza, o que quer dizer que não há grandes motivos para alegrias por aqueles lados.
Amanhã, teremos gasto 50% do mês de Abril fechados em casa, com % de participação para a criação de riqueza nacional, o famoso PIB que serve para medir tudo e mais alguma coisa. Segundo os mais entendidos nessas coisas, chegaremos ao fim deste ano de 2020 com uma dívida pública correspondente a 150% do PIB nacional. A menos que o PIB aumente muito e aí poderiam ser apenas 140%. Mas com um PIB mais elevado o nosso governo, com toda a certeza, decidiria alargar um pouco o cinto e aí voltaríamos aos malditos 150%.
É melhor não se preocuparem muito com isso, deixem as coisas ficar como estão!

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Quem tem medo compra um cão!

E se o Bolsonaro tiver razão?

Paraisópolis, S. Paulo, Brasil

A resistência consegue-se à custa de treino. Nos fuzileiros era assim, talvez devamos admitir que com o Corona também é. Ou seja, só metendo-nos à bulha com ele é que saberemos quem sai vencedor. Alguns, muitos talvez ficarão pelo caminho, mas é isso mesmo que acontece em todas as etapas da vida dos humanos. Os mais fortes seguirão em frente e os mais fracos ficarão pelo caminho.
Estou a lembrar-me de um passo da História Antiga que estudei há muitos anos, que falava da cidade grega de Esparta, cidade guerreira que treinava os seus cidadãos para a luta, desde que nasciam. Começava por eliminar os "defeituosos" e tomava conta dos saudáveis, a partir dos 7 anos de idade, treinando-os nas artes da guerra em que andavam sempre envolvidos. Tudo isto se passou umas centenas de anos antes de Cristo vir a este mundo e teria o seu fim com a conquista da Grécia pelo Império Romano.
Pois, voltando ao Bolsonaro, ele acha que só expondo-nos ao vírus ficaremos imunes a ele. Uma espécie de combate em que cada um tem apenas as armas com a natureza o dotou. O vírus Corona SARS-2 (a quem resolveram baptizar de COVI-19) é muito fraquinho, morre ao primeiro sopro que lhe apliquem. Mas deve multiplicar-se aos milhões, ocupa os alvéolos pulmonares e deixa os infectados à rasca. Mas nem todos morrem e aqueles que escaparem ficam vacinados para a próxima vez que ele lhes vier bater à porta.
Portanto, a teoria é enfrentar o bicho de peito aberto e esperar pelo melhor. Como acontecia nos fuzileiros, como acontece em tudo na vida, muitos ficarão pelo caminho, é o preço que temos que pagar para adquirir a imunidade.
O «Ganda-Nóia» que palra que nem um rouxinol, em cada domingo à noite, na SIC, já disse que não voltaremos à normalidade até ao verão de 2021. Ele limita-se a raciocinar, como eu estou fazendo aqui e agora, que sem a tal vacina salvadora teremos pela frente um ano de combate à doença, sem o mínimo prognóstico de quem sairá vencedor. Vamos sempre, dê por onde der, cair na teoria do Bolsonaro, uns atrás dos outros vamos sendo infectados, com sorte escapamos com vida e depois do verão do próximo ano teremos uma linda história para contar.
E, chegado a este ponto, volto ao mundo dos fuzileiros e à guerra que tiveram que travar, em África. Há uma meia dúzia de livros, escritos por ex-combatentes fuzileiros que retratam o que foi a sua vida de G3 na mão. Li alguns e não fiquei muito convencido das "heroicidades" ali relatadas. O treino ensinou-nos a abrigar, esconder, camuflar para não sermos atingidos pelas balas inimigas. Eu assim fiz e cá estou para contar como foi. Com este malfadado vírus estou a seguir a mesma táctica, escondo-me dele a ver se escapo.

sexta-feira, 10 de abril de 2020

Bela é a vida!

Starking

Não posso ver uma foto de maçãs que não me apeteça logo trazê-la para aqui. Há muitas frutas por esse mundo fora, umas melhores que as outras, ou dito de outro modo, que agradam a uns mais que a outros. Mas para mim não há nada que chegue a uma boa maçã. As que esta foto mostra parecem-me starking, uma das que mais produção garante a quem se dedica à fruticultura, mas que menos me agrada.
Em primeiro lugar gosto de uma qualidade temporã, a Red Delicious, que cada vez encontro menos à venda. Não entendo porquê, mas lá terão as suas razões, eles que só pensam no lucro e se estão marimbando nas minhas preferências.
Em segundo lugar ponho a Golden, a original amarelinha e docinha como não há outra. Para meu azar, o mercado está inundado de maçãs marcadas como Golden, mas não passam de peros, também conhecidos como maçãs de Alcobaça ou Armamar. Para mim não prestam e como as colhem cedo demais, acabam por murchar um pouco e ficam intragáveis.
Depois, gosto de maçãs reinetas, também dita esperiega ou mulata. Têm um sabor ligeiramente ácido, o que me agrada muito.

Bravo de esmolfe

Ao contrário, há uma maçã de que não gosto nada e oiço tecer maravilhas a seu respeito. É a Bravo  de Esmolfe, a maçã rainha da Beira Alta, de Penalva do Castelo, em particular. Neste concelho há outras coisa boas, muito melhores que essas maçãs, a começar pelo Queijo da Serra e acabar no vinho tinto (região do Dão) que me faz ir até lá, de vez em quando para comprar umas garrafinhas.
Lembro-me de outras maçãs (da minha juventude) que hoje não encontro à venda em lado nenhum. Maçãs de Santiago, três ao prato, porta da loja, pero-limão e outras, cujos nomes nem sei escrever, se é que existem.
Lembrem-se que eu sou um Macieirense, nasci em Macieira, seria uma aberração se não gostasse de maçãs!
Estou aqui a rir-me sozinho, ao pensar nos alfacinhas que noutros anos já estariam no Algarve a esta hora e que este ano estão fechados em casa. Com um fim de semana prolongado e, se calhar, a tarde de ontem também oferecida, é dose de cavalo ter que ficar fechado em casa. Qualquer desculpa lhes serve para atravessar a ponte e acelerar em direcção a sul, só que desta vez a polícia está à espera deles e manda-os dar meia volta.
Fiquem em casa e ... comam maçãs !!!

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Facts and figures!

Os ingleses e irlandeses foram as maiores colonizadores da América do Norte. Sempre me questionei porque teria sido dado o nome de New York à cidade que foi a porta de entrada de toda essa gente que rumou ao novo mundo à espera de conseguir aquilo que na Europa não tinham conseguido. Hoje, fui estudar o passado da cidade de York para tentar entender a razão de tal acontecimento. Não encontrei nada por aí além e como já sabia que foi o Duque de York que deu o nome à cidade americana, em 1664, fiquei-me por aí. Se fosse eu a baptizá-la dar-lhe-ia o nome de Macieira que foi a terra onde nasci.
Fiquei a saber que andaram por lá os Romanos e por influência deles foi construída a Catedral de York, sobre as ruínas de uma antiga igreja dedicada a S. Pedro que desde o ano de 670 tinha sido erguida e deitada abaixo vezes sem conta.


O estilo gótico nas catedrais tinha chegado em meados do século XII. Walter de Gray foi feito arcebispo em 1215 e ordenou a construção de uma estrutura gótica que se comparasse à Catedral de Cantuária. A construção teve início em 1220. Os transeptos norte e sul foram as primeiras estruturas novas. Concluídas na década de 1250, ambas foram construídas no estilo gótico inglês, mas tinham paredes marcadamente diferentes. Uma substancial torre central também foi concluída, com uma cúspide de madeira. A construção continuou até o século XV.


Recentemente, foi construída uma réplica da Catedral, desta vez em queijo para promover o dito de York que, pelos vistos, é famoso e eu também não sabia. Vaidosos estes ingleses! O que não fariam eles se tivessem um queijo como o «Queijo da Serra», este bem português?
Este preâmbulo foi para vos situar no centro da questão que se segue, o fatídico Corona que promete deixar o presidente Trump em maus lençóis. Ele foi avisado com tempo - segundo notícias veiculadas ontem pela CNN, em fins de Novembro passado - mas não deu importância ao assunto e deixou andar. Mesmo depois de ver a bronca que o vírus deu, primeiro em Itália e depois em Espanha, não achou necessário tomar medidas drásticas. A cidade de Nova Iorque tem cerca de 8 milhões e meio de habitantes e com a doença a fazer progressos todos os dias vai ser um autêntico inferno. Mais de mil mortos por dia, metade em Nova Iorque. Agora é que ele se vai ver às aranhas e com o Serviço Nacional de Saúde desmantelado - foi isso que prometeu fazer durante a campanha eleitoral - a coisa vai ficar feia mesmo. Não vai ter dólares que cheguem para salvar a vida dos seus conterrâneos.
Do outro lado do mundo, existe uma cidade que tem mais de 25 milhões de habitantes, mesmo ao lado daquela onde rebentou a pandemia, e que, sem qualquer explicação lógica, escapou à doença. Xangai seria o maior e melhor candidato a ver-se mergulhado num problema semelhante ao das favelas brasileiras se a doença lá entrasse. Seja pelas medidas de precaução tomadas, por sorte, ou por um milagre divino, a doença passou-lhes ao lado.
Só o pobre (entre aspas) do Trump é que não quis tomar precauções, não teve sorte nem direito a milagre. Dizem as sondagens que mesmo assim continua como favorito para as eleições de Novembro. O candidato do outro partido deve ser muito fraquinho, penso eu de que!

Hacker à vista!


Já foi libertado o especialista em "espreitar nos computadores alheios". Segundo alguns comentadores da nossa praça, vai haver muita gente que já não dorme descansada esta noite.
Para eles esta praga vai ser muito mais perigosa que Corona Vírus!
Portugal estava mesmo a precisar disto, uma vez que o futebol já não garante audiências aos canais de notícias. Já hoje ouvi o Serrão e o Guerra a debitar as asneiras do costume para aquecer os ânimos. Esperem pelas cenas dos próximos capítulos que a coisa promete.
Boa noite e sonhem com os anjos!

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Viva a vida!


Farto de explorar a morte como notícia, hoje escolhi falar da vida. Jabaluna, o lince fêmea que vive na parte sul da Península Ibérica , entre a Estremadura espanhola e o nosso Alentejo, pariu 3 filhotes, dois dos quais sobreviveram e parece estarem de boa saúde. Renasce a esperança de se conseguir reintroduzir este belo gatarrão na fauna ibérica com sucesso.
Espero que isso ajude a combater o excesso de javalis que infestam Portugal e começam a representar um sério problema para quem vive da agricultura. Como estes nascem às dúzias e enquanto forem pequenos, antes de lhe nascerem as dentuças com que se defendem, poderão ser uma boa fonte de alimentação para estes belos animais.
E espero também que não os deixem aumentar descontroladamente, senão desaparecem os javalis e inverte-se o problema, não haverá caça suficiente que lhes encha a barriga. A «Mãe Natureza» sabe regular isso muito bem, desde que o Homem não interfira muito na sua acção reguladora.
E falando de impor regras (a torto e a direito) espero ainda que o Marcelo & Costa não prorroguem o estado de emergência, pois já estou farto de ficar fechado em casa. As pessoas devem ser capazes de decidir o que é melhor para elas sem que lhes tenha de ser imposto. Deve imperar o senso comum, penso eu.

terça-feira, 7 de abril de 2020

Oportunistas!

Alguém fica sempre a ganhar com as crises que nos aparecem pela proa. Se o vento sopra forte, os amantes da praia queixam-se por não poderem desfrutar dos banhos de sol, mas regozijam-se os velejadores e os surfistas pelas condições favoráveis ao exercício dos seus desportos. Se sobe o petróleo, sofremos nós na carteira as consequências, mas há sempre quem rejubile com a subida dos lucros. O segredo está em sabermos ficar do lado de quem ganha.
Estou a pensar num caso paradigmático que trouxe lucro ao Zé Mourinho nesta crise do vírus pandémico vindo da China. Um atrás do outro lesionaram-se os dois melhores avançados da sua equipa, o Totenham de Londres.


Harry Kane, talvez o melhor avançado da selecção britânica de créditos reconhecidos e confirmados com golos que deram muitas alegrias aos adeptos. Se Totenham chegou à fase final da Liga dos Campeões, na época passada, a ele o deve. Esta época começou da pior maneira para a sua equipa e com dez jornadas decorridas já averbavam uma pesada série de derrotas e na classificação geral andavam abaixo da 10ª posição. Foi contratado o Zé Mourinho para tentar corrigir o descalabro e algumas vitórias foram conseguidas melhorando substancialmente a posição na classificação geral da Premier League. Parecia ter passado a tempestade, mas eis que Kane se lesiona gravemente. A roda da sorte desandou outra vez e até da Liga dos Campeões foram eliminados.
Claro que houve outro factor que contribuiu fortemente para que isso acontecesse. Son Heung, o avançado coreano que muitas vezes ofereceu golos e vitórias à sua equipa, lesionou-se também, deixando Mourinho e o Totenham privados da sua força atacante, daqueles que, verdadeiramente, faziam a diferença.


E é aí que entra em cena o Co-vi-19 para mudar tudo, no mundo, na economia, na vida pessoal de cada um e também no futebol. Com a Liga suspensa e os jogadores em descanso forçado, vão-se passando as semanas e a recuperação dos lesionados segue o seu curso, estando, praticamente, terminada. O Son aproveitou até a paragem para ir até à Coreia do Sul e pôr em dia a sua situação militar que estava em suspenso. Mais mês menos mês, voltará a competição e a equipa de Zé Mourinho aparecerá completa e refeita das mazelas anteriores. Talvez voltem um pouco mais pesados do que seria desejável, mas isso toca a todos e assim ninguém fica a rir-se.
Pode ser que ainda vão a tempo de se classificar para as provas europeias da época 2020/2021. E pode ainda acontecer que a prova deste ano seja anulada e volte tudo à estaca zero, deixando o Totenham apurado para a Liga dos Campeões, tal como vinha da época anterior. Uma possível dupla vitória para Mourinho, equipa refeita e eliminação da prova mais importante sem efeito, com os milhões da UEFA de novo no horizonte. 

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Comer bem!

Nós que gostamos de um bom cozido à portuguesa, uma posta á mirandesa ou um bacalhau assado na brasa com os respectivos acompanhamentos, tudo regado com um bom tinto, seja ele do Alentejo, do Dão ou do Douro, vemos-nos obrigados a comer comida de grilo, pardais e coelhos. Tudo por causa da pandemia e para evitar engordar, enquanto ficamos fechados em casa.


Eu já vinha fazendo esse regime, por razões que já expliquei, e já estou meio habituado, mas agora calha a todos, digam adeus às carnes vermelhas e ao prato muito cheio, a deitar por fora. Vamos rezar para a pandemia ir embora depressa e podermos regressar aos nossos hábitos tão portugueses. Mesmo não vos podendo acompanhar, enquanto não descer abaixo dos 90 Kilos, quero que vocês desfrutem da vida boa a que têm direito. Comer bem e beber melhor é o desporto mais bonito que há, uma pessoa fica com um sorriso de orelha a orelha só de pensar nisso.
Estava aqui a pensar que ainda não tinha deixado uma palavra no blog, hoje, e não queria falar de coisas tristes. Vi nas notícias, há uns minutos atrás, que o loiro Boris, o homem do Brexit, entrou nos cuidados intensivos, pois já não conseguia respirar sozinho. Se ele não melhorar depressa quem irá puxar a carroça do Brexit? Ele deu o sinal de partida e agora não pode parar, o prazo para terminar as negociações é curto. A Europa ainda se ofereceu para alargar o prazo, mas ele disse logo que não, tem pressa de ficar sozinho. Que Deus o ajude.
Mais vale pensar na comidinha que é a única coisa boa que nos sobra, o resto é tudo uma grande desgraça. Cuidem-se, escondam-se do vírus, fiquem em casa!!!

Antes de fechar!

A DGS teima em não comunicar o número real de recuperados, o que me deixa um tanto ou quanto confuso. Ao fim de 14 dias já se sabe ao certo os que pioraram e os que melhoraram. Não quer dizer que estejam completamente fora de perigo, mas isso ninguém está. Uma vez que, depois de infectado, mostrou sinais de recuperação tem que considerar-se como recuperado. Não podem continuar sob vigilância eternamente.
Antes de ir para a caminha - que o corpo já está a pedir - vim aqui deixar uma lista dos concelhos que têm mais de 100 doentes. É nesses que a gente tem que ter mais cuidado e usar todos os meios de protecção, começando por evitar pôr lá os pés, se isso for possível.
Porto, Gaia, Gondomar, Maia e Matosinhos estão a um máximo de 30 kms de distância, em direcção a sul, e cheios de doentes. Tenho que evitar aproximar-me deles, cada vez que tiver que sair de casa tiro o azimute para norte para não correr riscos. Lojas para fazer compras há por todo o lado, mas só as do norte me interessam.
Como diz o velho ditado, mais vale prevenir que remediar. Por isso me queixo de não descontarem os que já estão recuperados, pois nos concelhos à volta do Porto já estão doentes há mais de 15 dias e se não morreram já não morrem mais, podem considerar-se recuperados.
Morrer pode morrer-se de qualquer coisa, até de um petisco mal digerido, bem dispensávamos este malvado vírus que nos apareceu neste ano bissexto. Bissexto é mesmo ano de azar, o que nos reservará o 2024?
Boa noite e cuidem-se. Agora, a ordem é para usar a máscara(!!!).

domingo, 5 de abril de 2020

Estamos em guerra!

O inimigo todos sabem quem é, o Corona que já tem uma família respeitável, a qual nos vem chateando desde os fins do século passado. Cada guerra tem a sua História, as suas causas e consequências. Bem me lembro, quando era estudante, o que tinha que memorizar a respeito dessa matéria para poder contar com uma nota acima de 15 (esse era o objectivo).
Daqui a uns bons 50 anos, nas escolas de todo o mundo, há-de estudar-se esta guerra global que estamos a travar contra o último descendente da família Corona. E o professor perguntará aos alunos se conhecem as causas próximas e remotas desta guerra que causou tantos milhares de vítimas. Num mundo moderno e tão desenvolvido como aquele em que vivemos isto não poderia ter acontecido. Mas aconteceu e daí o sítio que tal acontecimento ocupará na História Mundial.
Vou tentar pôr-me na pele de um desses alunos e tentar adivinhar qual a resposta que ele daria ao professor. E começaria assim:


O mundo, nos princípios do Século XXI, tinha dois players principais que disputavam o primeiro lugar no pódio da economia mundial. Em primeiro lugar, os Estados Unidos que desde o fim da II Guerra Mundial tomaram a dianteira e não mais a largaram. Em segundo lugar, a China, o maior país do mundo, em termos populacionais, que desde o início deste século tentava por todos os meios atingir o primeiro lugar no pódio. As grandes diferenças entre eles eram a ideologia política, a religião e a cultura. De um lado o país mais velho do mundo com uma filosofia e cultura a toda a prova e do outro um país novo, moderno e usando o petróleo como grande trunfo para manter o mundo na sua dependência. Eu diria que essas foram as causas remotas desta guerra, em que os dois adversários principais são os dois players acima referidos. A China, onde a guerra foi declarada e os Estados Unidos, país que sofreu o maior impacto da guerra e teve o maior número de vítimas.
Como causas próximas, aquelas que ajudariam a China a conseguir os seu intentos, a guerra de «Taxas Aduaneiras» travada entre Xi Jimping e Donald Trump, desde que este foi eleito para ocupar a Casa Branca. A China vinha conquistando, pouco a pouco, uma grande parcela do comércio mundial, tendo como base a capacidade de trabalho dos chineses e uma política de preços baixos que o regime dictatorial do país permitia. Tendo-se tornado o maior fornecedor mundial, a China tinha o seu adversário (não quis chamar-lhe inimigo, por enquanto) encostado às cordas. Donald Trump entendeu que só com medidas drásticas conseguiria reverter a situação e daí a aplicação de taxas aduaneiras sobre as importações vindas da China. A China foi fazendo o mesmo pelo seu lado e com taxas de um lado e do outro atingiu-se uma situação de impasse.
Qual dos dois daria o primeiro passo para desempatar o jogo que assim não podia continuar? Os adversários estudavam-se mutuamente, mediam todas as possibilidades tentando adivinhar qual seria o ponto mais fraco do adversário. Num jogo desta importância todos os trunfos eram da maior importância e a China tinha as melhores cartas na mão, a começar pelo dinheiro que lhe sobrava na medida em que faltava ao seu opositor. Diz-se por aí (e eu acredito) que a China é o maior credor dos Estados Unidos e se exigisse o pagamento dos seus créditos causaria uma catástrofe de efeito impossível de calcular. Mas o presidente chinês não achou ser a altura própria para usar esse trunfo, guardando-o para um eventual xeque-mate futuro.
De repente, começa a falar-se numa epidemia galopante que grassa no interior norte da China, provocada por um novo vírus de origem desconhecida. Os mortos contam-se às centenas e todos começam a pensar se não teriam sido os cientistas americanos a criá-lo e soltá-lo na China para enfraquecer o seu adversário na guerra comercial que vinham travando. Mas logo que o surto da doença começa a ser controlado na China, esta aparece em grande força na Europa, em primeiro lugar, e nos Estados Unidos, logo de seguida, e com tamanha virulência que parece impossível de conter. Neste ponto da História, a teoria de que teriam sido os americanos a criar o vírus cai por terra. Se o tivessem feito, com certeza teriam também desenvolvido o antídoto para aquela doença.
E ganha força uma nova teoria que coloca os chineses como criadores do "bichinho" que soltaram no seu próprio país, de forma controlada, para criar o necessário alibi que os livrasse da acusação de terem começado uma guerra biológica, a qual atingiu 90% dos países da Terra e com um número de vítimas mortais que nunca foi muito bem contabilizado.
P.S. - Uma teoria mais rebuscada afirma que foi um consórcio mundial a ordenar a criação do último Corona para os livrar da chamada «peste grisalha» que vem ameaçando as Finanças de todos os Estados, os quais se vêem incapazes de suportar a despesa que ela causa, mas não existem provas para tal.