Nunca tinha andado pelo Alto Douro Vinhateiro, na margem esquerda do Douro. Era, portanto, uma área completamente nova para mim, quando por lá andei, no ano de 2008, à procura do rasto de um camarada fuzileiro que se evaporou da Escola de Fuzileiros, enquanto frequentava o Curso de 1º Grau, na Primavera de 1965. Houve quem dissesse que tinha fugido para a América, escondido nos porões de um navio mercante, outros defendiam a hipótese de ter dado o salto para França, o que estava na moda na década de 60 do século passado. E, finalmente, apareceram os adeptos de um acidente ou crime que o teria metido no fundo do Tejo e, há muito, estaria a fazer tijolo.
Hoje, li nas notícias que uma empresa mineira quer explorar ouro naquela zona, a poucos metros daquilo que faz parte da região sob protecção da Unesco.
Já tem uma licença provisória, mas agora pediu ao governo para uma definitiva para lavar mais de 180 mil toneladas de entulho, à procura do vil metal. Ainda descobrem algum antigo esqueleto do tempo da Idade do Cobre e são corridos de lá para fora, levando uma gorda indemnização que seremos nós a pagar.
Dizem que é uma das povoações mais antigas de Portugal. Pertence, hoje, ao concelho de Vila Nova de Fozcôa, mas nem sempre foi assim. Já foi importante, já foi independente, já deu cartas naquela região do Douro, onde, hoje, o vinho é rei. Talvez tenham sido os romanos que trouxeram para ali as primeiras videiras, antes do Afonso Henriques ter sequer nascido, e foram os ingleses que puxaram pelo negócio do vinho, durante o Século XVIII.
Bem, voltando ao princípio da história, não encontrei o meu camarada fuzileiro, mas recebi a confirmação de que ele era de facto nascido e criado na região de Numão. Acabei até por descobrir uma senhora que tinha sido a sua primeira namorada, antes de ele ter ido para a Marinha. Imagino que apanhou o comboio nesta estação da Linha do Douro, seguiu até ao Porto e dali até Lisboa.
Depois de muitas andanças (que já foram escritas e comentadas no meu antigo blog), acabei por encontrá-lo em Espanha, casado com uma galega, filha do patrão que lhe deu emprego, quando desertou da Escola de Fuzileiros.
A propósito de desertores. Neste continente deve haver ainda alguns desertores de um NRP que passou por aqui nos anos 70's. E embora não conheça os pormenores sei que se viram à rasca para completarem a guarnição e seguirem viagem… Embora já aparecessem alguns elementos desse NRP na página Armada no Coração do FB ninguém ainda teve pachorra para contar uma história que deve ser interessante.
ResponderEliminarÀ procura do teu amigo/camarada que foi nos Fuzileiros, escreveste um pequeno resumo da história/geografia dessa região de Portugal. Pelos vistos não foi tempo perdido. Não o encontraste, mas foste informado de que está vivo e vive em Espanha. Quanto às minas de ouro. Se é que nos faz falta para alguma coisa de beneficio para o povo e para o pais. Penso que não se deve desperdiçar essa oportunidade?
ResponderEliminarBom fim de semana.
Ainda bem ... Afinal, o teu esforço e ao que parece, resultou no conhecimento de um final feliz . Sobre a região em causa e apesar de a conhecer muito superficialmente, creio que é recomendável a quem gosta de apreciar o muito de bom que temos e que, tantas e tantas vezes, é subestimado . No que toca à eventual exploração de ouro, não vale a pena perder tempo, uma vez ser mais do que certa a reacção habitual daqueles que, facilmente e a qualquer pretexto, contestam o que conhecem e até o que desconhecem ! Na realidade, atento a mentalidades que existem, pouco ou nada importa descobrir recursos minerais, petróleo ou gás natural, assim como desenvolver grandes infraestruturas de interesse nacional . Enquanto esta pobreza franciscana existir, não temos grande saída - rumo ao progresso, aquele que tanto se reclama, mas quando surge probabilidade nesse sentido, de imediato aparecem as " sabedorias " habituais a debitar " sentenças " que, infelizmente, graças à fraqueza de quem devia decidir, vai-se anulando ou adiando o que, devidamente estudado/pensado e considerado viável/aceitável, não tinha que estar sujeito ao que se conhece ... Cada um pode pensar o que quiser, mas ignorar-se o que é bem comum e apenas situar-se no que localmente se julga de exclusivo interesse, apoiados por outros que não se percebe muito bem por quê, causa perplexidade ... Depois, esquecer-se que a maior parte das condições de desenvolvimento e comodidade que se usufrui, onde se está inserido, se devem à distribuição/comparticipação do todo nacional e não só à riqueza gerada localmente, torna-se muito mais lamentável . O tempo do orgulhosamente sós pertence a um passado de má memória e que, os tempos que decorrem, não permitem que ressuscite . Um abraço .
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