A Lombardia é uma região da Itália setentrional, com 9,7 milhões de habitantes e 23 854 km², cuja capital é Milão. Tem limites ao norte com a Suíça, a oeste com o Piemonte, a leste com o Vêneto e com Trentino-Alto Ádige, e ao sul com a Emília-Romanha. É a região mais populosa da Itália.
Conheço a Lombardia bastante bem. Passei por ali metade da minha vida profissional no mundo dos farrapos. Este mundo divide-se em dois polos, um na Lombardia (Milão) e outro na região toscana (Florença). No polo lombardo há lãs e algodões de fiacção fina. No polo toscano há lãs, de fiacção grossa (cardados), fibras naturais como a seda e o linho, assim como toda a gama de fibras artificiais e sintéticas. Podia aqui dar-vos um curso sobre esta matéria, pois foi a minha formação profissional, mas parece-me que não estareis muito dispostos a aprender essas coisas, agora que a doença nos bate à porta.
Infelizmente, foi a indústria têxtil que levou o vírus da China até Itália, até à Lombardia, até Milão. Não há ninguém no mundo tão dependente desta indústria como os italianos, desde sempre, e os chineses, nos tempos modernos. As viagens de um lado para o outro são o pão nosso de cada dia e só um milagre poderia fazer com que o vírus não acompanhasse os viajantes.
No mapa acima vejo Milano que era a minha base, com aeroporto, carro de aluguer e hotel, onde ia dormir aos sábados à noite, viajando do Porto. Vejo também Varese e Sondrio, onde havia grandes fábricas de tecidos de algodão. E Bérgamo, a cidade mais fustigada pelo vírus que visitei algumas vezes, mais para matar o tempo do que por razões profissionais. E ainda Brescia que fica a meio caminho entre Milão e Veneza, onde pernoitei algumas vezes por razões estratégicas.
Falando de tudo isto, recordo os bons tempos que vivi em Itália e custa-me acreditar no pesadelo em que se tornou viver (e morrer) ali. A imagem acima mostra a expansão da doença, até aos dia dos meus anos, hoje é um tanto maior, mas as zonas de incidência são, praticamente, as mesmas. Um chinês de visita a Itália que ontem falava na televisão, disse que as autoridades italianas não atacaram logo o problema como deveriam ter feito e o que aconteceu parece dar-lhe razão. A situação é crítica e não dá sinais de melhorar, mortos às centenas todos os dias e o pânico geral da população. Eu estaria na mesma se lá morasse.
E por falar em morte, lembrei-me de vos mostrar também o mapa em que corre o maior rio de Itália, o Pó que corre de Oeste para Leste e atravessa toda a Lombardia, indo desaguar um pouco a sul de Veneza. A morte faz-me recordar aquelas palavras que o padre recita em cada funeral - e são tantos por estes dias, na Lombardia - «do pó vieste e ao pó hás-de tornar»!
Uma situação aterrorizadora. Me faz lembrar o que meus avós contavam da gripe Espanhola.
ResponderEliminarAbraço e saúde.
(Acabo hoje os 14 dias de quarentena que me impus, após a ida no dia 7 às urgências do Hospital Santa Maria. Mas enquanto a nora nos fizer as compras continuamos sem sair. Como tomamos conta das duas netas, e a mãe vem todos os dias deixá-las e buscá-las, trás-nos tudo o que precisamos.)
Vida organizada e segurança acima de tudo!
EliminarDesleixo latino?! Duas vezes que estive na Itália e duas vezes que tive problemas. Como diria um politico holandês "Os do sul gastam o dinheiro em put@s e vinho verde e agora querem ajuda". Infelizmente qualquer semelhança com Portugal ou Itália não é coincidência nenhuma - é a realidade!
ResponderEliminarNem os países mais ricos onde predominam os que se julgam serem mais inteligentes/poderosos se viram do Coronavirus. Talvez os países mais pobres possam ser menos castigados se o Corona tiver nojo da pobreza?
ResponderEliminarBom fim de semana.
Corrijo. Livram.
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