Pouca gente acredita nos números que a DGS vai pondo cá fora todos os dias. Há muitos casos de infectados que não estão ainda localizados. Os que morrem todos os dias, de norte a sul de Portugal, podem ou não ter contraído o vírus e, como aconteceu com o miúdo de Ovar, não ter morrido da Covid, mas que isso ajudou a acelerar o processo ninguém duvida. E tem pouco interesse para todos, a não ser os das estatísticas que se pelam pelo rigor dos seus números.
Mas de todos o mais duvidoso é o número dos recuperados. Ninguém acredita que tenhamos atingido o número 43 e por aí tenhamos ficado. Por qualquer razão que não vislumbro, deixaram de contabilizar os "curados", desde há uma semana (mais ou menos). E esse número é para mim o mais importante, porque quem faz parte dessa estatística tornou-se imune à doença e o grupo funciona como uma força militar imbatível para combater o inimigo.
Em 1961, começou a formar-se, em Vale de Zebro, uma força capaz de enfrentar e derrotar o inimigo na Guerra do Ultramar Português. A partir do início do ano seguinte, começaram a sair para Angola, Guiné e Moçambique, por esta ordem, os primeiros contingentes que guarneceriam os pontos-chave, em cada província, de modo a estancar o alastramento do surto de terrorismo. Até ao fim do ano de 1962, saíram de Vale de Zebro algumas centenas de fuzileiros, eu incluído, que ajudaram a conter a guerra dentro de limites aceitáveis.
Ora, estes recuperados da doença nova que nos atingiu são os fuzileiros que teremos que mobilizar para conter a doença. Eles podem ir a todo lado sem serem atingidos, ou dito de outro modo, há poucas probabilidades de o serem. É, por isso, importante saber com quantos podemos contar. Serão já suficientes para formar uma Companhia, ou apenas um Destacamento? Qual o ponto do país onde será mais importante dar um golpe de mão para atrasar o marcha do inimigo público? Há lugares, como Vila Nova de Fozcoa, a necessitar de uma "testa de ponte" que só estes combatentes podem montar com garantia de êxito.
Por isso, eu quero saber quantos são, sem dúvidas, sem mentiras, com toda a exactidão. E todos eles devem ser mobilizados para actuar de imediato em todos os teatros de guerra. Estão mais bem preparados que toda a polícia e todas as forças de segurança. Nos Estados Unidos, na década de 60 do século passado, foi decretado o recrutamento obrigatório, por causa da Guerra do Vietnam. Ninguém escapava ao cumprimento do dever, todos eram candidatos a "carne para canhão".
A guerra em que estamos envolvidos é pior que a guerra vietnamita e o inimigo veio do mesmo lado, tem os olhos em bico e há que pará-lo a todo o custo. Peço ao António Costa e ao Marcelo que pensem nisso a sério e mobilizem essa força que temos à nossa disposição e é a única capaz de bater o pé ao inimigo. Destaquem para Fozcoa um pelotão de «Fuzileiros Covid» para controlar a situação que ameaça a vida e saúde do meu sobrinho, sua mulher e filho.