Estamos velhos, é o que é!

Fizemos planos para um rico almoço, amanhã, eu e um camarada fuzileiro que fez a recruta comigo e me acompanhou também para Moçambique, onde permanecemos durante 5 anos No fim da segunda comissão, eu vim embora e saí da Marinha, enquanto que ele pediu para levar baixa, em Lourenço Marques, e lá ficou até à independência. Ficamos muitos anos sem nos vermos, mas desde que eu comecei a organizar os convívios da minha Companhia de Fuzileiros Nº 2, encontrávamos.nos pelo menos uma vez por ano. No presente já não há convívios, pois a malvada da saúde restringe-me os movimentos.

Mas acontece que ele, ontem, veio até ao Douro, de onde é natural e ainda tem família, e combinamos que no regresso nos encontraríamos no Porto para uma refeição e um abraço. Tinha que aproveitar a ocasião, pois ele mora no Baixo Alentejo e lá eu não planeio ir. Mas, como eu disse no início, fizemos os planos, mas não havia garantia de que esses planos se pudessem cumprir. Como diz o ditado, o Homem põe e Deus dispõe. Ele sentiu-se mal, de repente, e não achou melhor solução do que rumar a casa a toda a velocidade. E, claro, como medida de precaução, passar pelo Hospital, antes de ir para a caminha.

Lá se foram os planos para o almoço e eu tenho que agradecer ao meu anjo da guarda, pois mal consigo dar dois passos seguidos e agarrado às canadianas. Tinha que arranjar quem me levasse e amparasse até meter os pés debaixo da mesa do restaurante. Não seria um grande convívio com toda a certeza. O meu joelho esquerdo bloqueou e as dores são insuportáveis. Não consigo estar deitado na cama, só sentado numa cadeira (como estou agora) com o joelho a fazer um ângulo de 90º. Só que isso é cansativo p'ra burro!

Ando a fazer controlo da coagulação do sangue e estou proibido de tomar anti-inflamatórios, mas vai ter que ser. O médico que tenha paciência, pois quem aguenta com as dores sou eu.