terça-feira, 21 de novembro de 2017

O «Caldeirão do Saraiva» !


Enquanto fui estudante tive muitos professores que eram padres jesuítas. Havia um deles que me costumava ameaçar com o Caldeirão do Saraiva sempre que me apanhava a fazer asneira. Continua assim, dizia ele, continua assim e vais parar ao Caldeirão do Saraiva. Ele referia-se ao império de Belzebu, o inferno.
Se há ou não inferno ainda não descobri e se irei lá parar ou não também é coisa que não me preocupa muito. Deus é justo e lá saberá o que fazer comigo, quando chegar a minha hora. Mas a conversa hoje é sobre o outro inferno, aquele em que vivem todos os trabalhadores que ganham apenas o salário mínimo. Esse caldeirão tem lá dentro muita gente e, de facto, é o Saraiva que toma conta dele.
António Saraiva é um "self made man", daqueles que começam como trabalhadores de uma empresa, estudam e se formam, enquanto trabalham, e acabam por comprar a empresa em que começaram a trabalhar e se transformam em patrões. Nem sempre em bons patrões, como é de esperar.
Neste caso particular não me posso armar em crítico, pois não conheço o suficiente da vida do presidente da CIP para me pôr aqui a dizer coisas que podem nada ter a ver com a verdade. Mas uma coisa que me faz uma certa comichão e não posso deixar de dizer é a sanha com que ele luta para manter o «Ordenado Mínimo Nacional» em níveis capazes de fazer corar de vergonha qualquer cidadão da União Europeia que se preze.
Dizer que passar de 557 para 600 euros o tal ordenado mínimo seria a ruína de muitos empresários faz-me desconfiar que está a mentir com os dentes todos. De certeza absoluta que não há qualquer estudo que suporte essa afirmação. Em empresas de 100 trabalhadores estamos a falar de 4.300€ e eu não acredito que isso não se possa diluir facilmente nos custos da empresa. Das empresas com 500 ou 1.000 trabalhadores nem vale a pena falar, pois os níveis de facturação são de tal modo elevados que não são os valores do custo do trabalho que mais pesam no lado das despesas.
Ou seja, o Sr. Saraiva está a lutar contra o aumento só porque sim. Está na massa do sangue dos empresários pagarem aos trabalhadores quanto menos melhor. Os ganhos gerados pela empresa deviam ser divididos em três partes, uma para o investidor, outra para renovação do parque industrial e outros investimentos e a terceira para os trabalhadores. Só no caso de a empresa apresentar resultados negativos se poderia alterar este quadro distributivo. Se isto fosse feito não haveria uma teimosia tão grande em manter os salários tão baixos. Falta legislação, em Portugal, que aborde estas matérias. 

3 comentários:

  1. Pois, eu como não conheço esse senhor Saraiva,
    não posso nem devo disparar bujardas por aí à toa
    por isso, mesmo, é continuarei a manter a calma
    porque, esse homem até poderá não ser má pessoa?

    Portanto, para ele mesmo, quero eu dizer,
    porque, quanto mais aos trabalhadores pagar
    tem a certeza de que menos poderá enriquecer
    sendo por causa disso que continua a contracenar!

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  2. Minha avó dizia.
    Nunca peças a quem já pediu. É uma verdade que os grandes empresários, que vieram do nada, são os piores patrões do mundo. É como se pensassem que como eles enriqueceram, todos vão enriquecer, e têm medo de perder regalias.
    Um abraço

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  3. No mundo da emigração conheci vários 'self made man' e curiosamente todos enriqueceram graças aos seus compatriotas igualmente emigrantes... Quase todos ficam viciados em algarismos e perdem o sentido da vida.

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