Qual destes dois filhos da puta vocês gostam mais?
Isso mesmo, a pergunta é feita numa linguagem que estes dois "enormíssimos" escritores gostavam de usar. De Henry Miller li apenas o famoso romance Trópico de Câncer que esteve proibido, nos Estados Unidos, durante 27 anos, devido aos excessos de linguagem usados pelo escritor. Ainda tentei ler o Trópico de Capricórnio, mas cansei, antes de chegar a meio, é muito repetitivo.
Do Jorge Amado li vários. O primeiro foi Capitães de Areia, de que gostei muito. O último (que me lembre) foi Tocaia Grande e custou-me a chegar ao fim. Os excessos de linguagem são ao jeito de Henry Miller, com quem talvez tenha aprendido. Li, em qualquer parte, que a revisão (de alguns) dos seus livros, antes da publicação, foi feita por uma filha sua. Fiquei de olhos arregalados a imaginar o que pensaria a filha de tanta asneira que o pai deitava pela boca fora.
Não se admirem desta conversa, logo pela manhã, pois não tenho a menor intenção de me armar em grande conhecedor da literatura mundial. Acontece que quem dorme pouco, pensa muito e esta manhã estive horas acordado debaixo dos lençóis, a dar largas aos meus pensamentos. Comecei por pensar na minha primeira viagem para Moçambique. Foi em Novembro de 1962 - sabem há quantos anos foi isso? - e neste dia do mês estava encalacrado em Luanda, à espera que me consertassem o avião para prosseguir viagem.
Cruzar os trópicos significa viajar muito. Pois então eu sou um homem muito viajado, cruzei os trópicos 4 vezes. Os trópicos são dois paralelos que estão à mesma distância do Equador (23º e 27'), o de Cãncer a norte e o de Capricórnio a sul. Para chegar a Moçambique cruzam-se os dois e o mesmo para regressar a Lisboa. Repetindo a dose dá quatro atravessamentos.
Mas, seguindo o rumo dos meus pensamentos, parei no Trópico de Câncer, livro do Henry Miller e do putedo em que andou metido, quando viveu em Paris. Putas e copos, como disse, aqui há uns tempos o presidente do Eurogrupo, em relação a Portugal. E do putedo para as putas, já estão a imaginar por onde andou a minha cabeça, até me decidir atirar com os lençóis pelo ar e abandonar a "choça".
Para regressar ao mundo real e ficar bem acordado, bastou-me ler nas primeiras notícias do dia que a Altice (dona da PT/MEO) perdeu 45% do seu valor em Bolsa. Isto porque tenho umas quantas acções desta empresa, nas quais pensava ganhar algum e assim vou ficar a ver navios (ou a vê-los afundar-se).
E por aqui me fico, esperando que a minha filha não venha ler isto, como fazia a filha do Jorge Amado, senão ainda fica com vergonha do pai que tem!
Em Nov. de 62 ainda andava a aprender onde ficavam os Trópicos, e nunca me imaginava que um dia perdesse a conta de tantas vezes os ter cruzado. Como este post prova: MEMÓRIAS é a única bagagem que levamos desta vida.
ResponderEliminarMuito cedo acordaste,
ResponderEliminarnão por causa da azia
porque, sem sono ficaste
de manhã começa o dia.
Quatro vezes atravessaste,
o trópico, para lá e para cá
quando para Moçambique viajaste
ainda estás pensando voltar lá?
Para veres no Lago Niassa,
os peixinhos a nadar
de Metangula numa barcaça
a navegar, vais o Cobué visitar!
Tens razão, meu grande amigo
EliminarMuito eu gostava de lá voltar
E o melhor era levar-te comigo
Na água do Niassa voltarmos a nadar.
Bom do Henry Miller li pouca coisa. Apenas a triologia Sexus, Nexus e Plexus. Do Jorge Amado li uma quantidade deles. Mar Morto, Jubiabá, Capitães da Areia, Tenda dos Milagres, Teresa Batista cansada da Guerra, D. Flor e seus dois maridos, Gabriela Cravo e Canela, Tieta do Agreste, Terras do Sem-Fim, Tocaia Grande, e País do Carnaval.
ResponderEliminarTambém atravessei os trópicos, mas não tenho acções da Altice.
Um abraço
À margem
não, o dr. Nuno não perdeu a pila. Eu não ia fazer uma maldade dessas com o pobre coitado.
Ainda bem (tanto pelo Nuno como pela Altice)!
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