quarta-feira, 2 de novembro de 2016

O seu a seu dono!

Há dias, publiquei qualquer coisa sobre os Caminhos de Ferro de Moçambique, à conta da renovação da linha férrea que está quase concluída entre Cuamba e Lichinga. Hoje, voltei a olhar para os comboios em Moçambique para perceber como funciona a ligação da Beira até ao Malawi.
Infelizmente, não podemos reclamar muitas medalhas pelos sucessos do desenvolvimento deste troço do Caminho de Ferro, pois se não fossem os ingleses interessados em trazer até ao mar os produtos do seu protectorado, a Niassalândia, ainda hoje não haveria linha. Falando de modo geral, há muito quem diga que os portugueses fizeram três coisas por Moçambique, muito pouco, quase nada ou absolutamente nada, dependendo da zona em análise.
A linha que do Malawi vem até à margem norte (esquerda) do rio Zambeze foi, portanto, construída pelos ingleses. Terminava numa povoação de nome Chindio, onde as mercadorias eram transbordadas, em batelões, para o outra margem do rio, onde passava a Linha da Beira que, da cidade do mesmo nome seguia até à Rodésia. Lembro-me de ouvir falar que havia quem viajasse de Lourenço Marques até à Beira usando esta linha que passava pela capital da Rodésia. Esta operação era demorada, dispendiosa e complicada e os ingleses não descansaram até resolver o problema.



Em 1935, foi construída, sobre o rio Zambeze, a Ponte de D. Ana (ferroviária) alterando e tornando mais curto o percurso para o Malawi e o transporte das mercadorias e passageiros até ao porto da Beira mais rápido e mais cómodo. Erradamente, o projecto dessa ponte tem sido atribuído ao engenheiro Edgar Cardoso que todos nós bem conhecemos. Por isso não ser verdade, resolvi deixar aqui alguns excertos daquilo que fui lendo na internet sobre este assunto, para que fiquem a saber tanto como eu.
A mentira:
«A construção da ponte foi efetuada pela britânica Cleveland Bridge & Engineering Company sob encomenda da Central African Railway e da Trans-Zambezia Railway, e projeto do engenheiro português Edgar Cardoso, entre 1931 e 1935[1], durante o período da Administração Colonial. Contudo, foi destruída por soldados da RENAMO durante a Guerra Civil Moçambicana (1977-1992), tendo sido reparada e adaptada ao tráfico rodoviário com a ajuda financeira dos Estados Unidos da América em 1995. Em Maio de 2009 a ponte reabriu ao tráfego ferroviário.»
A prova:
«Edgar Cardoso formou-se em engenharia civil na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto em 1937. Foi professor universitário e autor de algumas das mais belas pontes portuguesas, tendo sido agraciado com um doutoramento Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.»
As obras de Edgar Cardoso:
Ponte de Mértola 
Ponte de Santa Clara, em Coimbra 
Ponte da Arrábida no Porto (na época o maior arco de betão armado do mundo) 
Ponte Governador Nobre de Carvalho, em Macau 
Ponte ferroviária de São João, no Porto 
Ponte do Vale da Ursa sobre o rio Zêzere, 
Ponte Edgar Cardoso, na Figueira da Foz. 
Extensão da pista de pouso do aeroporto da Madeira, executada em vigas de betão prefabricadas, assentes sobre pilares de betão armado. 
Ponte de Mosteirô, localizada no Douro entre Baião e Cinfães. Foi considerada por Edgar Cardoso como a sua melhor e mais bela obra.

3 comentários:

  1. "Roma e Pavia não se fizeram num dia" , " Devagar se vai ao longe", "Grão a grão enche a galinha o papo" ou "A pressa é inimiga da perfeição"
    Os portugueses achavam que os países por eles colonizados em África, seriam sempre territórios de Portugal. Salazar não tinha pressa do desenvolvimento nem aqui em Portugal, nem daqueles países que eram considerados províncias de Portugal. Mesmo assim, temos que reconhecer, o que foi feito em África pelos portugueses. E não foi assim tão pouco como muita gente julga! Quanto aos ingleses, esses o que lá fizeram foi e apenas e só para o seu interesse. Já os portugueses não. Os portugueses fizeram daqueles países o seu país para viver. Depois do 25 de Abril de 1974, o que lá vi foi os partidos do MPLA, UNITA E FNLA, destruírem o que os portugueses tinha feito. Embora os alguns portugueses tenham sido exploradores. No entanto, iam contribuindo para o seu desenvolvimento. Conheci alguns que venderem propriedades que tinham aqui em Portugal para investirem lá!...

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  2. OBRIGADO por partilhares connosco o resultado das tuas pesquisas, o saber não ocupa lugar e quando o tempo nos permite saber mais, vamos desenvolvendo o nosso cérebro para se apagar o mais tarde possível, a NET é um bom motor de desenvolvimento mas não podemos acreditar em tudo o que escrevem.

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  3. Tomei conhecimento. Obrigada pela partilha.
    Um abraço

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