Ontem, protagonizei uma experiência que devia fazer as nossas autoridades de saúde raciocinar sobre a formação que é dada às pessoas que trabalham com máquinas perigosas. Tinha uma Ressonância Magnética (RM) marcada para as 4 da tarde. Antecipadamente, tinha recebido um questionário que devia preencher e entregar, quando fosse fazer o exame. Nesse questionário o ponto mais importante refere-se à existência de objectos metálicos no nosso corpo, tais como placas, parafusos ou ... pacemakers.
Depois de quase uma hora de atraso, lá fui chamado e metido numa cabine para tirar a roupinha toda. A técnica que me atendeu recebeu das minhas mãos a requisição do exame e o questionário que eu tinha "cuidadosamente" preenchido, mas, pelo que se passou a seguir, penso que nem para ele olhou, limitando-se a atirá-lo para o monte que tinha em cima da secretária. Uns 10 minutos depois, mandou-me entrar para a «Casa da Máquina», fez os ajustes necessários e ligou a dita que começou aquela série de marteladas que quem já fez este exame conhece bem. Não tinha ainda passado um minuto, veio junto de mim e perguntou se eu não tinha nenhuma coisa esquisita, como pacemakers, etc. no meu corpo. Claro que tenho, respondi-lhe. Não leu o questionário que lhe entreguei?
Como se tivesse uma mola debaixo dos pés, deu um pulo para os comandos da máquina e desligou-a puxando-me para fora da sala como se estivesse a começar um incêndio. Ficou que nem uma barata tonta, pedindo ajuda aos colegas que lá estavam para saber o que fazer. Agarrou no seu telemóvel, ligou não sei para quem e veio ter comigo mandando-me vestir e seguir para o serviço de cardiologia. Eu não percebi muito bem o que estava passar-se, mas notava-se à légua que a rapariga ficou em pânico, talvez com medo de sofrer as consequências do erro que tinha cometido.
Lá fui eu a caminho da Cardiologia e sem consulta marcada tive que irromper pela sala adentro, pois de outro modo não me deixariam entrar. Felizmente, a doutora que me atendeu teve a calma suficiente para me mandar esperar dois minutos e acabar de atender o doente que tinha entre mãos. Depois de lhe explicar o que tinha acontecido, abanou a cabeça, como se não fosse possível aquilo que lhe estava a dizer. Fez uma série de tentativas para ligar aos serviços de radiologia, coisa que só ao fim de 10 minutos conseguiu. Entretanto a sua assistente tinha já despachado mais dois doentes e ela mandou-me entrar e ligou-me à máquina para saber se o pacemaker tinha ficado fora de serviço, avariado, inutilizado, ou coisa que o valha. Felizmente, nada disso aconteceu e depois de umas afinações, disse-me que podia respirar de alívio, porque tudo estava em ordem.
Chegado a este ponto eu quis saber, exactamente, o que aconteceu, o alarido da funcionária do serviço de radiologia, o que falhou e qual era o procedimento habitual nestes casos. E ela lá me explicou com toda a calma do mundo que a RM em portadores de pacemakers tem que respeitar certos passos que eu não tinha dado. É uma espécie de 3 em 1, começando por uma consulta na Cardiologia em que pacemaker é preparado (talvez desactivado), depois segue-se o exame na máquina das marteladas, completando-se o procedimento com uma nova visita à Cardiologia para colocar o pacemaker de novo em marcha. Com tudo isto em pisos diferentes do hospital e sem a preparação apropriada, com tempos de espera em cada lado que podem demorar uma eternidade, etc..
No meu entender o doente devia ser recebido no serviço que vai fazer a RM, ser acompanhado por alguém deste serviço à Cardiologia, para fazer a preparação, executar depois a sua parte e voltar a acompanhar o doente, de regresso à Cardiologia, entregando-o ao pessoal competente para se livrar de responsabilidades. Um doente do coração, como eu, com o pacemaker desligado pode ter um desmaio, ou princípio de um AVC, em questão de segundos. Assim já percebo a aflição da moça, vendo-me em cima da máquina a levar marteladas no pacemaker que carrego no peito.
Fica o aviso para quem está nas mesmas condições que eu! Cuidado que o coração pára sem avisar e depois é um Deus nos acuda para não embarcarmos para a outra banda!
Bom, isso passa-se em qualquer parte do mundo, porém devido 'ao sistema de kunhas' em Portugal há cada vez um número crescente de incompetentes que fazem a vida negra a muito boa gente. Não sei se foi o caso mas fazer pesquisas/tratamentos num Hospital sem os devidos procedimentos... é crime!
ResponderEliminarTudo isso que aconteceu não devia ter acontecido. Ainda bem que não te provocou danos na maquineta. Já fiz 2 RM, no próximo dia 26 vou fazer 1 Endoscopia e logo a seguir no dia 28 vou fazer 1 Eletrocardiograma, 1 Ecografia Abdominal e 1 RX.
ResponderEliminarDiz-se muito mal do público, mas eu vou ao setor privado e melhoras nada!
Boa tarde
ResponderEliminarSem querer só criticar acho que foi de uma irresponsabilidade muito grande.
JR