quinta-feira, 15 de julho de 2021

Elogio póstumo!

 


Pronto, está decidido, o homem vai-se embora e deixa o caminho livre para o senhor que se segue. Como todos os presidentes de clubes de futebol que conheço, ele deve ter aproveitado todas as ocasiões para viver à grande e à francesa e não descarto a hipótese de ter metido um milhãozinho ou dois no bolso para acautelar a velhice. Mas isso são contas de outro rosário que não me cabe a mim desfiar, o que quero dizer é que ele deixou obra feita que o vai fazer constar da História do Glorioso, obra que está à vista de todos.

Depois do Damásio e Vale e Azevedo o Benfica estava completamente de rastos e precisava de alguém que lhe desse a mão e o fizesse ressurgir. Manuel Vilarinho foi o presidente, em 2003, trouxe o Vieira para o Benfica com o intuito de o pôr à frente da equipa que tinha que demolir o velho Estádio da Luz e construir o novo, em que se disputariam alguns dos jogos mais importantes do EURO 2004. Ele andava metido em obras e conhecia muitos empreiteiros e esses conhecimentos seriam importantes para que a obra ficasse pronta a tempo e horas. Foi isso que lhe despertou a veia construtora e nunca mais parou. Foi construindo para ele e para o Benfica, misturando pessoas e influências de tal modo que deve ter havido alturas em que não sabia muito bem onde estava. Os bancos, como se viu pela atitude do Ricardo Salgado, adoravam aquilo e abriram-lhe as torneiras do crédito ilimitado.

Ele habituou-se a falar de milhões, como quem discute um par de imperiais bebidas numa esplanada do Rossio, ao fim da tarde. Foi subindo a fasquia até atingir aquele negócio dos 126 milhões pelo João Félix, a maior venda de sempre do Benfica. Mas entretanto tinha transformado o Seixal numa verdadeira cidade do futebol, onde não faltava nada, e saneado a situação financeira do Benfica. De clube com o maior passivo de Portugal (e se calhar da Europa) fez do Benfica um clube rico e respeitado. As escolas do Seixal despejavam na Luz talentos, um a seguir ao outro, que renderem bom dinheiro ao clube. Estava tudo a funcionar às mil maravilhas, até a construção civil dar o trambolhão que deu e os bancos começarem a cair, como castelos de cartas, afogados em crédito mal parado.

E assim acabou o sucesso de um empresário que pelo caminho tinha sido presidente do maior clube de futebol deste país. As suas dívidas, as do Benfica e as dos bancos misturaram-se de tal maneira que deram cabo de tudo. Os bancos acabaram ou meteram a mão na massa dos contribuintes para se safarem, o Vieira não sei muito bem como se vai desenrascar da alhada em que se meteu, mas o Benfica, mais ou menos lesado no meio de tanta trafulhice, continua. Falta apenas saber quem tomará as rédeas do poder e se terá capacidade para reerguer a ÁGUIA da lama em que caiu. Espero que sim!

2 comentários:

  1. Bom dia
    Vou aproveitar as suas ultimas palavras.
    Falta apenas saber quem tomará as rédeas do poder , e se terá capacidade para reerguer a AGUIA da lama em que caiu.

    JR

    ResponderEliminar
  2. Jorge Matamouros retirou a queixa que tinha apresentado contra o presidente, demissionário, do Benfica, Luís Filipe Vieira. Mata mouros só houve um. Dom Afonso Henriques e mais nenhum, conquistou aos mouros Santarém, Lisboa, Sintra, Almada, Palmela, Alcácer do Sal, Serpa, Beja, Moura e Juromenha.

    ResponderEliminar