Situemos-nos na década de 50 do século passado. Estava no poder o nosso tão conhecido Presidente do Concelho, o Dr. Oliveira Salazar. A população das aldeias do Minho, onde eu nasci, vivia em casas sem luz eléctrica ou água canalizada e dormia em camas feitas com quatro tábuas de pinho e sobre enxergas feitas de serapilheira cheias com colmo (palha de centeio). Não posso nem quero dizer que a culpa dessa miserável existência do povo do Minho fosse do mencionado governante. Pode até acontecer que ele tenha vivido os primeiros anos da sua vida, naquela aldeia da Beira Alta que vocês conhecem, nas mesmíssimas condições. Quero com isto dizer que ele era conhecedor desta situação e pouco fez para a resolver, até cair da cadeira e deixar de riscar neste país.
O bichinho que vêem acima é um percevejo-bebé e havia-os às centenas nas camas e enxergas que referi acima. Eu conheci-os muito bem, convivi com eles durante alguns anos, beberam do meu sangue, como autênticos vampiros, enquanto eu dormia. E lutei contra eles, despejando água a ferver em todas as frinchas e rachadelas daquelas camas. E queimando a palha de centeio, onde se escondiam as suas larvas, substituindo-a por outra nova. Era uma tarefa obrigatória, logo que os primeiros calores da Primavera ofereciam as condições necessárias para execução da tarefa.
E porque estarei a falar nisso, perguntarão vocemecês? Pela simples razão de ter lido nas notícias que uma praga destes bichinhos está a apoquentar uma certa população de Paris. A viver no século XXI, sem o Salazar e em casas onde não falta a água canalizada, nem a luz eléctrica, ainda por cima numa moderna cidade de um país desenvolvido, como a França, não sei como entender esta notícia. Será mentira? Exagero, talvez, de algum jornalista mal intencionado? Não faço a mais pequena ideia, mas já não ouvia falar nestes bichinhos, desde que tinha dez anos de idade !!!
Nos anos 60's na caserna situada acima do que é hoje o Museu do Fuzileiro, estava infestada… As poucas vezes que lá dormi fui sempre visitado por essa bicharada.
ResponderEliminarNo tempo desse tal senhor. Talvez esses bichos fossem barras de ouro. Como ainda os arraigados à ditadura dizem que esse tal ditador tinha os cofres cheios de ouro. Porquanto o povo que trabalhava para que isso forre realidade, passava fome. De cujo o descontentamento era tanto que deu origem à luta pela liberdade e melhores condições de vida.
ResponderEliminarEste meu amigo - Filho da Escola - está sempre a percorrer sinais dos tempos e, vejam bem, ao falar do Senhor de Santa Comba de outrora, não podia arranjar melhor bicharada para o ligar ao progresso daquele tempo ! Era assim a vida, pobres mas alegres e ai de quem dissesse o contrário ... Bom, não posso ficar de fora, visto que também tive a minha parte, não na Escola de Fuzileiros porque tive a sorte de ocupar instalação/caserna nova, mas sim quando destacado para o navio " Santo André ", mais tarde beneficiado e designado " SAGRES ", actualmente a navegar . A grandeza de tal anomalia ultrapassava o imaginário e levou a que me levantasse de imediato e me dirigisse ao oficial-de-quarto, dando-lhe conhecimento do que se passava e dizendo-lhe que não dormia naquelas condições . Perante a informação, tal oficial foi constatar a versão apresentada e, dada a minha insistência, deu-me licença para ir dormir a casa, bem como a mais dois ou três que estavam na mesma situação . No dia seguinte, a meio da manhã, desenrolou-se a operação de combate aos intrusos e assim foram devorados, pelo menos enquanto lá estive . Apesar de tudo, é bom recordar o passado e saber valorizar o presente, convicto que o futuro será melhor . Agora, não te esqueças, porta-te bem . Um abraço .
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