Único prazer!

Sou obrigado a concluir que o único prazer que me resta é "dar ao dente". Comer e beber e esquecer tudo o resto que é uma paranóia total. Gastronomia não é um desporto, mas se fosse seria o meu preferido, aquele que praticaria sem ser preciso obrigar-me.

Pensando nisso, vou meter-me na cama e pensar em ir até Montalegre almoçar, amanhã. Ontem começou a cair neve e aquela terra fica mais bonita com neve. E depois há o cozido à portuguesa que ganhou fama naquela terra e agrada-me a ideia de lhe meter o dente.

Ali, ao fundo da rua, passa o rio Cávado, acabadinho de nascer na serra do Barroso e que uns bons quilómetros mais a jusante passa mesmo à porta da Câmara Municipal, onde foi registado o meu nascimento (há muitos anos).

Também é um verdadeiro espectáculo ver as vaquinhas barrosãs e longos cornos a fazer-me recordar a minha juventude. Muitas vezes me atrevi a pegar na soga (fita de couro que liga os cornos de uma à outra vaca) e conduzir o carro de bois (ou de vacas) até ao campo. E viajar em cima do carro, encostado a uma vara de marmeleiro maior que eu, armado em homem grande! Isso é que era ser valente e importante, antes ainda de entrar para a Escola Primária.

Bem, vão dormir que eu vou fazer o mesmo. Encharquei-me em anti-inflamatórios e consegui dominar as dores. Dizem que amanhã vai chover muito. Se eu gostasse de cama ficava lá todo o dia!