Há 45 anos era quinta-feira, como hoje, quando se deu o 25 de Abril. Ou seja, o dia 26 foi a uma sexta-feira, como é amanhã, último dia da minha semana de trabalho, pois a minha empresa já praticava a semana inglesa.
No dia 27, sábado, tínhamos um jogo de futebol combinado entre trabalhadores da minha empresa com os trabalhadores de uma empresa da zona da Serra da Estrela. E os transportes devidamente organizados para sairmos de Vila do Conde às 06.00 horas desse sábado.
Logo à saída de Vila do Conde tínhamos que atravessar a ponte sobre o rio Ave que estava fechada por uma auto-metralhadora e uma patrulha do Exército. Eu, como líder do grupo em viagem e capitão da equipa de futebol, tive que assumir as despesas da conversa e explicar ao furriel que comandava a patrulha que íamos jogar à bola e não participar em nenhuma acção fascista ou anti-fascista, coisa que eles eram supostos controlar.
Ao fim de uns bons minutos de discussão e tendo em vista a reputação e importância da minha empresa lá nos deixaram passas, mas foram avisando:
- Olhem que há muitas patrulhas como esta pela estrada fora e o mais certo é não passarem na próxima.
Estava muito enganado, conduzimos sem parar dali até Seia e começamos o jogo com uma hora de atraso, mas ninguém mais nos incomodou durante todo o caminho. Nem à ida nem à vinda!
O diálogo nesse caso valeu a pena. Perderem uns minutos, mas conseguiram seguir viagem rumo ao objectivo, sem mais interrupções. Quanto aos recentes acontecimentos, os militares não podiam nem deviam deixar que as conquistas alcançadas fossem pela água abaixo.
ResponderEliminarForam mesmo jogar à bola ou foram para a copofonia?
Mais a segunda que a primeira!
EliminarAo comemorar-se uma revolução com cravos na lapela e dança na rua, revela-se o quanto o seu povo, em grande número, estava farto da seita que lhe havia imposto um sem número de restrições, incluindo sacrifícios desmedidos e privação de liberdade, isto para não falar na perda de outros valores a que esteve sujeito e sem esquecer sanções do mais arbitrário e desumano que se possa tolerar . Por esta razão, é natural que tenham ocorrido exageros por quem, nem sequer, tinha autoridade para os praticar e que, num deixa andar de quem devia exercer o devido controlo, permitiu-se algum estado anárquico que, ao fim e ao cabo, se pode compreender ; aliás, devo dizer, que fui confrontado com situações em que tive de me impor e fazer valer o princípio de livre-circulação e de direitos instituídos, sem que tivesse sido desconsiderado . Tudo isto tem a ver com o despoletar duma revolução pacífica e com objectivo específico : terminar com a guerra ... e criar uma democracia . Em consequência, surgiu descontrolo da situação e que levou a muito do que deveria ter sido evitado e que, como é óbvio, aproveitamento de alguns para inúmeros fins . O que é certo, até como exemplo do que aconteceu ao nosso amigo SILVa, muitas das divergências/confrontações foram-se resolvendo sem dificuldades de maior e muito do que se pretendia acabou por vingar . Um abraço .
ResponderEliminarPuxaste dos teus galões de FUZILEIRO e lá conseguiste furar os pneus da auto-metralhadora, sem oferecer uma cerveja ao sentinela!
ResponderEliminarBOM FIM DE SEMANA.