sábado, 26 de março de 2022

Velhas recordações!

 Com a ajuda do meu camarada e filho da escola Fernando, dei-me ao trabalho de reconstituir a minha mesa do refeitório da Escola de Fuzileiros, durante a recruta.

Não me lembro da cara do Roldão (mais faltava eu lembrar-me de tudo, ao fim de 60 anos), mas fui procurar saber notícias dele e com a aluda do Sargento Veloso, com quem se cruzou em várias comissões, soube que já faleceu, há uns anos. O número de matrícula dele, da 11ª Série é o 2401, ou seja, mais antiga que os sargentos que me acompanharam na CF2. O Veloso, o Melro e o Daniel (Clarim) eram todos 3.000 e tal, portanto mais modernos que o Roldão.

Os números de matrícula da Armada (NMA) que podem não significar nada para a maioria do pessoal, têm um grande significado para mim. Conheço a história pessoal de cada um deles e acompanhei-os ao longo das suas vidas até hoje, ou à hora em que entregaram a alma ao Criador, como é o caso do 16399 e 16404. Este último é o cado mais curioso de todos, foi meu colega no Colégio de Cernache e fui cruzar-me com ele no dia da inspecção, ficou na minha mesa do refeitório e ainda no meu pelotão. Depois reprovou no ITE e foi corrido da Marinha, mas não desistiu, em março de 1963, salvo erro, concorreu de novo e desta vez passou e saiu fuzileiro especial. Fez mais que uma comissão e, confirmado por um dos seus filhos, sei que já faleceu, há bastante tempo.

Outro exemplo, o 16396 era de Braga e também foi de vela no fim do ITE. Muitos anos depois, apareceu-me na festa anual da minha empresa, pois era casado com uma das mestras de costura da fábrica que havíamos comprado, em Braga. Trabalhava na Grundig, grande empresa de electrodomésticos que funcionava á entrada de Braga, ainda na freguesia de Ferreiros, se não estou em erro.

O 16400, o mais crónico de todos os camaradas do meu pelotão conhecido pela alcunha de "Pencónis" por causa do seu nariz de judeu, era o mais indisciplinado de todo o pelotão e fez a cabeça em água ao sargento Bicho (recentemente falecido). Também foi corrido depois do ITE e dois anos depois ingressou na Força Aérea, tendo saído Cabo Especialista. Disse para quem o quis ouvir que só ficou a ganhar com a troca, a Marinha nunca lhe disse nada.

O 16436, não foi comigo para Moçambique, mas foi ter comigo à Machava, quando lá estive na CF8. Pertencia ao Comando Naval e foi destacado para a Machava para dar uma ajuda aos tratadores dos "Cães de Guerra". Voltei a encontrá-lo, quando comecei a organizar os convívios da CF8.

Podia continuar por aí fora, mas o mais importante fica dito. Condolências às famílias e amigos dos que já faleceram (Cabo Roldão, 16399, 16403 e 16404) e que todos os outros tenham muita saúde para me acompanharem por muitos anos!

1 comentário:

  1. Com a leitura deste post deduzi duas coisas. Primeiro que a passagem pelos Fuzileiros deixou sempre marcas profundas a quem teve o privilégio de por lá passar e Segundo o autor tem uma memória - Alto lá com a Obra!

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