domingo, 27 de março de 2022

A estrada de Meponda!

 

Uma estrada deserta com céu azul por cima e acácias aos lados só pode ser em África. E com alguma pontaria da minha parte, talvez seja na província do Niassa, em Moçambique.
A estrada que liga Lichinga, antiga Vila Cabral, ao lago Niassa, em Meponda, antiga Porto Arroio, é bem conhecida do pessoal da Marinha Portuguesa e de muitas tropas do Exército que por lá passaram a caminho das zonas mais a norte. Por ali passaram também as Lanchas de Fiscalização e as de Desembarque, trazidas do Oceano Índico até às águas interiores do Niassa. Levá-las até lá e pô-las ao serviço das nossas tropas, durante a Guerra Colonial, foi um feito épico que ficará nos anais da nossa História. E eu orgulho.me de ter presenciado tudo aquilo que a esse respeito foi conseguido.
As «Colunas» motorizadas que ligaram a estação terminal dos Caminhos de Ferro, no Catur, a Meponda permitiram o movimento das tropas livre de riscos de minas e emboscadas e também o abastecimento de mantimentos sem oa quais seria impossível continuar aquela guerra. E essa estrada em terra batida era um inferno no tempo das chuvas. No tempo seco era poeira por todos os lados, mas dava para andar para a frente, quando começava a chover, durante os 3 meses de verão africano, era um verdadeiro terror, os camiões andavam de lado, encostavam-se às bermas, quando não se atascavam e ficavam ali à espera de quem os rebocasse. Tempos difíceis esses, tenho alguns amigos que passaram meses, como condutores, nesse trajecto.
Passados quase 50 anos da independência, a estrada está na mesma, para não dizer pior. No meu grupo do Facebook, iniciei uma campanha para sensibilizar as pessoas e tentar que o governo do Niassa tome uma atitude e ponha  a estrada num programa de alargamento e colocação de um tapete betuminoso. Aquela gente merece, é pobre e precisa de quem ajude a tirá-los da miséria. Uma estrada moderna - são apenas 60 Kms - abriria as margens do Niassa ao turismo e daria possibilidades de quem vive da pesca e da agricultura a alargar os seus mercados.
Quem puder ajudar que dê um passo em frente!

1 comentário:

  1. Recordando se vive, não é verdade? Gosto destes posts dum local que não cheguei a conhecer embora durante um ano vivesse em Nampula.
    Abraço, saúde e boa semana

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