Entrei na Escola de Fuzileiros, no dia 10 de Março de 1962, está quase a fazer 60 anos. Como fui dos primeiros a chegar, eu tive que esperar cerca de duas semanas para a recruta começar. Após o pequeno almoço, tínhamos a formatura de serviços (faxinas para a cozinha + varrer a Parada + limpeza dos sanitários, etc.) e depois, até à hora de almoço, era tempo livre.
Na pista de combate, onde pedalava, para ganhar músculo, o 2º Curso de Fuzileiros Especiais que em breve seguiria para Angola, havia um obstáculo que dava pelo nome de «salto no desconhecido». Nós não fazíamos a mínima ideia do que aquilo era, mas sentíamos uma curiosidade enorme e não tardou que os mais afoitos (comigo na frente) partíssemos à descoberta. Afinal não era nada de especial, depois de se conhecer, pois se tratava de dar um salto para um buraco na areia que não tinha mais que 3 a 4 metros de profundidade. Vínhamos a correr de arma na mão e chegados à borda do buraco fazíamos a chamada, como se ali estivesse um trampolim, para chegar o mais longe possível. Todos saltámos meia dúzia de vezes para, depois, armarmos em heróis junto daqueles que lá não tinham ido.
À volta da Câmara da Póvoa, estacionam uns quantos destes carros e ali foi montado um posto de carregamento, tudo pago pelo Zé Pagode. Não custa nada fazer papel de rico com dinheiro dos outros. Ai o que isto Minerva!
Nas notícias de ontem, li que o governo vai oferecer 4.000€ na compra de carro eléctrico. Talvez me dêem 2.000€ pelo abate do meu, mais 4.000€ de bónus, até eu comecei a fazer as contas a ver se ficava a ganhar alguma coisa. Mas, além de ter que desembolsar uma pipa de massa, o que eu ganharia era uma tremenda dor de cabeça, pois ninguém sabe ainda os problemas que os eléctricos nos vão trazer. Seria dar um verdadeiro salto no desconhecido, como fiz há 60 anos em Vale de Zebro, se é que me entendem.
É tudo eléctrico e se a electricidade falhar nada funciona. Não imagino sequer qual será o prazo de validade das baterias, mas acredito que, como tudo nesta vida, terão um fim e para o carrinho continuar a girar terão que ser substituídas. Quanto custará essa pequena brincadeira? Eu já ouvi falar em algo como 10 mil mocas! E embora o motor não requeira grandes cuidados, é preciso não esquecer que há a direcção, a suspensão e os travões que têm que ser tratados, como em todos os outros carros. E, como o peso das baterias é astronómico, o desgaste também deve ser. Quanto durará um par de pneus? Para não falar nos chulos da electricidade que estão a cobrar cada vez mais pelos carregamentos.
Em conclusão, um verdadeiro salto no desconhecido que não estou preparado para dar!
Meu rico FORD MONDEO, tens que durar tanto como eu !!!
Esqueci-me de deixar uma pergunta: porque será que nos querem dar os 4 mil, o que ganha o governo com isso?
ResponderEliminarQuem souber que responda!
4 mil por cada bebe que nascesse talvez fosse melhor ideia.
ResponderEliminarBoa tarde
ResponderEliminarSalto no desconhecido ou tiro no escuro, mas quando o governo dá um bônus destes, é mesmo de desconfiar.
JR