A vitela de Lafões !

Depois de reconhecer Jerusalém como capital de Israel, o presidente dos EUA reconheceu Vouzela como a capital da vitela de Lafões. Esta decisão já provocou tumultos e a reação de revolta unânime dos cidadãos de Dão Lafões e autarcas da região. Vítor Figueiredo, presidente da Câmara de S. Pedro do Sul, afirmou ao T&T “esta decisão de Trump viola todas as resoluções da ONU sobre a vitela de Lafões.” Já foi criado na internet um movimento de cidadãos que defende “Somos todos vitela de Lafões.” Rui Ladeira, presidente da Câmara de Vouzela emocionou-se, chorou e confidenciou ao T&T que não tinha feito nada e que apenas enviou meia vitela ao Trump pelo Natal em que dizia “ Vitela de Lafões é em Vouzela.”

(In Jornal do Centro)

Como temos vindo a falar de carne e da boa, aqui fica mais uma sugestão gastronómica, «Vitela à moda de Lafões», que existe em todos os concelhos do médio Vouga, tal como se pode ler na notícia acima. Poderia dizer que se trata de vitela da raça "arouquesa", mas não seria verdade, pois na região em questão cria-se gado de raças diversas incluindo a "mirandesa". O segredo está no clima, na alimentação e na idade do abate que não deve ultrapassar os 6/7 meses, logo após a vitela ser desmamada.

E, contrariamente ao que acontece em Trás-os-Montes, onde são malucos pela "posta", na região de Lafões são mais amigos da aba com costela e tudo. Já dizia a minha avó, a carne que está encostada ao osso é a melhor, tem outro gosto. Nunca descobri se dizia isso para "deitar abaixo" as mulheres gordas, ou se se referia mesmo à vaca que vai à mesa numa travessinha de barro. Sempre assada no forno e dizem que o segredo está na água, em vez de gordura, enquanto assa. Coze em vez de assar, depois a água evapora-se e sobra a gordura da própria carne para dar o paladar esperado, acho que essa é a explicação.

E, como já conhecem os meus gostos no que toca ao vinho, não se esqueçam de escolher uma garrafinha da mesma região, o Dão, pois claro, para activar as papilas gustativas e sentir o real sabor do petisco. Para isso não é preciso beber muito, basta encher a boca e dar umas voltas com a língua dentro da boca e depois engolir. Nada de emborcar o copo, como quem está a morrer à sede, pois isso põe os miolos a ferver e a GNR anda sempre por ali, à esperara de tramar os incautos.

Bom dia, boa semana e se passarem pela região de Lafões (vale do rio Vouga) já sabem, uma vitelinha à moda daquela terra.

Enquanto o PAN não se lembrar de proibir o abate destes bichinhos, o que é um a espécie de pedofilia gastronómica, estamos bem servidos. Quando isso acontecer, até escrever sobre o assunto pode dar cadeia!