quinta-feira, 4 de abril de 2024

O Torga!

 A publicação de uma amiga (dos blogs) fez-me voltar a Coimbra, terra onde iniciei os meus estudos, em 1955 (há tanto tempo que me admiro de ainda recordar a data!).


Em 1934, aos vinte e sete anos, Adolfo Correia Rocha cria o pseudónimo "Miguel" e "Torga". Miguel, em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica: Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. Já Torga é uma planta brava da montanha, que deita raízes fortes sob a aridez da rocha, de flor branca, arroxeada ou cor de vinho, com um caule incrivelmente rectilíneo.

Tantos livros do Torga e eu só me lembro de ter lido os Contos da Montanha e um de poesia de que não lembro o nome, pois recuso-me a entrar na Poesia por todos os meios. Um dia destes vou partir à procura deles e comprarei uma dúzia para que me perdoem o pecado de não ter cuidado disso até agora.

Esta obra, Nero, vai ser o primeiro livro do Dr. Adolfo que quero ver na minha prateleira, ao lado dos miseráveis de Vitor Hugo ou das Obras mais significativas de Júlio Dinis, como Os Fidalgos da Casa Mourisca ou A Morgadinha dos Canaviais (entre outras).

Obras de Miguel Torga

  • Ansiedade (1928)
  • Rampa (1930)
  • Tributo (1931)
  • Pão Ázimo (1931)
  • Abismo (1932)
  • A Terceira Voz (1934)
  • O Outro Livro de Jó (1936)
  • Bichos (1940)
  • O Quarto Dia (1940)
  • Contos da Montanha (1941)
  • Rua (1942)
  • O Senhor Ventura (1943)
  • Libertação (1944)
  • Vindima (1945)
  • Odes (1946)
  • Sinfonia (1947)
  • O Paraíso (1949)
  • Cânticos do Homem (1950)
  • Portugal (1950)
  • Alguns Poemas Ibéricos (1952)
  • Penas do Purgatório (1954)
  • Traços de União (1955)
  • Orfeu Rebelde (1958)
  • Câmara Ardente (1962)
  • Poemas Ibéricos (1965)
  • Fogo Preso (1976)
  • A Criação do Mundo (V volumes, 1937, 38, 39, 74 e 81)
  • Diário (XVI volumes, 1941 a 1993)

2 comentários:

  1. Que bela e surpreendente homenagem aqui venho encontrar!
    Até me sinto emocionada e o caso nem é para menos. Tudo o que este fabuloso autor - do blog, refiro-me a este excelente espaço de boa escrita - escreve, deixa envergonhado qualquer outro autor blogueiro ou bloguista, das suas míseras palavras de aprendiz.

    Esse conto do Nero é o primeiro a constar no livro "Bichos" de Torga, que tenho aqui a meu lado e já desesperava de encontrar. O último parágrafo é deveras comovente.
    " E à noite, quando o luar dava em cheio na telha vã da casa, e os montes de S. Domingos, lá longe, pareciam já ter saudade da suas patas seguras e delicadas, quando o cheiro da última perdiz se esvaiu dentro de si, quando o galo cantou a anunciar a manhã que vinha perto, quando a imagem do filho se lhe varreu do juízo, fechou duma vez os olhos e morreu"
    Neste meu livrinho, tão antigo e estimado, que é somente a 12ª edição da Gráfica de Coimbra, com a impressão de 30 mil exemplares, em Fevereiro de 1982, o conto vai da pág. 11 à pág. 26.
    Como neste versátil Cantinho, se aprende um pouco de tudo, hoje, saio mais rica pois fiquei a conhecer a vasta obra deste grande senhor das Letras e da Ciência, uma vez que a sua "verdadeira" profissão o prendeu à Medicina.

    Um abraço grato pela menção ao meu Cantinho, Tintinaine!

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  2. Nunca li nada do Torga mas ficou o apetite.

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