terça-feira, 30 de abril de 2024

Memórias tristes!


No dia 30 de Abril de 1970, estava eu farto de aguardar a ordem de avançar para a Alemanha, depois de ter preenchido todos os requisitos que me foram exigidos, incluindo uma ida à sede da PIDE, no Porto, para verificação do meu código de conduta. A minha avozinha estava muito doente e já me tinha sussurrado a frase que sempre repetia aos netos, quando estes partiam para a guerra ou para longe dela, vais embora e nunca mais voltarei a ver-te!

Já o tinha ouvido, quando fui para a Marinha e repetido, duas vezes, quando parti para a guerra, em Moçambique. Felizmente, sempre regressei a casa, são e salvo, para lhe dizer que estava enganada. Mas desta vez ela acertou no seu vaticínio, mas foi ela a ceder à doença e partir para sempre. Ainda a acompanhei ao cemitério, antes de partir para Lisboa e tomar lugar num comboio cheio de emigrantes que o Salazar enviava para a República Federal da Alemanha, ao abrigo de um acordo celebrado para fornecer mão-de-obra a quem dela precisava e que por aqui era excedentária, nessa altura.

Ainda hoje não consegui descobrir que caminho tomou esse comboio que mal se encontrou em solo francês, rumou a Leste, como fizeram uns anos antes, os comboios carregados de prisioneiros a caminho das câmaras de gás dos nazis de Hitler. Imagino que tenha entrado na Alemanha, na zona de Estrasburgo, pois pouco tempo depois do controlo fronteiriço, de que nos apercebemos pela presença d polícia de ambos os países, já seguíamos para norte numa linha férrea que seguia a par do rio Reno. O destino final era Colónia e lá chegamos algumas horas depois.

Eu já levava quase dois anos de vida civil, abandonara a Marinha, no dia 20 de Maio de 1968, já me casara e tinha uma filha, primeira bisneta da minha avó que ela gostava de segurar no seu colo. Também já tivera o meu primeiro emprego na Indústria de Cordoaria que abandonei ao fim de 13 meses por perceber que ali não tinha qualquer futuro.

E já tinha vivido um mês inteirinho, na Bélgica, tentando embarcar na Marinha Mercante, mas um cunhado meu que trabalhava na Alemanha, apareceu-me um dia em Antuérpia e carregou comigo para fora dali, dizendo que era uma grande asneira embarcar nessa situação. Para mim era uma aventura que eu gostaria de ter vivido, mas compreendo que a família recém-formada também merecia a minha atenção.

Uma revoada de lembranças me traz esta data, mas a mais marcante é, de facto, a partida da minha avó para a eternidade. Ela sofreu muito, nos últimos anos de vida e morrer acho que foi uma libertação para ela. O cancro da mama (exposto) estava a comê-la viva e nunca fez qualquer cirurgia ou tratamento que lhe mitigasse as dores. Era a minha mãe, sua filha única, que lhe fazia os curativos, seguindo os conselhos de um velho médico de aldeia que acompanhava a nossa família. Posso dizer que foi um alívio para todos, quando finalmente fechou os olhos e se foi para sempre, pois já ninguém aguentava vê-la sofrer tanto.

Ela foi sempre tão dedicada à família, criou todos os seus 12 netos e ainda alguns dos seus bisnetos e sofreu tanto com a sua doença que Deus só pode tê-la num lugar especial. Os meus pensamentos estão, hoje, com ela!

segunda-feira, 29 de abril de 2024

Tiro de pólvora seca!

 A ideia é falar do jogo entre Porto e Sporting, mas antes disso não deixo passar a oportunidade de falar (mais uma vez) do meu Juramento de Bandeira, na Escola de Fuzileiros, em 25 de Julho de 1962.

O Sargento Manuel Bicho era o Monitor encarregado de nos ensinar a marcar passo, marchar com garbo e de queixo levantado, bater o tacão esquerdo com força, antes de fazer uma série de coisas, fazer a continência e tratar a Mauser por tu, entre outras coisas.

Eu escrevi "nos ensinar", porque eu era um dos cerca de 40 mancebos que formavam o 2º Pelotão da 1ª Companhia do Recrutamento de Março de 62. O meu pelotão era qualquer coisa de fora de série. Havia voluntários e recrutados, uma mistura de meninos do leite e homens de barba rija (basta recordar o 16528, por alcunha O Gorila, e o 16529, por alcunha O Granel, para perceber do que falo.

Na primeira secção militavam os 10 maiores arruaceiros de todo o recrutamento, os quais foram, na sua maioria, corridos da Marinha, após o Curso de ITE. Esses "marmelos" faziam de tudo para tornar as aulas de instrução num granel absoluto e punham em água a cabeça do Sargento Bicho.

Quando começámos a treinar o tiro de salva para a cerimónia do Juramento de Bandeira foi o cúmulo da barracada. Havia sempre um que disparava antes de tempo e o click do cão a bater no percutor ouvia-se claramente, como um tiro de canhão na parada queda e muda. Não havia maneira de conseguir um disparo único dos 296 recrutas no mesmo instante. Veio até o Comandante da Escola, de espada em punho, assistir à aula para perceber o que se passava ali.

Nada resultou e foi então decidido que não haveria a habitual munição de salva na câmara da Mauser, no dia do nosso juramento. Foi a primeira vez na história da Marinha e se calhar a única em que o povo tapava os ouvidos para não ouvir o estampido das detonações e não ouvindo mais que um seco click, os destapava de novo. Ou seja, eu não tive o direito sequer a um tiro de pólvora seca, no dia em que me tornei um marinheiro a sério.

Mauser, calibre 7.92

O Rúben Amorim veio ao Porto com a sua super equipa que ganha a todos com grande facilidade e, ao fim de meia hora de jogo, já perdia por 2 a 0. O Sérgio Conceição com 3 miúdos da academia portista e 3 brasileiros deu cabo dos sonhos do treinador do Sporting. Se o Benfica não tivesse ganho ao Braga e ele ganhasse ao Porto podia começar a festejar o título de campeão, ainda antes de regressar a Lisboa.

Foi o que se chama um tiro de pólvora seca. O Benfica ganhou o seu jogo tornando as coisas mais difíceis e a perder ao intervalo do seu jogo, ontem à noite, estava a ver o seu sonho tornar-se um pesadelo. Vá lá, vá lá que ainda conseguiu empatar o jogo e assim a tarefa de chegar ao título ficou um pouco mais facilitada, mas nunca fiando. Vai ter que preparar os 3 jogos que faltam com o maior cuidado para evitar alguma escorregadela.

O Sérgio Conceição que não tem que provar nada seja a quem for, precisava de ganhar o jogo de ontem para mostrar aos dois presidentes, o que vai embora e o que continuará no lugar, que podem contar com ele para o que der e vier. Eu apostaria que a nova direcção do clube o não quer para treinador, de modo a passar a mensagem de que o novo Porto não quer ficar ligado ao comportamento trauliteiro do antigo presidente, do treinador e dos super-dragões. O Porto de André Vilas-Boas tem que ser um exemplo para o futuro.

E continuar a ganhar títulos, claro, o que pode fazer com que decida continuar com o treinador, pois melhor não encontrará, assim do pé para a mão.

É assim o nosso mundo-cão!!!

domingo, 28 de abril de 2024

Uma anormalidade!

Gosto de gajos duros que têm os "cojones" no sítio e não se acobardam, quando é preciso confessar os seus pecados, mas não gostei nada de ver o Rúben Amorim pedir desculpa por ter ido a Inglaterra tratar da sua vida e do seu futuro. Ficava muito melhor caladinho e não cairia a pique na minha consideração!

Eu tenho, hoje, tantos assuntos em que falar que tenho dificuldade em decidir por onde começar. A respeito de guerras e de paz (que devia vir em primeiro lugar e com grande destaque) fiquei abismado com os milhares de biliões de dólares que o mundo gasta, em especial os Estados Unidos, no fabrico de armas e munições. E quando oiço o Guterres arengar, na ONU, que é preciso viver em paz e dar a quem precisa ajuda humanitária, sou obrigado a concluir que alguém deve estar doido e espero não ser eu.

Enquanto vou teclando, vejo na TV um gajo a dar gás num Ferrari que anda a 340 Kms/hora e custa 265 mil mocas europeias! Porquê e para quê? Não é permitido conduzir a essa velocidade em lado nenhum e poucos têm os ditos 265 mil necessários para praticar essa loucura!

Ontem, quis o destino que me corresse bem a vidinha, enquanto outros ficaram a torcer a orelha muito desgostosos. Num jogo que começou mal, com o Herr Schmidt a repetir o mesmo erro pela enésima vez, os substitutos entrados depois dos 70 minutos ainda arranjaram tempo para marcar 3 golos e dar-me uma grande alegria. Embora eu vá dizendo que não ligo mais ao Benfica, até começar a nova época, continuo a querer que ele ganhe todos os jogos em que participa. Nada mais natural. Quem será que vai avisar o teimoso alemão que tem que alterar a sua maneira de montar a equipa? O Rui Costa, espero eu!

E, para terminar em beleza, este sábado, dia 27 de Abril de 2024, e ficar na história das futebolices nacionais, realizaram-se as eleições no FCP e o Pintinho levou uma abada de 80/20, em favor do seu oponente, o Luís André, como ele, jocosamente, gosta de lhe chamar.

Ele montou no futebol português uma verdadeira máfia siciliana que domina todas as instâncias desse desporto, em Portugal. Com a queda dele foi cortada a cabeça do polvo, mas será preciso também cortar todos os tentáculos, os quais dominam a FPF, a Liga de Clubes e o Conselho de Arbitragem. Foram esses prolongamentos da sua nefasta influência que granjearam tantos títulos para o FCP, nos últimos 40 anos. Espero que isso se note nos próximos anos.

Acho que há uma lei qualquer que inibe os dirigentes de celebrar actos e contratos, em períodos de campanhas eleitorais e o velho presidente deu-se pressa em fazer certas coisas, nesse período, que muito podem prejudicar o clube e o seu novo presidente. A primeira dessas coisas foi comprar os terrenos, na Maia, para construir de raiz uma academia de futebol. E logo numa altura em que o Porto não tem dinheiro nem para mandar cantar um cego!

A segunda foi fazer um novo contrato com o treinador, por 4 anos, sabendo que o novo presidente nunca concordaria em fazê-lo se ganhasse as eleições.

E a terceira, para fazer o jeitinho ao pai, foi recomprar o passe do Chiquinho Conceição que tinha sido vendido ao Ajax, no ano passado. Sem dinheiro, completamente falido, mas sempre a armar em rico e comprar mal e porcamente tudo quanto lhe apetece. Mais um trunfo na campanha que lhe correu ao contrário do que esperava.

E veremos que contas vai a SAD azul e branca mostrar ao seu novo líder. Tantos milhões ganhos nos últimos anos, com a participação nas provas europeias e venda de jogadores, e tudo o que conseguiu foi ir aumentando o seu passivo que, por aquilo que se diz, já ultrapassa os 500 milhões de euros. Se o novo presidente conseguir impor aquilo que falou, durante a campanha, adeus ordenados de luxo e prémios sem qualquer justificação aos administradores. O Fernando Gomes, um dos culpados por essa situação, já se pôs ao fresco para não ter que tomar partido nessa guerra que promete fazer rolar algumas cabeças.

Nós, no Benfica, já tivemos a nossa catarse, com a troca do Vieira pelo Rui Costa, a qual causou alguma turbulência que ainda se sente nas contas. E com a ausência nas provas europeias isso afecta as finanças do clube e de que maneira. Vai acontecer o mesmo ao FCP, no próximo ano, pois é mais que certo que não terá direito a nada, acabando o campeonato em terceiro.

É altura de fazer o papel de amigo da onça e dizer, quanto maior o problema deles melhor para nós, os seu adversários (SLB e SCP)!

Bom domingo e não percam o jogo, logo à noite, entre Porto e Sporting (que promete)!

sábado, 27 de abril de 2024

Tema para hoje?


 
Eh, pá, nem ideia daquilo que devo ou posso falar
Política, guerra e miséria anda na boca do mundo
Mas isso é muito mau, mau demais, prefiro calar
Enterrar esses pensamentos bem lá no meu fundo!

Primavera, sol, campos floridos, isso é que é bom
Embora o dia de hoje tenha nascido de cara à banda
Nada me importa, para isso deu-me Deus um dom
Adoro o perfume das flores, odeio o que tresanda!

Não levem a vida muito a sério, façam como eu
Acordar vivo já é razão para se fazer uma festa
Aceitar sem reservas tudo o que Deus nos deu
Dizer obrigado e repetir, não há vida como esta!

Quando tenho dores ou me sinto muito mal
Falo comigo mesmo e com os meus botões
Enquanto não sair a porta de casa na horizontal
Tudo vai bem, podem continuar a festa os foliões!

Tem muitos dias pares e ímpares o meu calendário
Assim como a nossa vida tem dias bons e dias maus
Há muitos anos que deixei de escrever o meu diário
Aceito o que vier no prato, sardinhas e/ou carapaus!

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Coisas do Século XIX!

 

O Joaquim casou com a Maria!
O pai dele usava o apelido de Álvares Ferreira (Álvares da mãe e Ferreira do pai)!
A mãe era Souza e mais nada!
E a mãe do Joaquim queria que ele usasse também o apelido de Souza!
E ele, para não deixar mal a avó nem o avô, ficou a ser Joaquim Álvares Ferreira de Souza!
Mas quem lhe registou os filhos (e foram muitos) raparam-lhe o Ferreira do pai e ficaram a ser, apenas, Álvares de Souza. O avô Jerónimo que tanto orgulho tinha no seu apelido, deve ter dado muitas voltas na campa ao ver os seu netos despojados do seu apelido, o Ferreira que herdara do seu pai.
E assim a minha mãe que não reclamava de nada, para ela estava sempre tudo bem desde que fosse na graça de Deus, ficou a ser Alves de Sousa, pois que a vida já mudara muita coisa e o Alvares era mais latino que português, tal como usar o Z não se justificava uma vez que tínhamos o S que fazia a mesma figura.
Hoje, é difícil explicar a um aluno a razão por que se usa o S e se pronuncia Z, mas no século XIX ninguém queria saber de razões, alguém decidia mudar e todos os outros se limitavam a bater as palmas. Assim a modos que o 25 de Abril, uns fizeram-no e todos os outros (ou quase todos) limitaram-se a aceitar a bater as palmas de contentes.
O Joaquim era meu trisavô e uma das suas filhas recebeu o nome de Eusébia (estranho nome)! A Eusébia nunca se casou, naqueles tempos era difícil arranjar homem que gostasse de assumir as responsabilidades por aquilo que fazia (hoje, parece-me que não é muito diferente)! Minto, a Eusébia acabou por casar-se com um viúvo, quando o seu filho, prova viva do seu pecado, já completara 10 anos de idade.
E desse casamento tardio nasceria a Maria, minha avózinha querida que sei que está lá em cima a velar para que a minha vida me corra sempre bem. E essa que nasceu do viúvo Agostinho Dias, foi registada como Alves de Sousa, tal como a sua mãe, e nada de Dias no apelido.
Há razões que a razão desconhece, mas a mim ninguém me tira da cabeça que os genes do Dias, morreram e foram enterrados com ele, quando este fechou os olhos para o mundo. A minha bisavó lá saberia porque não quis que a filha se chamasse Alves Dias!
E eu fiquei a ser Alves da Silva, porque as regras da I República determinavam que os filhos receberiam o primeiro apelido da mãe e o último do pai e o Sr. Joaquim Campos que era o manda-chuva do Registo Civil da minha parvónia, era fiel cumpridor das regras estabelecidas. Com ele era tudo "by the book"!

Não fiquem admirados com esta minha prosa, caros leitores, das liberdades de Abril é que eu não tinha a mínima vontade de falar! Ontem, os faladores do costume usaram essa palavra até a deixarem de rastos e vamos ter que lhe dar uns dias de descanso para ela se recuperar! 

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Que nortada!

 


Presidente caquético!
Políticos corruptos!
Comentadores papagaios!
Que mais nos irá acontecer?

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Desânimo!

 


A minha médica de família cometeu o mesmo pecado que o treinador do Benfica, desiludiu-me!

Ontem, telefonou-me para dizer que tinha analisado os exames que lhe remeti (por interposta pessoa) e que aquilo que eu tenho no estômago não é a velha ursa que trouxe de Moçambique, mas sim algo diferente que requer atenção e, portanto, vai marcar uma consulta urgente no Hospital Pedro Hispano. Nem lhe perguntei o que era, ela não o disse era porque eu não precisava de saber.

Enquanto atendia o telefone, adveio-me um violento ataque de tosse que mal me deixava falar. Tenho os brônquios todos entupidos - disse-lhe eu no meio da "outra" conversa - não pode receitar alguma coisa para me aliviar? Não, respondeu ele de imediato, você é diabético e não posso arriscar, ligue para a linha de saúde 24 que eles dizem-lhe o que deve fazer.

Perdi a confiança no treinador do Benfica, embora ele me tenha feito a vontade e posto o Kokçu a jogar no lugar do Rafa, porque ele não arrisca nada, teima em jogar sempre com os mesmos jogadores, mesmo que estejam de rastos, e só pensa em substituições depois dos 80 minutos de jogo. Além de deixar os avançados no banco e jogar só com médios. E se joga com um avançado, escolhe o pior de todos que tem no banco, só porque foi ele a contratá-lo.

A minha médica de família faz-me lembrar os médicos do meu tempo de tropa que davam comprimidos para tudo. Um dia, um camarada que era o maior, em termos humorísticos, pegou no comprimido que o «Moço da Botica» lhe deu e prendeu-o com um adesivo ao dedo do pé onde tinha um calo. Depois andou a passear de um lado para o outro, em chinelos, para que todos vissem o remédio para os calos que o médico lhe tinha receitado. Tenho a certeza que o acontecimento chegou ao conhecimento do médico, mas não aconteceu nada.

No caso da minha médica também acho a coisa muito séria. Se ela não é capaz de me receitar o tratamento que necessito para curar o estômago, nem tão pouco um mero remédio para a tosse, devo considerar, seriamente, a hipótese de a demitir, tal e qual como o Rui Costa deve fazer com o treinador alemão. Ambos erraram a profissão ou são uma nulidade naquilo que fazem.

Tenho dito (e fiquei preocupado com o que posso ter no estômago) !!!

terça-feira, 23 de abril de 2024

Antiguidade moderna!

 Não estranhem o título, pois me sinto antigo, mas como ainda faço parte do mundo dos vivos, sou moderno com certeza.

Fui criado pela minha avó que nasceu na última década do século XIX. Talvez ela tenha influenciado, até certo ponto, a minha maneira de pensar. Era o tempo dos reis e havia os vinténs e os cruzados, tostões havia poucos e eram ainda uma novidade. Enquanto ela se ia habituando ao novo dinheiro da I República, ia-me ensinando a contar o dinheiro à moda antiga. Um escudo eram mil reis e de reis percebia ela, o escudo era apenas uma palavra.

Havia muita coisa que se podia comprar com mil reis, quando ela era uma rapariga nova, 50 anos depois, quando vim eu ao mundo, já havia pouca coisa a esse preço. Uma caixa de fósforos custava 300 reis, o que para a minha avó era uma fortuna. E um maço de cigarros custava 10 vezes mais, 2.900 reis, foi quanto paguei pelo primeiro maço de cigarros que comprei, por volta dos meus 15 anos.


E vocês perguntarão: que raio de conversa é esta? De onde saiu este arrazoado de palavras tão fora de tempo? Pois, eu explico. Ontem, por volta da meia noite, ouvi a notícia de que o Sebastião Bugalho foi a escolha para cabeça de lista, pela AD, às eleições europeias. Sebastião é um rapazinho que há bem pouco tempo deixou de usar fraldas e mereceu do líder da AD um elogio que o pôs nos píncaros da política à portuguesa.

Tenho ouvido dizer que há falta de cabelos brancos na nossa política e a nomeação do Sebastião é a prova real de que isso é uma afirmação verdadeira. Cabelos brancos são sinal de uma mente madura e o juízo testado por mil e uma dificuldades ultrapassadas ao longo do seu percurso. Assim como a falta deles é de questionar numa decisão desta importância.

O Sebastião é um rapaz esperto e bem falante, mas não teve uma avó como eu tive, nascida há dois séculos atrás e com outra forma de pensar. Ele é um moderno-moderno, enquanto eu sou um antigo-moderno, temos maneiras diferentes de pensar. E isso não quer dizer que eu estou certo e ele errado, nada disso, o meu pensamento vai por outros caminhos e já não tenho idade para andar de trotinete.

Um bom político não dá ponto sem nó, mas eu não considero o Montenegro um bom político, muito longe disso e por isso vou ficar atento ao que vai acontecer, durante a campanha e, mais tarde, no acto em si. Pode ser que o Parlamento Europeu saúde com entusiasmo a juventude do Sebastião e se preocupe também com a minha antiguidade que merece (e necessita de) alguns cuidados especiais neste mundo cada vez mais envelhecido.

Meia dúzia de vinténs era muito dinheiro para a minha avó, para mim meia dúzia de escudos já tinham pouco significado, mas agora moedas de 1 e 2 cêntimos de euro, atiro-as pelo ar, embaraçam-me nos bolsos. Mas não esqueço que cada cêntimo vale 100 vinténs do dinheiro da minha avozinha. Ai de mim se ela me visse atirar tanto vintém à rua !!!

E sei que ela está, lá em cima, no céu a zelar pelos meus interesses e a tomar nota desses vinténs que eu desvalorizo. Ao ouvir os elogios feitos ao jovem Sebastião, pergunto-me se ele saberá o valor do vintém, ou até o significado da palavra!

segunda-feira, 22 de abril de 2024

25 de abril - História!


Vamos preparar o 25 de Abril para dizer adeus à ditadura de direita.
Cuidado para não cair numa de esquerda, atenção ao Otelo!!!

domingo, 21 de abril de 2024

É só a minha opinião!

 Não sei quem manda em Israel. Talvez haja um presidente ou outro órgão por cima do Primeiro Ministro Netanyahu, mas como vejo ele no papel de "eu quero, posso e mando", é a ele que me vou dirigir esperando que ele leia com atenção as minhas palavras.

Meu caro Benjamim
Tenho assistido de olhos arregalados àquilo que tens feito, ou mandado fazer, na Faixa de Gaza. Eu sei que tens direito à tua vingança pelo que fizeram os terroristas do Hamas, em 7 de Outubro, mas tudo tem um limite. A Lei de Talião que tu pareces estar a seguir, diz: "Olho por olho, dente por dente", mas tu estás a cobrar 2.000% de juros em vidas humanas ao povo da Palestina. É mesmo coisa de judeu!
É hora de parar para pensar numa situação que garanta a paz no teu país. Chega de carnificina e, embora tu não queiras aceitar essa alternativa, só há uma solução para um problema que já tem barbas. E essa solução passa por garantir aos palestinianos um território que seja só seu e deixá-los viver a sua vida.
A solução de os fechar na Faixa de Gaza provou ser um erro e já que aquilo está tudo minado e pejado de túneis por todo o lado, aconselho-te a tirar de lá toda a gente para poderes deitar aquilo tudo abaixo (já pouco resta em pé) e depois construir o que quiseres e ao teu jeito.

Os dois milhões e picos de nómadas que um dia vieram das ilhas gregas e escolheram essa terra para viver e, hoje, estão entalados num espaço sem quaisquer condições de vida, merecem um lugar onde possam ser felizes e donos da sua vontade. Isto quer dizer que, mais tarde ou mais cedo, vais ser obrigado a seguir o conselho que os teus parceiros, a começar pelos Estados Unidos da América, te têm dado, aceita a independência da Palestina.
E para não teres um pequeno país dividido em duas fracções desligadas, como agora estão, Cisjordânia e Gaza, eu ofereço-te uma solução facílima de aceitar e pôr em prática. No mapa que podes ver aqui ao lado, pintei duas zonas a verde, em que inseri as letras EXC que significam "Exchenged areas", para onde deves deslocar a população da Faixa de Gaza na sua totalidade.
Tomei a liberdade de escolher uns pedaços de terra que aos judeus não interessam muito, um a norte e o outro a sul da actual Cisjordânia, de modo que as fronteiras entre a futura Palestina e o teu país sejam mais fáceis de controlar.
E se os palestinos (ou o Hamas) quiserem viver em túneis, podem começar a construí-los logo que tomem passe dos novos territórios. Quem lá viver, hoje, terá que aceitar uma mudança para Gaza ou outra qualquer zona de Israel, onde prefiram construir o seu futuro. Podes dar uma ajuda financeira, a todos os que tiverem que mudar de residência, tanto judeus como palestinianos, pois esse dinheiro será muito mais bem empregue que para pagar armas e munições, como tens feito desde 1958 até hoje.
E termino apelando à tua inteligência e bom senso para aceitares o meu conselho, pois não há outra solução possível. Eu sei que tu preferirias vê-los todos mortos, mas à luz da Humanidade e das leis em vigor que tu tens infringido repetidamente, isso não é possível. Verás que o teu futuro e o dos teus conterrâneos será muito mais feliz, quando os palestinianos viverem na sua Palestina livre e do modo que mais lhes agradar. Talvez venham a torcer a orelha por lhes faltar o emprego e outras benesses que tinham, enquanto ligados a Israel, mas isso é problema deles, nada que te deva causar preocupação.

sábado, 20 de abril de 2024

Descanso semanal!

 Hoje, não vou cansar-vos com a minha prosa. Eu fico com os meus pensamentos e a minha inspiração reservados para mim mesmo. Estou certo que vós encontrareis o vosso caminho sem a minha ajuda!

Deixo-vos a olhar para um gráfico (mentiroso) que me manteve a zero durante 4 dias e depois mostra um pico tão alto como o Everest. Coboiada!!!


sexta-feira, 19 de abril de 2024

O Povo de Deus!


Nós, os que não somos judeus, dizemo-nos filhos de Adão e Eva, enquanto que eles se dizem descendentes de Abraão, Isaac e Jacob. Abraão, o tal que só teve um filho e que Deus lhe ordenou que o imolasse para provar a sua fidelidade e confiança. Quando o sofrido pai levantou a adaga para desferir o golpe fatal que o deixaria sem filho, eis que aparece um anjo que lhe diz: - Pára, Abraão, Deus acredita na tua boa fé, tens aqui um cordeiro para sacrificar ao teu Deus que é teu protector.

O Antigo Testamento é cheio destas histórias que tendem a provar que há um povo, o Judeu, que Deus tomou à sua guarda e zela para que nenhum inimigo o moleste. O Irão, país mais muçulmano que qualquer outro, deu uma facada em Israel, na semana passada. Esta madrugada, Israel pagou-lhe na mesma moeda, enviando umas ameixas escaldantes, montadas em modernos drones que a mão de Deus guiou até ao lugar onde foi decidido que rebentariam.

A História das 12 tribos de Israel é uma coisa que vale a pena estudar. Cada tribo é especialista numa matéria e só nessa dá cartas sem se imiscuir no trabalho das outras. Há os que atacam e os que defendem, há os que tratam da riqueza e da religião, há gente para tudo, como Deus quer e manda, já que foi ele a inspirar os lideres do seu Povo, começando por Jacob, para adoptar esse tipo de organização.

Ao longo dos séculos, cerca de 2 mil anos, antes de ele ter decidido vir a este mundo corrigir alguns erros, e mais 2 mil e tal que já passaram desde o dia em que ele retornou ao Pai, os judeus tem sofrido mil e um trabalhos que se diz serem ordenados por Deus para testar a sua fé. Foram da Síria, onde Isaac está enterrado ao lado da sua Sara, para o Egipto por causa da fome que se instalou naquela zona do mundo em que viviam. Foram escravizados pelos egípcios até ao dia em que Moisés os conduziu à Terra Prometida, onde havia o leite e o mel.

Desde essa data enfrentaram muitos inimigos que não estavam, nem estão ainda hoje, convencidos que Deus tinha o direito de lhes dar aquelas terras, nas margens do rio Jordão, deixando-os a eles de fora, condenados a apascentar ovelhas e cabras nos terrenos bravios a toda a volta. Esses terrenos que formam os actuais países do Líbano, Síria, Jordânia, Iraque e Irão, além do Egipto, claro, de onde Moisés os tirou à cerca de 4 mil anos, continuam pobres, como eram nesses tempos, e não fora o petróleo descoberto debaixo das areias do deserto. Continuariam a vestir-se das peles dos animais que pastoreiam e comendo tâmaras, além do leite e carne desses mesmos animais.

E não querendo, por nada deste mundo, pertencer ao mundo dos judeus, inventaram um profeta para eles, Maomé, o tal que dizem ter escrito o Corão, o livro das regras que são obrigados a seguir sem se desviar um milímetro que seja. Regras que são destinadas aos homens, fazendo das mulheres suas escravas. Eles têm todos os direitos, inclusivé sobre a vida das suas mulheres - podem ter quantas quiserem e conseguirem alimentar - elas nenhum, nem rezar ao tal profeta podem. Uma coisa assim à antiga portuguesa, fazes o que te mando e bico calado!

Se é verdade que Deus está do lado do seu Povo, não há hipótese de o Irão sair bem desta história. Depois das ameixas que estouraram por lá, antes do sol nascer, haverá mais e mais escaldantes, até que Deus e o seu Povo acalmem a sua fúria e sejam deixados em paz. Nós, os portugueses, na maioria descendentes do povo Celta, não nos sentimos como parte de nenhum desses povos, nem de Deus nem de Maomé, e só queremos viver em paz e que ninguém nos meta ao barulho.

Como por ali não há qualquer mar, a NATO não tem voz activa na matéria e portanto não seremos forçados a ir para a guerra, aconteça o que acontecer. Digo isto, porque tenho filhos e netos e não os quero ver mobilizados para uma guerra que não lhes diz nada!

quinta-feira, 18 de abril de 2024

E vão dois!

 


O nosso governo é uma vergonha, ainda nem acabou o aquecimento e já tem duas baixas! Para não falar nas promessas feitas que estão a cair como folhas em tarde de Outono. O «choque fiscal» vai ter muito que esperar para nos fazer tremer com o passar da corrente. Os professores vão ter que tomar anti-depressivos, pois só na próxima legislatura, lá para 2029, chegarão ao fim do seu calvário. Talvez sejam os empresários os primeiros a ver cumprida a promessa de redução do IRC, pois é aí que se concentram os interesses da nossa direita.

E a Justiça? Essa é a caricatura do Zé Pinóquio! Mentiroso compulsivo, desempregado de luxo, ele elegeu os juízes e magistrados do Ministério Público para fazer de sacos de treino no seu ring de boxe. Rei dos recursos nada o faz desistir, um não deu em nada segue outro para lhe tomar o lugar. A Relação recusa-se a fazer o que ele quer e o homem vai aos arames e já tem o seu advogado a trabalhar no próximo. Os crimes que prescrevem em 2025 é como se já não existissem, pois serão precisos anos para iniciar e levar a termo um julgamento.

E a governanta que caiu hoje era, justamente, assessora da Ministra da Justiça, talvez a escolhida para estudar a reforma que nos foi prometida e já leva muitos anos de atraso. No tempo do Salazar, a Pide ia a casa das pessoas, algemava-as e carrega com elas a caminho do Tarrafal. No tempo do PREC, o Otelo queria levar os fascistas todos para o Campo Pequeno e metralhá-los. Passaram 50 anos e estamos muito pior, os democratas riem-se da Justiça, brincam com ela e arranjam sempre uma desculpa para que ela não funcione. O Pinóquio mete recursos, o Salgado alega que sofre de Alzheimer, o Costa não sabe porque há tanto pilim na sua residência oficial, o Pedro Nuno e o Galamba brincam aos gestores de topo e estouram milhões do erário público e não se passa nada. O Oliveira e Costa, amigo do Cavaco, morreu sem prestar contas pela falência do BPN. O BIC, o Banif e o Novo Banco custaram aos cofres do Estado muitos milhões, mas nunca se encontraram os responsáveis por essas perdas.

Os hospitais, os médicos e enfermeiros estão embrulhados numa borrasca que ninguém sabe como se vai resolver. Felizmente, acabei de sair de uma crise que me levou ao hospital e só posso dizer bem do serviço, pois não me faltaram com nada, mas nem todos têm a minha sorte!

E o nosso Parlamento parece um circo, onde se divertem à grande os que vêem os políticos meter a pata na poça e não sabem como sair da lama. À esquerda e à direita é tudo a meter água, parece aquela história do «um diz mata e o outro diz esfola» e ninguém dá a mão ao vizinho para lhe salvar a face. Aquilo é mais o género de pôr a mão na cabeça e empurrar para baixo, quando vêem alguém a afogar-se.

E a Habitação? Essa ainda vai dar muito que falar, o nosso mergulho no Turismo e no Alojamento Local vai ainda dar-nos muitos desgostos, antes que haja uma legislação justa que proteja inquilinos e senhorios. Ontem, fui dar uma ajuda ao meu filho para procurar uma casa de renda e fiquei banzado com o pedido de 800€ por um T2, numa remota aldeia do concelho de Santo Tirso. Eu nem 200€ daria pela casa que ficava longe de tudo.

E o Costa talvez vá para a Europa, o Selfies acha que sim e nós já sabíamos que isso estava previsto para o ano de 2024. Lembram-se da tomada de posse, quando o Marcelo disse ao Costa que nem pensasse em sair a meio do mandato, pois dissolveria o Parlamento? Porque pensam que ele se apressou a pedir a demissão logo que viu uma chance de se escapar? Esta gente, quando vê um tacho ao seu alcance, não dá ponto sem nó e o Costa não é melhor nem pior que outros, como o Durão Barroso, por exemplo. Farinha do mesmo saco, como diz o brasileiro. E a farinha faz-se de muita maneira, no Minho mói-se o milho, no Alentejo o trigo ou a bolota, em Trás-os-Montes o centeio ou a castanha e no Algarve a alfarroba. E no BES de Salgado usavam-se os euros para o mesmo efeito, perguntem ao Manel Pinho se não era assim!

quarta-feira, 17 de abril de 2024

Um Homem novo!

Há coisas que rejuvenescem um homem! Uma delas é receber boas notícias e previsões que pode chegar até aos 100 anos! Outra é usar uns óculos novos e mais bem escolhidos que os anteriores que me faziam lembrar o Almeida Santos, socialista já falecido que eu detestava até não poder mais. Acresce que (além dos óculos com fundos de garrafa) ele viveu em Lourenço Marques nos últimos anos do domínio português, era amigo do Samora Machel e seu advogado, sendo também um dos investidores que puseram de pé aquele horrível prédio 33 plantado na baixa da capital.

Falando de Moçambique e do Samora, ainda tive umas esperanças que a revolta de 7 de Setembro, ou assalto ao Rádio Clube, como também lhe chamaram, mantivesse os portugueses à frente de um governo misto que pudesse garantir uma transição pacífica, mas não tive sorte nenhuma. A única coisa que me calhou em sorte foi receber o «Maõzinha» como colega na empresa em que eu trabalhava.

A História do Mãozinha conta-se em poucas palavras. Um amigo levou-o para Lourenço marques e arranjou-lhe um emprego para ele se sustentar. Depois do 25 de Abril, o amigo, adivinhando que aquilo ia acabar mal, regressou a Portugal e sendo um especialista em Informática, rapidamente, ganhou a confiança da IBM Portugal e foi colocado na Maconde como Director daquela área que estava em grande desenvolvimento.

O Mãozinha continuou em Lourenço Marques e, no dia 7 de Setembro de 1974, juntou-se aos brancos revoltosos e foi para o Rádio Clube de arma na mão. Como a coisa deu para o torto e antes que fosse preso, deu o salto para a África do Sul. Lá arranjou emprego como electricista e tempos depois ao trepar a uma torre de alta tensão levou uma chicotada com um cabo em carga que o atirou pelo ar e o chamuscou todo, não morrendo por milagre. Resultado, meses e meses de hospitalização e uma data de operações de cirurgia estética para reconstruir o corpo que fico todo queimado. Por pouco ficava sem uma perna, ficou sem um braço, o direito, daí lhe veio a alcunha por que ficou conhecido daí em diante, e com feias cicatrizes nos sítios em que o cabo encostara.

Com o corpo reparado regressou a Portugal, em 1976, e veio visitar o tal amigo de Lourenço Marques que trabalhava comigo na minha (salvo seja) empresa. Em três tempos vi-o entrar para os quadros da Macmoda, empresa de comércio de pronto-a-vestir pertencente ao Grupo, recentemente, lançada no mercado português. E dali até chegar ao escritório central da Maconde pouco tempo levou, transformando-se em meu colega de trabalho, para o bem e para o mal.

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Os aceleras!

 

O automóvel da moda, quando eu era rapaz solteiro

Av. Mouzinho de Albuquerque, na mesma altura

Comecei a publicação com as fotos de um Mini e da velha Avenida Mouzinho que já não existe, pois foi sacrificada em favor de um parque de estacionamento subterrâneo para arrumar o excesso de carros que entram na cidade, diariamente. Nas faixas laterais da avenida podia estacionar-se à-vontade e a minha história começa, precisamente aí.

A meio da avenida, numa rua lateral, havia um cinema que eu costumava frequentar. Por volta da meia noite terminava a soiré e todos saiam para rumar as suas casas. Quem morava longe, como eu, vinha de carro e, se houvesse um lugar livre, estacionava na avenida, com a frente virada para o nascente de modo a sair logo na direcção certa.

Uma bela noite, ia eu a caminho do meu carrinho que me levaria a casa e na minha frente iam dois jovens em passo acelerado. Uns 100 metros à minha frente, abriram a porta de um mini que estava estacionado do lado esquerdo (conforme a imagem acima). Bateram com a porta e uns poucos segundos depois, o carro arrancou a toda a velocidade, galgou o passeio central e foi enfaixar-se na parede do prédio em frente. Felizmente, não havia carro estacionado no sítio onde ele se enfiou e assim o prejuízo foi menor.

Fiquei a pensar como foi possível uma coisa daquelas. Ou o condutor era um novato, ou estava com os copos para fazer uma coisa daquelas. Quando rodou a chave para pôr o motor em marcha, deve tê-lo feito com o carro engatado em primeira e o pé em cima do acelerador. Se o carro tivesse a direcção alinhada daria uma tremenda marrada no carro da frente e talvez tivesse partido os dentes. Por sorte, ou azar, tinha deixado a direcção toda torcida, com os pneus virados para fora, tal e qual como estavam quando terminou a manobra de estacionamento.

Ontem, ao ouvir a notícia daquela senhora que arrancou de marcha-atrás, a toda a velocidade, atropelando um "pelotão" de escuteiros que estavam em formatura. lembrei-me desta ocorrência. Uma criança morreu e outras 4 ou 5 ficaram feridas. E, tal como naquele dia, na Avenida Mouzinho, eu pergunto-me como é possível uma coisa destas acontecer. A não ser que a condutora tenha sofrido algum percalço de saúde, quem lhe deu a carta de condução merecia ser responsabilizado por este crime.

Para se conduzir uma máquina que pode matar pessoas há que estar preparado, física e mentalmente, para o fazer. E eu não acredito que aquela senhora, pelo menos naquela altura em que atropelou as crianças, o estivesse. Vou ficar atento ao seguimento deste caso, no Tribunal de Barcelos.

A título de curiosidade, isto passou-se no adro da igreja de Lijó, freguesia onde mora o camarada Barbosa (NMA 18221, escola de Março de 1963) que esteve comigo, em Moçambique, na CF2. Desde que saiu da Marinha não teve uma vida fácil. Emigrou para o Luxemburgo e casou-se com uma mulher com a doença dos pezinhos que lhe morreu nova e o deixou com alguns filhos, todos padecendo da mesma doença da mãe. Depois dos muitos trabalhos que passou com os filhos, acabou por sofrer um AVC que o deixou meio incapacitado. Voltou à terra que o viu nascer, arranjou uma companheira para o ajudar a carregar a sua cruz, sofreu um novo AVC e nunca mais deu um passo sem ajuda de terceiros.

Há meia dúzia de anos que o não visito, nem sei se ainda é vivo, mas tudo isto me passou pela cabeça, ontem, ao assistir à reportagem passada na TV. E fiquei com vontade de ir até Lijó e verificar de o fuzileiro Barbosa continua a resistir à adversidade, ou já partiu para o descanso eterno.

domingo, 14 de abril de 2024

Promessas leva-as o vento!

 


Eu bem tinha prometido desligar-me do Benfica até ao fim da época, mas o coração não deixa. É que nisto de amores não é como nós queremos, é como é e ponto final!

Eu sugeri ao treinador que mudasse a equipa, mas não estava à espera que ele mudasse tudo, do guarda-redes ao avançado-centro, passando pelos laterais e meio-campo. Eu queria ver o que o Kokçu valeria no lugar do Rafa e ele marcou logo um golo. Eu queria o Morato a jogar e ele fez-me a vontade. Desconfio que o Roger Schmidt é um dos visitantes deste blog, entra, vê o que lhe interessa e vai-se embora sem nunca deixar um comentário. Há mais como ele!

Afinal parece que ele mudou a equipa "quase" toda porque quer ir a Marselha descansadinho e dar uma abada aos franciús. Que Deus o ajude, eu até já me estou a ver a defrontar o Atalanta de Gasperini que ganhou o seu jogo da primeira mão por 3 a 0 ao Liverpool. Se esse for o nosso destino iremos de cabeça levantada, ninguém é melhor que ninguém e no futebol o que mais há são surpresas.

O Trubin, branquinho vindo lá dos confins de Donetsk, na Ucrânia, deu lugar a um negro (mais negro que o Belzebu) na baliza do Benfica que nos deixou a tremer mais que uma vez com os seus malabarismos dentro da pequena área. O Rollheiser que foi contratado como avançado, um dos candidatos ao lugar do Gonçalo Ramos que foi trocado por uns patacos, no fim da época passada, cumpriu o seu dever, entrou e marcou um golo.

E no ataque o Rafa não fez falta nenhuma, pode ir descansado para o tal destino que espera por ele, seja lá onde for que nós cá nos arranjaremos!

O que eu me divirto!

Sempre fui amigo de ir ao circo, de ver os palhaços e admirar os equilibristas e treinadores ou domesticadores de animais. Infelizmente, os circos estão a passar de moda, aquilo não dá de comer a ninguém, e é raro aparecerem por aqui.

Mas, felizmente, há o FCP e aquilo é mais que um circo! Cada jogo deles é um espectáculo e a participação de cromos, como o Sérgio Conceição e o Pinto da Costa, dá-lhe um sabor extra. Tudo lhes serve para "armar a barraca", mas se empatam ou perdem a coisa vira um sucesso que ultrapassa as fronteiras deste país pequenino, mas com muita(s) História(s).

Não me posso esquecer, e por várias razões, da festa e dos foguetes que lançaram depois de ganharem ao Benfica por 5 a 0. Depreendia-se daí que não havia pai para o «Focuporto» nem adversário que lhe fizesse frente. E depois espalham-se ao comprido com adversários como o Estoril, o Gil Vicente e outros que tais. O que eles sofreram, ontem, para conseguir um empate!

E no fim do jogo, o Sérgio põe o seu lugar à disposição do presidente. Uma autêntica palhaçada com o avançado da época e uma classificação que já não tem remédio que a cure. E o presidente, a sentir o cu chegado âs calças preocupado com a possibilidade de perder as eleições que se realizarão antes do fim deste mês.

Citando uma personagem que todos bem conhecem eu em verdade, verdade vos digo, o FCP ficará muito melhor, quando acontecerem as seguintes coisas:

  • O Pintinho abandone de vez o lugar que ocupa há 40 anos
  • O Sérgio Conceição vá fazer vergonhas para outro lado
  • Que o seu filho seja devolvido ao clube a que pertence
  • O piscineiro Taremi siga para Itália
  • E o cabaneiro do Pepe vá para a reforma
Bom domingo e sejam muito felizes!

sábado, 13 de abril de 2024

A minha guerra!

 

Há 50 anos praticamente estão prometidas diversas regalias e o que acontece é que quando foi aprovado em 2020 o Estatuto do Antigo Combatente, só foi aprovada uma mão cheia de nada”, defendeu António Araújo da Silva, dirigente do Movimento Pró-Dignidade ao Estatuto do Combatente, em declarações à Lusa.

O movimento pretende ser recebido “o mais urgentemente possível” pelo ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, e quer alertar para a “revolta” destes antigos combatentes.

“Com mais de 70 anos, como devem compreender, estamos carregados de problemas graves de saúde. Se não tivéssemos ido à guerra não teríamos motivo. Muitos dos meus camaradas vieram de lá com graves problemas de saúde e estão cá e quem é que lhes vai pagar a medicação?”, questionou António Araújo da Silva.


Começo o meu texto com uma declaração de interesses. Contrariamente àquilo que se diz acima, eu não trouxe comigo grandes traumas da guerra, nem preciso de ajuda para pagar os medicamentos que tomo. Sorte minha ter feito a tropa na Marinha e não no Exército e ter tido uma carreira profissional que me garantiu o rendimento suficiente para viver sem preocupações financeiras.

Os fuzileiros portugueses dividiam-se em duas categorias, os navais e os especiais. Cada categoria tinha a sua formação adequada à missão que iam cumprir, os primeiros garantindo a segurança das Unidades de Marinha em que prestavam serviço e os segundos combatendo os guerrilheiros das forças de libertação em cada um dos 3 teatros de guerra. A formação dos "Navais" era mais aligeirada e a dos "Especiais" muito mais exigente, do ponto de vista físico.

Isto não quer dizer que os FZN nunca iam ao mato, pois ei fui lá várias vezes e ouvi as balas zumbirem-me à volta da cabeça. Por seu lado, os FZE passavam a vida no mato, calcorreando quilómetros e quilómetros para procurar, emboscar ou eliminar o inimigo que nos massacrava com salvas de morteiro e colocação de minas terrestres em tudo que era caminho. A maior parte das suas missões demoravam um dia e uma noite, depois descansavam 24 horas e podiam ser obrigados a sair de novo a qualquer hora, tudo dependia do objectivo da missão.

Os traumas de guerra eram provocados pelo medo, pela ansiedade e pela visão de camaradas mortos ou estropiados. Felizmente, não vivi nada desse género e os mortos e feridos que me passaram pela frente dos olhos foram um sipaio que nos guiava ao encontro do inimigo que morreu com um tiro nas costas e outro na cabeça e um camarada do Exército que estava comigo num pequeno grupo e ficou sem as duas pernas num rebentamento de mina anti-pessoal.

Na minha primeira passagem por Moçambique, já o meu tempo de comissão tinha expirado, quando o terrorismo, finalmente, rebentou. E m Angola e na Guiné já a guerra ia longa e nós, na costa oriental de África à espera que a Frelimo se decidisse a avançar. Aconteceu na última semana de Setembro de 1964 e foi nessa data que eu recebi ordens para avançar para a frente de guerra. O nosso regresso à Metrópole ficou adiado por seis meses e, metidos num Nord Atlas da FAP, rumámos a Metangula, no Lago Niassa, onde a Marinha tinha construído, no ano anterior, uma Base Naval para substituir o velho Posto de Rádio que ali funcionava, desde o início do século XX. A nossa missão era defender do inimigo essa importante Unidade de Marinha que ficava a muitas centenas de quilómetros de qualquer cidade moderna e civilizada.

De 1962 ao fim de 1964, a CF2 (Companhia de Fuzileiros Nº 2) era a única força de fuzileiros nessa antiga colónia portuguesa. Em Dezembro de 1964, chegou a Porto Amélia o DFE1 (Destacamento de Fuzileiros Nº 1), comandado pelo Tenente Max Fredo, conhecido oficial de fuzileiros que esteve ligado à inauguração da Escola de Fuzileiros, em Vale de Zebro, e, em Março de 1965, a CF6, comandada pelo célebre Tenente Patrício. Isso permitiu que a minha CF2 regressasse a Lisboa, em Março de 1965, numa inesquecível viagem a bordo do Infante D. Henrique com passagem pela cidade do Cabo, Luanda, Ilhas Canárias e Madeira.

Seis meses depois, estava eu de regresso a Moçambique e nos dois anos que se seguiram vivi mais um ano na capital, garantindo a segurança do Comando Naval e da Estação Radionaval da Machava, seguido de outro ano nas matas do Niassa, período em que fui várias vezes para o mato, em apoio aos meus camaradas do DFE5 e DFE8 que andavam em perseguição dos "turras", do extremo norte, fronteira com o, então, Tanganika ao extremo sul, na fronteira com o Malawi, alguns quilómetros a sul de Meponda (ou Porto Arroio, se preferirem o nome português que nunca pegou). A operação mais longa em que participei foi um pouco a norte de Meponda e durou 17 dias e 17 noites. O trauma que guardo dessa operação foi ter sido alimentado a ração de combate e água do lago.

E falando de rações de combate, quero lembrar que aquelas bolachas duras como madeira foram inventadas para alimentar os navegadores dos Descobrimentos, nas suas longas viagens à vela e eram produzidas nas instalações da Marinha de Vale de Zebro, onde, em Setembro de 1961, foi instalada a Escola de Fuzileiros. Quem conhece a história sabe dos «Moinhos de Maré» que havia na margem direita do rio Coina e serviam para moer o trigo usado nessas bolachas ou biscoitos, como também eram chamadas. A lagoa que formava o malagueiro em que os fuzileiros se treinavam, não era mais que uma represa de água que enchia com a maré que subia pelo Tejo, até ali, e despejava nas seis horas seguintes para fazer girar as mós dos moinhos.

E para finalizar, se tivesse pernas para isso iria até ao Porto juntar-me à manifestação, como não tenho vou limitar-me a acompanhar a coisa pela TV.

E deixo aqui um abraço a todos os combatentes da Guerra Colonial que, por mero acidente, passem por aqui !!! 


sexta-feira, 12 de abril de 2024

O velho e o novo Benfica!

 

Velhas guardas do Glorioso que compareceram, ontem, na Luz para homenagear o Mister Erickson. Só faltam os que já "abalaram" para o outro lado, o tal onde somos invisíveis, não usamos a palavra para contactar com os familiares e amigos e de onde não há regresso possível.

O Benfica ganhou, mas voltou a fazer um jogo fraco, muito fraquinho com os jogadores cansados e pouco convencidos que têm que correr até cair para o lado, ou marcar 6 golos, meia dúzia é o mínimo que contenta os adeptos.

A mim faz-me muita impressão que o treinador não tente outras soluções para o ataque que é onde reside o problema da equipa. Tantos jogadores no banco e só sabe jogar com o Rafa e o Tengstedt. Este avançado é o pior de todos que temos no plantel e o treinador só o põe a jogar para provar que não se enganou na contratação. Nem falo do Di Maria que é um artista, mas está cheio de caruncho, entrar ao intervalo e jogar na segunda parte, quando o adversário já está cansado e com as pernas a tremer, seria o máximo que o treinador devia exigir dele.

A nossa defesa está razoável, não digo boa, porque há ali alguns problemas que urge serem resolvidos, o nosso meio campo está bem e tem alternativas de bom nível, caso seja necessário, o mal está no ataque. E se o Rui Costa não perceber isso e chamar o treinador à pedra estamos feitos num oito.

Se me é dado ter voz neste assunto, quero o Kokçu no lugar do Rafa e dois avançados diferentes dos que têm jogado, ultimamente. E gostaria de ver o Morato alternar com Otamendi para ter a certeza do valor do rapaz. Ou jogar com os dois e mandar o Aursnes mais para a frente, onde ele desequilibra e rende mais. Eu não sou treinador nem me cabe a mim resolver o problema, mas começo a ficar impaciente com o rumo que as coisas estão a levar.

E não quero voltar ao tempo em que rezava a todos os santos para tirarem o Rui Vitória ou o Jorge Jesus do banco do Benfica. O Schmidt não é burro, mas tem que haver alguém na estrutura benfiquista que o chame à pedra, quando as coisas começam a descarrilar. E na presente época só tem havido descarrilamentos. Só nos mantivemos nos carris até ao jogo da Supertaça, depois o que se viu.

Vamos lá cambada, o Benfica é grande demais para se deixar enrolar nestas chachadas. Investir milhões, ano após ano, tem que nos garantir um plantel de primeira. E se isso não acontecer é porque temos um pneu furado. Descubram qual é e mudem-no!

quinta-feira, 11 de abril de 2024

Estatística!

 

Não acredito muito nestas estatísticas, mas à falta de melhor vou vivendo com elas! Deve haver algo que a Google faz (para valorizar a publicidade que vende) que provoca estes altos e baixos!

Velho e doente!

 Ser velho já é mau que chegue, mas velho e doente é dose dupla que ninguém quer!

Estou à espera que saia o exame ao aparelho digestivo que o médico do hospital aconselhou, o que acontecerá, se tudo correr bem, na próxima terça-feira. Até lá vou aguentar as náuseas e as dores o melhor que puder.

E depois disso talvez regresse com outra disposição para grandes escritos!


Hoje, vou só lembrar que o nosso PR, o dito Selfies, meteu mais uma vez a pata na poça. Depois do caso da gémeas que o vai envergonhar, agora foi a condecoração dada, em segredo, ao general da luneta. Talvez ele tenha ganho alguns créditos com a sua contribuição para que o 25 de Abril acontecesse e sem derramamento de sangue, mas a sua actuação no 11 de Março derreteu todos esses créditos. Segundo as regras da democracia ele passou a ser um traidor e aos traidores não se oferecem condecorações!

terça-feira, 9 de abril de 2024

Mais uma noite mal passada!

 Esta noite, revivi a agonia em que viveu o meu irmão mais novo, nos últimos meses que passou neste mundo. Ele contraiu um cancro no piloro, a válvula que liga o nosso estômago ao intestino delgado. Ainda foi ao bloco operatório, mas o cirurgião, perante aquilo que viu, voltou a coser  a carne para fechar a ferida do bisturi e avisou a família que se preparasse para o pior. E o pior não foi a morte dele, mas sim os 6 meses que demorou a morrer. Tudo o que metia no estômago tinha que ser vomitado ou retirado do seu abdómen, através de uma punção abdominal, para onde escorria pelo buraco aberto no fundo do estômago, pois o caminho para o intestino estava obstruído.

Eu estou a sentir-me um pouco como ele se sentia, sempre que como alguma coisa é um martírio para o bolo alimentar seguir o seu caminho, as dores são insuportáveis e ao intestino grosso não chega nada. A obstipação não tardará a mostrar os seus resultados e tenho que me preparar para aguentar mais umas dores. Como dizia o outro (que já não recordo quem era), cada um tem a sorte que merece!

Ao passar por um dos blogs amigos encontrei uma coisa de que gostei e para suprir a minha falta de inspiração trouxe-a comigo para vos oferecer. Ora vejam:

A mulher foi feita da costela do homem,
não dos pés para ser pisada, 
nem da cabeça para ser superior,
mas sim do lado, para ser igual,
debaixo do braço, para ser protegida
e do lado do coração,
para ser AMADA.

segunda-feira, 8 de abril de 2024

Resultado 4 a 1!

 Levo 5 dias à bulha com a minha ursa e só hoje, ao 5º dia parece que posso marcar um ponto a meu favor. Os dias 4, 5, 6 e 7 foram para ela, o primeiro que levou ao hospital e os outros 3 que me massacrou com vómitos e dores abdominais, de manhã à noite.

Como a trouxe comigo, no regresso de Moçambique, parto do princípio que é negra, mas pode ser branca ou cinzenta, o que me interessa é virar o resultado a meu favor.

Estou a chegar a casa, depois de uma visita à médica de família para me receitar os exames da praxe, aqueles que terminam em "scopia" para analisar os extremos do nosso tubo digestivo. Antes de mais, temos que ter a certeza de qual é a raça do animal que estamos a combater. Imaginem, por um momento, que não é a minha ursa de estimação e se trata de outro inimigo que resolveu atacar-me de surpresa. Temos que o estudar bem (e depressa) para descobrir o melhor meio de o derrotar.

A noite passada vi-me grego com as dores abdominais, meti-me no paracetamol e a coisa abrandou. Espero que não volte tão depressa, pois dores não é comigo, sou muito sensível. E não vos maço mais com os meus problemas, pois cada um de vós já tem os seus próprios para se preocupar. Tenham um bom dia com muita saúde !!!

domingo, 7 de abril de 2024

Oh, machista que sou!


Há muitos anos que ando à bulha com uma "ursa" que trouxe de Moçambique e de vez em quando acorda para me moer a paciência! Se fosse um urso (macho) talvez tivesse mais sorte, pois as fêmeas são muito mais problemáticas e quando apanham um homem de jeito não o largam mais ou, no mínimo, deixam-no de rastos antes de o largarem.

Há 3 dias e 3 noites que não me larga e estou a ficar sem paciência, até me tirou a vontade de criticar o treinador do Benfica por ter preparado mal a equipa para jogar contra o Sporting. Tanto queria ganhar esse jogo, para continuar na ilusão de poder ganhar o título, e até senti a ursa rir-se da minha desilusão. Vou dedicar-me a ela, nos próximos dias e esquecer o Benfica, até ao fim de Julho.

Tenho meia dúzia de fêmeas ligadas à minha vida, todas me deram uma quota parte de felicidade e de problemas, umas mais fortes num caso e mais fracas no outro. Tenho sido capaz de conviver com elas sem me ir abaixo das canetas e com esta, a ursa, não será diferente. Tenho a firma convicção de que não será uma mera e antiga lesão no duodeno que me levará a cruzar a fronteira dos dois mundos, o dos vivos e o outro de que ninguém regressa para nos contar o que por lá se passa.

Regressei do hospital com uma medicação protectora e um conselho para fazer uma dieta sem riscos, o que prometo fazer durante alguns dias, depois espero poder regressar à minha vida normal. Vida que inclui o regresso às publicações frequentes nos meus blogs. E participação em alguns grupos, no Facebook, ligados à Marinha, aos Fuzileiros, a Moçambique e à Guerra Colonial.

Desejem-me saúde para conseguir isso !!!

sexta-feira, 5 de abril de 2024

Noite especial!

 

Hospital de S. Pedro, o pescador
Póvoa de Varzim

A noite passada fui dormir ao hospital. Nada de mais, já não é a primeira vez e admito que não será a última. Tudo por causa de uma úlcera gástrica (acho que lhe chamam péptica) com que eu convivo, desde que regressei de Moçambique. Comecei a ficar nauseado, na segunda-feira, fui piorando e ontem desatei a vomitar sangue. Tive que me vergar à realidade e acedi a que a minha filha ligasse para a linha da Saúde 24. Correu tudo muito bem, atenderam logo a chamada, marcaram-me a consulta no hospital para onde me dirigi e fui atendido 10 minutos depois de lá ter chegado.

Muitos médicos, muitos enfermeiros, uma azáfama que parecia estarmos nas Festas de S. Pedro. Não me posso queixar do atendimento, podia ser melhor (coisa só reservada a gente importante que eu não sou), mas não foi mau.

Hoje de manhã, para ter alta, foi uma pouco mais caótico, o médico não me deu muita corda e foi à vida dele. Comecei a moer a paciência da enfermeira de serviço e ela acabou por ir à Secretaria e veio de lá com a notícia que a minha alta já estava lá registada. Perguntei-lhe: - e agora que faço? Se fosse eu, respondeu-me, ia embora!

E eu segui o seu conselho, dirigi-me para a porta e pus-me na alheta. Se o médico lá voltou para me dar a notícia e alguns conselhos ... encontrou a cadeira vazia!

quinta-feira, 4 de abril de 2024

O Torga!

 A publicação de uma amiga (dos blogs) fez-me voltar a Coimbra, terra onde iniciei os meus estudos, em 1955 (há tanto tempo que me admiro de ainda recordar a data!).


Em 1934, aos vinte e sete anos, Adolfo Correia Rocha cria o pseudónimo "Miguel" e "Torga". Miguel, em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica: Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. Já Torga é uma planta brava da montanha, que deita raízes fortes sob a aridez da rocha, de flor branca, arroxeada ou cor de vinho, com um caule incrivelmente rectilíneo.

Tantos livros do Torga e eu só me lembro de ter lido os Contos da Montanha e um de poesia de que não lembro o nome, pois recuso-me a entrar na Poesia por todos os meios. Um dia destes vou partir à procura deles e comprarei uma dúzia para que me perdoem o pecado de não ter cuidado disso até agora.

Esta obra, Nero, vai ser o primeiro livro do Dr. Adolfo que quero ver na minha prateleira, ao lado dos miseráveis de Vitor Hugo ou das Obras mais significativas de Júlio Dinis, como Os Fidalgos da Casa Mourisca ou A Morgadinha dos Canaviais (entre outras).

Obras de Miguel Torga

  • Ansiedade (1928)
  • Rampa (1930)
  • Tributo (1931)
  • Pão Ázimo (1931)
  • Abismo (1932)
  • A Terceira Voz (1934)
  • O Outro Livro de Jó (1936)
  • Bichos (1940)
  • O Quarto Dia (1940)
  • Contos da Montanha (1941)
  • Rua (1942)
  • O Senhor Ventura (1943)
  • Libertação (1944)
  • Vindima (1945)
  • Odes (1946)
  • Sinfonia (1947)
  • O Paraíso (1949)
  • Cânticos do Homem (1950)
  • Portugal (1950)
  • Alguns Poemas Ibéricos (1952)
  • Penas do Purgatório (1954)
  • Traços de União (1955)
  • Orfeu Rebelde (1958)
  • Câmara Ardente (1962)
  • Poemas Ibéricos (1965)
  • Fogo Preso (1976)
  • A Criação do Mundo (V volumes, 1937, 38, 39, 74 e 81)
  • Diário (XVI volumes, 1941 a 1993)

quarta-feira, 3 de abril de 2024

Os dois opostos!


Os dois polos, quero eu dizer, os tais que se atraem ou repelem conforme a carga que transportam. Ontem, andei com uma carga positiva e fui atraído pelo discurso do Montenegro que me pareceu muito bem na sua tomada de posse. Logo veremos se foi apenas fogo de vista ou tem consistência para ir por aí fora até 2028. Do mesmo modo, gostei do jogo do Glorioso, depois de ter aqui afirmado que estava muito negativo quanto ao resultado desse jogo.

No primeiro caso, o que à política se refere, desejo, ardentemente, que o nosso novo PM consiga concretizar todos os sonhos que lhe passam pela cabeça e nos deu a conhecer, ontem, no seu discurso. Tudo aquilo que ele garantiu que seria o foco do seu governo e até o prazo de 60 dias que estipulou para si e os seus ministros apresentarem resultados é do melhor que poderíamos esperar. Só falta ver se acontece. Lá para o dia em festejaremos o Camões, etc., etc., saberemos se vai pelo bom caminho ou se já começou a tropeçar nas armadilhas colocadas no terreno pelo PS e pelo CHEGA. Estou curioso!

Quanto ao segundo caso, nem queria acreditar, quando vi o Benfica lançar-se ao assalto da baliza do SCP. O Glorioso SLB fez uma primeira parte de luxo e só faltou uma ponta de sorte para marcar 1 ou 2 golos, pois oportunidades não faltaram. Depois veio a segunda parte, na qual ambas as equipas marcaram dois golos, nos primeiros 20 minutos, e daí em diante só deu Benfica. Mereciam ter marcado 2 ou 3 golos na última meia hora, das muitas oportunidades criadas pelos nossos avançados, mas o destino tinha ditado que o Sporting seria o finalista na Taça de Portugal e contra isso ninguém pode lutar. Ou melhor dizendo, poder pode, mas ser bem sucedido é que não.

A desgraça do Benfica escreveu-se no jogo da primeira mão, em que o Benfica não se esforçou tanto como ontem e perdeu o jogo. E, por último, mas não menos importante, a arbitragem de ambos os jogos pendeu mais para o lado dos leões que para o nosso, todos os antigos árbitros que ontem se pronunciaram a esse respeito vão também nesse sentido.

No próximo sábado, acontecerá um novo derby entre as duas grandes equipas de Lisboa. Se me dessem a escolher qual dos dois jogos eu preferiria ganhar, eu escolheria o do próximo sábado, pois uma taça é só mais uma lata para pôr no museu a ganhar pó, mas ser campeão traz-nos outras vantagens. E grandes, diria eu, pensando na Liga dos Campeões do próximo ano. Por conseguinte, vou apostar todas as fichas neste jogo, esperando ganhá-lo e com isso acelerar a saída do Ruben para Inglaterra, pois ele está a começar a ser um obstáculo intransponível para nós.

Quarta, quinta, sexta e sábado, mais 4 dias a sofrer! Espero que o pace-maker consiga desempenhar o seu papel e regularizar os batimentos cardíacos para manter o cérebro oxigenado e a pressão arterial num nível aceitável. Carrega Benfica !!! 

terça-feira, 2 de abril de 2024

Abril águas mil!

 


É assim que reza o ditado, por conseguinte não se queixem dos chuveiros que vos cairão pela cabeça abaixo, nos próximos dias e sem esquecer os que já caíram e estragaram as festas da Páscoa a muita gente. Aqui, a minha vizinha da frente não faz outra coisa que andar atrás do PCP e da Intersindical, mas nas horas vagas dedica-se ao chamado negócio dos "Anjos" que consiste em vestir personagens que fazem de figurantes nas muitas procissões que os padres organizam. Esta época correu-lhe muito mal, por causa da chuva foram canceladas todas as procissões da Semana Santa!

Isto não estava na minha mente, quando decidi o que havia de versar, hoje, na minha publicação diária (pelo menos faço um esforço para que assim se mantenha), mas saiu-me ao ver a cara do tempo que faz aqui. Os assuntos para hoje são dois e bem gordinhos, poderia escrever muitas páginas sobre cada um deles, sendo o primeiro desportivo e o segundo político.


Quanto ao primeiro, digo já para matar o suspense, é o jogo do Benfica que recebe o Sporting para uma semi-final que é uma verdadeira final, pois se disputa entre dois grandes adversários que se acham merecedores de ganhar o troféu. Infelizmente, só um pode ganhar e o outro ficará pelo caminho, a lamber as feridas e esperar por nova oportunidade, dentro de um ano.

Todos sabem que sou um benfiquista ferrenho e só não vou ao estádio, porque moro muito longe, a uns 350 Kms na estrada que liga Lisboa ao Polo Norte. Mas ficarei aqui muito atento a tudo o que se passar em campo. Sei que o Ruben Amorim é tanto ou mais benfiquista que eu, mas é também um honesto profissional e vai fazer tudo para levar o troféu para Alvalade. Há quem aposte que este será o último troféu que vai disputar pelo Sporting, pois a partir do dia 1 de Julho já terá outro patrão, possivelmente na Premier League, em Inglaterra.

Sou obrigado a admitir que o Sporting tem uma equipa mais consistente que o Benfica e não ficarei chocado se o meu clube for afastado da prova. Na verdade o Benfica nem sabe bem que equipa tem, ainda anda a testá-la. como se estivesse na pré-época. Gastou milhões em avançados e outros tantos milhões em laterais, mas continua a jogar com os mesmos jogadores que vieram da época passada, não lhe servindo para nada as compras feitas. Neste mês de Abril vai jogar todos os trunfos que têm e pode dizer adeus a 3 provas importantes, a Taça de Portugal, o Campeonato Nacional e a Liga Europa. Espero que assim não aconteça, mas estou muiiiito negativo.


O outro assunto de que vos venho falar é muito mais importante, para mim, para vós e para todos os nossos concidadãos que qualquer jogo ou competição futebolística, a tomada de posse do novo governo que se espera que dure 4 anos, mas a maioria dos comentadores lhe dá um máximo de 6 meses de vida útil.

Disso depende a nossa vida e o nosso bem estar dos próximos anos. No meu caso pode ser o último governo que ajudei a eleger, pois se durar os almejados 4 anos, há uma grande probabilidade de eu não lhe sobreviver. É verdade, sinto-me muito cansado e cheio de dores no meu pobre esqueleto, se eu viver mais que este governo vai ser um castigo duro de suportar.

Mas pondo de lado essas conjecturas que nada acrescentam ao que hoje vai acontecer no nosso país, falemos antes dos ministros e restante maralha que, a partir de hoje, tomará conta do leme da nossa governação. E eu, como marinheiro, posso bem garantir que o leme é da maior importância em qualquer navio, sem ele não haverá um rumo certo e nunca se chegará a um bom porto.

No dia das últimas eleições, rezei a todos os santos da minha devoção para que o PS não ganhasse, estou farto de socialistas daqui até ao céu, onde vejo sentado o Mário Soares a torcer pelo PNS que perdeu por um... quase nada! Desse modo, tenho que me dar por satisfeito, pois também nunca me passou pela cabeça que o Chega pudesse ganhar.

No entanto, há um "mas" que me não dá descanso. Tal como o nosso PR disse muitas vezes o Montenegro não está à altura do cargo. E vai ser ele a liderar o governo, assim a modos que um cego a guiar o nosso povo a caminho de um abismo que me parece inevitável. O futuro não se afigura risonho para ninguém, neste mundo novo que nos aparece pela proa. Guerras por todo o lado, em especial na Europa que parece cansada da paz. Houve quem afirmasse, num passado não muito remoto, que a Europa precisa de uma guerra de 30 em 30 anos para resolver problemas que sem ela não terão solução e eu deito contas a isso e verifico que já passaram 79 anos depois da última Grande Guerra.

Toda a Europa fala em reforçar o orçamento da defesa, investir na fabricação de armas e munições e regressar ao SMO (Serviço Militar Obrigatório) que foi desactivado há 20 anos, pois os Estados Unidos não vão ficar, eternamente, a forrar-nos as costas. Se queremos segurança e não ficar à mercê de déspotas, como o Vladimir Putin, temos que aprender a defender-nos e dar a vida por isso se for necessário.

Lembro-me de ter lido, na nossa História Moderna, que depois da crise de 1926 e grande grande barraca que deram os nossos políticos da "Era de Sidónio Pais", só um grande estadista e formidável professor de Economia, António de Oliveira Salazar. nos conseguiu desviar do abismo. Ora, nem de perto nem de longe reconheço essa habilidade no Luís Montenegro, ele é um mero advogado treinado na área da trafulhice para provar que os culpados são inocentes e os inocentes são quem deve pagar o patau. Nada de bom para nós que esperamos dele nada menos que um milagre. Ele prometeu pôr a Economia a crescer o dobro daquilo que calculam as autoridades europeias e eu pergunto-me onde irá ele descobrir os meios para o fazer.

Esta tarde, ele vai apresentar ao nosso PR a equipa que se propõe alcançar este verdadeiro milagre e em milagres pouco acredito eu que sou como o S. Tomé, só depois de ver acredito. Há quem deite foguetes à escolha feita por ele e há quem já esteja a torpedear alguns dos escolhidos e eu continuo aqui sentadinho à espera de ver o que acontece.

Conhecem aquela história dos remadores que foram ao campeonato do mundo e ficaram em segundo lugar? Depois de uma longa reunião, decidiram mudar os remos e alguns remadores para a prova do ano seguinte. E voltaram a ficar em segundo. Depois deitaram as culpas ao que tocava o bombo para marcar o ritmo e despediram-no. Ainda assim não ganharam, chegando à conclusão que eram os remadores que não estavam aptos para tal função e despediram-nos a todos. No ano seguinte inscreveram-se para a prova, mas no dia de a coisa acontecer constataram que tinham um belo barco, uns bons remos, mas nenhum remador. Resultado, nem conseguiram passar da linha de partida.

O governo do Costa era mau, deixou o país de pantanas, mas os cofres cheios (???). Agora, todos esperam que o Montenegro pegue nesse dinheiro que tem nos cofres e o aplique rápida e certeiramente, para remediar o mal causado pelo governo socialista. Alguém acredita que o vai conseguir? Eu não! Se ele conseguir pôr a Economia a crescer tudo aquilo que prometeu na campanha eleitoral, não vai faltar dinheiro para continuar a injectar nos vários segmentos que dele necessitam e terá garantido o seu futuro político. Isso dependerá de quem liderar a pasta da Economia e Finanças e isso ainda não sei. Se eles forem bons nisso estamos salvos, se não forem ... teremos novas eleições no princípio de 2025.

Em quem votarei nessa altura? Digam-me para me ir preparando!