sexta-feira, 7 de abril de 2023

O Sino da Minha Igreja!

 

O sino da igreja ouvia-se na freguesia toda. Nos tempos recuados da minha infância, não havia carros na estrada e nem a estrada sabia o que era alcatrão. Um velhote fazia de cantoneiro, rapava as ervas das valetas e voltava a endireitar o piso, devolvendo à estrada o saibro que as chuvas arrastavam para as valetas. Era uma luta infindável, logo que parava de chover, de enxada na mão, lá ia ele num passo certo e gesto repetido, enchendo a enxada num lado e despejando no outro.

Por conta dessa mansidão e falta do ruído dos carros, ouvia-se o sino da igreja nos 4 Kms de comprimento que tinha a minha freguesia. E no dia de Sexta-Feira Santa, os lavradores e seus jornaleiros andavam nos campos de ouvido atento, à espera das badaladas  que anunciariam a morte de Cristo pregado na cruz. Já não recordo quantas badaladas eram, mas lembro-me que todos se descobriam, benziam e rezavam uma qualquer oração que tinham aprendido na catequese.

Aqui, na cidade, onde hoje vivo, nem sei se o sino toca ou não, teria que pôr a cabeça fora da janela e esperar que o vento não seja contrário, senão as badaladas perdem-se, voam para outro lado. A rua onde moro tem um piso novo, em paralelepípedos de granito, e trânsito intenso todo o santo dia, tudo que consigo ouvir é o ruído dos pneus, umas buzinadelas, umas travagens e alguns impropérios de quem não gosta que parem os carros à sua frente, numa rua de sentido único e sem espaço para ultrapassar.

Se não estiver a dormir a sesta, a essa hora, envio o meu pensamento até Jerusalém, ao Monte das Oliveiras e, mentalmente, agradeço ao Filho de Deus por ter-se imolado pela humanidade pecadora. E, hoje, vou pedir-lhe que perdoe os pecados, e são muitos, ao Putin e que lhe meta juízo na cabeça para acabar com aquela desgraça que se vive na Ucrânia. Eu sou um fraco católico (não praticante), mas espero que Ele me oiça e acabe com a guerra.

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