A Casa de Pasto
Eu que não nasci em Lisboa e me habituei a conviver com os animais domésticos, desde os mais pequenos e que terminavam sempre na panela, até aos maiores, como o boi ou o cavalo, que muitos anos depois foram substituídos pelos tratores agrícolas, tendo aprendido que pastar era o acto de encher a pança desses grandes animais que acabo de mencionar.
Pastar, na cidade, tem outro significado e Casa de Pasto é o sítio onde vão pastar os ... humanos! Porra que essa não me passaria pela cabeça, quando era ainda criança e não tinha conhecido cidade nenhuma. A primeira que tive o prazer de visitar foi a sede do meu concelho, primeiro acompanhando a minha mãe à feira e depois indo lá fazer o exame da 4ª Classe. Agora ninguém dá valor a isso, mas nos tempos do Salazar a 4ª Classe era quase como um curso superior. Sem ela era impossível concorrer a um emprego público.
Por seu lado, as casas de pasto foram substituídas por pensões e depois transformaram-se em restaurante e hotéis, modernizando este nosso Portugal.
A Posta Restante
Outra coisa antiga que era usada para receber correspondência mais ou menos sigilosa, ou nos casos em que o destinatário não tinha ainda morada certa. Veja-se o caso da apaixonada do Dr. Álvaro Reis, na escrita do Saramago, que morava em Coimbra e não queria receber as cartas em casa para o pai não se aperceber do que se passava com ela. Coitada da rapariga, tudo o que ganhou do apaixonado doutor foi um beijo.
Hoje, com todos os meios de comunicação ao nosso serviço, desde o Mail, o Voice Mail, o Messenger e o Whatsapp, para além do telemóvel, pois claro, ninguém quer saber da Posta Restante e outras velharias do género. Mas é bom não nos esquecermos delas, pois fazem parte da nossa História, só quem nasceu depois da viragem do milénio tem direito a desconhecer essas coisas.
A Mala Posta
Primeiro transporte de pessoas e correspondência que perdeu importância com a invenção da máquina a vapor. Com as máquinas a vapor veio o comboio e tudo mudou neste mundo de Deus. Quem não se lembra dos filmes do Far West (Faroeste à portuguesa) com as diligências a correr pela pradaria, a serem assaltadas pelos bandoleiros e depois, com a chegada do comboio assistir à mudança radical de hábitos. Nos lugares aonde o comboio não conseguia chegar continuaram os carros puxados por cavalos e mais tarde substituídos por autocarros, vulgarmente conhecidos como «A camioneta da carreira».
Quando cheguei a Metangula, na província do Niassa, noroeste de Moçambique, ainda subsistia esse sistema. A camioneta da carreira ia de Vila Cabral a Metangula uma vez por semana, às terças-feiras e tinha a sua paragem, no largo, em frente à praia de Seli, assinalada por uma placa informativa que, em vez da conhecida "Paragem", dizia "Posta".
Para conhecer todas estas velharias, eu chego à conclusão que sou eu próprio uma ...VELHARIA!
Conhecer essas velharias, de nome, também eu conheço, não me venha agora dizer que é do tempo da 'Mala Posta' ou 'Posta Restante', que sempre pensei ser uma e a mesma coisa, é que não pode ser... Isso ouvia eu nos filme antigos do farwest - ou faroeste - como queira, americano.
ResponderEliminarClaro que as casas de pasto são mais recentes. Viraram tascos/tascas/vendas/tabernas consoante as regiões e, agora, adoptaram o nome chique de "Tapas & Petiscos". Petiscos esses, que ainda conservam o mesmo nome, tais como: peixinhos-da-horta, pataniscas, picapau e um sem número de iguarias que só cá no nosso burgo existem...
Tachau...vou ali à cozinha comer uma azeitona e um bocadinho de broa de centeio...
Sempre conheci as Casas de Pasto como velhas tabernas geralmente a meias paredes com Carvoarias onde se petiscava pataniscas de bacalhau com copos de três. E embora sem estivadores a jogarem à bisca de nove as havia também com o mesmo nome na Av. São João em Sao Paulo... Acabou tudo!
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