O Império Português!

 Já não existe, todo o mundo sabe disso. Mas existiu, faz parte da história e esta não pode ser apagada nem reescrita de outro modo para agradar a uns quantos. Sou obrigado a ouvir tamanhas barbaridades sobre este assunto que me pergunto se quem fala sabe, realmente, do que está a falar.

Demolir os Jerónimos ou retirar os brasões de jardim da Praça do Império, ou ainda mudar o nome desta para Praça da Lusofonia não resolve coisa nenhuma, apenas faz as pessoas falarem ainda mais no assunto e ficarem mais zangadas por aquilo que os políticos fizeram no pós.25 de Abril. Milhares de portugueses, brancos e negros, viram a sua vida virada do avesso com a desastrosa descolonização levada a cabo pelos "esquerdalhas" da política e Forças Armadas Portuguesas.

Talvez sejam, exactamente, os mesmos que agora concordam em arrancar as plantas do jardim, em Belém, para dar uma de democratas e anti-racistas. Já agora, deitem também abaixo a Torre de Belém para ver se as caravelas dos Descobrimentos dão meia volta e regressam ao Tejo, pedindo desculpa pelo seu atrevimento em enfrentar o oceano desconhecido.

A quem embaraça a existência do Padrão dos Descobrimentos, à beira Tejo, em Belém? Podem demolir os monumentos que quiserem, mas nunca poderão apagar os milhões de páginas de livros impressos com a História dos Descobrimentos e outros feitos lusitanos.

Há páginas negras que melhor seria não terem existido? Claro que há, mas também essas não podem ser apagadas. Resta aos culpados assumirem a sua culpa e pedirem desculpa àqueles que sofreram com os seus actos. A escravatura existiu? E o Tarrafal? E o colonialismo selvagem que pôs milhares de negros africanos a trabalhar para enriquecer os seus patrões que muito mal os vestiam e alimentavam? Sim, tudo isso existiu e não há maneira de corrigir os erros do passado. O mais triste é que há muitas pessoas que repetiriam tudo isso se lhes dessem uma oportunidade.

A cabeça dessas pessoas é que precisa de ser limpa, não os jardins da Praça do Império. Preocupem-se com as ideias revolucionárias que alguns usam para se promover na política, ou na sociedade, e deixem em paz os Brasões e Monumentos Nacionais que não fizeram mal a ninguém. Eu que ainda conheci e defendi, de arma na mão, esse império, tenho muito orgulho nele e em tudo o que o ilustra.