Por portas travessas, chegou às minhas mãos a história de Willi Graf - herói da resistência anti-Hitler e beato da Igreja Católica Romana. Várias coisas chamaram a minha atenção, a começar por esta foto com o alcache da Marinha, o lugar onde nasceu e uma cidade alemã que tem um centro de juventude carregando o seu nome. Há coisas assim, surpreendentemente, a História esbarra-se connosco deixando-nos meio-atarantados.
A vestimenta que usou para tirar esta foto talvez queira dizer que os seus pais teriam gostado que ele fizesse carreira na Marinha. Em vez disso ingressou na Wehrmacht (Exército alemão) como médico e percorreu meia Europa, cuidando dos seus camaradas, durante a II Grande Guerra. Ao contrário, os meus pais nunca cogitaram em ver-me na Marinha e lá acabei por ir parar, mas apenas por não ver outra oportunidade de singrar na vida.
Depois de casada, a minha mulher arranjou emprego numa fábrica de confecções, localizada na aldeia de Kuchenheim (terra dos bolos, em tradução à letra), onde este jovem e mártir nasceu, em janeiro de 1918, último ano da I Grande Guerra. Esta aldeia ficava a poucos quilómetros da sede do concelho, Euskirchen, onde eu vivi e tralhei, enquanto emigrante, na estrada que ligava esta cidade a Bona (na altura capital da R.F. da Alemanha), para onde viajei muitas vezes e nem sempre por prazer.
Willi Graf andou sempre envolvido em organizações pró-cristãs e foi grande critico das políticas de Adolf Hitler. Por isso foi perseguido e preso, torturado e morto - guilhotinado em 1943. na prisão de Munique, onde foi sepultado, mas mais tarde trasladado para Saarbrucken, lugar onde vivera a maior parte da sua vida.
Fruto das minhas aventuras amorosas, em terras do III Reich, tenho uma filha que vive em Ludwigshaffen am Rhein e trabalha na Câmara local, como assistente para a juventude. E agora, como remate de todas as coincidências, o Centro da Juventude, onde ela passa a maior parte do seu tempo, recebeu o nome deste herói da resistência e mártir da Igreja Católica que o beatificou, em 2018.
Gostei muito de ler esta crónica pessoal e intransmissível, que acabou por nos transmitir alguns conhecimentos, não apenas acerca do jovem da foto de cabeção à marujo, mas também sobre o autor.
ResponderEliminarEntão o Tintinaine emigrou após ter passado à disponibilidade e saído da Marinha? E a sua mulher é alemã? Desculpe a curiosidade que não é cusquice, é somente curiosidade...:)
Boa noite.
Logo que abandonei a Marinha casei com a minha primeira namorada, mas como não saía da cepa torta decidi emigrar e lá conheci uma rapariga solteira que me fez companhia durante alguns meses. Mas foi uma coisa que durou pouco, tanto esse caso como a profissão em que trabalhava não me seduziam e decidi regressar a Portugal. A filha lá ficou como reminiscência do passado que é impossível de apagar. Felizmente arranjei um bom emprego, trabalhei muito, e cheguei até à reforma sem conhecer outro patrão.
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