Que me perdoem os meus leitores, mas já que vim até Itália não quero regressar a casa sem vos falar (um bocadinho) de Roma. Roma é e será sempre uma capital importante para nós, portugueses. Afinal, pertencemos ao Grande Império Romano, durante alguns séculos e isso deixou marcas nunca mais se apagarão, a começar pela Língua que falamos.
Ainda faltavam uns 3 ou 4 séculos para Jesus Cristo nascer, em Belém, e já os romanos nadavam pela Península Ibérica à procura daquilo que fazia falta na capital do império. Sal, azeite e vinho foram as primeiras riquezas que nos levaram, mas depois veio a necessidade de encontrar minérios para sustentar a riqueza (e a despesa) do império. Ouro e prata foram os mais procurados e ainda há por aqui muitos resquícios das minas que eles iniciaram. Depois vieram ao ferro que precisavam para as suas espadas, escudos e lanças, porque sem armas não conseguiriam manter em respeito tantos milhões de pessoas por toda a Europa.
Como puderam verificar na minha publicação de ontem, as minhas viagens centraram-se mais na região de Florença e Milão, mas vivia em mim a ânsia de conhecer Roma. Tanto ouvira falar dessa cidade, tanto estudara a História de Roma e dos romanos que sonhava, há muito, com a oportunidade de lá ir conhecer o que sobrara do passado e enchia os livros de História. Um dia recebi um convite para ir visitar uma fábrica que produzia a ganga para confeccionar os famosos jeans da Wrangler, bem como outras telas de algodão, ou algodão com polyester para confeccionar roupa de tralho. Foi a oportunidade que esperava, alô Roma aí vou eu!
A fábrica ficava a cerca de 80 Kms a sul de Roma, o que me permitiu ficar num hotel da capital, reservar um dia inteiro para visitar a fábrica e falar de negócios e depois regressar a Roma outra vez para continuar as minhas explorações. Cheguei a Roma ao fim da tarde de um sábado muito chuvoso, fui procurar o hotel que me tinham reservado e logo que pousei a mala no quarto, saí pela porta fora, em direcção ao Coliseu que é o centro de tudo. Era fevereiro, estava frio e depressa começou a chover. Seguindo um trajecto marcado num folheto que apanhara no hotel, eu vestia um sobretudo de pelo de camelo que depressa ficou encharcado, mas tinha decidido ir ver o coliseu antes de jantar e não haveria chuva que me fizesse desistir
Lá chegado, era noite escura e não se via vivalma por aqueles sítios. Às tantas chovia tanto que tive que me abrigar e já tremia de frio, quando uma aberta me permitiu encetar o regresso ao hotel. Lá chegado, livrei-me da roupa molhada, tomei um banho quente, rezando a todos os santos para não apanhar uma constipação, e fui jantar. Não foi grande coisa essa minha primeira abordagem a Roma, mas no dia seguinte era domingo e tinha o dia todo por minha conta para conhecer a cidade.
Depois do Coliseu, tinha planeado ir até à Via Appia conhecer a rua mais antiga do império e que conserva, ainda hoje, a calçada em pedra por onde rolavam os carros romanos e desfilavam as Legiões Romanas quando saiam ou regressavam das suas guerras. Havia tanta coisa para ver que eu nem sabia por onde começar. Depois de percorrer a Via Appia e dar umas voltas na zona dos monumentos em ruínas, arrumei o carro e gastei o resto do dia zanzando de um lado para o outro.
É engraçado que nessa primeira visita nunca me passou pela cabeça ir ao Vaticano e ver o Papa. Isso aconteceria numa outra viagem que fiz e sem ter sido planeado, fui pernoitar a um hotel nas margens do Tibre a a menos de 500 metros da Praça de S. Pedro. Como acordo sempre cedo e não sou de ficar na cama acordado, saí do hotel pouco passava das 6 da manhã e fui dar uma volta para espantar o sono, antes de me sentar para tomar o pequeno almoço. Poucos passos andados, vi-me na praça que cheia de cadeiras que estava a ser preparada para a habitual missa domingueira, assistida por grupos de fiéis vindos de todo o mundo para receber a benção de Sua Santidade o Papa de Roma.
Há tanto que ver, em Roma, que se torna difícil escolher por onde começar. Sempre quis ir conhecer as famosas Catacumbas, mas informaram-me que estavam encerradas para obras Nas várias viagens que fiz a Roma acabei por ter tempo de ver tudo e mais que uma vez. Um dos lugares mais falados é a Piazza del Pópulo e confesso que não lhe achei piada nenhuma. Talvez cheia de povo, pois é lá que se realizam os grandes encontros, tenha outro fulgor, mas vazia como eu a encontrei não me fez mexer o coração.
Andei pelas margens do Tibre, fui ver a Fontana de Trevi, visitei meia dúzia de igrejas, cada uma com uma história mais completa que a outra, andei para cima e para baixo na Via Nazzionalle que Liga a Estação de comboios à Baixa, zona dos Monumentos. Depois de ver tudo aquilo que tinha sonhado ver, pouco mais havia que despertasse o meu interesse. Andei pelas "tratorias" romanas, à procura de comida caseira e não aquela que era servida aos turistas. Um belo "arrosto misto" e uma caneca de vinho sem marca é o melhor que se pode desejar e que eu acabei por encontrar.
Só me falta falar na aventura que é entrar ou sair de Roma, ao volante de um carro alugado, sem conhecer o caminho a seguir. Há as vias principais que nos conduzem ao centro de Roma e há uma monumental circunvalação, em perfil de autoestrada que dá a volta a toda a cidade. Tudo o que é preciso é saber qual a saída certa para te levar ao destino escolhido. Quando regressei da visita feita à fábrica dos algodões, cheguei a Roma em hora de ponta e sem ter planeado a viagem em pormenor, passei horas ao volante até chegar ao hotel.
A última vez em que lá estive ainda decorria o século XX (talvez 1998) e muita coisa deve ter mudado, a começar pelos automóveis, pois juraria que metade dor romanos conduziam um "topolino" (Fiat 500) que era fácil estacionar em qualquer buraco, numa cidade enorme e saturada de automóveis.
Bom dia
ResponderEliminarO seu trabalho na Maconde até era bom . Para além de ganhar relativamente bem , ainda dava para viajar e poder usufruir dessas viagens que para além de negócios eram também de prazer.
Fica a publicação de hoje em história para a posteridade que valeu bem a pena .
JR
Já passei por aqui, li um pouco na diagonal, mas quero voltar para ler tudo atentamente antes de comentar.
EliminarAté já!
( Nesta madrugada, passava da meia-noite, a falta de sono fez-me deambular pelo blog que criou só para si. Curiosamente, um dos meus sobrenomes também é Gonçalves. )
Peço desculpa pelo anonimato, esqueci-me de seleccionar a conta Google, atempadamente.
EliminarÈ verdade, na Maconde tive sorte e amigos!!!
EliminarO comentário anterior era para o JAR. Para a Janita quero dizer que me sinto feliz por ter alguém que gosta do que escrevo. Se me sentisse um Saramago, em breve, haveria um livro à venda nas prateleiras do Pingo Doce, ao lado do Zé Rodrigues dos Santos! O Blog sobre Genealogia já serviu para tudo, mas desisti por não ter com quem partilhar aquilo que ia descobrindo.
EliminarTal como prometido voltei, e após ter lido tudinho, linha a linha, digo -lhe que gostei, mas... ainda não foi desta que me apaixonei pela 'velha' Roma.
ResponderEliminarVá lá saber-se porquê, associo as ruínas do Coliseu às nossas do Templo de Diana, em Évora. Sentia uma enorme expectativa em conhecer tão falado e visitado monumento, quando o vi, não me disse rigorosamente nada. Agora Florença, isso sim. Morro de amores por ela. Infelizmente, não a visitei quando poderia percorrê-la, rua a rua, monumento a monumento. Agora, este meu desgraçado e esfarrapado coração, não me permitiria tais andanças.
Voltando à sua escrita, saiba que me inspira mais do que a do laureado Saramago que, para meu azar, ou não, comecei a ler e a menos de um terço de ter iniciado a leitura, tive de abandonar o livro que muito boa gente diz ter lido e adorado. Trata-se de "Levantado do Chão". Isto muito antes do Nobel lhe ter sido entregue e toda a gente desatar a nomeá-lo como seu escritor favorito. A verdade é que nunca mais consegui ler um livro seu. Já dos seus poemas, adoro, adoro mesmo. Mas aquela escrita corrida sem vírgulas nem postos finais...não é para mim.
Quando ao José Rodrigues dos Santos, não sei, nunca li nada dele, talvez um dia leia e goste.Tudo isto para dizer que se os outros escrevem e publicam livros, quem sabe um dia o Tintinaine não vira um escritor famoso ao publicar as suas memórias ou escrevendo sobre História, quiçá, um romance?
Como o próprio Saramago disse: "Todos somos escritores, só que uns escrevem e outros não".
Força e nunca desista de fazer o que o apaixona! :)
Faltou mencionar a mais famosa rua de Roma, o centro da Dolce Vita - a Via Veneto. Igualmente a Piazza di Spagna com a sua escadaria sempre cheia de turistas é um lugar a não perder.
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