terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Um poveiro na CNN!

 Depois do que acabei de ver e ouvir, estou convencido de que há um trabalhador na CNN que é da Póvoa!


No rodapé do meu televisor apareceu a mensagem que dizia: O governo meteu-se a jeito. Como já aqui referi, mais que uma vez, só o pessoal da Póvoa troca o verbo PÔR pelo verbo METER. Logo a seguir ouvi a voz do nosso primeiro ministro (com minúscula de propósito, pois é o que ele merece) dizer claramente: o governo pôs-se a jeito e .... O escrivão dos rodapés corrigiu de imediato a mensagem trocando o verbo meter pelo verbo colocar, o governo colocou-se a jeito, escreveu ele. Na minha opinião foi pior a emenda que o soneto!

O que terá ele contra o verbo pôr? Talvez pense que o verbo é exclusivo para referir o acro das galinhas abrirem o cu e largarem o ovo. E assim sendo a palavra pôr é indigna de ser usada, pois nos remete para a merda de galinha que pode cheirar mal.

No tempo do Salazar éramos acusados de analfabetismo. E agora que a nossa juventude é toda formada nas universidades ou, pelo menos, completou o 12º ano de escolaridade, o que devemos dizer perante um exemplo destes. Não metas os pés pelas mãos é o que me apetece dizer-lhes. A acção de meter pressupõe que haja uma espécie de invólucro, nem que seja em sentido figurado, onde caiba aquilo que lhe queremos meter lá dentro. Não havendo isso, deve usar-se o verbo pôr ou, como fez o "artista" da CNN, substituí-lo pelo verbo colocar.

Exemplos:

Não ponhas o carro à frente dos bois, vai com calma!

Não coloques os pés em cima da mesa, seu mal educado!

Não metas o nariz onde não és chamado!  

Quanto ao António Costa, ainda não tinha acabado de fechar a boca e já ia mais um membro do governo pela porta fora. No Ministério da Agricultura começa a cheirar mal, deve ser do estrume que começaram a utilizar depois da falha dos fertilizantes que vinham da Rússia!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Frio, mucho frio!

 

Estou dentro de casa e o termómetro marca 4º, mas sinto um frio do caraças, nem sinto as pontas dos dedos. Por isso não vai haver grande escrita da minha parte. Vou tapar-me bem com um cobertor quentinho e procurar um filme para matar o tempo (ou esperar que ele aqueça).

Nem quero imaginar como se sentirão as pessoas que moram na área que a foto que escolhi mostra. Sei que dentro de casa têm bom aquecimento, mas quando tiverem que pôr o pé na rua vão sentir o mesmo que eu estou a sentir agora. Talvez umas luvas, um carapuço de lã e roupa apropriada acabem por se sentir melhor que eu.

E é só, mais nada por agora!

sábado, 28 de janeiro de 2023

Campeão de inverno!


Desta vez o FCP conseguiu levar a sua avante e ficar com a taça. Como o Benfica ficou de fora desta prova, eu não tinha a menor intenção de abordar o assunto, mas há coisas que me revoltam os fígados e não consigo ficar calado.

Quem costuma ler os meus escritos já sabe que não gosto do Octávio, não concordo que ele defenda as cores de Portugal e quanto mais o vejo jogar mais convencido fico que tenho a razão do meu lado. A alcunha que arranjei para ele é «FITAS», mais que saber jogar à bola ele sabe é fazer fitas para enganar o árbitro e mais uma vez, hoje, fez as fitas necessárias para influenciar o resultado do jogo, expulsar o Paulinho e levar a taça para o Porto.

O futebol jogado assim não presta, tira o mérito todo àqueles que jogam limpo e se esforçam, durante os 90 minutos que dura o jogo. Outros jogadores do Porto usam o mesmo método, mas o Octávio é um exagero. Lembro-me do caso do Taremi que foi ensinado a "cavar" penalties e nesta época decidiu dizer não e jogar limpo. Ele tem valor suficiente para ser considerado um bom avançado sem precisar dos golos marcados daquela maneira para dourar a sua carreira.

Foi um jogo muito mau, se o pedro Porro queria levar com ele uma boa recordação desta final de taça teve azar. Ele ainda fez um grande remate que esbarrou na trave e esforçou-se, do princípio ao fim, para sair ganhador deste que parece ter sido o último jogo pelo Sporting. Os últimos minutos foram muito quentes e estava a ver que iam acabar todos à pancada, como aconteceu no ano passado num jogo em que o árbitro era o mesmo.

Muito bem (ou muito mal), vamos esquecer isto e entrar naquela fase em que vamos ter jogos para a Taça dos Campeões e com a Selecção Nacional a entrar em campo, com um novo seleccionador que todos esperamos seja mais benquisto que o que veio substituir. O Benfica continua na frente e tenho fé que vai vencer o Club Brugges, o que nos dará alento para mais uns tempos.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

O «Altar» à beira Tejo!

 Ontem, foi um dia especial em que saí de casa às 8 da manhã e regressei à meia-noite. O meu computador deve ter sentido saudades das minhas cócegas nas teclas, mas quando o liguei, esta manhã, não me disse nada, deve ter pensado que eu, por tê-lo abandonado, não merecia o luxo de uma queixinha. Fez bem, pois computador nasceu para ser nosso escravo e, às vezes, dá-nos fortes dores de cabeça que mexem com a carteira.


Eu não queria dar palco aos palradores nacionais, a começar pelo nosso presidente (da república "dos" bananas), mas acabei por ceder à tentação e dedicar algumas palavras ao assunto.

Uma mesa de pinho, bem envernizada e uma toalha de linho que as ratas de sacristia guardam em casa e teriam o maior gosto em emprestar para a função seria suficiente para o Santo Padre dizer a missa e deixar os crentes satisfeitos na sua fé. Fazer uma «rave party» para um ou dois milhões de pessoas (como sonha o Moedas) é outra coisa.

Imaginem um milhão de bexigas a necessitarem de se esvaziar de 4 em 4 horas - a do Papa que está velhote, talvez de 2 em 2 -  e na orgânica que é preciso montar para obstar a essa necessidade. Para os homens bastaria montar uma espécie de pára-vento junto ao rio, onde eles a coberto de olhares mais ou menos curiosos pudessem puxar o seu instrumento para fora das calças e aumentar o caudal do rio. Mas com as mulheres seria muito mais complicado, elas não se expõem à curiosidade humana e requerem muiiiita privacidade para levantar a sais e baixar as cuecas. Nesse aspecto o Moedas tem razão, é preciso fazer uma coisa a sério para não ficarmos sujeitos à crítica e mal vistos lá fora.

O mealheiro público não é como aqueles porquinhos de barro, em que se guardam as moedas que vão sobrando dos trocos e um dia servem para pagar uma pequena compra. Em vez disso é uma conta bancária com milhões de euros - ou dólares ou libras - que desafiam a gula do português mais puro de ideias, cristãos catolico-apostólico-romanos incluídos, que nunca sonhou em ter um milhão em toda a sua humilde vida e, agora, o vê ali ao alcance da sua mão. Não há quem resista!

Terraplanar aqueles terrenos à beira-rio que são um prolongamento do Parque das Nações é uma boa ideia. Pensando nos negócios mirabolantes que os terrenos do dito Parque das Nações possibilitou, qualquer sonhador fica em completo alvoroço. Foi azar o António Mega Ferreira ter morrido, há pouco, talvez ele pudesse repetir o sucesso da primeira década deste século e fazer rios de dinheiro entrar nos bolsos de muita gente (amiga, muito amiga e até inimiga) que não perde a oportunidade de um bom negócio. Sabe Deus, e só Ele, o que se passará, daqui a 20 anos, naquele recanto do planeta, onde o rio Trancão entra no Tejo!

Como vêem pelas minhas palavras a atenção dispensada ao Papa e à missa que ele vem rezar a Lisboa é inconmensurável menor que ao negócio que está por trás das Jornadas da Juventude que se espera tragam a Lisboa 1 ou 2 milhões de pessoas e rendam ao turismo, e quem dele vive, ganhos de aprox. 300 milhões de euros (Moedas dixit).

E não digo mais nada, cada um que pense o que quiser e lhe aprouver!!!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

O Óscar!

 

Sean Penn, um bad-boy que já ganhou um

Se bem me lembro, o primeiro Óscar que conheci foi meu colega de turma, desde o 1º ano, no Colégio, onde fui iniciar os meus estudos, em 1955. Ao fim 4 anos deixei o Colégio e voltaria a encontrá-lo um par de vezes, aqui na Póvoa, nos tempos de férias, pois tinha aqui um tio estabelecido com um negócio de Padaria/Pastelaria que lhe dava guarida. Tenho uma vaga ideia de me terem contado que já faleceu.

O segundo Óscar da minha vida era Cabo do Mar, na Capitania do Porto de Vila do Conde, amigo do meu pai, e foi ele quem me aconselhou a assentar praça na Marinha, como voluntário, para ver o meu esforço para encontrar um emprego compatível resolvido. O primeiro emprego que eu conseguira, depois de terminar os estudos, não era grande coisa e o meu chefe era uma autêntica besta impossível de aturar.

O terceiro Óscar é um rapaz simpático, amigo de jogar à bola, mas que não conseguiu vingar nessa carreira. Conheci-o por ser irmão de um con-cunhado meu e nunca teve, nem acho que venha a ter qualquer influência na minha vida. É mais um membro daquela família que sabemos existir, com quem, muito raramente, nos cruzamos e nem ao grau de amigo chegam.

Pensavam que, agora, eu ia dizer que mereço um óscar por escrever para a blogosfera, desde 2008? Não, o óscar que se segue é o (mau) marido da Anabela, no conto que a Elvira do Sexta-Feira nos anda a oferecer, dia sim dia não.

Um óscar para mim não tem qualquer valor e reconheço que há milhares, como eu, que escrevem nas revista e jornais, para ganhar a vida, ou nas redes sociais para alimentar o ego. Raros serão os que verão os seus méritos reconhecidos e compensados, a começar por mim!

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Mina de ouro romana!

 


Depois de tanta conversa sobre Roma, faltava apenas referir que o ramo feminino da minha família é originário da Lagoa Negra, lugar da freguesia de Barqueiros, do concelho de Barcelos. Diz a lenda que os mineiros (romanos ou por ordem deles) foram escavando sempre, seguindo o filão do ouro, até que encontraram o leito do rio Cávado que inundou a mina e os afogou a todos.

Como era habitual, à hora do almoço, as mulheres ou filhas dos mineiros dirigiram-se para a mina com a cesta do almoço (sem esquecer uma garrafita de tinto) para retemperar as forças dos seus entes queridos. Lá chegadas encontraram uma lagoa, onde antes havia a mina e viram as roupas dos mineiros penduradas nos arbustos, em redor da lagoa, o que significava que eles não tinham ido embora, mas tinham ficado presos no interior da mina e lá pereceram.

Ainda pequenote fui com a minha avó Maria àquele local, onde ela tinha nascido, nos finais do século XIX, visitar os seus familiares que lá moravam ainda. Desde esse tempo que oiço essa história repetida sem poder provar se é a verdadeira história daquela lagoa, ou apenas uma lenda inventada, como muitas outras.

O certo é que havia um povoado romano nas imediações (castro de Terroso) assim como havia também muita gente na foz do Cávado que se dedicava à agricultura e pesca. Os Romanos necessitados de mão-de-obra para as suas explorações procuravam estes lugares, onde a podiam recrutar gente (ou escravizá-la) para os trabalhos em curso.

Quando o Afonso Henriques fundou Portugal, já não havia sinais dos romanos, mas a sua obra perdura até hoje. As pontes são talvez o que mais tem resistido è erosão dos tempos (e modas).

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Ecco qui a Roma!

 Que me perdoem os meus leitores, mas já que vim até Itália não quero regressar a casa sem vos falar (um bocadinho) de Roma. Roma é e será sempre uma capital importante para nós, portugueses. Afinal, pertencemos ao Grande Império Romano, durante alguns séculos e isso deixou marcas nunca mais se apagarão, a começar pela Língua que falamos.

Ainda faltavam uns 3 ou 4 séculos para Jesus Cristo nascer, em Belém, e já os romanos nadavam pela Península Ibérica à procura daquilo que fazia falta na capital do império. Sal, azeite e vinho foram as primeiras riquezas que nos levaram, mas depois veio a necessidade de encontrar minérios para sustentar a riqueza (e a despesa) do império. Ouro e prata foram os mais procurados e ainda há por aqui muitos resquícios das minas que eles iniciaram. Depois vieram ao ferro que precisavam para as suas espadas, escudos e lanças, porque sem armas não conseguiriam manter em respeito tantos milhões de pessoas por toda a Europa.

Como puderam verificar na minha publicação de ontem, as minhas viagens centraram-se mais na região de Florença e Milão, mas vivia em mim a ânsia de conhecer Roma. Tanto ouvira falar dessa cidade, tanto estudara a História de Roma e dos romanos que sonhava, há muito, com a oportunidade de lá ir conhecer o que sobrara do passado e enchia os livros de História. Um dia recebi um convite para ir visitar uma fábrica que produzia a ganga para confeccionar os famosos jeans da Wrangler, bem como outras telas de algodão, ou algodão com polyester para confeccionar roupa de tralho. Foi a oportunidade que esperava, alô Roma aí vou eu!

A fábrica ficava a cerca de 80 Kms a sul de Roma, o que me permitiu ficar num hotel da capital, reservar um dia inteiro para visitar a fábrica e falar de negócios e depois regressar a Roma outra vez para continuar as minhas explorações. Cheguei a Roma ao fim da tarde de um sábado muito chuvoso, fui procurar o hotel que me tinham reservado e logo que pousei a mala no quarto, saí pela porta fora, em direcção ao Coliseu que é o centro de tudo. Era fevereiro, estava frio e depressa começou a chover. Seguindo um trajecto marcado num folheto que apanhara no hotel, eu vestia um sobretudo de pelo de camelo que depressa ficou encharcado, mas tinha decidido ir ver o coliseu antes de jantar e não haveria chuva que me fizesse desistir

Lá chegado, era noite escura e não se via vivalma por aqueles sítios. Às tantas chovia tanto que tive que me abrigar e já tremia de frio, quando uma aberta me permitiu encetar o regresso ao hotel. Lá chegado, livrei-me da roupa molhada, tomei um banho quente, rezando a todos os santos para não apanhar uma constipação, e fui jantar. Não foi grande coisa essa minha primeira abordagem a Roma, mas no dia seguinte era domingo e tinha o dia todo por minha conta para conhecer a cidade.

Depois do Coliseu, tinha planeado ir até à Via Appia conhecer a rua mais antiga do império e que conserva, ainda hoje, a calçada em pedra por onde rolavam os carros romanos e desfilavam as Legiões Romanas quando saiam ou regressavam das suas guerras. Havia tanta coisa para ver que eu nem sabia por onde começar. Depois de percorrer a Via Appia e dar umas voltas na zona dos monumentos em ruínas, arrumei o carro e gastei o resto do dia zanzando de um lado para o outro.

É engraçado que nessa primeira visita nunca me passou pela cabeça ir ao Vaticano e ver o Papa. Isso aconteceria numa outra viagem que fiz e sem ter sido planeado, fui pernoitar a um hotel nas margens do Tibre a a menos de 500 metros da Praça de S. Pedro. Como acordo sempre cedo e não sou de ficar na cama acordado, saí do hotel pouco passava das 6 da manhã e fui dar uma volta para espantar o sono, antes de me sentar para tomar o pequeno almoço. Poucos passos andados, vi-me na praça que cheia de cadeiras que estava a ser preparada para a habitual missa domingueira, assistida por grupos de fiéis vindos de todo o mundo para  receber a benção de Sua Santidade o Papa de Roma.

Há tanto que ver, em Roma, que se torna difícil escolher por onde começar. Sempre quis ir conhecer as famosas Catacumbas, mas informaram-me que estavam encerradas para obras  Nas várias viagens que fiz a Roma acabei por ter tempo de ver tudo e mais que uma vez. Um dos lugares mais falados é a Piazza del Pópulo e confesso que não lhe achei piada nenhuma. Talvez cheia de povo, pois é lá que se realizam os grandes encontros, tenha outro fulgor, mas vazia como eu a encontrei não me fez mexer o coração.

Andei pelas margens do Tibre, fui ver a Fontana de Trevi, visitei meia dúzia de igrejas, cada uma com uma história mais completa que a outra, andei para cima e para baixo na Via Nazzionalle que Liga a Estação de comboios à Baixa, zona dos Monumentos. Depois de ver tudo aquilo que tinha sonhado ver, pouco mais havia que despertasse o meu interesse. Andei pelas "tratorias" romanas, à procura de comida caseira e não aquela que era servida aos turistas. Um belo "arrosto misto" e uma caneca de vinho sem marca é o melhor que se pode desejar e que eu acabei por encontrar.

Só me falta falar na aventura que é entrar ou sair de Roma, ao volante de um carro alugado, sem conhecer o caminho a seguir. Há as vias principais que nos conduzem ao centro de Roma e há uma monumental circunvalação, em perfil de autoestrada que dá a volta a toda a cidade. Tudo o que é preciso é saber qual a saída certa para te levar ao destino escolhido. Quando regressei da visita feita à fábrica dos algodões, cheguei a Roma em hora de ponta e sem ter planeado a viagem em pormenor, passei horas ao volante até chegar ao hotel.

A última vez em que lá estive ainda decorria o século XX (talvez 1998) e muita coisa deve ter mudado, a começar pelos automóveis, pois juraria que metade dor romanos conduziam um "topolino" (Fiat 500) que era fácil estacionar em qualquer buraco, numa cidade enorme e saturada de automóveis.

domingo, 22 de janeiro de 2023

Prato!

 Prato é uma cidade italiana situada nos arredores de Florença que vive da Indústria Têxtil. É uma espécie de Covilhã à italiana! Hoje, com a globalização, já é muito diferente, mas nos anos do pós-Grande Guerra Prato vivia 100% pendurada na Indústria Têxtil. Herança do passado era ali que se situavam as grandes fábricas de transformação de lãs das muitas ovelhas na Cordilheira Apenínica em que Prato está inserida.

O rio Bizêncio que desce das montanhas e ruma a sul, depois de ter atravessado Prato, de norte para sul, fornecia de água as fábricas que foram nascendo nas suas margens. Quem viaja de Prato para norte, seguindo o curso desse rio. fácilmente, entenderá como funciona o mundo têxtil. Lavar as lãs, fiá-las, tecê-las, tingi-las gasta muita água em cada uma das suas fases, água que depois de usada é devolvida ao rio e segue o seu curso até chegar ao mar.

Nos tempos mais modernos, depois da Grande Guerra, o desenvolvimento da indústria obrigou a construir um parque industrial, desta vez na planície que se estende das montanhas até ao mar, perto de Pisa, de enormes dimensões que alberga milhares de empresas têxteis, como não há em mais parte nenhuma do globo terrestre. Muitas dessas empresas têm apenas 3 pessoas, o patrão, uma secretária para tratar das papeladas e um condutor que movimenta as mercadorias de um lado para o outro. Todas essas empresas funcionam naquilo que se chama o «Sistema Horizontal», o sistema em que cada interveniente faz apenas uma operação de todo o processo. Uns lavam e tingem lãs, outros fiam, tecem, lavam e acabam o produto para entregar ao cliente final.

As lãs têm um ciclo de fabricação complexo que só quem lá andou compreende. Desde a tosquia até se ver um lindo tecido dá muitas voltas. Ela pode ser tingida em rama, em fio ou em tecido, depois há também vários sistemas de fiar, dependendo da qualidade da lã e do calibre de fio que se quer atingir. Em Prato, toda a gente com mais de 50 anos, quando por lá comecei a andar, é especialista nessa matéria, nos velhos tempos não havia outra coisa onde trabalhar e todas aprenderam na escola da vida, onde só havia ovelhas, pastores e lã que era preciso transformar em tecido.

E há ainda mais uma característica que define Prato e a separa de outras zonas de Lanifícios, só trata de lãs cardadas, enquanto que as lãs penteadas - para fios e tecidos mais finos - são tratadas no norte, nos vales dos pequenos rios que descem dos Alpes Suíços para a planície do Pó, talvez o maior rio de Itália. As melhores marcas de roupa são italianas, como toda a gente sabe, e é nessa zona que se abastecem de tecido para a sua confecção. No passado usavam apenas a lã das ovelhas da sua região, mas hoje recebem as lãs melhores e mais finas que há no mundo, desde a África do Sul, a Austrália ou Nova Zelândia. Os pelos de outros animais, como a cachemira, alpaca e outros similares chegam da América do Sul e são ali transformados.

A sul de Roma existe ainda uma zona têxtil especializada em algodões, mas foi sol de pouca dura, a globalização levou as fábricas para os países que produzem algodão e têm mão-de-obra muita mais barata, nomeadamente o Paquistão e a Índia. Entre Milão e a fronteira suíça, há muitas fábricas que nasceram a fiar e tecer algodão e, hoje, ganham a vida  misturando tudo aquilo que os outros não querem, ou não podem, tratar. Linho ou seda, fibras artificiais ou sintéticas, misturadas com algodão ou umas com as outras - diz-se em Portugal que há mil maneiras de matar pulgas ou cozinhar bacalhau - faz-se o mesmo em Itália no mundo dos tecidos.

Mas, comecei a falar de Prato e perdi-me, falando do resto do mundo têxtil que existe naquele país. Das muitas viagens que fiz a Itália passei sempre por Prato e, não raras vezes, era ali que passava todo o tempo da minha viagem que, habitualmente, durava uma semana. E tudo por causa das agências de viagens que faziam um preço muito mais em conta a quem saía no sábado e regressava no domingo, uma semana depois. Assim fui obrigado a inventar trabalho e visitar fábricas para matar o tempo que me sobrava e aprender algo mais sobre aquele mundo, onde mergulhei, pouco depois de sair da Marinha.

E assim conheci hotéis, restaurantes, tascas e afins, aeroportos e estações de comboio como poucos tiveram hipótese de conhecer. Pagar 20 contos de reis para dormir uma noite não era a minha praia e cheguei a dormir em casa de família, de borla ou quase. Fui levado (por fornecedores ávidos de me agradar) aos melhores restaurantes e comi em muitas espeluncas, às vezes, por falta de outra alternativa. Uma vez, por curiosidade, fui até comer a uma cooperativa, em Prato, que dava de comer aos mais desvalidos da sociedade pratesa, tipo uma diária dos tempos que correm. Todos pagavam 7.500 Liras (cerca de 750$00) e tinham direito a uma sopa, um de dois pratos a escolher, uma sobremesa pequenina e vinho. Como sou curioso quis ver como viviam os mais pobres e comi lá uma macarronada que não me desiludiu. O vinho é que era uma espécie de água-pé, mas não me faltaram ocasiões de beber bons vinhos

Na maior parte das vezes fiquei no Art-Museo Hotel que era o mais conhecido e a minha agência de viagens tinha na sua lista, mas quando viajava por minha conta e risco, o que acabava por ficar mais barato para a minha empresa - embora nunca mo tenham agradecido -  ficava onde calhava, às vezes em buracos que nem o diabo conhecia.

Para terminar, vou só mencionar 3 localidades, situadas nos arredores de Prato, onde fui muitas vezes, umas vezes em negócios e outras à procura de petiscos que sabia lá existirem. Começo com Montemurlo que é uma espécie de extensão de Prato, onde existe o restaurante La Rocca (a rocha), no cimo de um monte e que é frequentado por quem ganha acima da média. Depois Pistóia que alberga metade das fábricas têxteis que visitei e ainda Montale onde ia sempre almoçar, quando estava sozinho, por causa da cozinha e dos petiscos que servia. Só as "Entradas" davam para satisfazer o apetite de um homem normal.

E fico-me por aqui, pois aceito que muita gente não tenha paciência para ler aquilo que não lhes diz nada, embora para mim seja «a minha vida»!

sábado, 21 de janeiro de 2023

Três-ao-prato!

As maçãs do Minho têm nomes tão particulares como Porta da loja (porventura a mais conhecida e com mais potencialidades económicas), Pipo de Basto, Três ao prato, Sangue de boi, Victória, Camoesa, Malápio, maçã dos Namorados, Beijo da rainha, maçã da Boa vontade, Abadia, entre muitos outros. Junto com as designações populares trazem histórias e lendas. A maçã Três ao prato deve o nome ao tamanho, grande ao ponto de três maçãs encherem um prato. A maçã Camoesa (há a de Coura, do Biribau, Rosa, Verde, Fina e outras mais) era apanhada em setembro ainda verde e colocada a amadurecer no cimo dos armários, perfumando o interior das casas. Há a maçã da Abadia, que amadurece em agosto, por altura da Nossa Senhora da Abadia.


PRATO é uma palavra portuguesa composta por 3 consoantes das mais utilizadas e 2 vogais que são, com certeza, as mais usadas da nossa Língua. Quase todas as palavras femininas terminam em A e as masculinas em O, o que só por si já nos dá uma ideia da quantidade de vezes que são usadas.
Esta palavra é usada em muitas situações e tem significados diferentes, conforme o caso. Prato pode ser uma peça de loiça ou o nome de uma iguaria. Ou o prato de uma balança ou de um gira-discos. Como podem ver na notícia que transcrevo acima, até há maçãs (no Minho) que têm essa palavra no seu nome.
Hoje tinha decidido escrever sobre PRATO e isto seria uma espécie de introdução da minha publicação. Como não sou adepto de textos muito compridos (que fazem alguns leitores desistirem antes de terminar a leitura), optei por separar a coisa em duas partes, hoje levam com esta das maçãs que havia na aldeia minhota em que eu nasci e amanhã trago-vos o resto!

P.S. - O Benfica ganhou e o regressado Gonçalo Guedes até marcou um golo, mas hoje prefiro deixar o futebol de lado!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

兔年

 Há cada vez mais chineses, em Portugal. Por essa razão somos obrigados a aceitar e aprender a viver com eles. Vila do Conde já é considerada a "Chinatown" portuguesa e o porto de Leixões uma espécie de Xangai, porta de entrada de (quase) todas as importações vindas da China.

Depois de amanhã, comemora-se o Ano Novo chinês, ano do coelho (como podem ler no título desta publicação). Se não os podes vencer, junta-te a eles, lá diz o ditado. Os comerciantes portugueses desapareceram do mapa com a abertura dos hipermercados, por um lado, e a vinda dos chineses, por outro. A primeira tentativa que eles fizeram foi na restauração, mas cedo se mudaram para o bric-a-brac e depois para o têxtil.

Fico a pensar se eles vão recorrer à nossa restauração para festejar o seu réveillon, ou se comem nos restaurantes chineses. Talvez até façam como nós na noite de consoada, fiquem em casa e juntem a família à volta da mesa. Além do arroz que mais será que eles comem? Cobra frita? Gafanhotos grelhados? Se calhar vai sair "Flango Flito" para todos! E para beber --- chá ou vinho de arroz!

Tive duas experiências em restaurantes chineses que me fizeram esquecer deles para sempre. A primeira foi na inauguração de um novo restaurante, o segundo, na cidade da Póvoa. Carne de porco e galinha foi a minha escola para tentar não comer nada esquisito. O tempero adocicado não me agradou nem um pouco e os legumes que acompanhavam o petisco eram algas, como me contaram mais tarde. Fiquei nauseado para a vida e aquele gosto na minha boca demorou dias a desaparecer.

A segunda experiência foi em Colónia, na Alemanha, num restaurante muito conhecido que ficava a dois passos de um hotel, onde eu costumava ficar nas minhas viagens de negócios. Depois de um dia cansativo, chegar ao hotel, pousar a pasta e ir à procura de um restaurante para jantar não era coisa que me agradasse muito. Por uma questão lógica, os hoteis ficam longe do centro da cidade, enquanto que os restaurantes ficam todos num raio de 500 metros em volta da Catedral. Por essa razão a minha opção de ir ao chinês, ali ao lado, sem precisar de tirar o carro do parque. Mal me sentei, apareceu uma chinesinha saltitante que me recomendou prato do dia que era uma mistura de tudo e mais alguma coisa e sem custar muito dinheiro. A minha empresa é que pagava as contas, mas eu estabeleci um tecto para as minhas refeições (25€ = a 50DM) como máximo. Aquele jantar não chegou aos 40DM - antes do euro e correspondia a cerca de 4 contos de rei - mas saí de lá tão enjoado, por causa dos mesmos legumes adocicados que me tinham saído na rifa no restaurante poveiro, que nunca mais entrei em nenhum.

Recentemente, abriu, aqui perto de minha casa, uma espécie de take away chinês e já lá fui uma vez. Como ali se pega naquilo que agrada aos nossos olhos e nunca arrisco a pegar no que não conheço, a coisa correu pelo melhor. E até cozinham na hora pratos que a gente pode escolher a partir da vitrine, em que estão expostos o peixe, a carne e outras viandas menos comuns. Entre comer aquilo ou uma diária num restaurante rasca que venha o diabo e escolha!

Portanto, já sabem, este fim de semana é dos chineses e se não quiserem misturar-se com eles ... fiquem em casa. E para o almoço de domingo podem escolher um coelho estufado ou assado no forno para fazer pirraça aos chinesinhos da vossa área!

Bom Ano Novo!

N.B. - Podem usar o tradutor da Google, disponível neste blog, para ver como se diz isso em chinês, mandarim, ou lá o que é que eles falam. Eles são tantos milhões que o mais provável é que falem uma série de línguas!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Outra vez «O Marlon»!

 


Há dias, fazendo jus ao meu novo Smartphone (com 10 Gigas de dados) digitei o número de telemóvel do meu camarada 16581 - João Manuel Azevedo, mais conhecido por NUNO ou MARLON. Não tinha grandes esperanças que me atendesse, pois quem perde o contacto durante 14 anos já deve ter sido riscado da memória.

Acho que já falei misto aqui, mas repetir não incomoda ninguém e ajuda-me a preencher o espeço. Eu quis reler o que se passou na altura em que nos encontramos, corri o blog (antigo) de fio a pavio e não encontrei nada. Mas como não sou de desistir à primeira dificuldade, hoje, voltei a peneirar o blog com mais cuidado e lá encontrei o que queria. Estava um ano mais cedo do que eu pensava, em Maio de 2009, e foi essa a razão de o não ter encontrado. Teria jurado que foi em 2010 que fui à Galiza ter com ele.

Tenho o mau hábito de não acrescentar etiquetas às minhas publicações e quando procuro não encontro nada. Desta vez não falha, vou encher isto de etiquetas!

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

D. Manuel III

 Toda a gente sabe quem foram os reis de Portugal D. Manuel I e D. Manuel II, mas o D. Manuel III ninguém conhece! Mas vão ficar a saber, pois vim aqui com o propósito de reclamar esse título para mim mesmo. Desde a fuga de D. Manuel II para Inglaterra, ninguém reclamou o lugar dele na Monarquia Portuguesa. D. Duarte Nuno diz que é ele o herdeiro do trono, mas não é mais português que eu e tem toda a lógica que a seguir a um Manuel lhe suceda outro com o mesmo nome e eu também andei em guerras, a dar o corpo ao manifesto, em defesa da lusa pátria. Monárquico convicto fui sempre, não vou em repúblicas (das, ou dos, bananas), como temos actualmente. Por isso já sabem, quando passarem por mim quero uma chapelada e uma vénia.


Não sei se, hoje, ainda ensinam, na escola, o significado da nossa bandeira e o que representam as quinas, os castelos e a esfera armilar. Acredito que a maioria dos nossos rapazes, mais preocupados em dedilhar as teclas do seu smartphone, nunca perdeu tempo com tal minudência. Quando o presidente Cavaco foi capaz de içar a bandeira de pernas para o ar, eu já acredito em tudo. A minha vida já vai longa e já vi muita coisa.

E uma coisa mais vos digo, só tenho um filho e não se chama Manuel, portanto de reis Manuel a coisa acaba quando eu bater as botas e passar para a quinta dimensão (aquela que não tem comprimento, nem largura, nem altura e nem profundidade), lugar onde vive toda a casta de humanos e humanoides que já pisaram o solo deste planeta. Mas antes de me despedir, ainda quero deixar uma luzinha sobre um dos símbolos da bandeira, quiçá o mais significativo, a esfera armilar.

O meu antecessor, D. Manuel I, foi o maluquinho dos Descobrimentos, o que empurrou os navegadores portugueses, como Vasco da Gama ou Pedro Álvares Cabral, para o fim do mundo, à cata de riquezas que engrandecessem o reino. Todos sabem que naus e caravelas eram feitas de «pau de pinheiro», aquelas árvores que o rei D. Dinis mandara plantar por toda a costa portuguesa para parar os ventos e preservar as dunas, dois séculos antes.

Havia, portanto, muita gente habilitada a trabalhar o pau e dele fazer coisas de grande importância para o povo e o reino. Um desses habilidosos, reconhecido artesão, ouvindo os marinheiros falar das viagens, das dificuldades que se viviam no mar e da falta de instrumentos de navegação, meteu mãos à obra e dum tosco pau de pinheiro começou a burilar aquilo que ele entendia das palavras ouvidas. O mundo era uma esfera que girava sobre dois polos com o sol a girar à sua volta. De macete na mão foi martelando, arrancando pedaços ao tosco pau em que pegara para realizar a sua obra, e lentamente foram aparecendo os paralelos, os meridianos e todos os outros detalhes que, hoje, são conhecidos e reconhecidos por todos que se debruçam sobre essas matérias da ciência.

Essa esfera que tão bem representava as viagens do Gama, do Cabral e do Magalhães chegou às mãos de Sua Alteza Real D. Manuel I qua agarrou e nunca mais largou. Usou-a nas reuniões com os capitães das armadas que mandava a caminho da Índia para trazer especiarias, pimenta e canela que vendia aos comerciantes holandeses que faziam fila à porta do Paço Real para as carregar para a Flandres, logo que saíssem da porta da alfândega. Ele sulcava os mares imaginários movendo o seu dedo indicador através da esfera armilar que tinha à sua frente, em cima da mesa, e os olhos dos navegadores seguiam aquele dedo e já se viam a dobrar o Cabo da Boa Esperança e rumar a norte, onde sabiam que ficava a Índia de Goa, Malaca e Ormuz, onde os portugueses tinham assentado arraiais.

Tão importante para o desenrolar dos nossos Descobrimentos foi essa esfera que os republicanos (que eu não gramo nem com molho de tomate) decidiram eternizá-la na Bandeira Nacional que veio substituir a usada nos tempos da Monarquia que era mais branca e azul, a condizer com a cor da minha pele e dos meus olhos!  

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Que droga!

 

Continuamos na frente da corrida, mas perdemos parte da nossa vantagem. Para ser campeões teremos que bater o Sporting na segunda volta, em Alvalade. E temos o Porto à perna ao virar da esquina. Põe-te a pau, Schmidt, tens vindo a a perder qualidade.

As últimas contratações, vindas lá da terra dos vikings serão para ganhar pontos ou contos? Essa era a ideia do Vieira, comprar e vender jogadores, amealhando muitos contos de reis na diferença de preços. O seu recorde pessoal foi de 120 contos, com o João Félix, mas depois deu o estoiro e desapareceu. O Rui Costa está tentar ultrapassá-lo com a venda do Enzo e assim se esquece o rendimento desportivo que é aquilo que alegra os sócios e adeptos.

Só eu é que não ganho nada com o futebol, a não ser dor de cabeça!

domingo, 15 de janeiro de 2023

Saúde e Educação!

 Ontem, foi dia de trazer o meu neto para a ribalta, fez 26 anos, está um homem, entrou este mês no mundo do trabalho, está que nem um caça-bombardeiro a largar da pista do porta-aviões, à sua frente um futuro desconhecido.

Hoje, é dia de falar na mãe dele, a minha filha mais velha. Quando ela estava a acabar o secundário, tentei convencê-la a cursar Saúde, mas ela foi, redondamente, contra. Gostava de desporto e teimou em fazer um curso nessa área, o que acabou por conseguir. Findo o curso, andou por Lisboa, Oeiras e outras bandas até chegar à conclusão que não teria futuro naquilo. Por sote, quando entrou ns Escola Superior, obrigaram-na a fazer Magistério Primário, como complemento do curso de desporto. Isso deu-lhe a possibilidade de arranjar uma colocação mais aceitável. Ensinar alunos da 1ª Classe nunca foi o seu sonho, mas acabou por aceitar o facto e não se tem dado mal, já anda nisso há 30 anos.

Ontem, foi para Lisboa gritar com o Costa & Costa - um é António e chefe do outro que é João - ver se as coisas mudam para melhor, pois para pior vão elas todos os dias. Não há nada neste país de que não tenhamos que nos queixar. Além da Justiça que é a vergonha que todos sabemos, são a Saúde e a Educação que mais recursos consomem e mais mal funcionam. Não sei se a minha filha estria melhor, hoje, se tivesse seguido os meus conselhos. Eu queria fazer dela uma enfermeira-parteira, sabendo que partos é coisa garantida para sempre e em todo o mundo. Freguesia não lhe deveria faltar, como é fácil de verificar pela situação que vivemos em Portugal.

Não gosto dos dois ministros que, actualmente, tutelam estas áreas, o Pizarro na saúde e o Costa na educação. Se estávamos mal com os seus antecessores, pior ficamos com estes. Não os vejo capazes de impor a sua vontade ao António Costa e mudar aquilo que está mal (e há muita coisa a mudar). Eles são apenas "Boys" do PS e são forçados a seguir o seu destino de "Yes-Men", não têm, ou não podem ter, vontade própria.


Entretanto, a minha filha já vai fazendo contas aos anos que lhe faltam para a reforma e eu não gosto nada disso. Quando as pessoas começam a não gostar do que fazem, ou não se sentirem motivadas para o fazer, trabalhar torna-se um inferno. Que poderei eu fazer para mudar este estado de coisas?

sábado, 14 de janeiro de 2023

Conjecturas!

 O meu neto nº 1 faz hoje 26 anos!

Isso significa que os meus filhos já estão para lá dos 50 anos!

O que faz com que os avós estejam próximo ou para lá dos 80. É a lei da vida, não se pode ter um chouriço sem matar o porco!

Mas não me queixo, lá diz o ditado que quem já andou não tem para andar e eu já tenho as solas rotas de tanto caminhar. Um dia destes entrego a pasta a outro e vou para o descanso eterno!

C'est la vie, mon ami!!!



sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Dar tempo ao tempo!

 

Miragaia - Porto

Dizem os sabichões que na próxima semana nos despediremos da chuva, depois disso vem o frio, temperaturas noturnas a rasar o zero. E com a energia ao preço que está, ninguém tem coragem de ligar o aquecimento. O remédio é ir para a cama mais cedo e pôr mais um cobertor na cama.

Há outros sabichões que afirmam que já temos água armazenada que dá para 3 anos sem maiores preocupações. Esses esquecem-se que as eléctricas depressa esvaziariam as albufeiras se os deixarem turbinar à vontade para facturarem mais uns quantos kilovolts. E do outro lado temos a agricultura cada vez mais intensiva que gasta quanta água houver nas albufeiras se não lhe impuserem restrições. Aumentar o preço da água não resultaria, pois isso faria com que aumentassem os preços dos produtos que nos vendem e seríamos nós a pagar a factura.

O melhor que temos a fazer é pedir ao S. Pedro que nos devolva o clima de antigamente, quando chovia na Primavera e no Outono, fazia frio no Inverno e calor no verão. Nos últimos anos tem sido uma confusão, sem chuva e com o frio e o calor descontrolados.

Tal e qual como acontece no nosso governo com o Costa a perder o controlo das coisas e os governantes andarem numa total rebaldaria! Quem será o santo a quem rezar para meter isto nos eixos?

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

O beato Willi Graf!

 

Por portas travessas, chegou às minhas mãos a história de Willi Graf - herói da resistência anti-Hitler e beato da Igreja Católica Romana. Várias coisas chamaram a minha atenção, a começar por esta foto com o alcache da Marinha, o lugar onde nasceu e uma cidade alemã que tem um centro de juventude carregando o seu nome. Há coisas assim, surpreendentemente, a História esbarra-se connosco deixando-nos meio-atarantados.

A vestimenta que usou para tirar esta foto talvez queira dizer que os seus pais teriam gostado que ele fizesse carreira na Marinha. Em vez disso ingressou na Wehrmacht (Exército alemão) como médico e percorreu meia Europa, cuidando dos seus camaradas, durante a II Grande Guerra. Ao contrário, os meus pais nunca cogitaram em ver-me na Marinha e lá acabei por ir parar, mas apenas por não ver outra oportunidade de singrar na vida.

Depois de casada, a minha mulher arranjou emprego numa fábrica de confecções, localizada na aldeia de Kuchenheim (terra dos bolos, em tradução à letra), onde este jovem e mártir nasceu, em janeiro de 1918, último ano da I Grande Guerra. Esta aldeia ficava a poucos quilómetros da sede do concelho, Euskirchen, onde eu vivi e tralhei, enquanto emigrante, na estrada que ligava esta cidade a Bona (na altura capital da R.F. da Alemanha), para onde viajei muitas vezes e nem sempre por prazer.

Willi Graf andou sempre envolvido em organizações pró-cristãs e foi grande critico das políticas de Adolf Hitler. Por isso foi perseguido e preso, torturado e morto - guilhotinado em 1943. na prisão de Munique, onde foi sepultado, mas mais tarde trasladado para Saarbrucken, lugar onde vivera a maior parte da sua vida.

Fruto das minhas aventuras amorosas, em terras do III Reich, tenho uma filha que vive em Ludwigshaffen am Rhein e trabalha na Câmara local, como assistente para a juventude. E agora, como remate de todas as coincidências, o Centro da Juventude, onde ela passa a maior parte do seu tempo, recebeu o nome deste herói da resistência e mártir da Igreja Católica que o beatificou, em 2018.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Los goles solo hablan español

 


O primeiro por Grimaldo, de livre directo à entrada da área. Nisso ele é bom, muitos golos tem marcado assim! Volta a falar-se que talvez vire as costas ao Benfica, antes de este frio mês de Janeiro chegar ao fim. Eu já não digo nada, ele é bom jogador, mas mete-nos em sarilhos cada vez que sobe no terreno e se esquece que é defesa. Se não tiver outro defesa que lhe forre as costas pode criar grandes problemas à equipa. Quem o levar que se cuide!

O segundo por Enzo para marcar o tratado de paz com o clube e os adeptos. Ele jogou bem para calar os críticos, mas tenho cá para mim que a sua vontade é mandar-se daqui para fora, quanto mais depressa melhor, e ganhar tanto como o Ronaldo (se tal for possível). Mas, enquanto isso não acontece na sua vida, tem que respeitar o contrato que tem e o patrão que o trouxe da Argentina para a Europa e o mostrou ao mundo.

Os benfiquistas da Póvoa, ontem, guardaram os bonés e cachecóis na gaveta e foram apoiar o Varzim, mas eu acredito que lá no fundo rezavam para o Glorioso sair dali com uma vitória. Eu nunca faria isso, desejo o melhor para o Varzim, mas primeiro que tudo está o Benfica (falando de bola, claro). A seguir teremos o Braga ou Guimarães - o mais provável é ser o primeiro - para seguir para as meias. Nos últimos anos, só temos feito vergonhas nesse campo, espero bem que este ano possamos reescrever a história do Benfica com o apuramento para a final.

No entanto, o resultado dos embates com o Guimarães, um empate, e o Braga, uma derrota, devem deixar o Roger Schmidt de pé atrás e forçá-lo a montar uma estratégia que nos guie à vitória. Pelo menos à final gostava de chegar para quebrar o enguiço.

Mas, esta semana, a preocupação é outra, bater o Sporting que embora tenha vindo a fazer resultados vergonhosos pode acordar de repente e dar-nos um desgosto. Cada vitória, assim com cada derrota têm uma história muito própria e a actuação de um só jogador pode mudar tudo. O Porro vai querer mostrar o que vale, o Paulinho tem que marcar um golo para subir ao pódio e o Pote ... é o Pote, marca golos tal e qual como um mágico a tirar coelhos de uma cartola. Desta vez compete ao Glorioso ganhar, o Sporting que fique à espera do próximo jogo!

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

O Marlon!

 Esta publicação deveria ser feita no Blog da CF2, mas como pouca gente passa por lá (e ainda menos comenta) vou fazer de conta que me enganei e não aceito críticas.

O 16581, de seu nome João Manuel Azevedo, era conhecido pelas alcunhas de NUNO ou MARLON. Marlon por ter uma ligeira parecença com o Marlon Brando, antes de este ter engordado uma brutalidade de Kilos. Do Nuno não sei a origem, nem ele me soube responder, quando lho perguntei, na última e única vez que estive com ele, desde Junho de 1965.

Fomos juntos para Moçambique, incorporados na Companhia de Fuzileiros Nº 2, num dia que não recordo do mês de Outubro de 1962 e vivemos grandes aventuras, durante os 30 meses que passámos naquela ex-colónia portuguesa. Até para Metangula, no Niassa, fomos juntos, quando a Frelimo desatou aos tiros, por aquelas bandas.

Quando, em 2008, decidi localizar todos os membros da Companhia e saber quem era vivo ou morto, deparei-me com o problema de ninguém saber dele, nem como desapareceu da Escola de Fuzileiros, no verão de 65. Houve até muito boa gente que o deu como morto, mas isso nunca me convenceu, pois são raros os casos em que o morto nunca mais aparece, Se tivesse morrido afogado no Tejo, como alguns aventavam, o seu cadáver apareceria a boiar em qualquer lado, mesmo que flutuasse até à Galiza.

Esta de ele flutuar até à Galiza saiu-me assim de repente, mas foi exactamente onde o fui encontrar, muitos anos depois. Cheio da Marinha até à ponta dos cabelos e acreditando que, logo que acabasse o curso em que ambos estávamos empenhados, ambos seríamos recambiados para África e, se o azar espreitasse, talvez para a Guiné, decidiu desertar. Percorrendo caminhos só dele conhecidos e com a ajuda de um irmão que trabalhava na Siderurgia Nacional - por onde ele também passara, antes de ingressar na Marinha, foi parar a uma aldeia do interior da Galiza.

Dado como desertor, situação militar que nunca prescreve, veio a Lisboa, depois do 25 de Abril, para regularizar a sua situação, uma vez que o governo português "socio-comunista" ofereceu essa possibilidade aos muitos jovens que tinha virado as costas a Portugal, por mor da Guerra Colonial. No entanto, contou-me ele, a confusão era tanta e as exigências de papelada tão difíceis de concretizar que regressou à Galiza sem nada ter feito e, como eterno desertor, lá continua a viver.

Quando lá chegou, nos idos de 1965, arranjou trabalho como simples operário numa fábrica de serração. Aos poucos foi ganhando a confiança do patrão, a tal ponto que, um belo dia, começou a namoriscar a sua única filha. E com ela se casou e formou a sua família. Ela era filha única e só teve uma filha também. A sua morte prematura deixou-o como herdeiro da serração, em que trabalhava, uma vez que o sogro também já tinha ido prestar contas a S. Pedro. A filha, entretanto, formara-se em Medicina e já trabalhava num hospital, em Vigo.

Viúvo e sem ninguém com quem se entreter nas horas vagas, arranjou uma amiga viúva e com ela e os seus descendentes - que o Nuno trata como seus verdadeiros netos - vive até à data. Que Deus lhe dê muita saúde e uma vida longa para disfrutar dessas benesses que a sorte lhe meteu pela porta dentro.

Ele era filho de mãe solteira - sabe Deus a carga negativa que isso carregava, nesses tempos de miséria - nascido numa aldeia na zona de Numão, perto de Fozcoa. Segundo me contaram, o seu pai era um empresário na área da Moagem e a sua mãe uma sua empregada. Ele passou os primeiros anos da sua vida trabalhando aqui e ali, primeiro para o seu pai e depois na agricultura, até que decidiu que aquilo não era futuro e seguiu os passos do seu irmão que tinha vindo para o Seixal e arranjado trabalho na Siderurgia do Champalimaud. E pouco depois, chegada a hora do Serviço Militar, concorreu à Marinha, onde nos encontrámos, em março de 62.

Ontem, na posse de um Smartphone com muitos minutos disponíveis, decidi marcar o seu número de telefone e ver se ele, ou alguém da família, me atenderia. Sempre tenho receio de ouvir uma má notícia, quando, ao fim de muitos anos de ausência, procuro por notícias de algum velho camarada. Mas a sorte estava comigo e ao fim de uns poucos toques ele atendeu e ouvi a sua voz. Ele que já nem português sabe falar, ao ouvir a minha voz reconheceu-me imediatamente. Devem ser tão poucas as ligações que tem com Portugal que eu serei um dos poucos a pensar nele neste início do ano em que ele festejará o seu 82º aniversário.

No próximo verão terão passado 13 anos sobre o nosso reencontro, em Monforte de Lemos e muita água passou já por baixo das pontes que atravessam o rio que passa por esta cidade galega, mas o NUNO está bem de saúde e ainda reconheceu a minha voz, vinda dum passado longínquo. Deixei-lhe um grande abraço e os votos de Bom Ano Novo. Terei que lembrar-me de lhe ligar de novo, no fim deste ano para reiterar os votos. E de mim, quem se lembra?


domingo, 8 de janeiro de 2023

E o Sporting, pá?

 


Este fim de semana só o Benfica escapou (para além do Braga, claro)! Com o Porto foi o que sabemos, mais azia para o Sérgio, e com o Sporting foi pior ainda ... perdeu na Madeira!

O nosso mais directo competidor é, agora, o Braga. Com Porto a 7 pontos e o Sporting a 12 temos que rever as nossas prioridades. Muito embora perder um campeonato para o Braga me doesse muito menos do que para um dos outros dois. Mas tanto Braga, como o Benfica vão começar agora a ter os jogos mais difíceis, mais decisivos. O primeiro grande jogo do Braga foi contra o Porto, no Dragão e perdeu, o segundo foi com o Benfica, em casa, e ganhou, ou seja, perde fora e ganha em casa, o que tem a sua lógica. Veremos como corre quando jogar contra o Sporting, o que não deve demorar, pois faltam apenas duas jornadas para acabar a 1ª volta.

No próximo fim de semana, o Benfica vai medir forças com os leões, mas olhando para o que eles jogaram hoje, no Marítimo, não é caso para ter medo. Sei que vão jogar em casa e isso pode fazer a diferença, até pela pressão dos adeptos e pela grande rivalidade entre os dois clubes da Segunda Circular. Mas se cada clube ganhar o jogo disputado no seu terreno, no fim o resultado é zero. Quer dizer que é no confronto com terceiros que se amealham os ponros que fazem a diferença e aí levamos-lhes 12 pontos de vantagem.

Viva o Benfica!!!

Este mundo-cão!

Ponte Pênsil que existia, antigamente,
no lugar onde hoje existe a Ponte D. Luis

Ontem, foi dia de Natal para os ortodoxos. O Putin assistiu a uma missa, sozinho, para cristão ver e benzeu-se, do ombro direito para o esquerdo, a modo que às arrecuas, para fazer de bom cristão e ficar bem no filme. Tinha decretado cessar-fogo, mas esqueceu-se de passar a ordem aos generais e eles bombardearam toda a fronteira leste, como vêm fazendo, há meses.

Também vi muita água a correr, no Porto, das partes altas para as baixas, o que é muito natural. Na Escarpa dos Guindais parecia as cataratas de Iguaçu e na estação de S. Bento, toda coberta e vedada por grossas paredes, havia mais água que em Algés na pior cheia. Deve ter havido por ali grossa marosca nas canalizações das ruas adjacentes para a água que devia correr pelas ruas abaixo, até ao rio Douro, ter descido pelas escadas rolantes da estação, indo parar á linha do Metro que teve que ser encerrada.

E também vi o jogo dos andrades em que o Nuno Perna Longa Almeida perdoou um amarelo ao Uribe por uma falta que lesionou um jogador adversário, mas não seguiu o mesmo critério com o Lucas que puxou os calções do jogador do Porto. Resultado, o Casa Pia jogou toda a segunda parte com 10 e o Uribe jogou até aos 96 minutos (sem espinhas). Como é costume dizer-se, Deus escreve direito por linhas tortas e o FCP ficou-se pelo empate a zero. E eu gozo como um preto com as caras e as saídas do Sérgio Conceição, quando a vidinha não lhe corre de feição. Ainda, um dia, acaba por bater com a porta e voltar às andanças pelo mundo e aí é que eu me vou rir com vontade! Quero ver onde é que o Pinto da Costa vai arranjar outro cromo como este que, com o seu mau feitio, os tirou da miséria e lhes deu uns quantos títulos!

Além disso, ainda falei com o meu amigo, camarada de guerra do Ultramar, e companheiro de longa data neste mundo dos blogues que me confessou estar muito mal de saúde. A sua perna que tantas queixas lhe deu, nos últimos anos, piorou e obriga-o a usar um andarilho para se movimentar em casa, pois à rua já nem vai. Mas a pior parte é no sistema respiratório, sente muita falta de ar e até usa um ventilador para lhe diminuir o esforço que faz a respirar. Ao fim de meia dúzia de palavras, ao telefone, ficou cansado demais, pediu desculpa e desligou o telefone. Porca de vida!

sábado, 7 de janeiro de 2023

Ganhar, até ganhou ...!


 ... mas não é a mesma coisa!

Jogar sem:

O Rafa

O Enzo

O Neres

Dá origem a um futebol mastigado e sem resultados práticos. Os médios e avançados rematam pouco e mal. Espero que contra os leões de Alvalade a equipa já esteja recomposta, senão será uma vergonha.

Por outro lado, o Benfica terá que ter um jogador especializado em penalties em que possamos confiar. Ontem, só houve um golo de penalty e por pouco o guarda-redes apanhava a bola. No segundo penalty, marcado por outro jogador, mas para o mesmo lado da baliza, o guarda-redes esticou-se e apanhou a bola (em teoria) sem grande esforço. Não gostei!

Agora fala-se em comprar um puto de 19 anos que vem da terra dos Vikings e eu quase posso jurar que a ideia será vendê-lo o mais rápido possível e pelo preço mais alto possível. Nem em sonhos eu acredito que seja para valorizar o plantel e agradar aos adeptos.

O treinador ainda vive em estado de graça e espero que assim continue por muito tempo, mas se começa a fraquejar - a equipa, claro - rapidamente passará a "personna non grata" na Luz!

Ah, ganda Benfica, quem te viu e quem te vê !!!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Cessar fogo!

 Este título faz-me lembrar dum episódio da «Minha Guerra», em Moçambique!

A coluna que se movia lentamente parou para passarmos a noite. O Exército estabeleceu o perímetro de segurança e os dois fuzos que seguiam à boleia, na traseira de um camião civil carregado de mercearia e bebidas para abastecer Metangula e Nova Coimbra, meteram-se debaixo do camião, abrigados pelos grossos pneus e prepararam-se para uma noite sossegada. Um dos fuzos era este rapaz que vos conta a história.

Lá pela meia-noite, alguém disparou um tiro e, como se isso fosse um sinal combinado, começou toda a gente a disparar ao mesmo tempo. Depois de uns minutos de intensa fuzilaria, aparece o Alferes Salazar, comandante da coluna, a gritar "alto fogo", "alto fogo". Como por encanto todas as armas se calaram. Depois vieram as perguntas do costume, quem foi o primeiro a disparar e porquê. Perguntas que ficaram sem resposta, como é fácil de adivinhar. Aliás a desculpa era sempre a mesma, algum sentinela vira o mato a mexer e suspeitando que poderiam ser os "turras" mandou-lhe uma rajada de balas de calibre 7.62 da nossa famosa G3.

Como não foi encontrado o culpado, o alferes regressou ao sossego da sua barraca de campanha, guardada por 4 sentinelas. Nada mais que mereça registo aconteceu naquela noite e mal o sol despontou, vindo até nós dos lados de Vila Cabral, de onde partíramos cerca de dois dias antes, a coluna pôs-se em marcha para mais um dia de viagem, rumo ao Lago Niassa. 

O nosso Dia de Reis corresponde à véspera de Natal no mundo ortodoxo. E para permitir que todos tenham um natal em paz, o Putin apareceu a gritar "alto fogo", até à meia-noite de amanhã. Desconfio que ninguém o vai ouvir e talvez até os ucranianos aproveitem a ocasião para estragar a festa aos russos que tão mauzinhos têm sido para eles, destruindo tudo com repetidas cargas de artilharia e mísseis disparados de todos os lados.

Se os militares russos aproveitarem a festa para apanhar uma "bezaina" de vodka, pode ser que vão parar ao inferno sem se darem conta de como lá chegaram. Dois dias de paz seriam melhor que nada, mas nunca fiando é melhor manter as portas trancadas. Com os russos e o Putin ao comando, nunca se sabe o que aí virá. Ele até já mandou uma fragata com capacidade nuclear para o Atlântico e com destino ao Mediterrâneo e, quem sabe, talvez ao Mar Negro.

Há quem diga que ele é um doente oncológico em fase terminal e talvez planeie uma despedida em grande para se apresentar ao diabo com o currículo completo. Para o conseguir só lhe falta mesmo detonar uma bomba atómica!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Noite de Reis!

 É hoje que se festeja a noite de reis. As estrelas só se vêem de noite e é natural que eles tenham chegado a Belém durante a noite. Na minha casa sempre comemoramos esta data, tal e qual como na noite de Natal, o dia de amanhã é mais para os espanhóis.

Às 19.00 horas, joga o Benfica, o que complicar as coisas um pouco, mas hei-de arranjar um meio de não perder nenhum deles!

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

O 4º de 365!

 Este é o 4º dia do ano, faltam (só) 361 para a passagem de ano. Estou ansioso por chegar a 2024, ano em que vou passar a ser um respeitável octogenário. Recordo o meu primo António que morreu uma semana antes de fazer os 77 e não ficou nada contente por falhar o aniversário de 2021.

Em 2024 vou ser um velhote careca, mas bem disposto, cheio de humor e sempre crítico com tudo e todos, principalmente com aqueles que não aprenderam a ler, escrever e falar a Língua de Camões, correctamente. E acima de tudo aqueles que ganham o pão-nosso-de-cada-dia na Comunicação Social.

Em 2024, teremos o campeonato da Europa, mais conhecido pelo nome de EURO 2024. Ontem, eu criei um grupo de apoio no Facebook para dar força à ideia de termos o CR7 à frente da equipa com a braçadeira de capitão. Mesmo que ele não tenha pernas para correr atrás da bola, terá a experiência necessária para guiar os mais novos e dará muito maior visibilidade à nossa equipa.

Também teremos um novo seleccionador que espero seja mais ambicioso que o Fernando Santos. Este teve ao seu serviço um naipe de verdadeiros artistas, mas não tirou grande partido disso. Em breve saberemos quem vai fazer a próxima convocatória para os jogos a acontecer em Março. Logo veremos se haverá tomates para apostar nos jovens e arrumar (de vez) alguns dos velhos que faziam a alegria do ex-seleccionador. A ver vamos!

E 2024 será um ano bissexto em que teremos que trabalhar um dia a mais que o patrão não paga. Quando chegarmos ao dia do Reveillon voltaremos a falar nestas coisas todas e faremos o balanço do bom e mau que aconteceu durante o ano que, hoje, é ainda um bebé de mama!



terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Rios temporários!

 Na minha publicação de ontem, falei de rios de montanha que têm características especiais devido ao terreno que percorrem ser muito acidentado. Nos países de clima tropical esses rios assumem ainda uma outra característica que é também marcante, são temporários. Como nesses países chove poucas vezes, mas com grande intensidade, formam-se rios, nas zonas montanhosas, que dois ou três dias depois já não existem. As enormes enxurradas que descem das montanhas arrastam terra e pedras formando um vale seco e pedregoso logo que a chuva deixe de cair.

A província do Niassa, em Moçambique, era fértil neste tipo de acontecimentos devido à morfologia do terreno. O lago Niassa fica a cerca de 600 metros acima do nível do mar e a costa moçambicana tem montanhas que chegam perto dos 1.500 metros de altitude. A água das chuvas escorre dessas montanhas até ao lago criando muitos desses pequenos rios que, ora vão desaguar em rios de maior dimensão, ora despejam a sua água, directamente, no lago. Estes últimos são os mais curtos e temporários que se podem encontrar. Um ou dois dias de sol inclemente e ficam completamente secos. Para isto concorre uma característica especial do clima tropical, só chove no verão.

Um desses pequenos rios separa Moçambique do Tanganica (era assim que se chamava quando por lá andei) num percurso que não deve atingir os 10 Kms. Nas operações que os fuzileiros levavam a cabo nessa zona - tentando localizar os turras que entravam por ali em Moçambique - usávamos esse rio para penetrar mais facilmente no terreno montanhoso, livre de vegetação e do malfadado "feijão macaco" era um caminho fácil de percorrer.

Naquele dia foi-nos dada a missão de partir dali em direcção a Olivença (hoje chamada Lupilichi) para ajudar um grupo do Exército que lá estava em dificuldades e com falta de munições. Como já era habitual, a lancha despejou-nos na praia, junto à foz desse rio, por volta da meia noite. Começámos a marcha já a chapinhar no rego de água que descia a caminho lago. Quanto mais caminhávamos mais chovia e mais subíamos em altitude. Pelas 7 da manhã chovia tanto e a água do rio tinha aumentado de tal maneira que nos foi impossível continuar. Andámos por ali, perdidos, ora do lado português ora do vizinho do norte, até ao sol-pôr.

Chegámos à triste conclusão que estávamos perdidos e tentámos comunicar com a base via rádio, mas estava escrito que tudo daria para o torto, do outro lado ninguém respondia. Ofereci-me para subir a uma árvore e colocar a antena do rádio no ponto mais alto que o cabo de antena permitia. Nem assim resultou. Sem saber onde estávamos era difícil tirar um azimute para seguir a caminho de Olivença.

Decidimos acampar para passar a noite e de manhã se decidiria o que fazer. Choveu toda a noite sem parar. Deitámo-nos enrolados no poncho impermeável, mas passado pouco tempo a água entrava pelo pescoço, percorria todo o corpo e parava dentro das botas de cano alto. De manhã, ainda cedo, uma réstia de sol aqueceu-nos a alma e fomos, mais uma vez, tentar a nossa sorte com o rádio, mas sem sucesso. Sem rações de combate para aguentar um dia inteiro no mato e sem saber muito bem onde estávamos, a decisão do oficial que nos comandava (um sub-tenente da Reserva Naval) foi regressar ao ponto de partida. Lá chegámos por volta do meio-dia e desse local conseguimos estabelecer contacto via rádio e pedir o nosso reembarque.

Chegámos à base a tempo de tomar a primeira refeição do dia, à hora do jantar. A má notícia é que teríamos que voltar a sair, à meia-noite, com novas informações de orientação para tentar chegar a Olivença e ajudar os nossos camaradas do Exército. A boa notícia é que antes de nascer o sol do novo dia recebemos ordem para regressar, porque um pelotão do Exército já lá tinha chegado e resolvido o problema. Ficámos aliviados por já não estarem em risco os rapazes "entalados" naquele fim do mundo, mas um pouco chateados por ter passado tantas dificuldades para nada. Na minha opinião, o oficial que nos comandava (e que era um pouco avariado dos cornos) deve ter ficado com um trama para a vida toda. Encontrei-o uma vez, no Barreiro, e contou-me que era professor de História e Filosofia. Talvez estes acontecimentos lhe servissem para dar uma boa aula na faculdade, com um pouco da História de Portugal e muita Filosofia pelo meio!