terça-feira, 30 de março de 2021

R.I.R.!

 


Em face daquilo que, nos últimos dias, se tem passado no norte de Moçambique, eu tenho uma teoria que pode não andar muito longe da realidade. Não podemos esquecer dois pormenores importantes. O primeiro é que, desde que morreu Dhlakama, a Renamo perdeu importância, mas não desapareceu. O segundo é que além da Renamo há muito boa gente que não se sente representada pela Frelimo de Nyusi e os seus cães de fila. Ou seja, há em Moçambique um terceiro poder, mais social que político, que acha chegada a hora de se afirmar no terreno.

Por outro lado e não menos importante, aquele cantinho de Moçambique sempre foi dominado pelos árabes, muito antes de Portugal ter imposto a sua presença como colonizador. O tráfico de escravos e de marfim foi o motivo da vinda e permanência dos árabes no norte de Moçambique, assim como no litoral da Tanzânia, e a sua influência, através da religião, mantêm-se até hoje. As muitas missões católicas fizeram o seu trabalho, mas a grande maioria da população das províncias do Niassa e Cabo Delgado continua a seguir o Islão.

Aproveitando todos estes elementos para pôr num dos pratos da balança, tendo no outro apenas a miséria ea fome do povo moçambicano, é fácil perceber para que lado se inclina o fiel dessa balança. A maneira de cativar a juventude para a sua causa é tão só prometer-lhes que os vão livrar da Frelimo e dos corruptos bem instalados na capital que nunca moveram um dedo para o desenvolvimento de Moçambique. A Frelimo e os seus caciques têm tudo e o povo, especialmente o do norte, não tem nada. Nem emprego para ganhar a vida, nem casa para morar, nem escolas ou hospitais dignos desse nome.

E depois não falta no mundo quem esteja de olho nos lucros da exploração do petróleo e gás que está quase a jorrar e transformar-se em dólares. Isto quer dizer que estão reunidas todas as condições para unir os descontentes e formar um novo país, usando uma fatia de Moçambique e outra, mais pequena, da Tanzânia, com a desculpa que é tudo por Alá e pelo sagrado Islão. A este novo país, cuja capital foi já declarada, ontem, Palma, dei eu o nome de R.I.R., como podem ver no mapa acima. São as iniciais de República Islâmica do Rovuma que terá uma fatia na margem norte e outra na margem sul deste rio, nos últimos 100 quilómetros, antes de desaguar no Índico.

Para quem quer apenas colher os lucros do petróleo, gás e pedras preciosas, aquele pedaço de terreno chega e sobra, ambicionar mais só lhes traria problemas. A nível turístico, aquele pedaço de costa marítima é o melhor que Moçambique tem e quando houver dinheiro para investir em infraestruturas, poderá nascer ali uma nova Flórida.

Sou eu que o digo e penso não andar muito longe da verdade. Fiquem atentos!

3 comentários:

  1. Uma zona que já era a mais complicada nos anos 60/70.
    Abraço e saúde

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  2. O problema de Moçambique é o mesmo de Portugal, mas lá chama-se 'refresco' em Portugal corrupção. Em Moçambique entram pelo Rovuma, em Portugal pelo Algarve. Em Moçambique gasta-se o dinheiro em festas na Polana, em Portugal na Quinta da Marinha e imagine-se, agora até num Golf Course numa Base Militar. Em Moçambique pedem ajuda Internacional e em Portugal pedem ajuda aos contribuintes do Norte... Enquanto houver 'socialismo & refrescos' meus caros, a festa é para continuar.

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  3. Um grupo de assassinos. Não creio que a sua luta seja para melhorar as condições de vida dos moçambicanos mais desfavorecidos? Porquanto espalham o terror e matam as pessoas indefesas para se apoderarem da riqueza produzida naquela zona de Moçambique.

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