sexta-feira, 26 de março de 2021

A vida como um filme!

 

Clique na imagem, senão não vê nada daquilo que falo

Pus-me a olhar para esta imagem do Google Earth que retrata uma parte de Lisboa e vi vários capítulos da minha vida desfilarem diante dos meus olhos.

No princípio de Março de 1962, vejo-me na Doca da Marinha, esperando a Vedeta que me levaria até à Base Naval, donde seguiria até ao Corpo de Marinheiros, onde fui inspecionado, me raparam o cabelo à máquina zero e me enfiaram dentro de um camião com capota de lona, a caminho de Vale de Zebro.

Durante os meus primeiros seis meses de Marinha, cirandei pela Baixa de Lisboa, rompi as solas dos sapatos da ordem calcorreando as ruas que se vêem nesta imagem e subi ao Castelo e também ao Bairro Alto. Subi a Avenida da Liberdade até ao Marquês que daqui não vejo, mas adivinho. Gastei alguns tostões em copos de cerveja nos cafés da Rua do Arsenal, ou na Praça das Cebolas.

Vejo, à esquerda, a Casa do Marujo, onde dormi algumas noites, e, à direita, a Estação de Santa Apolónia, onde, ao fim de seis meses de Marinha, apanhei o comboio para ir á terra despedir-me da família, antes de embarcar para Moçambique.

Um pouco para a esquerda da porta de entrada da Casa do Marujo, começava a Rua do Ferrugial, onde numa das primeiras casas funcionava uma tasca em que se comiam uns jaquinzinhos fritos, ou uma sandes de couratos para acompanhar um copo de três. Na mesma rua, um pouco mais acima, havia outra casa, onde se fazia outro tipo de negócio, mas isso agora já não interessa nada.

A Praça da Figueira, o Rossio e o Martin Moniz, a caminho do Intendente, era um roteiro obrigatório para os marujos de visita a Lisboa. No cinema Piolho, passei algumas tardes, à espera que chegasse a hora da Vedeta para regressar a casa e à rotina da vida militar.

E chega de olhar para o passado, vou desligar esta geringonça e meter-me debaixo dos lençóis que já são horas disso. Talvez sonhe com a juventude perdida que é, de facto, aquilo que mais saudades nos deixa!

3 comentários:

  1. A saudade deu-lhe forte.
    Abraço, saúde e bom fim de semana

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  2. Bom dia
    O passado e a saudade de mãos dadas !

    JR

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  3. Um passado triste, no cais à partida inundado de lágrimas. Inundado continua para as famílias que ao mesmo cais, não viram nem puderam abraçar aqueles que partiram e não voltaram.

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