Aos meus olhos !

Ao folhear as notícias (que ao fim de semana são uma seca, nota-se que ninguém está a dar ao pedal) os meus olhos caíram nestas duas cabeleiras de mulher e ficaram estáticos por alguns segundos, os suficientes para fazer arrancar (em francês diz-se "démarrer) o meu pensómetro. As mulheres têm esse efeito em mim, fazem-me pensar em muitas coisas. Umas boas, outras más e outras assim-assim, mas prefiro concentrar-me nas boas, porque quero ser um homem feliz.

Mas, voltemos à fotografia que é o fulcro da questão. Pelas costas, as mulheres parecem-me bonitas. Até podem nem ser, mas, por qualquer razão que não sei explicar, elas parecem-me bonitas. E vestem-se bem. E o mar, reflectindo o azul do céu, está um espectáculo digno de se ver. Será isso que as faz ficar assim, estáticas, admirando o mar. Talvez sim, mas acho que não. Elas estão embrenhadas numa conversa feia para se ter num dia tão bonito, a idade que avança, o envelhecimento que as assusta.

Uma delas acabou de fazer 41 anos e, segundo ela conta, parece que o mundo lhe desabou em cima. Tudo lhe dói, tudo a incomoda, as articulações rangem com ruídos que ela nunca tinha ouvido. Até aos 40 parecia que era ainda uma jovem, fazia tudo sem grande esforço e a sua vida era uma alegria, mas ao fazer os 41 tudo mudou. Porquê?

Apenas porque um pensamento, como ave de mau agouro, perpassou pela sua mente lembrando-lhe que ia a caminho dos 50 e com 50 anos uma mulher é velha, mesmo velha, velha a sério. Agora, compete à sua amiga, a quem decidiu confidenciar as suas preocupações, ter a habilidade suficiente, os dotes de psicologia necessários, para a convencer que isso não é nada grave. É apenas um estado de alma passageiro, amanhã vai acordar feliz como nunca e a trautear uma canção alegre, só por olhar para o seu filho que acordou a sorrir e lhe deu um abraço muito apertado.