segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

A minha sogra !


Hoje, decidi falar-vos sobre medicamentos, mas não sei muito bem por onde começar. Uma das primeiras coisas que faço, ainda antes de tomar o pequeno almoço, é ler as notícias da bolsa e alegrar-me com as subidas, ou entristecer-me com as descidas que doem mais que tudo. Caiu-me debaixo dos olhos uma notícia que me aconselhava a comprar acções das maiores farmacêuticas americanas, as quais tiveram muitos biliões de dólares de lucro, no ano passado, e prometem continuar a ter este ano.
Isto são coisas da cabeça dos gurus que seguem a Bolsa e vendem os seus conselhos por bom dinheiro, mas se me perguntassem a mim eu responderia a mesma coisa. E porquê? A resposta é simples, com a expectativa de vida a aumentar e a necessidade de medicamentos para manter os "mortos-vivos" a caminhar, esse negócio só pode dar lucro.
Nesta altura da conversa, quero falar-vos da mui respeitável senhora minha sogra que sofreu um enfarte agudo do miocárdio, aos 49 anos de idade, e não morreu por milagre. Isto foi no meu primeiro ano de casamento e para dispensar o apoio necessário à minha mulher, a quem coube o encargo de tomar conta da mãe, pus-me ao seu dispor para servir de motorista cada vez que se sentia aflita e tinha que arrancar para o hospital. Era mais o medo de morrer que a doença que a afligia, mas demorou muitos anos a convencer-se de que poderia morrer de outra coisa.
Como ela passou a ser uma cliente regular do médico de família e outros especialistas para onde era enviada, de vez em quando, o número de comprimidos que tomava foi aumentando na mesma medida em que os anos de vida aumentavam também. Foram morrendo alguns dos seus irmãos sem chegarem, ou sem passarem muito dos 70 anos. Vendo isso, dizia ela que ia morrer cedo que nem aos 70 chegaria. Era uma lamúria a que eu já estava habituado e, não raras vezes, gozava com ela, dizendo-lhe que o que ela estava a fazer era pedir anos de vida.


E assim passou os 70 e foi por aí acima, já convencida que nada a deitaria abaixo. E a saca de comprimidos que levava com ela para todo o lado, ia aumentando a cada ano que passava. Muitas piadas fiz sobre isso, para desespero da minha mulher que me fuzilava com os olhos. Acabou por morrer aos 80 e tudo isto serve para vos dizer que, nesta data, com 74 anos quase feitos, estou como ela, carrego a minha saca de medicamentos para todo o lado para onde vou.
E por tudo isso  não me custa nada acreditar que investir nas empresas produtoras de medicamentos é uma boa aposta. Com o avanço da ciência acredito que a expectativa de vida vá subindo sempre, em paralelo com os lucros dessas empresas. E elas vão fazer tudo o que é possível para que nós, os "mortos-vivos", continuemos a andar por cá, pois somos a garantia do seu negócio.
Pensem nisso e tenham uma boa semana!

11 comentários:

  1. Já que hoje vai de sogras, a minha tem 95 anos e não é com os medicamentos que ela toma que os laboratórios enriquecem, a minha mãe morreu aos 85, sem nunca ir ao médico nem tomar algum medicamento, já eu não posso dizer o mesmo, porque os tomo desde os 40 anos de idade para arritmias e bloqueios na máquina e a outra que me apareceu há 5 anos! Mas vou tentando agarrar a vida, (ou melhor, o intervalo dela).

    ResponderEliminar
  2. Terminas, pensem nisso e tenham uma boa semana! Eu penso em tudo, mas no que menos penso é no dinheiro. Se estou no fim da vida e lá para onde for não ter onde o gastar, o que é que me adianta estar a pensar no dinheiro se é que ele não me dá mais anos de vida boa. Aqui neste mundo cão, com as desgraças de uns outro enriquecem. Será que lá no céu e no inferno também há negócios vantajosos?
    Todos os que têm para lá viajado, ainda não vi nenhum que de lá tenha voltado para este mundo dos vivos!

    ResponderEliminar
  3. boas
    é que não há remedio para acabar com os remédios.
    devemos ser por aí mais de noventa por cento que não passamos sem eles .
    JAFR

    ResponderEliminar
  4. .
    Felizmente,até hoje (e o diabo seja surdo), medicamentos não fazem parte do meu cardápio !

    Saúde para todos !!!
    .

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Também, eu, não sou amante,
      por enquanto desse alimento
      todavia, não sei se doravante
      até ao fim da vida o dispenso!

      Prepara a espingarda Caçador,
      para não falhares a pontaria
      os comprimidos acalmam a dor
      candeia que vai à frente alumia!

      Eliminar
    2. .
      Teu conselho foi arquivado
      Não sei o dia de amanhã
      Posso até ficar avariado
      Não vou chamar a Mamã..!
      .

      Eliminar
    3. Não te assustes com a avaria,
      se ela ainda tiver reparação
      não poderás falhar a pontaria
      para teres direito a pontuação?

      Eliminar
  5. Nem sempre é assim. Há uns 32/33 anos eu tomava 18 comprimidos diários. Hoje tirando quando me dá a macacôa (nessa altura tomo mais medicamentos) a maior parte do ano, tomo um comprimido para o estomago e outro para a tensão de manhã, uma aspirina 100mg ao almoço e a atorvastatina ao jantar.
    Um abraço e bom Carnaval

    ResponderEliminar
  6. Eu tive uma conversinha de pé de orelha com a minha médica sobre o assunto de tomar ou não comprimidos, o que se ganha ou perde com isso, se não andamos apenas a engordar as contas bancárias das farmacêuticas e ela respondeu-me que cada um decide o que quiser, ou vivemos mais uns aninhos à conta dos comprimidos, ou arriscamos a embarcar mais cedo para o Jardim das Tabuletas.

    ResponderEliminar