Depois dos comentários que tiveram a amabilidade de me deixar aqui, fui pesquisar imagens para tentar encontrar os chascos e as chincharabelhas de que vos falei. Não posso dizer que fui bem sucedido, pois as imagens que encontrei não casam com aquelas que guardo na minha memória. Se as pernas me ajudassem pegava numa câmara fotográfica e ia para os campos e bouças, onde passei a minha infância, armar-me em observador ornitológico e trazer um monte de fotografias para actualizar aquilo que os sabichões escrevem na internet.
Antes de entrar no assunto propriamente dito, vou recordar uma pequena história de passarinhos que se passou comigo, na Primavera de 2001, quando tomei posse desta casa que acabara de comprar. Desabitada há mais de 3 anos a casa desabara, pura e simplesmente, e o quintal estava transformado numa autêntica selva que os gatos das redondezas tinham adoptado como seu parque privado de recreio e caça. Pássaros, cobras e lagartos, nada faltava ali para lhes tornar a vida feliz. No fundo do quintal, vedado por um muro com mais de três metros de altura, havia um buraco, daqueles que os pedreiros deixam nos muros para meter um barrote e montar os andaimes. Casualmente vi entrar para lá um passarito, o que despertou a minha curiosidade, e fui lá espreitar logo que o residente voou para longe. Era um ninho de carriça e lá estavam os filhotes que abriram o bico, logo que sentiram a minha presença. Deixei tudo como estava e todos os dias ia lá espreitar para ver se os inquilinos continuavam vivos e de saúde. Um belo dia, quando me aproximei, vi logo que tinham dado às asinhas e partido à aventura. A menos que algum dos gatos os tenha apanhado e manducado. No ano seguinte, fiquei à espera que a mãe carriça voltasse para fazer o ninho e pôr os ovos, mas nada aconteceu. Devo dizer que os carriços são pássaros envergonhados e desaparecem mal se sentem observados.
Nas minhas pesquisas descobri dois pássaros que são muito parecidos com as chincharabelhas que mencionei. Um deles é o Chapim Real, mas a cor das penas é diferente, é tudo preto ou branco, como a cabeça deste chapim.
O outro é o Melharuco, embora a posição em que poisam neste imagem não corresponda à minha memória. A Chincharabella anda sempre aos saltinhos, de cabeça baixa e rabo no ar que não é, nem de perto nem de longe, a pose dos dois que se vêem aqui abaixo.
Quanto aos chascos, cujo nome eu pensava não existir, há os cinzentos, os pretos e os ruivos. Olhei para todos e cada um, mas também não se encaixam nas minhas memórias.
Trouxe ainda uma foto de um Rabiruivo que conheço, embora não com esse nome. Se tivesse o rabo no ar, diria ser um carriço, assim fico-me só em dizer que o conheço mas não lhe sei o nome
Um parente do Chasco é o Rabo Queimado que podem ver aqui abaixo e me parece mais aquele que eu via a cantar o cha.cha.cha que lhe granjeou o nome de Chasco.
E por agora é tudo! Podem ir até à mata de Mindelo (aqui perto de onde eu moro) que é um dos melhores lugares recomendados para »observar pássaro». Andam por lá muitos "coca-bichinhos", tipo caçadores de borboletas, de máquina fotográfica (com grande objectiva) em punho, prontos a conseguir a foto da sua vida, aquela que os tornará famosos. Com tanta presença humana, às atantas, são os pássaros que mudam de residência!
Bom dia
ResponderEliminarMais umas boas fotos de ornitologia .
JR
Fico sempre deliciada pela imensa capacidade descritiva que possui e pelo entusiamo que coloca nestas suas publicações. Noto-lhe a veia poética que lhe corre nas veias, pois é na prosa que se nota o seu entusiasmo pelas palavras. Fala de acontecimentos ocorridos há uma dezena de anos, como se tivesse sido ontem.
ResponderEliminarQuer queira, quer não, há muito lirísmo na sua narrativa. É isso que me encanta e me traz aqui.
Adorei esta passarada!! >:)