quinta-feira, 1 de junho de 2023

Fim da linha!

 


Segui todas as pistas possíveis, consultei os mais conhecedores das Picadas do Niassa, encontrei o organizador dos convívios anuais do Batalhão a que pertenceu o Zé Gato e acabei de falar com ele ao telefone.

Infelizmente para descobrir que o Zé já partiu deste mundo, há alguns anos. Bem gostaria de saber se ele viveu uma vida normal, depois daquilo que lhe aconteceu na guerra, mas o meu interlocutor também não sabe. Como o Batalhão a que pertenciam saiu de Estremoz, é ali que realizam grande parte dos convívios e sendo um homem do norte (embora também não tenha descoberto onde era a sua residência) o nosso herói não era muito assíduo nesses eventos.

Falei também com o Manuel Sousa, outro membro do mesmo batalhão, que ficou ferido na mesma emboscada e vive, por causa disso, preso a uma cadeira de rodas, desde então. Um era condutor-auto, o outro especialista em transmissões e ambos foram feridos naquela picada que eu tão bem conheço, entre a missão anglicana de Messumba e a povoação de Nova Coimbra, onde estava acantonada uma das companhias do batalhão. Outro dos ocupantes dessas viaturas que foram emboscadas pelos "turras" da Frelimo era um furriel que morreu no local.

Vários escritos sobre a Guerra Colonial referem que aquela missão era um conhecido covil de turras. O padre dava-lhes abrigo e jogava com as autoridades portuguesas com um pau de dois bicos.

2 comentários:

  1. O melhor que há a fazer, a esta altura da vida, é desligar-se dessa maldita guerra colonial.
    Pela minha parte não quero nem relembrar o sofrimento de perder um irmão.
    Em África, não deixou a vida, nem parte alguma do corpo, mas deixou a alma, a vontade de viver, a capacidade de se reintegrar na sociedade de trabalho e familiar. Mais sofrimento, não, por nada deste mundo....Desculpe!

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  2. Li as duas publicações. Morreu tanta gente na guerra. Eu tive dois primos, na guerra no norte de Angola. Um, morreu lá, o outro veio evacuado gravemente ferido. Salvou-se, mas ficou o resto da vida numa cadeira de rodas. Acabaria por se suicidar aos 45 anos, apavorado com os ataques de pânico e desmoralizado por não aceitar passar o resto da vida numa cadeira de rodas.
    Lamento a perda do seu amigo.
    Abraço e saúde

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