Neste momento em que escrevo já passa da meia-noite e estamos, por conseguinte, na segunda-feira, dia 12 de Setembro. Ontem, de manhã, dediquei o meu tempo ao «Farol de Metangula» e depois não tive oportunidade de voltar a ligar computador. Paciência, não morre ninguém por causa disso.
Mesmo assim e uma vez que liguei o computador agora, não quero desligá-lo sem escrever qualquer coisa. Mas tem que ser qualquer coisa que valha a pena e assim vou deixar aqui uma imagem que diz muito a qualquer marinheiro dos velhos tempos, como eu.
No dia 10 de Março de 1962, no Corpo de Marinheiros do Alfeite, eu e mais duas dúzias de mancebos como eu recebemos a maca (lona com um colchão e respectiva capa, um travesseiro e dois cobertores) e saco da ordem e partimos a caminho de Vale de Zebro e de uma nova vida que desconhecíamos em absoluto. Esse conjunto, a maca e o saco com todos os nossos pertences, era tudo o que precisávamos e a que tínhamos direito dali em diante.
Tal como a imagem documenta, o marinheiro carregava com os seus pertences às costas cada vez que era destacado para outra Unidade de Marinha. Eu fui duas vezes a Moçambique, estive na capital e no mato, ora embarcado ora em terra e até ao dia 20 de Maio de 1968, dia em que entreguei tudo de volta no Corpo de Marinheiros, nunca me separei do "embrulho".
Anos mais tarde, deixou de ser assim e perdeu a piada toda. Pelo menos eu assim penso!
Dizem que recordar é viver, isso é verdade. Há mar e mar, há ir e voltar!Tu foste e voltaste, lá por onde andaste e o que por passaste estás agora a recordar, porque voltaste. Com o decorrer do tempo tudo vai mudando, para melhor ou para pior. O certo é que a tropa hoje é outra, só para lá vai que quer. É um luxo! Não precisam de se preocupar com a guerra, e ainda bem que assim é. E não é como Há 50 anos atrás. Agora mara a juventude a guerra é outra, pegar na trouxa e ir à procurar de melhores condições de vida, se é que no seu pais a não tem!
ResponderEliminarCorrijo: Que para quem e mara, para!
ResponderEliminarGuião + 2 fardas é tudo o que me resta de um tempo glorioso... e que muito provavelmente irão para o lixo quando bater os pauzinhos.
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