quinta-feira, 20 de junho de 2024

Começa hoje !

 ... a estação mais quente do ano!


Mas nem parece. O dia, por aqui, à beira-mar, amanheceu fresco e com algumas nuvens no céu. Aliás, o IPMA previa chuva e trovoada para hoje e pode ainda acontecer, eu não garanto nada!

Para sentir calor a sério é preciso viajar para o interior, fugir do mar. Há uns anos, um dos meus cunhados convidou-me para ir dar uma volta dizendo que queria ir à procura do calor a sério que aqui nunca se sente. Aqui, o máximo que atinge é 36º e isso, de facto, dá para aguentar bem à sombra de qualquer árvore. Vamos até Vilar Formoso, disse-lhe eu, para ver como elas mordem!

E lá fomos nós, subindo a serra da Estrela primeiro, para nos despedirmos do ar marítimo que não consegue transpor essa barreira natural. Fomos descendo para oriente, em direcção ao Sabugal, e pelas 11 da manhã já os pulmões se queixavam do ar quente demais que se respirava.

O ponteiro do termómetro ainda não passara dos 33º, mas a cada quilómetro que fazíamos em direcção a Vilar Formoso, ia subindo lentamente e ao meio dia já marcava 37,5º. Vamos arranjar um lugar para almoçar e depois acelerar daqui para fora, disse eu, pois entre as 12 e as 15 horas a coisa piora. E as paredes de tijolo aquecem tanto que nem dentro de casa se está bem.

Acho que o meu cunhado ficou curado dos seus "desejos" de calor, pois nunca mais lá voltou. Eu também não que agora é raro sair da minha cubata. A minha mulher diz que eu já não sou um condutor seguro e recusa-se a ir comigo de viagem. Desde que pus o pacemaker que ela acha que a pilha pode falhar a qualquer momento e deixá-la ficar em maus lençóis, pois não sabe conduzir e entraria em pânico se me visse a ir abaixo das canetas.

A cena mais caricata que vivi, por causa das variações térmicas, aconteceu há uns anos, num dia em que entrei de férias e o Pedro Abrunhosa veio a - qui fazer um concerto para os banhistas. Já passava das 21.00 horas, quando começaram a afinar as cordas das guitarras e o ventinho que soprava do norte começou a gelar o ânimo dos que esperavam pela música.

E agora. o que vamos fazer, cantava o Abrunhosa, talvez fugir daqui para fora, completei eu e no dia seguinte, bem cedo, fiz a mala e pus-me a caminho de Espanha, à procura de melhor clima. Mas na Galiza - que é a Espanha que nós, aqui no norte, conhecemos, não é o melhor sítio para marcar encontro com o calor e então fomos rumando a sul, passando por Salamanca e Madrid, em pouco tempo já estava em Portugal, entrando pela fronteira de Serpa. Daí até ao Algarve foi um pulinho, mas ao segundo dia de lá estar a temperatura ultrapassou os 40º e decidi que aquilo era pior que o vento fresco da Póvoa.

Depois do almoço que mal consegui engolir, pois já tinha o estômago cheio de cerveja com 7Up e quanto mais bebia mais calor sentia, pus-me a caminho do norte. Erro de principiante, percebi eu mais tarde, atravessar o Alentejo, na hora de maior calor, é burrice. Bem procurei uma árvore para me esconder do sol e descansar um pouco, mas árvore é coisa rara no Alentejo. E se há alguma, pouca sombra faz e deixa-nos a esturricar os miolos. Só quando cheguei a Santarém senti algum alívio, por ter saído do Alentejo, mas também porque o sol ia descendo no horizonte a caminho do Atlântico.

Do que a gente se lembra ao falar do verão !

4 comentários:

  1. Ler as suas memórias, caro Tintinaine, sejam no mar ou na terra, são sempre como viajar no tempo e em lugares já conhecidos...alguns, não todos. 😊

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  2. Boa tarde
    Fui um ano para Monfortinho com um calor de rachar e jurei que nunca mais.
    JR

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    1. Aquela planície que vai da serra da Gardunha até à fronteira espanhola é um verdadeiro forno, nos meses de verão!

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