quinta-feira, 13 de junho de 2024

A Filomena!

 


Dizem que o homem não passa de um tolo que se deixa enganar por qualquer burra vestida de saias ou vassoura com avental e uma fita na cabeça. Não é bem assim, mas quase!

Eu falo por mim, em qualquer canto, onde aterrava, havia sempre uma mulher, ou menina, que me enchia as medidas. E eram bonitas ou feias? Elegantes ou apenas coquetes? Não sei, nem quero saber, já não recordo esses pormenores. Na altura, bastava darem trela cá ao rapaz e lá ia ele embalado a caminho de mais um romance em perspectiva.

Foi assim até conhecer a Filomena. Amor tórrido em verão escaldante só podia terminar mal, como acabou por acontecer. Eu tinha a Filomena encasquetada na minha cabeça 24 horas por dia, sofria sempre que não estava ao seu lado. Em vez de felicidade esse relacionamento só me trouxe dores de cabeça. Quando comecei a fazer uma "longa" lista dos prós e dos contras que teria que aceitar se queria construir um futuro ao lado dela, entrei em pânico.

E, numa certa sexta-feira, anunciei-lhe que ia passar o fim de semana a casa dos meus pais e nunca mais chegou a segunda-feira em que devia regressar ao seu convívio. Foi um adeus muito pensado, muito difícil de ser assumido que ainda hoje não está ultrapassado. Tenho saudades daquela ligação meio esquisita que me ligava à Filomena.

E se eu tivesse casado com ela? Podia ter sido o homem mais feliz ou o mais desgraçado do mundo, nunca o saberei! De qualquer maneira, a Filomena marcou o fim de uma era, para mim, e o começo de outra. Dali em diante, nunca namorei mulher alguma só por namorar, primeiro tirava-lhe as medidas e perguntava ao meu outro eu se seria capaz de viver com ela por toda uma vida e, na maioria das vezes, a reposta era não e eu fechava a tasca e ia pregar para outra freguesia.

Há quem lhes chame as dores de crescimento e que só assim um homem se torna adulto. Pode ser, olhando para o meu caso aceito que foi um pouco assim que passei de rapaz a homem e pouco tempo depois estava casado e a embalar uma filha nos braços. Podia ter acontecido de outro modo, mas foi assim que aconteceu e não me queixo de resultado, estou a comer o pão que amassei com as minhas próprias mãos!

Bom feriado para os devotos de Santo António, os outros que esperem um pouco que já serão atendidos!

2 comentários:

  1. Quase que se poderia dizer que esse seu amor pela Filomena foi quase, quase de caixão à cova! 😲

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ah, esqueci-me de dizer uma coisa que minha mãe repetia muitas vezes. "Há homens que não podem ver uma burra com um lenço na cabeça..."
      😁
      Janita

      Eliminar