quarta-feira, 5 de junho de 2024

Ainda os efeitos da descolonização latino-americana!

 Todo o mundo conhece a influência que teve a U.R.S.S. na luta pela democracia, na América Latina. Os irmãos Castro de Cuba e o famosíssimo Che Guevara são as provas vivas daquilo que ninguém consegue esconder. O Brasil tinha deixado de ser uma colónia (portuguesa), há muitos anos, mas todos os outros países que foram colónias espanholas viveram, durante o Século XX, uma dura luta para impor a democracia. Democracia essa que ainda não chegou a todo lado.

A política de direita dos Estados Unidos e a de esquerda da União Soviética influenciaram essa mudança de forma muito significativa, promovendo e apoiando uma das facções em luta contra a outra e, especialmente, fornecendo as armas com que se iam matando. Hoje, estamos quase a completar o primeiro quarto do novo século, mas as coisas continuam muito mal. As políticas de esquerda, a que uns chamam democracia, assim como as de direita que os da esquerda dizem ser fascistas, continuam em debate cada vez que se inicia um período eleitoral num desses países do centro ou sul do continente americano.

Quanto maior é a nau, maior a tormenta, costuma dizer-se. E assim países como o Brasil, o México, a Venezuela ou a Argentina sentem muito mais as crises que os pequenos. Estes com pouco interesse para os tubarões da economia global passam ao lado das maiores crises e vão vivendo as suas vidas comerciando com uns e outros, à esquerda e à direita, sem rebate de consciência quanto à sua democracia.

Tudo isto como introdução daquilo que aqui vim dizer e que não é grande novidade para ninguém. Um após o outro, os países foram-se desligando da influência de Moscovo, com excepção da Venezuela e de Cuba. Esses preferiram adoptar as dores dos comunistas e repudiar com todas as forças qualquer ligação aos democratas da América do Norte.

A Venezuela está, como todo o mundo sabe, muito mal e não fora a riqueza que o petróleo lhe dá, andariam por aí de mão estendida a pedir uma esmola para não morrer à míngua e ao abandono. Hugo Chaves e, depois dele, Maduro são os grandes responsáveis por essa política de retrocesso em que vivem os seus concidadãos. Ser inimigo declarado dos Estados Unidos só podia dar nisso.

Mas é de Cuba, em especial, que eu aqui vim falar. El Comandante e depois o seu irmão mais novo, Raúl, tiveram os seus 60 anos de glória (de 1959 a 2021), mas isso acabou. E é triste reconhecer que acabou da pior maneira com o povo cubano a viver na maior miséria. Eu sempre pensei que o novo líder - que podem ver na foto acima, ao lado de Raúl Castro - inauguraria uma nova era, começando por aproximar a ilha aos vizinhos americanos e acabando com o embargo que dura desde meados do século passado.

Cuba poderia ser uma espécie de colónia de férias para os norte-americanos e, levando a coisa ao exagero, poderia até adoptar o dólar como sua moeda de troca, o que facilitaria ainda mais as coisas. Para tanto bastava o Sr. Diaz-Canel ir a Washington dizer que o queria fazer e avisar os seu amigos de Moscovo que a sua ligação a Leste terminaria ali, pois só lhes trouxera miséria e desgostos. Mas, em vez disso, vejo-o a fazer juras de amor a Putin e condenar o seu povo à mais negra miséria.

As agências de notícias do mundo ocidental não se cansam de pôr em evidência as condições miseráveis em que vivem os cubanos. Quem é novo e tem uma hipótese de o fazer emigra dizendo adeus ao país que um dia Fidel Castro lhes prometeu que seria melhor que os Estados Unidos, pois teria tudo que os outros têm e ainda a sua liberdade (seja lá isso o que for). Os políticos (de esquerda) nunca o dizem abertamente, mas a única liberdade que interessa ao povo é a liberdade económica, ou seja, ter dinheiro para comprar o que lhe faz falta e poder gastá-lo como e onde quiser.

Nas notícias de ontem, vi filas de cubanos à porta dos bancos tentando levantar o seu dinheiro e sem o conseguir. Não há dinheiro, dizem os banqueiros. A moeda local já não vale um chavo e dólares ou euros é coisa que eles não têm, pois recusando-se a negociar com os países não comunistas nunca lhes põem a vista em cima. Querem um conselho meu? Juro que não tenho qualquer interesse pessoal nisso! Abram a ilha aos americanos, deixem-nos governar a vossa vida e verão como, em três tempos, a coisa muda para (muito) melhor.

E acabo com um dizer do povo que afirma que vive melhor um cão em casa de rico que um pobre em liberdade e sem mais nada além disso. Qualquer  cão a viver nos Estados Unidos tem melhor vida que a maioria dos cubanos. E esta, hein?


4 comentários:

  1. Cuba era nos 50's mais que uma colónia de férias para os americanos - Cuba era um quilombo a céu aberto. No entanto o socialismo não só manteve as prostitutas no Paredón de Havana como o resto da população em miséria absoluta. Como lacaios da antiga URSS muitos ainda foram dar com os costados ao lugar dos seus antepassados - Angola... A única coisa que se aproveita da ilha são os charutos Montecristo.

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  2. A Liberdade é muito importante, mas onde não há pão, não há liberdade.
    Abraço e saúde

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    1. No fim é o estômago que estabelece a nossa liberdade.

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