A Mitra foi (e continua a ser) um símbolo do poder da igreja. Tanto em Lisboa como no Porto existem ainda resquícios do poder da igreja, muitas vezes mal aplicado, que, durante séculos, subjugou os portugueses. O maior exemplo disso é a cidade do Porto que foi doada ao bispo, no início da portugalidade, por D. Afonso Henriques e só no reinado de D. João I foi resgatada pela Coroa.
O Cabido da Sé era uma espécie de Ministro das Finanças ao serviço do bispo e era ele que estabelecia os dízimos a pagar por cada desgraçado que tivesse um negócio, por mais pequeno que fosse. Ou seja, decidia quais os impostos a pagar, encarregava-se da sua cobrança e depois gastava o dinheiro segundo as ordens que recebia do bispo. Depois de pagar os comes e bebes do clero, a maior parte ia para igrejas e monumentos religiosos. Acredito que lá no fim da linha aparecessem alguns miseráveis que tinham direito a umas migalhas.
Atenção, não vim aqui dizer mal da Igreja, mas ela tem tantos pecados, a começar na Santa Inquisição e acabar na vergonha da pedofilia actual, que grande parte do inferno lhe deve estar reservado. O que eu sei e posso afirmar à boca cheia é que o Clero era a classe que melhor vivia, em Portugal, enquanto durou a Monarquia e especialmente antes do aparecimento do Marquês de Pombal que lhe acabou com as mordomias. No Porto é bem conhecida a influência do Bispo do Porto (consultar Wikipédia) no mundo da política e da economia.
A Mitra foi também uma instituição criada para dar protecão aos pobres e lutar contra a mendicidade (que era o meio de muitos lusitanos matarem a fome, até há pouco tempo) que grassava no país, em especial nos maiores centros urbanos. Já perto do fim da Monarquia viria a ficar integrada nas Misericórdias que actualmente está transformada num grande negócio, começando no jogo e acabando na Saúde, que tem muito pouco a ver com a Caridade que lhe deu origem.
Muitas vezes se refere a Mitra, em vez de Igreja, por ser aquela um símbolo desta que até o Papa continua a usar para mostrar quem manda! Eu gostaria que gastassem mais dinheiro dando esmola aos pobres do que a dourar santos e altares nas igrejas!
P.S. - A Quinta da Mitra, nas Antas, abandonada há muitos anos parece que vai ser reabilitada. Imagino que não será o cabido da Sé a pagar as obras, mas até posso estar enganado. Se aquilo der um bom hotel de charme pode ser um bom negócio!
Por uma boa razão - sempre pensei que 'Mitra' estivesse relacionado com alguma Casa de malukos. Na minha escola 'Mitra' era sempre a alcunha preferida de quem mijasse fora do peniko.
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