Ontem, referi-me à Póvoa das Forcadas e disse que ficava na Serra da Estrela. Foi uma imprecisão minha, pois fica em Carregal do Sal, ainda distante da dita serra, mas pertencendo à mesma região. O que me esqueci de referir é que nessa póvoa mora o Sargento Veloso, meu compincha da CF2 e também CF8, quase cinco anos juntos a calcorrear as terras moçambicanas. Tal como me lembrei que o Miguel, o meu primeiro Chefe de Esquadra nos fuzileiros (já falecido), morava na Póvoa de Santo Adrião e o Compadre Eduardo na de Santa Iria.
Serra da Estrela, rio Mondego e seus afluentes, fui parar a Arganil, por onde passa o rio Alva que é um dos tais. Ao ver as duas senhoras, atarefadas no esfrega-esfrega, recordei os meus velhos tempos em que nem electricidade havia, quanto mais máquinas de lavar. A minha mãe era costureira e dedicava-se pouco às lides domésticas, tarefa que ficava para a minha avó Maria. Calhou na rifa eu ser o terceiro filho dos meus pais e os dois que me precederam eram ambos do sexo feminino. Assim, quando era hora de lavar a roupa, a minha avó tinha sempre duas ajudantes/aprendizes que a acompanhavam até ao tanque da aldeia. Não tendo nada melhor para fazer, eu acompanhava-as, era uma espécie de homem presente para manter o respeito e os gabirus à distância. Eu tinha apenas meia dúzia de anos de idade, mas servia para o efeito.
Próximo desta localidade que a imagem representa, veio aterrar outro fuzileiro, filho da minha escola e também ele membro da CF2, Guilherme (o Russo). Foi assim apelidado por ter uma autêntica carapinha loira. Natural de Évora, não seguiu a Marinha e não regressou ao Alentejo, quando a abandonou. Ficou-se pelas margens do Tejo, arranjou emprego na Lisnave e acabou a carreira, em Setubal, quando a Lisnave virou Setenave, nas margens do Sado.
Habituou-se às margens dos rios e, depois do Tejo e Sado, escolheu o Alva para passar os últimos anos da sua vida. Manteve a sua casa na Cova da Piedade (talvez ainda hoje mantenha) e lá voltava, religiosamente, de vez em quando, mas não há nada que pague o sossego e a calma que se vive na Beira Interior. Isto faz com que as visitas sejam cada vez mais raras e com a idade que já tem, mais dia menos dia, perde a vontade de andar na estrada e assenta de vez.
Um abraço para eles, os aqui recordados!
Hoje já não se lava a roupa no rio, no barranco ou na ribeira, à mão como se lavava antigamente. Com a evolução da tecnologia daqui por alguns anos o homem não mexe uma palha. Os robots fazem tudo e o homem não precisa de vergar mais a mola. Apenas nas bancadas assistirá aos espetáculos?
ResponderEliminarHá 2 anos estive em Arganil/Góis mas lavar roupa no rio são imagens já difícies de encontrar. Linda região onde ainda circulam familiares meus.
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