Há dias, o Facebook foi inundado com notícias sobre o estatuto do combatente. Os combatentes da Guerra do Ultramar que ainda estão vivos esperam há muito tempo por esse estatuto e algumas melhorias que isso lhes possa trazer. Talvez um aumentozito, uma isençãozita, ou outra coisa qualquer que será sempre escrita no diminutivo.
Muito pior que os combatentes estão os doentes crónicos deste país - e são cada vez mais - e ninguém se preocupa em dar-lhes um estatuto que lhes simplifique a vida. Como se fosse um doutoramento em qualquer coisa e disso pudesse ter orgulho, eu afirmo, alto e bom som, que também sou um doente crónico 5 estrelas (5*****). Ora contem lá: hipertenso, diabético, insuficiente cardíaco, obeso e com mobilidade reduzida.
Na última vez que estive com a minha médica de família (ainda antes da pandemia) perguntei-lhe como poderia resolver o problema da minha medicação, uma vez que tenho dificuldade em deslocar-me ao Centro de Saúde. E mais que isso, disse-lhe que não concordava em pagar 5€ para deixar na Secretaria um lista dos medicamentos em falta. Não obtive qualquer resposta e saí de lá mais desanimado que nunca, só me apetecia não tomar mais remédio nenhum e deixar a sorte jogar os seus trunfos.
Depois veio a pandemia, foram canceladas todas as consultas, tanto no Centro como no Hospital, acabaram-se as receitas e, hoje, estou na base zero. Vou telefonar para o Centro de Saúde e perguntar qual é a solução. Eles têm lá no computador todo o historial, os nomes dos medicamentos que tomo e toda essa treta que custa rios de dinheiro ao SNS e que serve de pouco. Bastava perguntar-me o nome da minha farmácia e enviavam para lá um «Receituário Vitalício». Bastava-lhe dizer: - Enquanto não houver novas ordens é assim até morrer.
Mas claro que não querem, isso tiraria importância ao trabalho que lá fazem aqueles que vivem à custa dos dinheiros do SNS e correriam o risco de ser dispensados. Este mundo anda mesmo ás avessas e pior, Portugal anda de marcha-atrás!
Vamos lá falar do estatuto, quero o de combatente e também o de doente crónico e com isso talvez consiga que andem comigo ao colo!